Duas sondagens, Sensus e Datafolha. O que se previa: Garotinho desce, Lula sobe.
quinta-feira, maio 25, 2006
quarta-feira, maio 24, 2006
O livro de Carrilho: notas de leitura
Lá fui ler o livro. Queria apenas deixar umas notas sobre as passagens em que o autor se refere a sondagens pré-eleitorais:
"A sondagem da Universidade Católica, de meados de Julho, é curiosa, porque nos dados brutos a relação entre a minha candidatura e a de C. Rodrigues é de 22/24, a favor dele, mas quando se projectam os votos dos indecisos o resultado final é-me favorável, com 41%, ficando ele nos 36%" (p. 116)
Sobre isto, os interessados podem consultar este meu post da altura.
"Nesta situação, abria-se também o debate sobre o significado destes dados. O ponto principal era o de avaliar a credibilidade das sondagens e dos métodos utilizados, uma vez que umas empresas (a Aximage e a Eurosondagem) utilizavam o sistema de consulta telefónica, a Universidade Católica utilizara o sistema de consulta de rua e a Metris utilizava o método de voto em urna". (p. 116)
Só uma clarificação: a Católica não faz sondagens pré-eleitorais por "consulta de rua", mas sim nos domicílios dos eleitores, presencial ou telefonicamente. Há alguns casos, excepcionais, em que se recorre a entrevistas na rua no contexto de uma sondagem presencial, mas apenas quando as dificuldades em contornar o problema das recusas ou das ausências nos domicílios são muito grandes.
"Tendo confirmado que Lisboa está já com uma cobertura de rede fixa muito baixa, perto dos 50%, pareceu-me que a metodologia a seguir deveria ser a do voto em urna, em que o cidadão é colocado numa situação análoga à do dia da eleição propriamente dita. Foi nesse sentido também que recebi pareceres de especialistas, que contudo me alertaram para a maior deficiência desta metodologia, e que é a de não medir a abstenção, factor que nas eleições de hoje - e nomeadamente nas autárquicas - é muitas vezes decisivo" (p. 116)
"a Metris, com o voto em urna, a acreditar na vitória do PS, a Aximage, com o voto telefónico, a distanciar o PSD. A acreditar nestes dados, tudo seria decidido (como foi) pela abstenção, e sobretudo pelo tipo (mais de esquerda ou de direita) da abstenção, que é o que as sondagens de voto em urna não apanham" (p. 163).
Há aqui dois equívocos. O primeiro consiste em dizer-se que as sondagens que utilizam voto simulado em urna "medem" melhor ou pior a abstenção. Não há razão nenhuma para tal. Todas as sondagens, de forma a procurarem medir a intenção de não votar (ou quaisquer outros indicadores na base dos quais a intenção de não votar se possa inferir) têm de fazer perguntas. Nada impede que uma sondagem de voto em urna coloque essas perguntas e que, após respondidas, entregue o boletim ao inquirido para que ele o preencha confidencialmente. Não percebo qual é o problema especial das sondagens com voto em urna deste ponto de vista. Dificuldade em estimar a abstenção têm todos, telefónicos, com urna ou sem urna.
O segundo equívoco está na"deficiência" das sondagens de voto em urna: elas têm uma deficiência, sim, mas não tem a ver com a abstenção. Tem a ver com o facto de impedirem que se coloque uma bateria de perguntas de dimensão razoável que nos permita conhecer em detalhe as características socio-demográficas a atitudinais dos indivíduos. Precisamente para não se perturbar a vantagem do voto em urna - inquérito breve e confidencial no que respeita à intenção de voto - o questionário associado tem de ser igualmente breve. Logo, até podemos obter uma maior precisão na medição das intenções reais de voto, mas ficamos a saber muito pouco sobre o eleitorado.
Já agora, por que razão anda uma campanha a fazer sondagens com urna? De que serve a essa campanha "saber" quais as percentagens de voto que ela ou os adversários vão obter, ainda por cima a meses das eleições? Não servirão as sondagens dos media para isso? Não seria mais útil para a campanha conhecer melhor as características do eleitorado, os alvos que deve procurar atingir, as prioridades e atitudes dos eleitores? Para isso, as sondagens em urna não servem. E se não servem para isto, de que servem a uma campanha? É possível que haja uma explicação, mas não estou a ver.
"A sondagem da Universidade Católica, de meados de Julho, é curiosa, porque nos dados brutos a relação entre a minha candidatura e a de C. Rodrigues é de 22/24, a favor dele, mas quando se projectam os votos dos indecisos o resultado final é-me favorável, com 41%, ficando ele nos 36%" (p. 116)
Sobre isto, os interessados podem consultar este meu post da altura.
"Nesta situação, abria-se também o debate sobre o significado destes dados. O ponto principal era o de avaliar a credibilidade das sondagens e dos métodos utilizados, uma vez que umas empresas (a Aximage e a Eurosondagem) utilizavam o sistema de consulta telefónica, a Universidade Católica utilizara o sistema de consulta de rua e a Metris utilizava o método de voto em urna". (p. 116)
Só uma clarificação: a Católica não faz sondagens pré-eleitorais por "consulta de rua", mas sim nos domicílios dos eleitores, presencial ou telefonicamente. Há alguns casos, excepcionais, em que se recorre a entrevistas na rua no contexto de uma sondagem presencial, mas apenas quando as dificuldades em contornar o problema das recusas ou das ausências nos domicílios são muito grandes.
