sexta-feira, julho 21, 2006
Brasil: temos eleição
As duas sondagens mais recentes confirmam a tendência de descida de Lula. Essa descida faz-se não por diminuição do número de pessoas que nele tencionam votar, mas sim por:
1. Diminuição do número de indecisos e a concomitante...
2. Subida das intenções de voto em Alckmin a partir de Junho, assim como a ...
3. Subida das intenções de voto em Heloísa Helena desde o início de Julho.
A partir de hoje entro em serviços mínimos até meados de Agosto. Quem se interesse pela política brasileira não perde nada em ir, por exemplo, aqui (aproveitando também a lista de ligações a cientistas políticos que estudam o Brasil), aqui ou aqui.
Os americanos e a guerra no Médio Oriente
Survey USA, 16 de Julho, N=1200, Telefónica
Should the United States military get involved? Or should the United States military stay out of it?
Get involved: 12%
Stay out of it: 84%
Not sure: 4%
Should United States diplomats attempt to negotiate a ceasefire between Israel and its neighbours? Or should the United States stay out of it?
Stay out of it: 52%
Attempt to negotiate a ceasefire: 44%
Not sure: 4%
Does Israel have the right to attack Lebanon?
Yes:54%
No: 34%
Not sure: 12%
About the Middle East. Is the kidnapping of Israeli soldiers an act of war against Israel? Or not?
Yes: 60%
No: 25%
Not sure: 15%
Opinion Research Corporation, 19 Julho, N=633, Telefónica
Do you think Israel's military reaction to the situation in the Middle East has gone too far, not gone far enough, or been about right?
Too Far: 31%
Not Far Enough: 14%
About Right: 35%
Unsure: 20%
Which of the following statements comes closer to your view of what Israel should do? Israel should continue taking military action until Hezbollah can no longer launch attacks against Israel. OR, Israel should agree to a cease-fire as soon as possible.
Continue: 39%
Cease-fire: 43%
Unsure: 17%
Tendências maioritárias: apoio a Israel e ao direito de retaliar, resposta tende a ser mais vista como adequada ou até insuficiente, divisão sobre cessar-fogo ou continuação de ataques, desejo de não envolvimento americano (especialmente militar).
Should the United States military get involved? Or should the United States military stay out of it?
Get involved: 12%
Stay out of it: 84%
Not sure: 4%
Should United States diplomats attempt to negotiate a ceasefire between Israel and its neighbours? Or should the United States stay out of it?
Stay out of it: 52%
Attempt to negotiate a ceasefire: 44%
Not sure: 4%
Does Israel have the right to attack Lebanon?
Yes:54%
No: 34%
Not sure: 12%
About the Middle East. Is the kidnapping of Israeli soldiers an act of war against Israel? Or not?
Yes: 60%
No: 25%
Not sure: 15%
Opinion Research Corporation, 19 Julho, N=633, Telefónica
Do you think Israel's military reaction to the situation in the Middle East has gone too far, not gone far enough, or been about right?
Too Far: 31%
Not Far Enough: 14%
About Right: 35%
Unsure: 20%
Which of the following statements comes closer to your view of what Israel should do? Israel should continue taking military action until Hezbollah can no longer launch attacks against Israel. OR, Israel should agree to a cease-fire as soon as possible.
Continue: 39%
Cease-fire: 43%
Unsure: 17%
Tendências maioritárias: apoio a Israel e ao direito de retaliar, resposta tende a ser mais vista como adequada ou até insuficiente, divisão sobre cessar-fogo ou continuação de ataques, desejo de não envolvimento americano (especialmente militar).
quinta-feira, julho 20, 2006
O BE e os seus militantes
Este artigo de Ruben de Carvalho (via Abrupto) é muito divertido.
Para a próxima vez, sugiro que se use uma metodologia menos conspícua mas ainda simples (daí chamar-se "regra de três simples"). Por exemplo:
BE/Portalegre: 3216 votos; 61 militantes.
BE/Lisboa: 103944 votos; logo, 103944*61/3216 militantes, ou seja, 1972 militantes.
Assim, a coisa ficava menos óbvia, ao passo que os matematicamente inclinados não deixariam de apreciar uma proporcionalidade esteticamente atraente entre votos e militantes em todos os distritos. Mais: se se fizer a coisa no Excel, pode actualizar-se automaticamente a base de dados de militantes com a mera introdução de novos resultados eleitorais em cada distrito, solução simples para um problema que vem afectando outros partidos. E na medida em que tudo nesta equação passa a depender de Portalegre, talvez valesse a pena um esforço maior de mobilização nesse distrito, de forma a automaticamente aumentar o número de militantes em todos o país. Vão por mim que é só vantagens.
Haverá, fora de brincadeiras, uma explicação plausível para o sucedido? Difícil imaginar.
