O que se passa, assim muito rapidamente, é que a exposição tem coisas (e não são poucas) realmente boas. Acaba a 15 de Março.
quarta-feira, fevereiro 25, 2009
O eleitorado português em 2005, 12
O eleitorado português em 2005, 11
O eleitorado português em 2005, 10
O eleitorado português em 2005, 9
O eleitorado português em 2005, 8
Outra maneira de olhar para a questão consiste em analisar não a predisposição deste ou daquele grupo social para votar neste ou naquele partido, mas sim a composição do eleitorado de cada partido do ponto de vista socio-demográfico. Começando pela idade:
É comum dizer-se que o eleitorado do PCP está "muito envelhecido". Mas isso não é mais verdade para o PCP do que para os restantes partidos. Com a excepção do BE, claro, que se distinguiu muito dos restantes no que respeita à composição etária do seu eleitorado em 2005.
segunda-feira, fevereiro 23, 2009
O eleitorado português em 2005, 6
O eleitorado português em 2005, 5
Previsivelmente, os partidos da esquerda dão-se muito melhor junto do eleitorado menos religioso. Curioso, e conhecido, o facto de não haver relação entre a religiosidade e o voto no PS. É por isso que as coisas são assim.
O eleitorado português em 2005, 4
O eleitorado português em 2005, 3
O eleitorado português em 2005, 1
Há uns tempos, no Twitter, perguntaram-me o que se sabia sobre a relação entre a composição social do eleitorado e o voto. Creio que se pode responder rapidamente dizendo aquilo que uma quantidade já muito razoável de estudos vem confirmando de há uns anos para cá: "the Portuguese electorate is relatively low in social-structural anchoring of partisanship"(1). Por outras palavras, são poucos e fracos os correlatos sociais do comportamento de voto em Portugal. Quem quiser explicar por que razão os portugueses votam neste ou naquele partido terá de olhar para outros factores, nomeadamente o posicionamento ideológico, a identificação partidária, a avaliação do estado da economia e a avaliação dos líderes partidários.
Dito isto, o exercício não é completamente inútil. O que se segue é uma série de gráficos que comparam as percentagens de voto em cada partido nas eleições de 2005 e o comportamento de voto declarado de alguns grupos sociais. Os dados são do inquérito pós-eleitoral de 2005 coordenado aqui no ICS no âmbito do projecto Comportamento Eleitoral dos Portugueses. (2) A cinzento, os resultados eleitorais; a negro, as opções de voto válidas de diferentes grupos sociais. (3)
Começamos pela questão da idade, nomeadamente pelo comportamento de voto dos mais jovens. Falta aqui, claro, a abstenção, a opção que verdadeiramente triunfou entre os mais jovens. Mas se olharmos apenas para as opções de voto válidas, é fácil verificar que os mais jovens não são muito diferentes da generalidade do eleitorado nas escolhas que fazem. Excepção: o voto no BE. Entre os mais jovens, em 2005, o BE já era o terceiro partido.
(2) 5 Março a 8 de Maio de 2005; N=2801, aleatória estratificada por região e habitat; presencial; Continente. Coordenação geral de António Barreto e coordenação executiva de André Freire, Marina Costa Lobo e Pedro Magalhães.
(3) Os resultados da totalidade da amostra foram ponderados de acordo com os resultados eleitorais reais, de forma a corrigir desvios causados por não colaboração e não respostas.
sexta-feira, fevereiro 20, 2009
Agradecimentos
Nalguns casos muito atrasados, ao Quarta República, ao Bios Politikos, ao Pensamentos, a o tempo das cerejas, ao Delito de Opinião, ao Vasco Campilho, ao Dissonância Cognitiva, ao Insurgente e ao Da Literatura. E espero não me estar a esquecer de ninguém.
Dispatches from the War Room
Um livro de Stanley Greenberg, pollster e consultor político, sobre o seu trabalho com Blair, Clinton, Mandela, Barak e Sánchez de Lozada.
Foi comentado toda a semana no Pollster.com. Já está no shopping cart. Pelos comentários, este é bem capaz de ser o livro mais importante sobre a relação entre as sondagens e a política publicado nos últimos anos.