"Tendo confirmado que Lisboa está já com uma cobertura de rede fixa muito baixa, perto dos 50%, pareceu-me que a metodologia a seguir deveria ser a do voto em urna, em que o cidadão é colocado numa situação análoga à do dia da eleição propriamente dita. Foi nesse sentido também que recebi pareceres de especialistas, que contudo me alertaram para a maior deficiência desta metodologia, e que é a de não medir a abstenção, factor que nas eleições de hoje - e nomeadamente nas autárquicas - é muitas vezes decisivo" (p. 116)
"a Metris, com o voto em urna, a acreditar na vitória do PS, a Aximage, com o voto telefónico, a distanciar o PSD. A acreditar nestes dados, tudo seria decidido (como foi) pela abstenção, e sobretudo pelo tipo (mais de esquerda ou de direita) da abstenção, que é o que as sondagens de voto em urna não apanham" (p. 163).
Há aqui dois equívocos. O primeiro consiste em dizer-se que as sondagens que utilizam voto simulado em urna "medem" melhor ou pior a abstenção. Não há razão nenhuma para tal. Todas as sondagens, de forma a procurarem medir a intenção de não votar (ou quaisquer outros indicadores na base dos quais a intenção de não votar se possa inferir) têm de fazer perguntas. Nada impede que uma sondagem de voto em urna coloque essas perguntas e que, após respondidas, entregue o boletim ao inquirido para que ele o preencha confidencialmente. Não percebo qual é o problema especial das sondagens com voto em urna deste ponto de vista. Dificuldade em estimar a abstenção têm todos, telefónicos, com urna ou sem urna.
O segundo equívoco está na"deficiência" das sondagens de voto em urna: elas têm uma deficiência, sim, mas não tem a ver com a abstenção. Tem a ver com o facto de impedirem que se coloque uma bateria de perguntas de dimensão razoável que nos permita conhecer em detalhe as características socio-demográficas a atitudinais dos indivíduos. Precisamente para não se perturbar a vantagem do voto em urna - inquérito breve e confidencial no que respeita à intenção de voto - o questionário associado tem de ser igualmente breve. Logo, até podemos obter uma maior precisão na medição das intenções reais de voto, mas ficamos a saber muito pouco sobre o eleitorado.
Já agora, por que razão anda uma campanha a fazer sondagens com urna? De que serve a essa campanha "saber" quais as percentagens de voto que ela ou os adversários vão obter, ainda por cima a meses das eleições? Não servirão as sondagens dos media para isso? Não seria mais útil para a campanha conhecer melhor as características do eleitorado, os alvos que deve procurar atingir, as prioridades e atitudes dos eleitores? Para isso, as sondagens em urna não servem. E se não servem para isto, de que servem a uma campanha? É possível que haja uma explicação, mas não estou a ver.
segunda-feira, maio 22, 2006
A jornalista e o "especialista": estudo de caso
Na semana passada fui contactado telefonicamente por uma jornalista do Expresso, que me pediu um depoimento sobre o livro de Manuel Maria Carrilho e as questões por ele levantadas. Comecei por lhe dizer que não li o livro e que nada sei sobre o mundo das agências de informação, mas retorquiu-me que queria falar comigo para discutir a questão do efeito real da comunicação social no comportamento de voto. Acedi.
Disse-lhe, mais uma vez, que não tinha lido o livro. Que em Portugal não havia, que eu soubesse, muita investigação sobre o efeito das mensagens dos media nos resultados eleitorais. Mas que havia muita investigação noutros países, e o que se sabia, em geral, era o seguinte:
1. Que o facto de alguém ser exposto a mensagens negativas sobre um candidato ou partido não tem necessariamente um grande efeito sobre o seu comportamento. Que os indivíduos não são uma "folha em branco". Eles partem para a campanha com as suas próprias predisposições políticas, que os fazem interpretar essas mensagens de uma forma congruente com essas predisposições. Dei um exemplo extremo: o facto de um simpatizante do Partido Comunista ser exposto a muitas mensagens negativas sobre o partido não implica que deixe de votar nele. Pelo contrário: pode mesmo interpretar essas mensagens como sendo enviesadas e, assim reforçar as suas predisposições. Que, deste ponto de vista, não conhecia estudos que indicassem que o factor decisivo numa vitória ou derrota eleitoral tenha sido a comunicação social.
2. Que, no caso Carrilho, parece ter sucedido algo muito semelhante ao caso Santana Lopes: a cobertura do candidato foi quase universalmente negativa, o que sugere que, em vez de uma "conspiração" por parte de um conjunto concreto de órgãos de comunicação, o problema estaria no candidato, na sua actuação e na desadequação do seu perfil em relação àquilo que os media definem como o perfil "aceitável" de um candidato.