Para a próxima vez, sugiro que se use uma metodologia menos conspícua mas ainda simples (daí chamar-se "regra de três simples"). Por exemplo:
BE/Portalegre: 3216 votos; 61 militantes.
BE/Lisboa: 103944 votos; logo, 103944*61/3216 militantes, ou seja, 1972 militantes.
Assim, a coisa ficava menos óbvia, ao passo que os matematicamente inclinados não deixariam de apreciar uma proporcionalidade esteticamente atraente entre votos e militantes em todos os distritos. Mais: se se fizer a coisa no Excel, pode actualizar-se automaticamente a base de dados de militantes com a mera introdução de novos resultados eleitorais em cada distrito, solução simples para um problema que vem afectando outros partidos. E na medida em que tudo nesta equação passa a depender de Portalegre, talvez valesse a pena um esforço maior de mobilização nesse distrito, de forma a automaticamente aumentar o número de militantes em todos o país. Vão por mim que é só vantagens.
Haverá, fora de brincadeiras, uma explicação plausível para o sucedido? Difícil imaginar.
quarta-feira, julho 19, 2006
Hezbollah e opinião pública libanesa
Não sei onde Edward Luttwak foi buscar a ideia, expressa hoje em artigo no Público (aqui, para subscritores) de que o desarmamento do Hezbollah era visto como condição para a sua aceitação pelos libaneses. Pelo menos, o que sabe da opinião pública libanesa lança sérias dúvidas sobre o diagnóstico. Em Abril de 2004, foi feita a seguinte sondagem no Líbano:
Zogby International, N=600, 2ª semana de Abril de 2004
Do you agree or disagree with the following statement? - "Hezbollah should be disarmed".
Agree: 6%
Agree, if peace exists: 18%
Only if Hezbollah Agrees: 31%
Disagree:41%
Decompondo os resultados por filiação religiosa, nem entre os Maronitas havia uma maioria a favor do desarmamento incondicional, enquanto que, entre os Xiitas, 79% eram contra esse desarmamento em quaisquer circunstâncias. Na mesma sondagem, questionados sobre se estavam ou não de acordo que os Estados Unidos colocassem maior pressão sobre a Síria para o desarmamento do Hezbollah, 61% eram contra (e só entre os Maronitas havia uma maioria a favor).
As perspectivas noutros países não são especialmente diferentes. Na Jordânia, numa sondagem bem mais recente (23 de Junho passado, Centre for Strategic Studies at the University of Jordan), 63% classificavam o Hezbollah como uma "organização de resistência legítima" (e não como uma organização terrorista).
É possível que "o objectivo político de Israel" seja "destruir a posição do Hezbollah enquanto partido político legítimo do Líbano". E é muito possível que os líderes árabes vejam o Hezebollah como um "irritante" ou mesmo um "inimigo mais perigoso que Israel", como também se diz numa notícia do Público. Mas o sentimento das populações não condiz nem com o putativo objectivo de Israel nem com as alegadas posições das lideranças políticas árabes, o que, em última análise, vai condicionar quer o sucesso do primeiro quer a manutenção das segundas. Esse sentimento, aquilo que o produz e o ressentimento brutal quer contra Israel quer contra os Estados Unidos, não deviam - pela milionésima vez - ser sub-estimados na análise da questão.
Zogby International, N=600, 2ª semana de Abril de 2004
Do you agree or disagree with the following statement? - "Hezbollah should be disarmed".
Agree: 6%
Agree, if peace exists: 18%
Only if Hezbollah Agrees: 31%
Disagree:41%
Decompondo os resultados por filiação religiosa, nem entre os Maronitas havia uma maioria a favor do desarmamento incondicional, enquanto que, entre os Xiitas, 79% eram contra esse desarmamento em quaisquer circunstâncias. Na mesma sondagem, questionados sobre se estavam ou não de acordo que os Estados Unidos colocassem maior pressão sobre a Síria para o desarmamento do Hezbollah, 61% eram contra (e só entre os Maronitas havia uma maioria a favor).
As perspectivas noutros países não são especialmente diferentes. Na Jordânia, numa sondagem bem mais recente (23 de Junho passado, Centre for Strategic Studies at the University of Jordan), 63% classificavam o Hezbollah como uma "organização de resistência legítima" (e não como uma organização terrorista).