Foi comentado toda a semana no Pollster.com. Já está no shopping cart. Pelos comentários, este é bem capaz de ser o livro mais importante sobre a relação entre as sondagens e a política publicado nos últimos anos.
quinta-feira, fevereiro 12, 2009
Intervalo até ao fim da próxima semana
Entretanto, o meu filho de seis anos gosta imenso disto. Eu na idade dele gostava do Patolas Patatchim, o Pato Equilibrista.
Recordação
Resultados de uma sondagem CESOP/Católica, 4-5 Out. 2008, N=1297, presencial.
Acha que casais formados por pessoas do mesmo sexo deviam ter acesso ao casamento civil em iguais circunstâncias aos outros casais? (total da amostra):
Sim: 42%
Não: 53%
Não sabe: 4%
Recusa responder: 1%
Entre simpatizantes PS:
Sim: 47%
Não: 51%
Não sabe: 1%
Recusa responder: 1%
Entre simpatizantes PSD:
Sim: 29%
Não: 67%
Não sabe: 4%
Recusa responder: 0%
Das seguintes frases, qual a que mais se aproxima da sua posição?
Os casais formados por pessoas do mesmo sexo deviam ter acesso ao casamento civil em iguais circunstâncias aos outros casais :42%
Os casais de pessoas do mesmo sexo deviam poder celebrar uma união civil com os mesmos direitos e deveres de um casamento: 1%
Os casais de pessoas do mesmo sexo deviam poder celebrar uma união civil mas sem todos os direitos e deveres de um casamento: 4%
A lei devia limitar-se a reconhecer a existência de uniões de facto, como sucede hoje em dia: 11%
A lei não deveria reconhecer de forma alguma os casais formados por pessoas do mesmo sexo: 33%
Não sabe : 7%
Recusa responder: 3%
Um partido que tenha sobre este assunto uma posição diferente da sua é um partido no qual…
Nunca votaria: 35%
Poderia mesmo assim votar nesse partido: 49%
Não sabe: 14%
Não responde: 2%
Acha que deveria haver em Portugal um referendo sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo?
Sim: 51%
Não: 44%
Não sabe: 5%
Não responde: 1%
Mais detalhes, incluindo ficha técnica, aqui.
Acha que casais formados por pessoas do mesmo sexo deviam ter acesso ao casamento civil em iguais circunstâncias aos outros casais? (total da amostra):
Sim: 42%
Não: 53%
Não sabe: 4%
Recusa responder: 1%
Entre simpatizantes PS:
Sim: 47%
Não: 51%
Não sabe: 1%
Recusa responder: 1%
Entre simpatizantes PSD:
Sim: 29%
Não: 67%
Não sabe: 4%
Recusa responder: 0%
Das seguintes frases, qual a que mais se aproxima da sua posição?
Os casais formados por pessoas do mesmo sexo deviam ter acesso ao casamento civil em iguais circunstâncias aos outros casais :42%
Os casais de pessoas do mesmo sexo deviam poder celebrar uma união civil com os mesmos direitos e deveres de um casamento: 1%
Os casais de pessoas do mesmo sexo deviam poder celebrar uma união civil mas sem todos os direitos e deveres de um casamento: 4%
A lei devia limitar-se a reconhecer a existência de uniões de facto, como sucede hoje em dia: 11%
A lei não deveria reconhecer de forma alguma os casais formados por pessoas do mesmo sexo: 33%
Não sabe : 7%
Recusa responder: 3%
Um partido que tenha sobre este assunto uma posição diferente da sua é um partido no qual…
Nunca votaria: 35%
Poderia mesmo assim votar nesse partido: 49%
Não sabe: 14%
Não responde: 2%
Acha que deveria haver em Portugal um referendo sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo?
Sim: 51%
Não: 44%
Não sabe: 5%
Não responde: 1%
Mais detalhes, incluindo ficha técnica, aqui.
terça-feira, fevereiro 10, 2009
Obama, popularidade e "bipartisanship"
segunda-feira, fevereiro 09, 2009
sábado, fevereiro 07, 2009
Comme d'habitude
"PSD critica “manipulação” das sondagens que colocam partido em má posição"
Esta estratégia política tem dado óptimos resultados no passado.
