Cavaco Silva: 57,0%
Manuel Alegre: 32,0%
Fernando Nobre: 5,2%
Francisco Lopes: 4,8%
Defensor de Moura: 1,0%
Aqui. Entre o resultado desta sondagem e a da Marktest divulgada hoje há só 21 pontos de diferença nas intenções de voto em Cavaco Silva, enfim, coisa pouca.
sábado, novembro 27, 2010
sexta-feira, novembro 26, 2010
Marktest, 16-19 Nov., N=804, Tel.
Intenções de voto presidenciais:
Cavaco Silva: 78,3%
Manuel Alegre: 15%
Fernando Nobre: 4%
Francisco Lopes: 0,7%
Aqui. Soma das percentagens anteriores: 98%. Caso Cavaco Silva tivesse uma percentagem de votos desta ordem, ultrapassaria claramente o resultado de Mário Soares em 1991.
Cavaco Silva: 78,3%
Manuel Alegre: 15%
Fernando Nobre: 4%
Francisco Lopes: 0,7%
Aqui. Soma das percentagens anteriores: 98%. Caso Cavaco Silva tivesse uma percentagem de votos desta ordem, ultrapassaria claramente o resultado de Mário Soares em 1991.
quinta-feira, novembro 25, 2010
Marktest, 16-19 Nov., N=804, Tel.
Após redistribuição de indecisos e diminuição de OBN de 14,3% para 6,5%:
PSD: 44,3%
PS: 26,9%
BE: 8,7%
CDS-PP: 6,9%
CDU: 6,7%
Ficha técnica aqui.
PSD: 44,3%
PS: 26,9%
BE: 8,7%
CDS-PP: 6,9%
CDU: 6,7%
Ficha técnica aqui.
segunda-feira, novembro 22, 2010
Intercampus, 12-17 Nov., N=609, Tel.
Legislativas, após redistribuição:
PSD: 39,2%
PS: 30,5%
BE: 11%
PCP: 9.7%
CDS-PP: 8,5%
Presidenciais, após redistribuição:
Cavaco Silva: 61,5%
Manuel Alegre: 26,1%
Fernando Nobre: 4,5%
Francisco Lopes: 3,7%
Defensor de Moura: 0,5%
A soma disto, nas presidenciais, dá 96,3%, se não estou em erro. Não sei o que representam os restantes 2,7%, tendo em conta que os resultados oficiais das presidenciais não contam com brancos e nulos. Talvez outros candidatos. As notícias estão aqui e aqui. A segunda explica-nos, por exemplo, que "Francisco Lopes (...) desceu 33,9% desde Outubro" e que " maior queda foi a de Defensor Moura, em 58,3%". Atenção que não se está, naturalmente, a falar de subidas ou descidas em pontos percentuais.
PSD: 39,2%
PS: 30,5%
BE: 11%
PCP: 9.7%
CDS-PP: 8,5%
Presidenciais, após redistribuição:
Cavaco Silva: 61,5%
Manuel Alegre: 26,1%
Fernando Nobre: 4,5%
Francisco Lopes: 3,7%
Defensor de Moura: 0,5%
A soma disto, nas presidenciais, dá 96,3%, se não estou em erro. Não sei o que representam os restantes 2,7%, tendo em conta que os resultados oficiais das presidenciais não contam com brancos e nulos. Talvez outros candidatos. As notícias estão aqui e aqui. A segunda explica-nos, por exemplo, que "Francisco Lopes (...) desceu 33,9% desde Outubro" e que " maior queda foi a de Defensor Moura, em 58,3%". Atenção que não se está, naturalmente, a falar de subidas ou descidas em pontos percentuais.
quinta-feira, novembro 18, 2010
Sabe o que vai acontecer no dia 23 de Janeiro? Nós sim (III)
Com todas as contingências explicadas nos dois posts anteriores e ainda as que explicaremos de seguida, é um exercício heróico este de prever a votação de Cavaco Silva. Mas como resistir? Não é possível resistir. Estimámos o modelo. O que encontrámos? O fundamental resume-se na sequinte equação:
Y=18,579 + 0,578*X1 + 12,317*X2
Em que X1 representa a votação dos partidos do "bloco incumbente" na eleição anterior e X2 é uma variável "muda" (com valor 1 ou 0) capturando o facto de o presidente em exercício, respectivamente, ser ou não o candidato do bloco incumbente. Se substituirmos os valores de X1 e X2 pelos valores para a próxima eleição, X1 será 42,4 (a percentagem de votos válidos dos partidos de direita nas últimas legislativas) e X2 será, obviamente, 1. Resultado:
Cavaco Silva terá uma votação de 55,393% na 1ª volta das eleições presidenciais.