3. Contudo, apesar do que disse no ponto 1, sabe-se que os media podem ter efeitos mais insidiosos no comportamento eleitoral, ao carregaram a agenda política de temas que desfavorecem ou favorecem o ângulo através do qual um candidato pode ser avaliado, mesmo sem transmitirem mensagens explícitas a favor ou contra ele. Dei o exemplo simples do que implica para o sucesso eleitoral de um Presidente ou Primeiro-Ministro que, sob condições económicas negativas, a agenda dos media esteja carregada de notícias sobre o estado da economia. Não há propriamente uma mensagem explícita contra esse líder político, mas há a construção de um critério de avaliação. Não falei em "agenda-setting", "framing" ou "priming", para não complicar.
4. Que, a olho, me parecia que os jornais portugueses eram muito vulneráveis à influência de seja quem for que lhes coloque nas mãos informação "preparada". Que, por inexperiência, incompetência ou excesso de trabalho, os jornalistas tendem frequentemente a assumir uma atitude passiva em relação aos "pacotes" de informação que as agências e os assessores lhes fazem chegar (na altura, não sabia que "cerca de 70% das notícias publicadas nos jornais portugueses têm como origem as agências de informação ou os gabinetes de Imprensa", mas estou tudo menos surpreendido).
A jornalista pediu-me autorização para usar dados deste blogue para procurar uma relação entre a cobertura jornalística da campanha autárquica em Lisboa e os resultados de sondagens. Dei-lha, sugerindo também que consultasse o site da Marktest, pedindo-lhe apenas que referisse as fontes.
Qual foi o resultado destes dez minutos de conversa? Este parágrafo:
Pedro Magalhães, do Centro de Estudos e Sondagens de Opinião da Universidade Católica, refuta de forma categórica as teses de Carrilho e alerta para os efeitos contraproducentes das campanhas negativas: «Se eu for apoiante do Partido Comunista e se recebo da Comunicação Social apenas críticas ao meu partido, começo a achar que elas são enviezadas e posso até reforçar as minhas crenças».
Não interpretem este post como uma crítica à jornalista. Como é óbvio, ela tinha de fazer uma selecção daquilo que eu disse e integrar essa selecção de forma coerente em toda a notícia ( tenho apenas duas críticas: os resultados das sondagens foram apresentados no Expresso sem menção da fonte de onde foram coligidos; "enviesadas" escreve-se com "s", e não com "z").
Mas este pequeno e irrelevante caso levanta várias questões interessantes. Já tinham pensado como, de cada vez que lêem "depoimentos" nos jornais, eles resultam de uma criteriosa selecção por parte do jornalista daquilo que foi dito? E quais os critérios de selecção e apresentação? Por que razão terá a jornalista optado por escrever que o autor do depoimento "refuta de forma categórica das teses de Carrilho", quando esse autor lhe disse que não conhece em pormenor as ditas teses e quando o conjunto do seu depoimento não parece constituir exactamente uma "refutação categórica" delas (ver pontos 3. e 4.).
E o caso faz também com que me coloque a mim próprio outras questões. Há um ano, Pacheco Pereira escreveu um texto onde defendia que as opiniões daqueles que estudam temas políticos não eram diferentes "de opiniões políticas, de cidadãos, no espaço público" sem outra "legitimidade acrescida enquanto opiniões de natureza política":
"O resultado ou são truísmos (a transposição de um resultado académico ipsis verbis para uma afirmação de carácter político raras vezes resulta noutra coisa) ou são puras opiniões políticas, a que o estatuto académico dá uma aura de isenção e intangibilidade que confunde o debate público."
Na altura critiquei-o, defendendo que o debate político poderia "eventualmente beneficiar da contribuição de pessoas cujas 'opiniões políticas' são informadas, claro, pela sua ideologia e convicções políticas, mas também, claro, por uma formação académica específica que os faz prestar atenção a determinadas fenómenos e produzir sobre elas um determinado tipo de discurso."
Contudo, este caso faz-me pensar se ele não terá razão. Que contribuição específica ou adicional ao debate político pode dar um "especialista" quando aquilo que ele diz é "ensalsichado" pela máquina de produção de notícias e depois, ainda por cima, se vende a salsicha como proveniente de região especial demarcada, legitimando uma mensagem que, da forma como é apresentada, acaba por fazer parte de um determinado argumentário político (mesmo que não partilhado pela fonte)?
Esta foi a parte do pensamento sobre o tema. A parte da acção é mais simples: nunca mais dou um depoimento à imprensa sem ter completo controlo sobre a forma como esse depoimento vai ser apresentado. Live and learn.
Disse-lhe, mais uma vez, que não tinha lido o livro. Que em Portugal não havia, que eu soubesse, muita investigação sobre o efeito das mensagens dos media nos resultados eleitorais. Mas que havia muita investigação noutros países, e o que se sabia, em geral, era o seguinte:
1. Que o facto de alguém ser exposto a mensagens negativas sobre um candidato ou partido não tem necessariamente um grande efeito sobre o seu comportamento. Que os indivíduos não são uma "folha em branco". Eles partem para a campanha com as suas próprias predisposições políticas, que os fazem interpretar essas mensagens de uma forma congruente com essas predisposições. Dei um exemplo extremo: o facto de um simpatizante do Partido Comunista ser exposto a muitas mensagens negativas sobre o partido não implica que deixe de votar nele. Pelo contrário: pode mesmo interpretar essas mensagens como sendo enviesadas e, assim reforçar as suas predisposições. Que, deste ponto de vista, não conhecia estudos que indicassem que o factor decisivo numa vitória ou derrota eleitoral tenha sido a comunicação social.
