segunda-feira, abril 28, 2008

Fundação Vox Populi

Luis Queirós, da Marktest, e a sua mulher, Paula Queirós, criaram uma fundação sem fins lucrativos, chamada Vox Populi, com objectivos que "visam a prossecução e difusão das boas práticas aplicáveis à exegese dos estudos de opinião, ao desenvolvimento de investigação científica, académica e de cidadania, vocacionado para o estudo das comunidades portuguesas espalhadas pelo Mundo, na perspectiva de incentivar e promover a defesa da sustentabilidade e do progresso social e ambiental."

É uma boa notícia.

Jovens e política

Já não é novidade para ninguém que o Centro de Estudos e Sondagens de Opinião da Católica, que dirijo, fez o estudo mencionado pelo Presidente no discurso do 25 de Abril. O estudo já foi muito comentado e não serei eu nem o Jesus Sanz, co-autores, que o vamos comentar para já. Os dados são passíveis de muitos tratamentos mais exaustivos e sofisticados, que tencionamos fazer. E estamos disponíveis para todos os esclarecimentos. Mas o que tínhamos para dizer para já, e com o tempo disponível, está lá, e agora cabe a outros dizerem o que muito bem entenderem.

No entanto, fica aqui de novo a ligação ao documento completo. Só faço isto para notar que muito do que tenho lido sobre o tema sugere que, quem comentou, não leu. Ou se leu, interpretou mais aquilo que já pensava sobre o assunto do que aquilo que o estudo realmente sugere.

quarta-feira, abril 23, 2008

Pennsylvania,3


Mas apesar disso, ainda não podem vir cortar. Eu aviso quando chegar a altura.

Pennsylvania, 2

A propósito da campanha Clinton na penúltima NYRB. Lembrei-me muito de mim e do meu dedinho:

The Clinton campaign's false assumption—based on a 350-page, state-by-state study in the summer of 2007 by key strategist Mark Penn—that Clinton's victory was "inevitable" led to a series of mistakes: (1) presenting herself as the "inevitable" nominee; (2) prematurely running a general election campaign; (3) assuming that the race would be over on February 5—Super Tuesday; and (4) believing that a number of small states that held caucuses could be skipped. And if Penn's strategy didn't work there was no Plan B. It's never a good idea to have a pollster in an important policy position in a campaign, since he or she can design the polling to get the answers he or she wants, as some believed Penn had done in the Clinton White House.

Pennsylvania

As sondagens portaram-se geralmente bem. Clinton tem mais um balão de oxigénio. A possibilidade de ainda vir a chegar a uma maioria dos votos é algo distante, mas existe. Continua tudo em aberto. Já o bem ou mal que isto faz à candidatura democrata, seja ela qual for, é outra conversa.

Outlier: só uma ideia

A propósito da "meada de calculismos" no PSD de que fala Rui Ramos hoje no Público, há um tema sobre o qual, no dia de hoje, e nos dias de hoje, seria bom voltarmos a ouvir as opiniões da candidata Manuela Ferreira Leite:

Ferreira Leite desaconselha temas da regionalização e referendo europeu
"Outra questão que não deve ser abordada pelos sociais-democratas, acrescentou Manuela Ferreira Leite, é o referendo ao Tratado da união Europeia. 'A questão devia ser deixada ao PS. Qual o interesse do PSD em ter uma campanha em que andará de braço dado com o PS? É tudo o que menos nos interessa', referiu.


sexta-feira, abril 18, 2008

As sondagens e o PSD

É impressionante o papel que as sondagens desempenham na vida do PSD. É certo que é difícil dizer até que ponto a derrota de Mendes ou a demissão de Menezes se devem aos maus resultados que um e outro tinham nas sondagens que antecederam imediatamente os dois eventos: afinal, quer os resultados dessas sondagens quer a derrota/demissão são ambos consequência de coisas mais profundas e menos visíveis. Mas é impossível não acreditar nalgum papel independente dos resultados das sondagens no processo: não só elas são constantemente mencionadas pelos agentes como arma de arremesso (até António Borges falava ontem das ditas) mas os acontecimentos sucedem-se em aparente ligação directa à divulgação dos resultados. O PSD é também o partido, de longe, que mais se agita publicamente com as sondagens, como este exemplo ilustra bem, para já não falar das obsessões permanentes com a comunicação social e a sua "independência". Para Durão Barroso, poucas coisas foram tão nefastas à sua consolidação como líder do partido como as sondagens que davam a vitória ao PS de Guterres, mesmo depois de 1999.

O que talvez diga alguma coisa sobre a natureza do partido. O PSD tem muitas semelhanças com o PS, e não as quero desvalorizar. Mas enquanto o PS tem apesar de tudo, facções internas divididas por conflitos em cuja base ainda se vislumbram fundamentos ideológicos, o PSD transformou-se em nada mais do que uma máquina para (tentar) ganhar eleições e converter votos em lugares políticos. Tudo, absolutamente tudo, depende da capacidade da liderança do momento para fazer esta máquina funcionar. É fascinante, e também algo deprimente. E note-se: dá à comunicação social - para já não falar dos institutos de sondagens - um poder sobre a vida do partido que, enfim, é capaz de ir um bocado para além do saudável.