Quão razoável é esta previsão? Há indicadores de sinais contrários:
* Positivos:
1. Mesmo com apenas seis observações e três graus de liberdade, as variáveis que pensámos poder influenciar a votação do bloco incumbente são estatisticamente significativas com p<0,05 e na direcção prevista.
2. O coeficiente de determinação do modelo é de 95%. Ou seja, o modelo é fantástico! Ups, talvez não, dado que, com tão poucas observações, este valor, mesmo que elevado, tem pouco significado.
3. Para analisar a robustez dos nossos resultados a uma amostra tão pequena, fizemos pequenas manipulações da amostra e vimos quão sensível os nossos resultados eram a essas manipulações. A manipulação é simples: para cada uma das 6 observações de que dispomos, retiramo-la da amostra e reestimamos o modelo. Assim, podemos testar se os resultados que obtemos são altamente influenciados por alguma eleição particularmente excêntrica. Os resultados não foram maus.
*Negativos:
1. O nosso erro padrão (já tendo em conta a incerteza dos coeficientes estimados) é de quase 5%. Ou seja, o intervalo de confiança de 95% para a estimativa pontual da previsão é tão largo que quase não tem significado. Por outras palavras, se construíssemos um intervalo de confiança em torno da nossa previsão, diríamos que a votação de Cavaco seria, com 95% de confiança, algures entre 45 e 65%.
2. O modelo falhou miseravelmente num teste mais formal, que já tínhamos usado a pretexto da nossa previsão para as legislativas. Esse teste é chamado condition index test. De acordo com a literatura valores desse teste superiores a 15 são problemáticos. Superiores a 30 são a garantia de problemas. No nosso caso o valor foi superior a 60. Um valor tão alto indica problemas de multicolinearidade, algo que só pode ser resolvido com uma amostra maior.
Em suma, como ficamos? Há sinais encorajadores, particularmente a direcção e significância das variáveis independentes. Mas a incerteza é muito grande. O baixo número de observações - seis - faz com que esta previsão pouco mais rigor possa ter do que uma mera regra de três simples. Ele gera também valores de coeficientes de determinação enganadoramente altos e cria uma incerteza muito grande em torno da previsão estimada, que só tenderá a diminuir à medida que possamos basear esta inferência num número maior de observações. Esperamos, por isso, que apreciem devidamente a ironia de apresentarmos o resultado da previsão às milésimas e, de resto, a ironia do próprio título destas entradas.
Pedro Magalhães e Luís Aguiar-Conraria
Y=18,579 + 0,578*X1 + 12,317*X2
Em que X1 representa a votação dos partidos do "bloco incumbente" na eleição anterior e X2 é uma variável "muda" (com valor 1 ou 0) capturando o facto de o presidente em exercício, respectivamente, ser ou não o candidato do bloco incumbente. Se substituirmos os valores de X1 e X2 pelos valores para a próxima eleição, X1 será 42,4 (a percentagem de votos válidos dos partidos de direita nas últimas legislativas) e X2 será, obviamente, 1. Resultado:
Cavaco Silva terá uma votação de 55,393% na 1ª volta das eleições presidenciais.
Quão razoável é esta previsão? Há indicadores de sinais contrários:
* Positivos:
1. Mesmo com apenas seis observações e três graus de liberdade, as variáveis que pensámos poder influenciar a votação do bloco incumbente são estatisticamente significativas com p<0,05 e na direcção prevista.
2. O coeficiente de determinação do modelo é de 95%. Ou seja, o modelo é fantástico! Ups, talvez não, dado que, com tão poucas observações, este valor, mesmo que elevado, tem pouco significado.
3. Para analisar a robustez dos nossos resultados a uma amostra tão pequena, fizemos pequenas manipulações da amostra e vimos quão sensível os nossos resultados eram a essas manipulações. A manipulação é simples: para cada uma das 6 observações de que dispomos, retiramo-la da amostra e reestimamos o modelo. Assim, podemos testar se os resultados que obtemos são altamente influenciados por alguma eleição particularmente excêntrica. Os resultados não foram maus.
*Negativos:
1. O nosso erro padrão (já tendo em conta a incerteza dos coeficientes estimados) é de quase 5%. Ou seja, o intervalo de confiança de 95% para a estimativa pontual da previsão é tão largo que quase não tem significado. Por outras palavras, se construíssemos um intervalo de confiança em torno da nossa previsão, diríamos que a votação de Cavaco seria, com 95% de confiança, algures entre 45 e 65%.