2. Que, no caso Carrilho, parece ter sucedido algo muito semelhante ao caso Santana Lopes: a cobertura do candidato foi quase universalmente negativa, o que sugere que, em vez de uma "conspiração" por parte de um conjunto concreto de órgãos de comunicação, o problema estaria no candidato, na sua actuação e na desadequação do seu perfil em relação àquilo que os media definem como o perfil "aceitável" de um candidato.
3. Contudo, apesar do que disse no ponto 1, sabe-se que os media podem ter efeitos mais insidiosos no comportamento eleitoral, ao carregaram a agenda política de temas que desfavorecem ou favorecem o ângulo através do qual um candidato pode ser avaliado, mesmo sem transmitirem mensagens explícitas a favor ou contra ele. Dei o exemplo simples do que implica para o sucesso eleitoral de um Presidente ou Primeiro-Ministro que, sob condições económicas negativas, a agenda dos media esteja carregada de notícias sobre o estado da economia. Não há propriamente uma mensagem explícita contra esse líder político, mas há a construção de um critério de avaliação. Não falei em "agenda-setting", "framing" ou "priming", para não complicar.
4. Que, a olho, me parecia que os jornais portugueses eram muito vulneráveis à influência de seja quem for que lhes coloque nas mãos informação "preparada". Que, por inexperiência, incompetência ou excesso de trabalho, os jornalistas tendem frequentemente a assumir uma atitude passiva em relação aos "pacotes" de informação que as agências e os assessores lhes fazem chegar (na altura, não sabia que "cerca de 70% das notícias publicadas nos jornais portugueses têm como origem as agências de informação ou os gabinetes de Imprensa", mas estou tudo menos surpreendido).
A jornalista pediu-me autorização para usar dados deste blogue para procurar uma relação entre a cobertura jornalística da campanha autárquica em Lisboa e os resultados de sondagens. Dei-lha, sugerindo também que consultasse o site da Marktest, pedindo-lhe apenas que referisse as fontes.
Qual foi o resultado destes dez minutos de conversa? Este parágrafo:
Pedro Magalhães, do Centro de Estudos e Sondagens de Opinião da Universidade Católica, refuta de forma categórica as teses de Carrilho e alerta para os efeitos contraproducentes das campanhas negativas: «Se eu for apoiante do Partido Comunista e se recebo da Comunicação Social apenas críticas ao meu partido, começo a achar que elas são enviezadas e posso até reforçar as minhas crenças».
Não interpretem este post como uma crítica à jornalista. Como é óbvio, ela tinha de fazer uma selecção daquilo que eu disse e integrar essa selecção de forma coerente em toda a notícia ( tenho apenas duas críticas: os resultados das sondagens foram apresentados no Expresso sem menção da fonte de onde foram coligidos; "enviesadas" escreve-se com "s", e não com "z").
Mas este pequeno e irrelevante caso levanta várias questões interessantes. Já tinham pensado como, de cada vez que lêem "depoimentos" nos jornais, eles resultam de uma criteriosa selecção por parte do jornalista daquilo que foi dito? E quais os critérios de selecção e apresentação? Por que razão terá a jornalista optado por escrever que o autor do depoimento "refuta de forma categórica das teses de Carrilho", quando esse autor lhe disse que não conhece em pormenor as ditas teses e quando o conjunto do seu depoimento não parece constituir exactamente uma "refutação categórica" delas (ver pontos 3. e 4.).
E o caso faz também com que me coloque a mim próprio outras questões. Há um ano, Pacheco Pereira escreveu um texto onde defendia que as opiniões daqueles que estudam temas políticos não eram diferentes "de opiniões políticas, de cidadãos, no espaço público" sem outra "legitimidade acrescida enquanto opiniões de natureza política":
"O resultado ou são truísmos (a transposição de um resultado académico ipsis verbis para uma afirmação de carácter político raras vezes resulta noutra coisa) ou são puras opiniões políticas, a que o estatuto académico dá uma aura de isenção e intangibilidade que confunde o debate público."
Na altura critiquei-o, defendendo que o debate político poderia "eventualmente beneficiar da contribuição de pessoas cujas 'opiniões políticas' são informadas, claro, pela sua ideologia e convicções políticas, mas também, claro, por uma formação académica específica que os faz prestar atenção a determinadas fenómenos e produzir sobre elas um determinado tipo de discurso."
Contudo, este caso faz-me pensar se ele não terá razão. Que contribuição específica ou adicional ao debate político pode dar um "especialista" quando aquilo que ele diz é "ensalsichado" pela máquina de produção de notícias e depois, ainda por cima, se vende a salsicha como proveniente de região especial demarcada, legitimando uma mensagem que, da forma como é apresentada, acaba por fazer parte de um determinado argumentário político (mesmo que não partilhado pela fonte)?