Esta estratégia política tem dado óptimos resultados no passado.
sexta-feira, fevereiro 06, 2009
Aximage, 2-5 Fev, N=600, Tel.
Entre parêntesis, resultados de Janeiro:
Resultados com redistribuição proporcional de indecisos:
PS: 40,0% (40,2%)
PSD: 24,9% (25,1%)
BE:12,6% (12,3%)
CDU:9,6% (8,7%)
CDS:8,1% (8,3%)
OBN: 4,9% (5,5%)
Resultados brutos:
PS: 38,2% (37,3%)
PSD: 23,8% (23,3%)
BE:12,0% (11,4%)
CDU:9,2% (8,1%)
CDS:7,7% (7,7%)
OBN: 4,7% (5,1%)
Indecisos:4,5% (7,1%)
Aqui.
(Actualizado e corrigido um erro em relação à sondagem de Janeiro; espero que seja o último)
Resultados com redistribuição proporcional de indecisos:
PS: 40,0% (40,2%)
PSD: 24,9% (25,1%)
BE:12,6% (12,3%)
CDU:9,6% (8,7%)
CDS:8,1% (8,3%)
OBN: 4,9% (5,5%)
Resultados brutos:
PS: 38,2% (37,3%)
PSD: 23,8% (23,3%)
BE:12,0% (11,4%)
CDU:9,2% (8,1%)
CDS:7,7% (7,7%)
OBN: 4,7% (5,1%)
Indecisos:4,5% (7,1%)
Aqui.
(Actualizado e corrigido um erro em relação à sondagem de Janeiro; espero que seja o último)
"Porque não telefonam para os telemóveis também?"
Pergunta-se num comentário. Aqui vai:
1. Custos de comunicação, tornando certo tipo de trabalhos economicamente inviáveis (tudo o que for sondagens para os media, por exemplo);
2. Perda da informação territorial que (por enquanto) ainda está associada aos números fixos. Há maneira de tentar resolver (obter a informação de residência na própria chamada) mas aí o ponto anterior ainda fica mais complicado.
3. Grande número de números válidos (com cartões SIM activados) mas sem utilização real (telefones desligados), provocando mensagens de voice mail, obrigando a novas tentativas durante o trabalho de campo que vão ser inevitavelmente fracassadas.
4. Falta de confiança nos dados sobre o universo. As estimativas dos domicílios cell-only em Portugal oscilam entre os 15% e os 48% (!!!).
5. A unidade de amostragem numa sondagem telefónica convencional é o domicílio, dentro do qual se selecciona aleatoriamente um indivíduo pertencente ao universo; a unidade de amostragem numa sondagem através de móvel é o indivíduo. Isto seria resolúvel se o ponto 4 não fosse o que é.
Acho que é isto. Não é por acaso que, até nos Estados Unidos, a utilização de telemóveis para sondagens políticas a sério só começou este ano e ainda a um nível algo experimental.
1. Custos de comunicação, tornando certo tipo de trabalhos economicamente inviáveis (tudo o que for sondagens para os media, por exemplo);
2. Perda da informação territorial que (por enquanto) ainda está associada aos números fixos. Há maneira de tentar resolver (obter a informação de residência na própria chamada) mas aí o ponto anterior ainda fica mais complicado.
3. Grande número de números válidos (com cartões SIM activados) mas sem utilização real (telefones desligados), provocando mensagens de voice mail, obrigando a novas tentativas durante o trabalho de campo que vão ser inevitavelmente fracassadas.
4. Falta de confiança nos dados sobre o universo. As estimativas dos domicílios cell-only em Portugal oscilam entre os 15% e os 48% (!!!).
5. A unidade de amostragem numa sondagem telefónica convencional é o domicílio, dentro do qual se selecciona aleatoriamente um indivíduo pertencente ao universo; a unidade de amostragem numa sondagem através de móvel é o indivíduo. Isto seria resolúvel se o ponto 4 não fosse o que é.
Acho que é isto. Não é por acaso que, até nos Estados Unidos, a utilização de telemóveis para sondagens políticas a sério só começou este ano e ainda a um nível algo experimental.
quinta-feira, fevereiro 05, 2009
Perspectiva
Só para pôr as coisas em perspectiva, os resultados de uma sondagem CESOP/Católica de Maio de 2007, comparados com a sondagem recente sobre o caso Freeport:
Com que interesse tem acompanhado ...?