PSD

Há uns dias, recebi um e-mail de uma jornalista que me pedia um depoimento em resposta à pergunta "O PSD pode desaparecer?". Estava fora do país e cheio de trabalho, entre aulas e conferências, e ao ler o e-mail de relance achei a pergunta algo despropositada e não lhe respondi (sorry). Mas pensando melhor...

quinta-feira, abril 17, 2008

Berlusconi

Tem-se falado muito por aí nos blogues sobre a forma como a classe jornalística portuguesa (essa corja de esquerdistas radicais) tem decidido ignorar, minimizar ou relativizar a vitória de Berlusconi em Itália. Eu até percebo a ideia. Mas para além de me fazer lembrar um bocado a ladainha do Partido Republicano sobre o media bias liberal generalizado nos Estados Unidos - uma "verdade" auto-evidente que tende a ser desmentida sempre que o assunto é abordado com um mínimo de seriedade - receio que leve a que se ignorem os óptimos exemplos. Com algum atraso, remeto para o artigo da passada 3ª feira de Jorge Almeida Fernandes. E se o faço é também para aproveitar para dizer que não me recordo de ter alguma vez lido um artigo de Jorge Almeida Fernandes que não fosse inteligente, ilustrado e objectivo. Caso raríssimo entre aqueles que escrevem nos jornais com regularidade, incluindo, receio bem, este que vos escreve estas linhas.

segunda-feira, abril 14, 2008

Itália 2

Primeiros resultados das sondagens à boca das urnas: 2 pontos de vantagem na câmara baixa, 3 no Senado, em ambos os casos para o Pdl de Berlusconi. Menor vantagem, portanto, do que aquilo que as sondagens de há duas semanas atrás sugeriam.

19.00: mas algumas horas depois (estive numa longa reunião), parece afinal que a vantagem anda pelos 4 pontos para o Pdl, 8 pontos para a coligação. Como sucedeu há dois anos, as sondagens à boca das urnas em Itália não são para ser levadas demasiado a sério...

Itália

Daqui a 30 minutos começam a cair os resultados das sondagens à boca das urnas. As últimas sondagens - divulgadas a 15 dias de distância - davam cerca de 5 pontos de vantagem para Berlusconi. Importa no entanto recordar que, em 2006, a vantagem dada pelas sondagens à Unione sobrestimou a que veio a ser a vantagem real. Há um paper na net sobre o assunto. O que significa uma de três coisas:

- as sondagens italianas sobrestimam o voto do vencedor;
- as sondagens italianas sobrestimam o voto da esquerda;
- as eleições de 2006 não servem para fazer inferências a este respeito.

Ficamos na mesma, portanto. Mas já falta pouco.

sexta-feira, abril 11, 2008

Um momento para ponderarmos possíveis dúvidas sobre as teorias do eleitor racional

As sondagens, 2

Deixo aqui também as mais recentes sondagens de cada instituto sobre intenções de voto, assinalando apenas as "estimativas de resultados eleitorais", ou seja, a forma como cada instituto entendeu apresentar os seus resultados de forma comparável com os resultados de eleições. Excluo a Aximage, apenas porque os resultados tais como os conheço não permitem distinguir indecisos e votos noutros partidos, brancos ou nulos.




Passou mais de um mês entre a sondagem do CESOP e a da Eurosondagem e há diferenças importantes quer na inquirição quer na amostragem e posteriores ponderações dos resultados. Mas a ordem dos partidos é igual nas três e as mensagens genéricas também: o PS lidera claramente mas está aquém da maioria absoluta; o PSD não passa dos trinta e muito poucos; os partidos à esquerda do PS somam perto ou acima dos 20%; o CDS-PP é o 5º partido.

As sondagens, 1

Com as mais recentes sondagens Marktest e Eurosondagem, podemos actualizar os gráficos habituais. Algumas alterações:

1. Os resultados de Mendes e Menezes num mesmo gráfico, assinalando o momento da mudança;
2. Os resultados de Sampaio e Cavaco num mesmo gráfico, assinalando o momento da mudança;
3. O saldo de popularidade pondera agora as não respostas, da seguinte forma:
(%Positivas-%Negativas)*(1-Não respostas ou indiferentes/100).








É fácil verificar que:

1. Depois de comparativamente baixos valores iniciais, Cavaco converge em valores elevados, semelhantes aos de Sampaio em final de mandato.
2. Discrepâncias Eurosondagem e Marktest para o caso de Sócrates; independentemente disso, não parece ainda possível dizer que a tendência é outra que não a de descida, iniciada após divulgação do caso "Independente";
3. Eleição de Menezes interrompeu tendência de descida para líder do PSD, mas as últimas sondagens Marktest sugerem nova descida, colocando hoje Menezes no ponto onde Mendes estava no 1º semestre de 2007.

quarta-feira, abril 02, 2008

Divertimento de alta qualidade

Aqui.
(Só uma correcção, irrelevante para o caso: o grupo que representa 50% da população é o que tem conhecimentos de economia e de matemática abaixo da mediana. Sou constitucionalmente obrigado a assinalar estas coisas.)

The "bumbling nincompoop" versus "the killjoy Stalinist"

Boris tem 47%, contra 37% de Ken Livingstone. Mr. Livinsgtone está desgostoso com as sondagens. Como não: 1/5 dos que se identificam com os trabalhistas tencionam votar Boris. Ken ainda não percebeu que, para um cargo sem poder, o melhor é arranjar um tipo que dê para distrair.