Esta foi a parte do pensamento sobre o tema. A parte da acção é mais simples: nunca mais dou um depoimento à imprensa sem ter completo controlo sobre a forma como esse depoimento vai ser apresentado. Live and learn.
sexta-feira, maio 19, 2006
Sondagem em São Paulo
Da Datafolha. Alguns destaques:
- "Para 56% dos moradores da cidade de São Paulo, o governador Cláudio Lembo (PFL) teve uma atuação ruim ou péssima durante os ataques do PCC que deixaram o estado de São Paulo em pânico nos últimos dias";
- "Quando indagados sobre a responsabilidade pelos ataques terem acontecido, a maioria (55%) atribui muita responsabilidade ao Poder Judiciário pelos acontecimentos. Para 30% o governador Cláudio Lembo tem muita responsabilidade e para 39% um pouco de responsabilidade pelos ataques. (...) Atribuem muita responsabilidade ao presidente Lula (PT) 39%, e acham que o ex-governador Geraldo Alckmin, que deixou o cargo para se candidatar à Presidência há pouco mais de um mês, é muito responsável pelos ataques 37%."
- "Para 65% o governo do estado negociou para que os ataques parassem. Desses, 42% acham que o governo agiu mal ao negociar e 21% acham que agiu bem."
- "Para 56% dos moradores da cidade de São Paulo, o governador Cláudio Lembo (PFL) teve uma atuação ruim ou péssima durante os ataques do PCC que deixaram o estado de São Paulo em pânico nos últimos dias";
- "Quando indagados sobre a responsabilidade pelos ataques terem acontecido, a maioria (55%) atribui muita responsabilidade ao Poder Judiciário pelos acontecimentos. Para 30% o governador Cláudio Lembo tem muita responsabilidade e para 39% um pouco de responsabilidade pelos ataques. (...) Atribuem muita responsabilidade ao presidente Lula (PT) 39%, e acham que o ex-governador Geraldo Alckmin, que deixou o cargo para se candidatar à Presidência há pouco mais de um mês, é muito responsável pelos ataques 37%."
- "Para 65% o governo do estado negociou para que os ataques parassem. Desses, 42% acham que o governo agiu mal ao negociar e 21% acham que agiu bem."
segunda-feira, maio 15, 2006
"Everything is up in the air"
USA Today, 17 de Março de 2003:
"It's a new era for foreign policy," says William Kristol, a leading Republican who helped develop the strategy while the party was out of power during the Clinton administration. "Iraq has implications beyond Iraq and in a sense is about more than Iraq. It reflects a broader worldview. How it goes — whether it goes well or not — will very much affect people's judgments about what to do in the future" in the world. (...) If war with Iraq succeeds as envisioned, Kristol says, the United States will be in a position to pursue a more confrontational policy toward rogue regimes and move to "remake" the Middle East.
And if it doesn't go well? "Then everything is up in the air."
Estados Unidos, CBS News/NYT Poll, 8 Maio de 2006, Telefónica, N=1241.
"Looking back, do you think the United States did the right thing in taking military action against Iraq, or should the U.S. have stayed out?"
Did the right thing: 39% (Fevereiro: 41%)
Should have stayed out: 56% (Fevereiro: 54%)
Unsure: 5% (Fevereiro: 5%)
"Which comes closer to your opinion—Iran is a threat to the United States that requires military action now, Iran is a threat that can be contained with diplomacy now, or Iran is not a threat to the United States at this time?"
Threat requiring action now: 11% (Fevereiro: 20%)
Threat that can be contained: 58% (Fevereiro: 55%)
Not a threat at this time: 22% (Fevereiro: 19%)
Not sure: 8% (Fevereiro: 6%)
"It's a new era for foreign policy," says William Kristol, a leading Republican who helped develop the strategy while the party was out of power during the Clinton administration. "Iraq has implications beyond Iraq and in a sense is about more than Iraq. It reflects a broader worldview. How it goes — whether it goes well or not — will very much affect people's judgments about what to do in the future" in the world. (...) If war with Iraq succeeds as envisioned, Kristol says, the United States will be in a position to pursue a more confrontational policy toward rogue regimes and move to "remake" the Middle East.
And if it doesn't go well? "Then everything is up in the air."
Estados Unidos, CBS News/NYT Poll, 8 Maio de 2006, Telefónica, N=1241.
"Looking back, do you think the United States did the right thing in taking military action against Iraq, or should the U.S. have stayed out?"
Did the right thing: 39% (Fevereiro: 41%)
Should have stayed out: 56% (Fevereiro: 54%)
Unsure: 5% (Fevereiro: 5%)
"Which comes closer to your opinion—Iran is a threat to the United States that requires military action now, Iran is a threat that can be contained with diplomacy now, or Iran is not a threat to the United States at this time?"
Threat requiring action now: 11% (Fevereiro: 20%)
Threat that can be contained: 58% (Fevereiro: 55%)
Not a threat at this time: 22% (Fevereiro: 19%)
Not sure: 8% (Fevereiro: 6%)
quarta-feira, maio 10, 2006
Presidenciais italianas e voto obrigatório (actualizado)
Dois posts recentes a ler com atenção no blogue do cientista político Matthew Soberg Shugart, um sobre a eleição do presidente italiano (menos "cerimonial" do que parecer à primeira vista) e outro sobre o voto obrigatório, a propósito de um relatório de um "think tank" britânico que advoga a sua adopção no Reino Unido.
Menciona-se também um artigo académico acabado de sair sobre o assunto no Journal of Theoretical Politics, mas não esquecer a referência fundamental sobre o assunto: o artigo de Arend Lijphart, "Unequal Participation: Democracy's Unresolved Dilemma." American Political Science Review 91: 1-14.