Muito ou algum interesse:
- Caso Univ. Independente (2007): 44% (em relação ao total da amostra)
- Caso Freeport (2009): 49% (em relação ao total da amostra, e não apenas em relação aos que dizem ter ouvido falar do caso).
Acha que José Sócrates esclareceu completamente as dúvidas que surgiram ou que ficaram ainda coisas por esclarecer?
Ficaram coisas por esclarecer:
- Caso Univ. Independente (2007): 62%
- Caso Freeport (2009): 51%
No seguimento desta controvérsia, a sua opinião sobre José Sócrates...
Piorou:
- Caso Univ. Independente (2007): 19%
- Caso Freeport (2009): 26%
Com que interesse tem acompanhado ...?
Muito ou algum interesse:
- Caso Univ. Independente (2007): 44% (em relação ao total da amostra)
- Caso Freeport (2009): 49% (em relação ao total da amostra, e não apenas em relação aos que dizem ter ouvido falar do caso).
Acha que José Sócrates esclareceu completamente as dúvidas que surgiram ou que ficaram ainda coisas por esclarecer?
Ficaram coisas por esclarecer:
- Caso Univ. Independente (2007): 62%
- Caso Freeport (2009): 51%
No seguimento desta controvérsia, a sua opinião sobre José Sócrates...
Piorou:
- Caso Univ. Independente (2007): 19%
- Caso Freeport (2009): 26%
Telefónicas
Há dias, no Twitter, o Gabriel Silva perguntava:
GabrielfSilva @PCMagalhaes 1a questão técnica (q há mto desejava fazer): as sondagens por telefone é só para fixo? Se sim, tal não distorce 1 bocadinho?...
Começo por dizer que sei muito menos sobre isto do que devia. O grosso do trabalho da Católica são presenciais, e os inquéritos académicos com que lido no ICS (European Social Survey, European Values Study, estudos eleitorais de vários tipos, etc) também, pelo que nunca fiz investigação própria sobre a matéria. Mas há algumas coisas que se podem dizer.
A primeira é que, segundo o INE, em 2008, havia 30% de alojamentos privados que não tinham telefone fixo. Isto significa um primeiro desvio sério em relação à pressuposição de amostragem aleatória da população: a probabilidade dos residentes em domicílios sem telefone fixo de serem seleccionados para responder às sondagens telefónicas que são feitas em Portugal sobre intenções de voto ou estudos políticos vários não é igual à dos restantes. É zero. Zero.
Isto é um problema? À partida, a resposta tem de ser sempre "Sim". É por isso os inquéritos académicos que servem de "golden standard" para a indústria são todos presenciais: se as pessoas que não vivem em alojamentos com telefone fixo forem sistematicamente diferentes das outras, todas as inferências que se façam da amostra para a população em geral vão estar enviesadas.
Contudo, na prática, as coisas podem não ser tão graves como se possa pensar:
1. Pode haver matérias em que aquilo em que a população que vive em alojamentos sem fixo é diferente da população sem fixo não esteja correlacionado com as variáveis de interesse.
2. A utilização de amostragem por quotas ou ponderação pós-amostral, dando à amostra características conhecidas do universo, pode ajudar a corrigir esses enviesamentos.
3. As vantagens das sondagens telefónicas- nomeadamente, um controlo muito mais apertado sobre o trabalho de campo do que nas presenciais - podem compensar as desvantagens.
4. As características socio-demográficas da população sem telefone fixo podem ser suficientemente heterogéneas para neutralizarem os enviesamentos causados. Por exemplo, há boas razões para supor que a população sem fixo combina população idosa e rural com população mais jovem e urbana (mobile-only).
Tudo isto são questões para investigar, coisa que não fiz. Nos Estados Unidos, onde até há uns anos toda a gente tinha fixo, o grande espectro hoje é a população "mobile-only". E apesar de toneladas de papel de investigação sobre o assunto, que relata diferenças significativas entre as diferentes populações, a causa dessas diferenças permanece um mistério. Em Portugal, julgo saber que há estudos de mercado que tratam esta população, e era bom haver estudos sobre o assunto. Não conheço nenhum.
