segunda-feira, abril 30, 2007

Sego-Sarko, a 30 de Abril

Três novas sondagens: TNS, IFOP e IPSOS. As três convergem mais ou menos nos mesmos resultados: Sarkozy 52-52,5%; Royal 47,5-48%. Mas nenhuma ainda capta qualquer potencial efeito do debate Royal/Bayrou.

A evolução das intenções de voto em Sarko para a 2ª volta:



E os mesmos dados, agora por instituto.


Os dados disponíveis confirmam que tudo se joga na captação do eleitorado Bayrou. Segundo a IPSOS, à volta de 70% (as margens de erro para estas sub-amostras são elevadas e por isso não vale a pena ter grandes precisões) dos eleitores da esquerda do PS e de Le Pen votam, respectivamente, em Royal e Sarkozy. Mas os eleitores de Bayrou estão divididos, com ligeira vantagem para Royal. O Le Monde tem um gráfico divertido: o "bayroumètre", onde se mostram os esforços de cada candidato para atraír o eleitorado Bayrou.



quinta-feira, abril 26, 2007

A 1ª volta e meia

Débat télévisé entre Ségolène Royal et François Bayrou samedi

2ª volta

Nem sempre sucede, e quando sucede pode não ser pelas razões que pensamos. Mas a verdade é que, nestas eleições francesas, colocar os eleitores perante o cenário de Sarkozy vs. Royal na segunda volta e o facto de Sarkozy vs. Royal na segunda volta não parece fazer diferença. As sondagens antes e depois do dia 22 (à esquerda e à direita da linha de referência vertical no gráfico seguinte) não mostram mudanças.

terça-feira, abril 24, 2007

Sarkozy e Mitterrand

"Ce qui est remarquable concernant ce vote utile, c'est que Nicolas Sarkozy a composé avec l'électorat habituel du Front National à l'instar de ce que François Mitterrand avait réussi à faire avec le parti communiste en 1981. Nous sommes quasi dans le même contexte aujourd'hui qu'en 1981 - à l'exception des convictions politiques des deux hommes. Nicolas Sarkozy a réussi à régler le problème sur sa droite, reste désormais à se focaliser sur le centre. Le problème avait, en partie, été réglé avec la création de l'UMP en 2002 mais reste à l'actuel candidat de la droite parlementaire de terminer de le résoudre pour accéder à la présidence de la République." (Gérard Grunberg, Director de pesquisa no CEVIPOF)

Os analistas franceses adoram estes paralelismos históricos, e é bom quando, uma vez por outra, eles fazem sentido.

Outlier (and shameless plug, in a way)

Os cientistas sociais que andem por aí não se devem esquecer de que o ICS, onde trabalho, vai atribuir um prémio "destinado a galardoar obras de excepcional qualidade que contribuam, de forma decisiva, para o conhecimento da realidade portuguesa, histórica ou contemporânea" publicadas entre 1 de Janeiro de 2002 e 31 de Dezembro de 2006, o Prémio Sedas Nunes.

O júri é constituído pelo Presidente do Conselho Científico do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (Jorge Vala) e por Carlos Fortuna (Coimbra), Diogo Lucena (Nova), Francisco Bethencourt (King’s College), José Ramón Montero (Autónoma de Madrid e Juan March), Maria Benedicta Monteiro (ISCTE), Robert Fishman (Notre Dame e Pompeu Fabra) e Robert Rowland (ISCTE).

Não se acanhem. Sempre são 20.000 euros.

Eu não posso concorrer, antes de mais porque ajudei a escolher o júri, mas também porque não tenho ideia de ter escrito "obra de excepcional qualidade" no período em questão. Maybe next time..

segunda-feira, abril 23, 2007

"L'indécision est en partie une création des sondages"

Um artigo interessante, já com duas semanas, no Le Monde, sobre a forma como a "indecisão" nas sondagens é "estimulada" nos inquéritos pelos próprios institutos, de forma a se protegerem dos erros e terem sempre justificação para o caso de as suas estimativas de afastarem na realidade.

Interessante, mas com dois erros um bocado a dar para o fatal. O primeiro vem quando o politólogo entrevistado diz que o que se passa na realidade é que os inquiridos ocultam o seu comportamento dos inquiridores, "e é por isso que as sondagens à boca das urnas falham também". Isso seria interessante se fosse verdade, mas não é, como se pode ver por aqui e muitos outros exemplos em posts neste mesmo blogue, em vários países.