De notar, claro, que a linha da frente da defesa do voto obrigatório é a existência de desigualdades sociais na propensão para a participação eleitoral (e, logo, de desigualdades nos interesses representados politicamente), fenómeno generalizado nos Estado Unidos e outros países de elevadíssima abstenção mas menos comum noutros. Mas não nos fazia mal discutir o assunto...
P.S.- Ou o Insurgente é especialmente bem frequentado, ou então não se pode dizer que as caixas de comentários são sempre lugares para insultos e frustrações. Basta ler os comentários até agora a este post sobre o voto obrigatório.
Independentemente dos méritos ou deméritos do voto obrigatório, há um problema central: os sistemas políticos onde o voto obrigatório poderia "fazer diferença" - ou seja, nos países em que aqueles que não votam são sistematicamente "diferentes" daqueles que votam em termos das suas preferências políticas (o que nem sempre sucede) - são também aqueles onde há actores políticos interessados em que esses mesmos eleitores não entrem no sistema, porque isso poderia fortalecer os seus adversários. Isto vale para os dois lados do espectro ideológico: nos Estados Unidos, por exemplo, os Republicanos nunca aceitariam o voto obrigatório, porque isso implicaria a potencial entrada de eleitores do partido Democrata no sistema (nem sequer conseguem mudar o voto de 3ª feira para Domingo...). Por outro lado, noutros países, não é de excluir que o voto obrigatório aumentasse a votação de partidos de direita "anti-sistema".
Há uma história que, que eu saiba (mas pode haver sem eu saber), está por fazer, e que é a dos processos de "desenho" institucional que levaram a que, nalguns países, se tivesse adoptado o voto obrigatório (Brasil, Austrália, Bélgica) e, noutros (Itália, Holanda), tivesse sido abandonado. Quem defendeu o quê nessas alturas? Assim se perceberá quem sentia que tinha mais a ganhar e a perder. E serão sempre os mesmos? Provavelmente não.
Menciona-se também um artigo académico acabado de sair sobre o assunto no Journal of Theoretical Politics, mas não esquecer a referência fundamental sobre o assunto: o artigo de Arend Lijphart, "Unequal Participation: Democracy's Unresolved Dilemma." American Political Science Review 91: 1-14.
De notar, claro, que a linha da frente da defesa do voto obrigatório é a existência de desigualdades sociais na propensão para a participação eleitoral (e, logo, de desigualdades nos interesses representados politicamente), fenómeno generalizado nos Estado Unidos e outros países de elevadíssima abstenção mas menos comum noutros. Mas não nos fazia mal discutir o assunto...
P.S.- Ou o Insurgente é especialmente bem frequentado, ou então não se pode dizer que as caixas de comentários são sempre lugares para insultos e frustrações. Basta ler os comentários até agora a este post sobre o voto obrigatório.
Independentemente dos méritos ou deméritos do voto obrigatório, há um problema central: os sistemas políticos onde o voto obrigatório poderia "fazer diferença" - ou seja, nos países em que aqueles que não votam são sistematicamente "diferentes" daqueles que votam em termos das suas preferências políticas (o que nem sempre sucede) - são também aqueles onde há actores políticos interessados em que esses mesmos eleitores não entrem no sistema, porque isso poderia fortalecer os seus adversários. Isto vale para os dois lados do espectro ideológico: nos Estados Unidos, por exemplo, os Republicanos nunca aceitariam o voto obrigatório, porque isso implicaria a potencial entrada de eleitores do partido Democrata no sistema (nem sequer conseguem mudar o voto de 3ª feira para Domingo...). Por outro lado, noutros países, não é de excluir que o voto obrigatório aumentasse a votação de partidos de direita "anti-sistema".
Há uma história que, que eu saiba (mas pode haver sem eu saber), está por fazer, e que é a dos processos de "desenho" institucional que levaram a que, nalguns países, se tivesse adoptado o voto obrigatório (Brasil, Austrália, Bélgica) e, noutros (Itália, Holanda), tivesse sido abandonado. Quem defendeu o quê nessas alturas? Assim se perceberá quem sentia que tinha mais a ganhar e a perder. E serão sempre os mesmos? Provavelmente não.
Artigos no Público
Aqui há uns anos, uma alma caridosa e anónima foi colocando alguns dos artigos que escrevi durante 2003 no Público num blogue criado para o efeito. Ainda por cima, era uma alma caridosa com discernimento, porque só colocava os artigos de que gostava (que eram também aqueles que eu próprio ia achando mais razoavelmente decentes).
Mas como a caridade começa em casa, a partir de agora, esses artigos vão para as Outras Margens, com uns dias de atraso. A verdade é que este suporte tem algumas vantagens em relação ao jornal, permitindo-me fazer ligações a algumas das fontes que uso para os artigos. E quanto mais não seja, sempre podem ir vendo quanto tempo passa até que me comece a contradizer.
Mas como a caridade começa em casa, a partir de agora, esses artigos vão para as Outras Margens, com uns dias de atraso. A verdade é que este suporte tem algumas vantagens em relação ao jornal, permitindo-me fazer ligações a algumas das fontes que uso para os artigos. E quanto mais não seja, sempre podem ir vendo quanto tempo passa até que me comece a contradizer.
