sábado, maio 31, 2008

Popularidade Líderes Políticos, Maio 2008

Com os resultados do Barómetro Marktest, cujo trabalho de campo terminou no dia 26 de Maio, fica aqui a actualização dos saldos de popularidade do Presidente e do Primeiro-Ministro (novo método de cálculo explicado aqui). A verde, Marktest. A azul, Eurosondagem. Linhas verticais: para o gráfico do Presidente, primeira sondagem após eleição de Cavaco Silva; para gráfico Sócrates, primeira sondagem após divulgação de caso Independente pelo Público.


Antecipação: o Público amanhã

Amanhã, em "O Público errou":

"No 'Sobe e Desce' de ontem, ilustrando um texto sobre José Oliveira e Costa, ex-presidente do BPN, colocámos a fotografia de Rui Oliveira e Costa, Director da Eurosondagem. Pelo sucedido, as nossas desculpas."

segunda-feira, maio 26, 2008

As sondagens do PSD

Ando para aqui a tentar fazer algum sentido das várias sondagens que têm saído sobre os candidatos à liderança do PSD. Olhemos para elas:

1. Eurosondagem, 23 a 29 de Abril. Universo do estudo: totalidade dos eleitores.
Questão:
- "Quem está em melhores condições para liderar o PSD?" MFL, 29%; PSL,25%; PPC, 15,5%; NSilva e PA: 3%. Não respostas: 14,5% (cálculo próprio).

2. Aximage, 5 a 9 de Maio. Universo do estudo: totalidade dos eleitores, mas percentagens entre os eleitores do PSD.
Questões:
- "Quem é o melhor candidato para a liderança do PSD?" (aparentemente, pergunta aberta, des resposta espontânea). MFL, 40,8%; PSL, 13,2%; Jardim, 7,5%; Menezes, 4,5%; PPC: 3%; Marcelo, 2,5%; Outro, 4,1%; Sem opinião: 23,4%.
- "Quem tem mais hipóteses de vencer eleições a Sócrates?". MFL, 64,1%; PSL, 20%; PPC, 5,8%; PA; 1,6%; NSilva, 0,1%; Outro, 0,3%; Indiferente, 1,5%; Sem opinião, 6,6%.

3. Intercampus, 16 a 20 de Maio. Universo do estudo: totalidade dos eleitores.
Questão:
- "Qual é o melhor candidato à liderança do PSD?". MFL: 43,3%; PSL, 20,2%; PPC, 19,2%; NSilva e PA: menos de 1%. Sobram cerca de 17%, que devem ser não respostas.
Perguntou-se também"qual dos candidatos é o melhor para enfrentar José Sócrates nas legislativas?", mas as notícias não têm as frequências. Diz-se também que MFL é também a preferida quando se olha apenas para o eleitorado do PSD, mas não são reportados resultados.

Alguns comentários:

1. Note-se como todas as sondagens foram feitas a amostras representativas da totalidade do eleitorado, não do "eleitorado PSD". Nalguns casos, reportam-se resultados da sub-amostra do "eleitorado PSD", mas as notícias não explicam como foi medido esse conceito (votantes em 2005, pessoas que declaram actual intenção de voto no PSD, simpatizantes do partido ou outra coisa?). Note-se que isto implica margens de erro amostral muito superiores às declaradas para a totalidade da amostra. A Aximage, bem, reporta-as: 8,1%. A dimensão de uma amostra aleatória para inferências com margens de erro de 8.1% anda pelos 150 inquiridos.

2. Há que ter muito cuidado com as comparações, seja porque os universos sobre os quais se estão a fazer inferências são diferentes (totalidade do eleitorado ou eleitorado PSD) seja porque as questões são distintas. Os resultados da Intercampus, quase um mês depois da sondagem da Eurosondagem, são mais lisonjeiros para MFL e PPC no que respeita à totalidade do eleitorado. mas o resto é muito difícil, para não dizer impossível, de comparar.

3. Uma indicação interessante na sondagem da Aximage: há 64% dos inquiridos que acham que MFL é a melhor para bater Sócrates, mas apenas 41% que acham que é a melhor candidata. Há diferenças no formato da respostas - fechado na primeira pergunta, aberto na segunda - mas isto sugere que MFL beneficia de um eleitor do PSD "estratégico": ela não é a "melhor possível", mas é a melhor num contexto de competição com o PS.

E uma questão para os juristas: isto que se segue é uma sondagem? E se não é, o que é? E independentemente do que seja, como se fizeram exactamente estas contas? A versão online do jornal não é muito informativa a este respeito.

Ferreira Leite e Passos Coelho disputam vitória ombro-a-ombro
Por Sofia Rainho
Manuela Ferreira Leite e Pedro Passos Coelho disputam ombro-a-ombro a liderança do PSD, de acordo com uma contagem de espingardas, distrito a distrito, feita pelo SOL. Passos Coelho parece assim recuperar terreno, depois do enorme favoritismo atribuído à partida a Ferreira Leite. Santana Lopes fica-se, por ora, pelo terceiro lugar

quinta-feira, maio 22, 2008

Politólogo

Substantivo masculino. Estudioso ou especialista de ciências políticas. 