É possível que "o objectivo político de Israel" seja "destruir a posição do Hezbollah enquanto partido político legítimo do Líbano". E é muito possível que os líderes árabes vejam o Hezebollah como um "irritante" ou mesmo um "inimigo mais perigoso que Israel", como também se diz numa notícia do Público. Mas o sentimento das populações não condiz nem com o putativo objectivo de Israel nem com as alegadas posições das lideranças políticas árabes, o que, em última análise, vai condicionar quer o sucesso do primeiro quer a manutenção das segundas. Esse sentimento, aquilo que o produz e o ressentimento brutal quer contra Israel quer contra os Estados Unidos, não deviam - pela milionésima vez - ser sub-estimados na análise da questão.
terça-feira, julho 18, 2006
Mais sondagens Médio Oriente
Uma mensagem convida-me a adoptar uma definição mais lata do "conflito" e a incluir sondagens anteriores aos ataques do Hezbollah, incluindo também o período que se seguiu ao rapto de Gilad Shalit e os ataques de Israel em Gaza. O que encontro é isto:
* 53 percent of Israelis polled said the country should hold negotiations to secure his [Gilad Shalit] release, while 43 percent backed a military operation;
*58 percent of those polled would back a prisoner release if it was clear militants would otherwise kill the soldier, while 35 percent opposed it.
E já agora, aprovação da actuação de Olmert (são sondagens de institutos diferentes e formulações da pergunta ligeiramente distintas, mas as diferenças são tão grandes que certamente não se devem a isso):
* 7 Junho: 35%;
* 5 de Julho: 43%.
* 17 de Julho: 78%.
Logo:
1. Na Palestina, apoio forte ao rapto de Shalit e aos ataques a Israel;
2. Em Israel, fica a ideia que as atitudes mudaram substancialmente quando o Hezbollah e o Líbano entraram na equação;
3. Se a ideia era testar Olmert e se a ideia de Olmert é dar uma imagem de força neste teste, então a coisa não lhe está a correr mal para já. Resta saber as consequências a médio e longo prazo disto tudo...
Na Palestina [Jerusalem Media Communications Center, 21-22 Junho, N=1197, face-a-face, aleatória (aqui, .pdf)]
* 77.2% expressed its support for the military operation that included the abduction of the Israeli soldier Gilad Shalit while only 21.7% said they opposed it;
* 66.8% supported the continuation of such operations that aim at the abduction of Israeli soldiers as a suitable response within the current political conditions compared with 30.7% who reject them and find them harmful to the Palestinian national interests;
* 60.4% supported the continuation of firing rockets against Israeli targets as a suitable response within the current political conditions whereas only 36% said they reject them and find them harmful to the Palestinian national interests;
Em Israel (30 Junho, sondagem publicada no Yedioth Ahronoth, não tenho elementos metodológicos):
* 53 percent of Israelis polled said the country should hold negotiations to secure his [Gilad Shalit] release, while 43 percent backed a military operation;
*58 percent of those polled would back a prisoner release if it was clear militants would otherwise kill the soldier, while 35 percent opposed it.
E já agora, aprovação da actuação de Olmert (são sondagens de institutos diferentes e formulações da pergunta ligeiramente distintas, mas as diferenças são tão grandes que certamente não se devem a isso):
* 7 Junho: 35%;
* 5 de Julho: 43%.
* 17 de Julho: 78%.
Logo:
1. Na Palestina, apoio forte ao rapto de Shalit e aos ataques a Israel;
2. Em Israel, fica a ideia que as atitudes mudaram substancialmente quando o Hezbollah e o Líbano entraram na equação;
3. Se a ideia era testar Olmert e se a ideia de Olmert é dar uma imagem de força neste teste, então a coisa não lhe está a correr mal para já. Resta saber as consequências a médio e longo prazo disto tudo...
Israel, Líbano, Hezbollah: sondagem
A primeira sondagem feita em Israel desde o início do conflito foi feita pelo Dahaf Institute e os resultados aparecem publicados no Yedioth Ahronoth.
Dahaf Institute, N=513, Telefónica, 17 Julho:
"Fighting should continue until Hizbullah is completely eradicated": 58%
"Fighting should go on only until Hizbullah pulls back from the border": 23%
"We should stop fighting and start negotiating": 17%
"Military operation is justified": 86%
"Military action is a mistake": 14%
Performance of Israeli military forces:
"Very good": 62%
"Fairly good": 25%
"Fairly bad": 5%
"Very bad": 4%
O apoio à acção militar e ao desempenho das IDF é ainda mais elevado entre a população que vive no norte de Israel.
Vou tentar acompanhar a publicação doutras sondagens quer em Israel quer noutros países, mas para já julgo poder dizer com segurança que esta é a única publicada até agora sobre o tema.
Dahaf Institute, N=513, Telefónica, 17 Julho:
"Fighting should continue until Hizbullah is completely eradicated": 58%
"Fighting should go on only until Hizbullah pulls back from the border": 23%
"We should stop fighting and start negotiating": 17%
"Military operation is justified": 86%
"Military action is a mistake": 14%
Performance of Israeli military forces:
"Very good": 62%
"Fairly good": 25%
"Fairly bad": 5%
"Very bad": 4%
O apoio à acção militar e ao desempenho das IDF é ainda mais elevado entre a população que vive no norte de Israel.