2. O modelo falhou miseravelmente num teste mais formal, que já tínhamos usado a pretexto da nossa previsão para as legislativas. Esse teste é chamado condition index test. De acordo com a literatura valores desse teste superiores a 15 são problemáticos. Superiores a 30 são a garantia de problemas. No nosso caso o valor foi superior a 60. Um valor tão alto indica problemas de multicolinearidade, algo que só pode ser resolvido com uma amostra maior.
Em suma, como ficamos? Há sinais encorajadores, particularmente a direcção e significância das variáveis independentes. Mas a incerteza é muito grande. O baixo número de observações - seis - faz com que esta previsão pouco mais rigor possa ter do que uma mera regra de três simples. Ele gera também valores de coeficientes de determinação enganadoramente altos e cria uma incerteza muito grande em torno da previsão estimada, que só tenderá a diminuir à medida que possamos basear esta inferência num número maior de observações. Esperamos, por isso, que apreciem devidamente a ironia de apresentarmos o resultado da previsão às milésimas e, de resto, a ironia do próprio título destas entradas.
Pedro Magalhães e Luís Aguiar-Conraria
segunda-feira, novembro 15, 2010
Sabe o que vai acontecer no dia 23 de Janeiro? Nós sim (II)
No post anterior, explicávamos como o conceito de “incumbente” exige, em eleições presidenciais, um tratamento diferente do que sucede com eleições legislativas, onde esse “incumbente” pode ser definido como o partido de governo (ou o principal partido de governo). No caso das presidenciais, essa definição não faz sentido. Como proceder, então?
A nossa opção vai ser a de tentar prever a votação dos candidatos do “bloco incumbente”, ou seja, a soma da votação de todos os candidatos oriundos de uma mesma “área política” - "esquerda" ou "direita" - que, no período imediatamente anterior a dada uma eleição, tenha controlado a Presidência. O que significa isto, na prática? Sete coisas: (1) Nas eleições de 1976, não há ainda Presidente eleito, pelo que esta observação não conta para a nossa análise. (2) Nas eleições de 1980, quem é o Presidente? Eanes, claro. Mas para a nossa análise, e para manter comparabilidade do longo da série, aquilo que nos interessa é o “bloco incumbente”, ou seja, a votação de todos os candidatos, incluindo Eanes, que se situam na área da esquerda. Temos assim Eanes e Otelo, totalizando 57,93% dos votos válidos. (3) Em 1986, o “bloco incumbente” é, claro - e novamente - a esquerda: Soares, Zenha e Pintasilgo: 53,69% dos votos, na 1ª volta. (4) Em 1991, Soares, Carvalhas e Carlos Marques: 85,84% dos votos. (5) Em 1996, apenas Sampaio: 53,91%. (6) Em 2001, Sampaio, António Abreu, Fernando Rosas e Garcia Pereira: 65,32% dos votos. (7) E em 2006, Alegre, Soares, Jerónimo de Sousa, Louçã e Garcia Pereira: 49,46% dos votos.
Em 2011, o que vamos prever é a soma dos votos de todos os candidatos do actual “bloco incumbente”, a direita. Em 2011 – como sucedeu em 1996 – esse bloco será representado por um único candidato, Cavaco Silva. Mas não tinha de ser assim. Esta nossa definição da variável dependente adapta-se a variadas circunstâncias e configurações de cada eleição, pelo menos até se deixar de pensar em política em termos de “esquerda” e “direita”, coisa que, apesar de tudo, não parece estar para muito breve.
A questão que se segue é quais poderão ser as variáveis independentes. Por outras palavras, que factores podem ajudar a prever a votação que o "bloco incumbente" teve no passado e a votação que esse bloco possa vir a ter no futuro? Há muitos factores que poderiam ser imaginados, mas com seis observações apenas, impõe-se máxima parcimónia. A nossa opção vai no sentido de valorizar dois aspectos fundamentais: o apoio partidário dos candidatos do bloco incumbente; e se esse bloco concorre com o Presidente em exercício.