Mais Brasil
Mais uma sondagem sobre as presidenciais no Brasil, desta vez do Instituto Brasileiro de Pesquisa Social (relatório .pdf, aqui). Estabilidade quase total em relação ao estudo de final de Março: Lula à frente mas sem maioria absoluta, Alckmin perdeu o gás.
Os cenários possíveis estão ainda no ar: com ou sem Garotinho (ainda em greve de fome, à hora que escrevo, protestando contra a Globo e a campanha; how to starve your electoral chances to death, explica-se no brazilianpolitics.com), com ou sem Itamar, com ou sem Sarney, ou mesmo sem candidato do PMDB. Sábado é, creio, a convenção do partido. Seja como for, se Garotinho não for candidato, quem beneficia é Lula.
A propósito, mesmo sendo um bocado caseiro, não posso deixar de sugerir um seminário que vai ter lugar no ICS no dia 16, de manhã: A América Latina: Um Olhar Contemporâneo (programa em .pdf, aqui). Participam Andrés Malamud, do ISCTE, certamente o politólogo a trabalhar em Portugal que mais sabe sobre a América Latina; e Octávio Amorim Neto, da Fundação Getúlio Vargas, um dos melhores investigadores brasileiros nestas áreas (para além de um estudioso do nosso e outros semi-presidencialismos). No final, um debate entre Manuel Villaverde Cabral, Wilson Trajano e Bernardino Gomes. Entrada livre.
Os cenários possíveis estão ainda no ar: com ou sem Garotinho (ainda em greve de fome, à hora que escrevo, protestando contra a Globo e a campanha; how to starve your electoral chances to death, explica-se no brazilianpolitics.com), com ou sem Itamar, com ou sem Sarney, ou mesmo sem candidato do PMDB. Sábado é, creio, a convenção do partido. Seja como for, se Garotinho não for candidato, quem beneficia é Lula.
A propósito, mesmo sendo um bocado caseiro, não posso deixar de sugerir um seminário que vai ter lugar no ICS no dia 16, de manhã: A América Latina: Um Olhar Contemporâneo (programa em .pdf, aqui). Participam Andrés Malamud, do ISCTE, certamente o politólogo a trabalhar em Portugal que mais sabe sobre a América Latina; e Octávio Amorim Neto, da Fundação Getúlio Vargas, um dos melhores investigadores brasileiros nestas áreas (para além de um estudioso do nosso e outros semi-presidencialismos). No final, um debate entre Manuel Villaverde Cabral, Wilson Trajano e Bernardino Gomes. Entrada livre.
segunda-feira, maio 08, 2006
Off topic: Tapada das Necessidades
Não sei se isto é uma micro-causa, mas o que lhe chamo interessa pouco. O Águas do Sul mostra algumas fotografias daquele que, se me perguntassem, facilmente responderia ser um dos meus locais favoritos na cidade de Lisboa: a Tapada das Necessidades. A primeira coisa que importa dizer é que a degradação que a Tapada hoje sofre - visível apenas quando nos aventuramos a caminhar acima do relvado principal a que se acede através da entrada sul - é muito maior do que aquilo que as fotografias podem transmitir. Edifícios e pavilhões abandonados e cobertos de grafittis, caminhos quase intransitáveis pela multiplicação de buracos e pedras, tanques vazios, cancelas fora dos gonzos, ervas que invadem caminhos e passeios, lixo abundante disperso pela vegetação, etc. Tudo isto se passa, note-se, nas traseiras do Ministério dos Negócios Estrangeiros e do Instituto de Defesa Nacional.
Mais: diz o Águas do Sul que o atelier de pintura do Rei D. Carlos I vai ser o gabinete do ex-presidente Jorge Sampaio. Tive a oportunidade de verificar ontem que este atelier está a sofrer obras de beneficiação: pintadinho, recuperado, impecável, e já com relva verdinha e aparada à entrada. Acho muito bem. Mas tenho alguma dificuldade em conceber que Jorge Sampaio se sinta confortável nas suas novas instalações ao mesmo tempo que sabe que a Tapada onde elas estão localizadas está entregue ao mais completo e deprimente abandono, visível, aliás, logo a poucos metros do atelier, num pavilhão cujo miradouro se encontra invadido pelas ervas daninhas e pelos ramos por podar das árvores que o envolvem.
Eu junto-me já ao "Grupo dos Amigos da Tapada das Necessidades" que o Águas do Sul sugere. E até digo mais: se o Ministério da Agricultura, dos Negócios Estrangeiros, e a Câmara e seja lá quem for que tem tutela sobre a Tapada não encontram maneira de se coordenarem para garantir um mínimo de manutenção para o espaço, ou se acham que têm outras coisas mais importantes onde gastar o dinheiro - escrevam no Google as expressões "patrocínio do Ministério dos Negócios Estrangeiros" ou "patrocínio da Câmara Municipal de Lisboa" e ficarão a saber alguns dos sítios onde o orçamento destas instituições vai parar - eu até estou disposto a fazer-lhes um donativo. E se outros se juntassem, poderíamos ter à entrada do parque e em cada zona recuperada da Tapada uma placa dizendo: "Pago com donativos adicionais dos já contribuintes lisboetas". É isso que é preciso? Dou já.