O segundo vem quando o entrevistado afirma que está demonstrado que os inquiridos não se recordam "exactamente" de quanto tomaram uma decisão. Certo, mas a verdade é que nenhum inquérito pergunta a um eleitor "quando exactamente tomou" uma decisão. O que dá são intervalos de tempo relativamente amplos, e que funcionam, de resto, como uma escala ordinal entre "há muito" e "há pouco" tempo. E há carradas de artigos que mostram como os eleitores que se posicionam em diferentes pontos dessa escala são diferentes uns dos outros, e ainda por cima de maneiras previsíveis (mais ideologizados, com maior fidelidade partidária e mais sofisticados aqueles que tomam decisões antes).

O artigo também foi publicado na edição portuguesa do Courrier International.

O futuro

Há muita informação para digerir. Alguns resultados das sondagens à boca das urnas ou das telefónicas conduzidas ontem (muito mais interessantes e completas do que aquelas que se fazem em Portugal, que estão geralmente interessadas única e exclusivamente nas estimativas de voto) são animadores para Ségolène. Por exemplo, a CSA (agora dá para desconfiar um bocado, mas enfim) fez uma sondagem com amostra de1005 inquiridos, telefónica, conduzida na noite de ontem, em que mostra a intenção de voto futura de acordo com a passada:

Eleitores Bayrou: 45% Ségo, 19% Sarko, 16% abstenção.

Eleitores Le Pen: 60% Sarko, 19% Ségo, 21% abstenção.

A concentração de eleitores Le Pen em Sarkozy é muito menor do que se poderia esperar, ao passo que Ségolène domina entre os eleitores Bayrou.
Mas estes resultados não conferem com os de outros institutos. O IFOP sugere que os votos Bayrou se dividem, neste momento, entre 54% para Sarko e 46% para Ségo, com 83% dos votos Le Pen a irem para Sarko. Uma diferença enorme para os resultados da CSA. E mesmo com os resultados da CSA, Ségo continua abaixo de Sarko nas intenções de voto para a 2ª volta. Aliás, todas as sondagens de intenção de voto na 2ª volta conduzidas ontem (à direita da linha de referência vertical) dão-na abaixo de 50%:


Seja como for, há muito caminho para percorrer. Atente-se nisto: nas sondagens à boca das urnas conduzidas ontem, a percentagem de eleitores que disseram ter decidido em quem votar na última semana andou pelos 30% (BVA), 34% (CSA) e 36% (IPSOS). Cerca de um em cada três dos que votaram ontem terão tomado a sua decisão na última semana. É obra.

2º rescaldo

Ora bem. Pegando na última sondagem divulgada de cada instituto de opinião, calculando o desvio absoluto entre cada estimativa para cada um dos quatro principais candidatos e aqueles que foram os resultados finais, e calculando a média desses desvios, chegamos à coluna a vermelho:


Todos subestimaram Sarkozy, todos sobrestimaram Le Pen, todos sobrestimaram o peso dos pequenos candidatos. A IPSOS, a TNS e a BVA foram as que andaram mais próximo. Houve algumas avarias na CSA, ao contrário do que se tinha passado em 2002. A IPSOS apostou muitíssimo nestas eleições, especialmente com a tracking poll, e está a compensar. E, se me permitem, queria chamar a atenção para o facto de que este desempenho das sondagens não ser superior ao verificado, por exemplo, nas presidenciais em Portugal em 2006.

Nas sondagens à boca das urnas, tudo normal:

domingo, abril 22, 2007

Primeiro rescaldo

Amanhã veremos a coisa com calma, mas o essencial sobre como as sondagens se portaram está aqui.

O futuro? Um bom sítio para começar é o site da IPSOS, especialmente nos resultados completos de uma sondagem conduzida hoje pelo telefone. Muitas pistas interessantes, que analisaremos nos próximos dias.

sexta-feira, abril 20, 2007

Photo finish

Bem, ao que parece a IPSOS, pelo menos, ainda vai lançar dar uns números adicionais cá para fora, mas seria estranho que variassem muito dos anteriores. Os gráficos finais com as tendências:


Sim, estão a ver bem. "Ele" é o único que sobe.


Actualização:
CSA, 20-4, N=1002:
Sarko: 26,5%
Ségo: 25,5%
Le Pen: 16,5%
Bayrou: 16%
IPSOS, 20-4, N=1598
Sarko: 30%
Ségo: 23,5%
Bayrou: 17%
Le Pen: 13,5%
Há uns sondageiros que vão ficar muito mal dispostos no dia 22. A questão é, quais?