As eleições presidenciais em regimes semi-presidenciais são muitas vezes vistas como um combate entre personalidades políticas, uma espécie de "concurso de popularidade" sem outros determinantes políticos relevantes. De facto, de acordo com alguns estudos sobre comportamento eleitoral, é isso que parece suceder nalguns países onde o chefe de estado é eleito mas não exerce poderes executivos. Em Portugal, análises com dados agregados sugerem uma "baixa fidelidade eleitoral [dos votantes] aos partidos com os quais simpatizam" em eleições presidenciais. Mas temos razões fortes para discordar deste diagnóstico. Um estudo sobre as presidenciais de 2006 mostra que a identificação partidária é um dos factores explicativos mais poderosos quando se trata de prever o comportamento dos eleitores a nível individual. Claro que a avaliação das qualidades dos candidatos também tem um papel muito importante, mas nisso, as eleições presidenciais não são especialmente diferentes das eleições legislativas. O que as distingue, de resto, é o facto de o comportamento de voto nas presidenciais não ser - ao contrário do que sucede nas legislativas - influenciado pela avaliação da actuação do governo. Mas a fidelidade partidária conta muito, o que, de resto, não surpreende: os partidos apoiam candidatos e envolvem-se fortemente nas campanhas. Seria estranho que os eleitores fossem indiferentes ao facto e que os resultados dos candidatos não fossem afectados pela dimensão da sua coligação partidária de apoio.
Logo, para nós, um dos factores preditivos do desempenho do "bloco incumbente" nas presidenciais deve ser procurado no apoio partidário desse bloco. Isso é importante por duas razões. Por um lado, o apoio eleitoral dos partidos da "esquerda" e da "direita" não foi imutável ao longo do tempo, e essas mudanças deverão ter consequências no desempenho eleitoral dos candidatos apoiados por esses partidos. Por outro lado, houve momentos na nossa história eleitoral em que candidatos de um determinado bloco obtiveram o apoio de partidos fora do bloco. O exemplo mais evidente é o de Soares em 1991, cuja candidatura foi apoiada pelo PSD. Não tomar isto em conta seria ignorar a evidência de que os mais de 70% de votos recolhidos por Soares e os mais de 80% dos votos recolhidos por todos os candidatos "da esquerda" (incluindo Soares) não aconteceram por acaso ou por mera "popularidade" dos candidatos.
Assim, julgamos que uma das variáveis independentes de um modelo que procure prever o desempenho eleitoral dos candidatos do "bloco incumbente" terá de remeter para alguma medida do apoio partidário por detrás desses candidatos. Idealmente, gostaríamos de uma medida que captasse esse apoio o mais próximo possível da eleição presidencial, utilizando, por exemplo, sondagens de intenções de voto nesses partidos. Mas essas sondagens não estão disponíveis para todo o período. Outra alternativa seria a de recorrer aos dados das eleições legislativas mais próximas de cada eleição presidencial. Contudo, nalguns casos, essas eleições mais próximas são posteriores à eleição presidencial, o que derrota o objectivo do exercício: prever resultados, na base de informação disponível antes das eleições presidenciais. Logo, a nossa opção foi a de usar como variável independente a soma dos votos dos partidos que apoiam os candidatos do "bloco incumbente" na eleição imediatamente anterior a cada presidencial. A saber:
- 1980: 49,54% de votos válidos (a soma dos partidos de esquerda nas legislativas de Outubro de 1980).
- 1986: 58,40% (legislativas de 1985).
- 1991: 94,47% (esquerda + PSD, legislativas de 1987).
- 1996: 55,30% (legislativas de 1995)
- 2001: 57,46% (legislativas de 1999)
- 2006: 61,67% (legislativas de 2005).
Há pelo menos outro factor tão central para as nossas preocupações que não pode ficar de lado: o facto de, nalgumas eleições, um dos candidatos do "bloco incumbente" ser o próprio Presidente.
Isso nem sempre acontece, claro. Em Portugal, há uma limitação de mandatos para um Presidente: dois. Logo, em 1986, 1996 e 2006, Eanes, Soares e Sampaio não foram candidatos, ao contrário do que sucedeu em 1980, 1991, e 2001, respectivamente. Há boas razões para que isto produza um efeito no desempenho eleitoral. As vantagens genéricas da "incumbência" são conhecidas: visibilidade, cobertura mediática "grátis", experiência e recursos materiais e organizativos. Isto, por sua vez, dissuade a entrada de bons adversários na contenda: Soares Carneiro, Basílio Horta ou Ferreira do Amaral, com todos os seus méritos ou deméritos, não são Freitas do Amaral, Cavaco Silva ou Mário Soares. E no caso português, é sabido que as expectativas em torno do desempenho da função presidencial têm levado a que (pelo menos desde Soares), nos seus primeiros mandatos, os presidentes tenham adoptado estilos de actuação mais consensuais e menos confrontacionais com os governos, aumentando o seu apelo a eleitores que não pertencem ao seu bloco e aumentando as possibilidades de reeleição. Logo, o nosso modelo tem uma segunda variável: o Presidente em exercício foi um dos candidatos do "bloco incumbente" na eleição? Respostas:
- 1980: Sim.