Vem no Dicionário de Língua Portuguesa da Porto Editora. A ver se isto ajuda Constança Cunha e Sá a poupar nas aspas. A não ser que, em conjunto com as longas citações, tenha sido para chegar o mais depressa possível ao limite de caracteres. E eu compreendo, oh se compreendo. Há dias em que não apetece nada escrever.

sexta-feira, maio 16, 2008

Referendo Irlanda




Treaty “No” vote remain a threat
In order to better understand where campaigners need to concentrate their efforts we have looked in more detail at the poll results. This more in depth analysis of voting intentions, suggests that those more likely to vote No tend to come from younger 18-44 year old male social demographic groups where, when re-proportioned to exclude Don’t Knows, the No vote wins out with more than half (54%) of voters claiming they will vote No. While those living in Connaught and Ulster regions are also far more likely to state they will vote No. It is these groups perhaps that the Yes campaigners need to target for conversion, and also that the No campaigners need to encourage to turn out to vote. In terms of further education on the issues involved in ratification of the Lisbon Reform Treaty, it appears that middle aged 25-44 female social demographic groups are most likely to state that they don’t know how they will vote, with almost half (49%) claiming this is the case. As such both campaigns will need to target this important group in an aim to win over potential floating voters.

quinta-feira, maio 15, 2008

Shameless plug

Sugiro uma visita ao site do novo Doutoramento em Ciência Política da Universidade de Lisboa. É um verdadeiro 3º ciclo, com uma forte componente curricular, mas que ao mesmo tempo permite a cada aluno que vá desenhando a forma como quer navegar pela Teoria Política, pelo Direito e pela Ciência Política empírica ao longo da sua formação. E confesso que fiquei surpreendido pela forma como foi fácil juntar a Faculdade de Direito, a Faculdade de Letras e o Instituto de Ciências Sociais neste projecto. Acho que vai valer a pena. Vão lá dar uma vista de olhos.

quarta-feira, maio 14, 2008

Jovens e política, 3

Jovens e política, 2

Sugestão de leitura: a página da National Foundation for Educational Research do Reino Unido sobre educação para a cidadania. É ler e comparar com o que faz por cá. Exemplo:

Citizenship at key stages 1 and 2 (Year 3-6). Unit 08: How do rules and laws affect me?

About this unit
In this unit, children learn about rules and how laws are made in a democracy. They develop their appreciation of why we need rules to protect rights and how they help us - at home, at school and in our wider communities. They discuss class and school rules and learn how to make suggestions and changes through the class or school council. They find out about the work of Parliament and MPs in creating and changing laws, and about the importance of discussion and debate. They take part in preparing and presenting arguments on topical issues. Using examples, children reflect on the variety of personal choices they can make and consider rights and responsibilities. They consider coercion and peer influence and explore the consequences of breaking the law. Children reflect on their learning and devise a poster to communicate what they have found out.


Depois não se admirem.

terça-feira, maio 06, 2008

Sobre o estudo do ICS sobre sexualidade

Recordava-me deste post de Eduardo Pitta e acabo de vir (foi só subir as escadas) da apresentação dos resultados do estudo pelo Pedro Moura Ferreira. Há uma clarificação importante a fazer. Em relação àquilo que EP menciona no post, falta um ponto na escala que foi realmente aplicada no inquérito: "nunca erradas". E o mais interessante - confirmando, de resto, o que EP sugere no post - é que as categorias intermédias são residuais: as respostas mais frequentes são "totalmente erradas" e "nunca erradas", sendo que a primeira é a moda (no sentido estatístico de ser a opção mais escolhida, claro). Assim, sobre o uso desta escala, e sobre as suas consequências sobre o "pretenso rigor do estudo" (e sem querer ser "caseiro") acho que a conclusão de EP é algo precipitada, fruto eventualmente da notícia que lhe serviu de fonte.

Outro ponto relevante: quer em relação à homossexualidade feminina quer masculina, as mulheres escolhem a opção "nunca erradas" mais frequentemente que os homens. O oposto sucede, por exemplo, em relação à infidelidade. E entre os mais jovens, a escolha do "nunca erradas" é mais frequente em ambos os casos. Tudo previsível.

segunda-feira, maio 05, 2008

Leituras e limites das sondagens

Algumas coisas com as quais tendo a concordar:

Sondagens & afins, no Origem das Espécies.

Sondagens & sondagens, no Tempo das Cerejas.

Em jeito de reciprocidade, no Lugares comuns.

Estudos de Mercado e Profecias Auto-Realizáveis, no Dissonância Cognitiva.

Apesar de tudo e do pessimismo de Vítor Dias, a verdade é que não me recordo de, antes da blogosfera, haver sítios onde se discutissem publicamente estes assuntos. Menos mal.