No fim de tudo, diria o seguinte:
1. Resistiria sempre muitíssimo à ideia de fazer um estudo académico sobre atitudes e comportamentos sociais pelo telefone em Portugal.
2. Sou menos resistente à ideia de fazer estudos sobre intenções de voto e atitudes políticas pelo telefone, por uma razão simples: não existem diferenças significativas entre a precisão das sondagens, confrontadas com resultados eleitorais, ditadas pelo modo de inquirição (mas isto é para um objectivo muito concreto, ou seja, descrever opiniões políticos ou intenções de voto. Para investigação séria e "pesada" sobre causas de comportamentos políticos, acho as telefónicas, genericamente, inapropriadas).
3. Se as perspectivas futuras fossem a de um desaparecimento do fixo e aumento da população "mobile-only", estaria disposto a rever a posição 2. Mas felizmente para nós, os pacotes de comunicações, que incluem internet, cabo e telefone, podem ajudar a contrariar esta tendência.
4. Independentemente disto, há um espectro mais grave: as pessoas cada vez menos querem responder a sondagens. Mas isso é uma verdade para as presenciais e para as telefónicas. Hoje, taxas de resposta de 30% em estudos presenciais académicos, com montanhas de dinheiro, 5 ou 6 revisitas ao mesmo domicílio, etc, são consideradas óptimas. O estudo da Católica sobre o Freeport demorava três minutos a responder e teve uma taxa de resposta de 52%. A metade que responde é igual à metade que recusou ou não estava acessível? Não é. O grande problema, para mim, é este. Parece que a resposta do futuro é o chamado "multi-mode" ou "mixed-mode", ou seja, adoptar para um mesmo inquérito vários métodos de inquirição (postal, presencial, internet, telefónica) adaptados a cada população. A ver.
GabrielfSilva @PCMagalhaes 1a questão técnica (q há mto desejava fazer): as sondagens por telefone é só para fixo? Se sim, tal não distorce 1 bocadinho?...
Começo por dizer que sei muito menos sobre isto do que devia. O grosso do trabalho da Católica são presenciais, e os inquéritos académicos com que lido no ICS (European Social Survey, European Values Study, estudos eleitorais de vários tipos, etc) também, pelo que nunca fiz investigação própria sobre a matéria. Mas há algumas coisas que se podem dizer.
A primeira é que, segundo o INE, em 2008, havia 30% de alojamentos privados que não tinham telefone fixo. Isto significa um primeiro desvio sério em relação à pressuposição de amostragem aleatória da população: a probabilidade dos residentes em domicílios sem telefone fixo de serem seleccionados para responder às sondagens telefónicas que são feitas em Portugal sobre intenções de voto ou estudos políticos vários não é igual à dos restantes. É zero. Zero.
Isto é um problema? À partida, a resposta tem de ser sempre "Sim". É por isso os inquéritos académicos que servem de "golden standard" para a indústria são todos presenciais: se as pessoas que não vivem em alojamentos com telefone fixo forem sistematicamente diferentes das outras, todas as inferências que se façam da amostra para a população em geral vão estar enviesadas.
Contudo, na prática, as coisas podem não ser tão graves como se possa pensar:
1. Pode haver matérias em que aquilo em que a população que vive em alojamentos sem fixo é diferente da população sem fixo não esteja correlacionado com as variáveis de interesse.
2. A utilização de amostragem por quotas ou ponderação pós-amostral, dando à amostra características conhecidas do universo, pode ajudar a corrigir esses enviesamentos.
3. As vantagens das sondagens telefónicas- nomeadamente, um controlo muito mais apertado sobre o trabalho de campo do que nas presenciais - podem compensar as desvantagens.
4. As características socio-demográficas da população sem telefone fixo podem ser suficientemente heterogéneas para neutralizarem os enviesamentos causados. Por exemplo, há boas razões para supor que a população sem fixo combina população idosa e rural com população mais jovem e urbana (mobile-only).
Tudo isto são questões para investigar, coisa que não fiz. Nos Estados Unidos, onde até há uns anos toda a gente tinha fixo, o grande espectro hoje é a população "mobile-only". E apesar de toneladas de papel de investigação sobre o assunto, que relata diferenças significativas entre as diferentes populações, a causa dessas diferenças permanece um mistério. Em Portugal, julgo saber que há estudos de mercado que tratam esta população, e era bom haver estudos sobre o assunto. Não conheço nenhum.