Vou tentar acompanhar a publicação doutras sondagens quer em Israel quer noutros países, mas para já julgo poder dizer com segurança que esta é a única publicada até agora sobre o tema.
terça-feira, julho 11, 2006
Cá está
Presidenciais Brasil
Enquanto estive fora saíram duas sondagens: Vox Populi e Datafolha (hoje, ao que parece, há resultados da Sensus). Os resultados são intrigantes: depois dos dados IBOPE, que colocavam Lula com resultados estratosféricos no âmbito da "crise" do PMDB, agora Lula volta a descer e Alckmin a subir. Particularmente interessantes são os quadros da Datafolha, que mostram que os eleitores do PMDB estão, na sua maioria, indecisos, mas que os decididos se dividem agora, quase equitativamente, entre Lula e Alckmin. Deverá estar aqui a chave da subida de Alckmin. Afinal, as coisas estão mais abertas para uma segunda volta do que se pensava.
segunda-feira, julho 10, 2006
Popularidade líderes políticos Portugal
Depois de uns dias sem posts, regresso com a análise habitual dos barómetros da Marktest e da Eurosondagem. O primeiro gráfico mostra a evolução dos índices de popularidade de José Sócrates, Marques Mendes, Cavaco Silva e (como ponto de comparação com o anterior) Jorge Sampaio de Março de 2005 a 23 de Junho de 2006 (último dia de trabalho de campo do último barómetro Marktest). A forma como o índice é calculado já foi explicada em posts anteriores, mas recordo que pode oscilar entre 0 (100% de opiniões negativas) e 100 (100% de opiniões positivas).
Como podem verificar, segundo a Marktest:
1. Cavaco continua a subir, aproximando-se dos valores de Sampaio no final do mandato;
2. Estabilidade para Sócrates e Mendes, com o primeiro a manter a vantagem que conquistou ao segundo a partir do fim de 2005. Último barómetro dá ligeira descida do primeiro e subida do segundo, mas é cedo para tirar conclusões. Estas flutuações já ocorreram em meses anteriores, tendo sido de seguida corrigidas, parecendo ser mais fruto de erro aleatório do que outra coisa qualquer. Veremos se o mesmo sucede no próximo mês (se bem que a realização deste tipo de inquéritos durante o Verão comporta os mais variados problemas, a começar pela qualidade das amostras).
O gráfico seguinte mostra a mesma análise para a Eurosondagem, desde Abril de 2005 a 4 de Julho de 2006 (último dia de trabalho de campo da última sondagem). Há semelhanças e diferenças em relação à Marktest. Semelhanças em relação a Cavaco, cuja subida constante desde a tomada de posse se confirma (apesar de total estabilidade de Junho para Julho). Diferenças no que respeita a Sócrates, que obtém resultados mais lisonjeiros aqui na Eurosondagem, nunca tendo estado a par com Marques Mendes e mostrando tendência de subida.
Politicamente, contudo, tudo igual: Cavaco ganhou rapidamente "pátina" presidencial; Sócrates mantém imagem mais positiva que negativa; líder da oposição ainda longe do PM. Tanto trabalho para tão poucas novidades...
Como podem verificar, segundo a Marktest:
1. Cavaco continua a subir, aproximando-se dos valores de Sampaio no final do mandato;
2. Estabilidade para Sócrates e Mendes, com o primeiro a manter a vantagem que conquistou ao segundo a partir do fim de 2005. Último barómetro dá ligeira descida do primeiro e subida do segundo, mas é cedo para tirar conclusões. Estas flutuações já ocorreram em meses anteriores, tendo sido de seguida corrigidas, parecendo ser mais fruto de erro aleatório do que outra coisa qualquer. Veremos se o mesmo sucede no próximo mês (se bem que a realização deste tipo de inquéritos durante o Verão comporta os mais variados problemas, a começar pela qualidade das amostras).
O gráfico seguinte mostra a mesma análise para a Eurosondagem, desde Abril de 2005 a 4 de Julho de 2006 (último dia de trabalho de campo da última sondagem). Há semelhanças e diferenças em relação à Marktest. Semelhanças em relação a Cavaco, cuja subida constante desde a tomada de posse se confirma (apesar de total estabilidade de Junho para Julho). Diferenças no que respeita a Sócrates, que obtém resultados mais lisonjeiros aqui na Eurosondagem, nunca tendo estado a par com Marques Mendes e mostrando tendência de subida.
Politicamente, contudo, tudo igual: Cavaco ganhou rapidamente "pátina" presidencial; Sócrates mantém imagem mais positiva que negativa; líder da oposição ainda longe do PM. Tanto trabalho para tão poucas novidades...
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