Mais: diz o Águas do Sul que o atelier de pintura do Rei D. Carlos I vai ser o gabinete do ex-presidente Jorge Sampaio. Tive a oportunidade de verificar ontem que este atelier está a sofrer obras de beneficiação: pintadinho, recuperado, impecável, e já com relva verdinha e aparada à entrada. Acho muito bem. Mas tenho alguma dificuldade em conceber que Jorge Sampaio se sinta confortável nas suas novas instalações ao mesmo tempo que sabe que a Tapada onde elas estão localizadas está entregue ao mais completo e deprimente abandono, visível, aliás, logo a poucos metros do atelier, num pavilhão cujo miradouro se encontra invadido pelas ervas daninhas e pelos ramos por podar das árvores que o envolvem.
Eu junto-me já ao "Grupo dos Amigos da Tapada das Necessidades" que o Águas do Sul sugere. E até digo mais: se o Ministério da Agricultura, dos Negócios Estrangeiros, e a Câmara e seja lá quem for que tem tutela sobre a Tapada não encontram maneira de se coordenarem para garantir um mínimo de manutenção para o espaço, ou se acham que têm outras coisas mais importantes onde gastar o dinheiro - escrevam no Google as expressões "patrocínio do Ministério dos Negócios Estrangeiros" ou "patrocínio da Câmara Municipal de Lisboa" e ficarão a saber alguns dos sítios onde o orçamento destas instituições vai parar - eu até estou disposto a fazer-lhes um donativo. E se outros se juntassem, poderíamos ter à entrada do parque e em cada zona recuperada da Tapada uma placa dizendo: "Pago com donativos adicionais dos já contribuintes lisboetas". É isso que é preciso? Dou já.
sábado, maio 06, 2006
Eurosondagem
Nova edição do Barómetro da Eurosondagem para o Expresso, SIC e Rádio Renascença.
José Sócrates (entre parêntesis, %'s do mês anterior):
Actuação positiva: 55,7% (57,9%)
Nem boa nem má: 17% (18,7%9
Actuação negativa: 20,5% (20,7%)
Ns/Nr: 6,8% (5,7%)
Cavaco Silva (entre parêntesis, %'s do mês anterior):
Actuação positiva: 58,7% (57,1%)
Nem boa nem má:14% (15,4%)
Actuação negativa: 19,8% (19,6%)
Ns/Nr: 7,5% (7,9%)
Marques Mendes (entre parêntesis, %'s do mês anterior):
Actuação positiva: 35% (38,7%)
Nem boa nem má: 24,5% (22,7%)
Actuação negativa: 29,6% (28,7%)
Ns/Nr: 10,9% (9,9%)
O nosso índice habitual de 0 a 100 (ver posts anteriores), aplicado apenas aos dados da Eurosondagem, revela a seguinte evolução para Sócrates e Mendes:
Em resumo: tal como sucedia na sondagem Markest do final de Abril, Sócrates vê travada uma tendência de subida que vinha desde as autárquicas. Mendes também desce. E Cavaco também sobe (não vale a pena fazer gráfico dado que temos apenas duas observações). As mudanças são mínimas, mas o seu sentido é o mesmo nos dois Barómetros.
José Sócrates (entre parêntesis, %'s do mês anterior):
Actuação positiva: 55,7% (57,9%)
Nem boa nem má: 17% (18,7%9
Actuação negativa: 20,5% (20,7%)
Ns/Nr: 6,8% (5,7%)
Cavaco Silva (entre parêntesis, %'s do mês anterior):
Actuação positiva: 58,7% (57,1%)
Nem boa nem má:14% (15,4%)
Actuação negativa: 19,8% (19,6%)
Ns/Nr: 7,5% (7,9%)
Marques Mendes (entre parêntesis, %'s do mês anterior):
Actuação positiva: 35% (38,7%)
Nem boa nem má: 24,5% (22,7%)
Actuação negativa: 29,6% (28,7%)
Ns/Nr: 10,9% (9,9%)
O nosso índice habitual de 0 a 100 (ver posts anteriores), aplicado apenas aos dados da Eurosondagem, revela a seguinte evolução para Sócrates e Mendes:
Em resumo: tal como sucedia na sondagem Markest do final de Abril, Sócrates vê travada uma tendência de subida que vinha desde as autárquicas. Mendes também desce. E Cavaco também sobe (não vale a pena fazer gráfico dado que temos apenas duas observações). As mudanças são mínimas, mas o seu sentido é o mesmo nos dois Barómetros.
quarta-feira, maio 03, 2006
Consolações
Steven Colbert, do Daily Show, diverte-se e diverte-nos à grande à custa do Presidente Bush (vídeo aqui, transcrição aqui). Uma citação que, compreenderão, achei particularmente bela:
Now, I know there are some polls out there saying this man has a 32% approval rating. But guys like us, we don't pay attention to the polls. We know that polls are just a collection of statistics that reflect what people are thinking in "reality." And reality has a well-known liberal bias.
Para os "liberais" que levam as estatísticas a sério, Charles Franklin tem as novidades:
E as novidades são simples: We have simply never seen a president this unpopular going into a midterm election.
Mas nem tudo é mau para o Presidente Bush. Afinal, há ainda alguém cuja popularidade (.pdf) é inferior à dele:
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