França: a recta final

Não sei se haverá mais sondagens durante o dia de hoje, mas é provável que a coisa fique por aqui. O quadro que se segue mostra as quatro sondagens de intenção de voto cujo trabalho de campo é mais recente (terminado ontem):



A CSA está cheia de incertezas sobre a ordem dos candidatos do ponto de vista das intenções de voto actuais, ao contrário do que sucede com as outras. Mas convém notar que, em 2002, a CSA nem foi quem se saiu pior: sobrestimou Jospin, como toda a gente, e subestimou Le Pen, como toda a gente. Mas a TNS-Sofres subestimou ainda mais Le Pen e a IPSOS teve resultados muito parecidos com os da CSA. Dia 22 pode, afinal, trazer surpresas.

quinta-feira, abril 19, 2007

quarta-feira, abril 18, 2007

segunda-feira, abril 16, 2007

O outro divino Marquês

Segundo as sondagens, Bayrou ganharia quer a Sarkozy quer a Royal numa segunda volta. Isto sucede porque, para além de ser a primeira preferência de um em cada cinco eleitores, ele é também a segunda preferência de muitos eleitores de Sarkozy e muitos eleitores de Royal. Contudo, como há mais eleitores cujas primeiras preferências são Sarkozy ou Royal, Bayrou pode não passar à segunda volta. Logo, apesar de haver uma maioria de eleitores que prefere Bayrou a Sarkozy, e uma maioria de eleitores que prefere Bayrou a Royal, Bayrou não será - a acreditar nas sondagens - presidente. O problema, de resto, já tinha sido detectado há mais de 200 anos por outro francês, que inventou um método para resolvê-lo. Mas não é assim que vai ser.

França

Estamos a menos de uma semana. Desde o dia 10, inclusivé, foram terminados os trabalhos de recolha de sete sondagens de intenções de voto nas presidenciais, de cinco institutos diferentes (todos os habituais menos a Louis-Harris, cujo último trabalho ainda é do dia 7).

Podemos começar por olhar para as médias das intenções de voto nas últimas sondagens conduzidas por esses institutos, assim como para o valor máximo e mínimo estimados para cada candidato:

Sarkozy: 28% (entre 26 e 30%)
Ségolène: 24% (entre 23 e 26%)
Bayrou: 18% (entre 17 e 21%)
Le Pen: 14% (entre 12 e 15%)

Nenhum instituto põe em causa esta ordenação dos candidatos . O valor mais alto para Ségolène em qualquer sondagem é igual ao valor mais baixo obtido por Sarkozy, e os valores mais altos para Bayrou e Le Pen, respectivamente, inferiores aos valores mais baixos para Ségolène e Bayrou.

Mas para Ségo e Bayrou há ainda muita incerteza. De resto, o voto à direita parece ser o mais seguro. A IPSOS fornece os dados se uma segunda questão, em que é pedido àqueles que declaram uma intenção de voto que digam se essa intenção é definitiva ou pode mudar. A percentagem dos que declaram ser essa a sua intenção definitiva, para cada candidato, são os seguintes:

Le Pen: 86%
Sarkozy: 74%
Ségolène: 67%
Bayrou: 50%

Logo, pelos vistos, e previsivelmente, é na opções Royal e Bayrou que parece poder haver maior instabilidade até ao dia das eleições, o que. presumivelmente, pode dar para tudo. Bayrou a subir à conta de Royal ou, pelo contrário, Royal a subir à conta de Bayrou.

Há ainda os que não indicam intenções de voto: 17% na IPSOS, 7% no IFOP, 21% na CSA, 23% na TNS. Aqui tudo se complica, porque não é evidente dos relatórios o que isto mede: pessoas que têm intenção de votar mas não sabem ou não dizem em quem, ou abstencionistas declarados, ou ambos. Mas há um factor que joga a favor de que as estimativas de intenção de voto feitas neste momento se aproximem relativamente dos resultados finais, e que é a comparativamente baixa abstenção que estas eleições deverão ter: todos os indicadores de interesse pela campanha revelam mobilização superior à de 2002. Em 2002, a abstenção na 1ª volta foi de 28,2%.

segunda-feira, abril 09, 2007

Montanha russa

Não há vaga de sondagens sobre as presidenciais francesas que não traga uma novidade qualquer, muitas vezes contraditória com a novidade anterior. Desta vez, com as primeiras sondagens de Abril, a "novidade" é mais uma descida de Ségolène, chegando aos valores mais baixos desde o início do ano (22%).


segunda-feira, abril 02, 2007

Outlier: a Tapada das Necessidades

Há quase um ano, escrevi isto neste blogue. Na edição de ontem do Público explica-se como se chegou a esta situação. Não consigo fazer um link à notícia, mas penso poder resumir: ministros e directores-gerais de vários governos, associações e ex-presidentes, todos metidos ao barulho. Protocolos assinados e não cumpridos e decisões casuísticas que se revogam umas às outras. E já promete tribunais, o que, como bem sabemos, permitirá certamente a resolução célere do assunto. O habitual.