No fim de tudo, diria o seguinte:
1. Resistiria sempre muitíssimo à ideia de fazer um estudo académico sobre atitudes e comportamentos sociais pelo telefone em Portugal.
2. Sou menos resistente à ideia de fazer estudos sobre intenções de voto e atitudes políticas pelo telefone, por uma razão simples: não existem diferenças significativas entre a precisão das sondagens, confrontadas com resultados eleitorais, ditadas pelo modo de inquirição (mas isto é para um objectivo muito concreto, ou seja, descrever opiniões políticos ou intenções de voto. Para investigação séria e "pesada" sobre causas de comportamentos políticos, acho as telefónicas, genericamente, inapropriadas).
3. Se as perspectivas futuras fossem a de um desaparecimento do fixo e aumento da população "mobile-only", estaria disposto a rever a posição 2. Mas felizmente para nós, os pacotes de comunicações, que incluem internet, cabo e telefone, podem ajudar a contrariar esta tendência.
4. Independentemente disto, há um espectro mais grave: as pessoas cada vez menos querem responder a sondagens. Mas isso é uma verdade para as presenciais e para as telefónicas. Hoje, taxas de resposta de 30% em estudos presenciais académicos, com montanhas de dinheiro, 5 ou 6 revisitas ao mesmo domicílio, etc, são consideradas óptimas. O estudo da Católica sobre o Freeport demorava três minutos a responder e teve uma taxa de resposta de 52%. A metade que responde é igual à metade que recusou ou não estava acessível? Não é. O grande problema, para mim, é este. Parece que a resposta do futuro é o chamado "multi-mode" ou "mixed-mode", ou seja, adoptar para um mesmo inquérito vários métodos de inquirição (postal, presencial, internet, telefónica) adaptados a cada população. A ver.
quarta-feira, fevereiro 04, 2009
Margens com menos erro.
Não sei se já repararam na coluna do lado direito. Daqui até às eleições, o Luís Aguiar-Conraria vai também andar por estes lados. A ideia, claro, é espremermos os dados das sondagens eleitorais até ao tutano. Nem vai ser preciso ler a assinatura dos posts: se for disparate, é meu; se for inteligente, o mais provável é que seja dele.
terça-feira, fevereiro 03, 2009
CESOP/Católica, 30Jan-1Fev, N=801, Tel. "Caso Freeport"
O relatório-síntese da sondagem pode ser descarregado aqui.
segunda-feira, fevereiro 02, 2009
(Atrasada): Intercampus, 17-21 Janeiro, N=609, Tel.
PS: 42,3%
PSD: 27%
BE: 12,2%
PCP: 11,9%
CDS-PP: 5,7%
Estes resultados foram apresentados na última 6ª feira, em comparação com os da sondagem que terminou dia 28. Mas não os consegui ver apresentados na emissão da TVI da 6ª feira anterior (onde apenas se mostrou a "pontuação" dos líderes políticos). Acho que faz sentido, contudo, tomá-los em conta.
PSD: 27%
BE: 12,2%
PCP: 11,9%
CDS-PP: 5,7%
Estes resultados foram apresentados na última 6ª feira, em comparação com os da sondagem que terminou dia 28. Mas não os consegui ver apresentados na emissão da TVI da 6ª feira anterior (onde apenas se mostrou a "pontuação" dos líderes políticos). Acho que faz sentido, contudo, tomá-los em conta.
Intercampus, 23 a 28 Janeiro, N=621, Tel.
PS: 36,9%
PSD: 31,4%
BE:13,6%
PCP: 13%
CDS-PP:5,1%
A soma destes resultados dá 100%, pelo que a projecção não contempla votos para outros partidos, brancos e nulos.
Obrigado, Helena.
PSD: 31,4%
BE:13,6%
PCP: 13%
CDS-PP:5,1%
A soma destes resultados dá 100%, pelo que a projecção não contempla votos para outros partidos, brancos e nulos.
Obrigado, Helena.
domingo, fevereiro 01, 2009
Subscrever:
Mensagens (Atom)