- 1986: Não.
- 1991: Sim.
- 1996: Não.
- 2001: Sim.
- 2006: Não.
Eis, em suma, o modelo: a votação nos candidatos do "bloco incumbente" numa eleição presidencial deverá ser uma função linear da votação nas legislativas anteriores dos partidos do "bloco incumbente" e do facto de o Presidente em exercício ser ou não um dos candidatos desse bloco. Quando estimamos este modelo através do Método dos Mínimos Quadrados (OLS, para os amigos), que resultados obtemos? Com a informação que já demos, facilmente alguns dos leitores poderão antecipar as nossas previsões. Aos outros pedimos que aguardem por 4ª feira.
Pedro Magalhães e Luís Aguiar-Conraria
A nossa opção vai ser a de tentar prever a votação dos candidatos do “bloco incumbente”, ou seja, a soma da votação de todos os candidatos oriundos de uma mesma “área política” - "esquerda" ou "direita" - que, no período imediatamente anterior a dada uma eleição, tenha controlado a Presidência. O que significa isto, na prática? Sete coisas: (1) Nas eleições de 1976, não há ainda Presidente eleito, pelo que esta observação não conta para a nossa análise. (2) Nas eleições de 1980, quem é o Presidente? Eanes, claro. Mas para a nossa análise, e para manter comparabilidade do longo da série, aquilo que nos interessa é o “bloco incumbente”, ou seja, a votação de todos os candidatos, incluindo Eanes, que se situam na área da esquerda. Temos assim Eanes e Otelo, totalizando 57,93% dos votos válidos. (3) Em 1986, o “bloco incumbente” é, claro - e novamente - a esquerda: Soares, Zenha e Pintasilgo: 53,69% dos votos, na 1ª volta. (4) Em 1991, Soares, Carvalhas e Carlos Marques: 85,84% dos votos. (5) Em 1996, apenas Sampaio: 53,91%. (6) Em 2001, Sampaio, António Abreu, Fernando Rosas e Garcia Pereira: 65,32% dos votos. (7) E em 2006, Alegre, Soares, Jerónimo de Sousa, Louçã e Garcia Pereira: 49,46% dos votos.
Em 2011, o que vamos prever é a soma dos votos de todos os candidatos do actual “bloco incumbente”, a direita. Em 2011 – como sucedeu em 1996 – esse bloco será representado por um único candidato, Cavaco Silva. Mas não tinha de ser assim. Esta nossa definição da variável dependente adapta-se a variadas circunstâncias e configurações de cada eleição, pelo menos até se deixar de pensar em política em termos de “esquerda” e “direita”, coisa que, apesar de tudo, não parece estar para muito breve.
A questão que se segue é quais poderão ser as variáveis independentes. Por outras palavras, que factores podem ajudar a prever a votação que o "bloco incumbente" teve no passado e a votação que esse bloco possa vir a ter no futuro? Há muitos factores que poderiam ser imaginados, mas com seis observações apenas, impõe-se máxima parcimónia. A nossa opção vai no sentido de valorizar dois aspectos fundamentais: o apoio partidário dos candidatos do bloco incumbente; e se esse bloco concorre com o Presidente em exercício.
As eleições presidenciais em regimes semi-presidenciais são muitas vezes vistas como um combate entre personalidades políticas, uma espécie de "concurso de popularidade" sem outros determinantes políticos relevantes. De facto, de acordo com alguns estudos sobre comportamento eleitoral, é isso que parece suceder nalguns países onde o chefe de estado é eleito mas não exerce poderes executivos. Em Portugal, análises com dados agregados sugerem uma "baixa fidelidade eleitoral [dos votantes] aos partidos com os quais simpatizam" em eleições presidenciais. Mas temos razões fortes para discordar deste diagnóstico. Um estudo sobre as presidenciais de 2006 mostra que a identificação partidária é um dos factores explicativos mais poderosos quando se trata de prever o comportamento dos eleitores a nível individual. Claro que a avaliação das qualidades dos candidatos também tem um papel muito importante, mas nisso, as eleições presidenciais não são especialmente diferentes das eleições legislativas. O que as distingue, de resto, é o facto de o comportamento de voto nas presidenciais não ser - ao contrário do que sucede nas legislativas - influenciado pela avaliação da actuação do governo. Mas a fidelidade partidária conta muito, o que, de resto, não surpreende: os partidos apoiam candidatos e envolvem-se fortemente nas campanhas. Seria estranho que os eleitores fossem indiferentes ao facto e que os resultados dos candidatos não fossem afectados pela dimensão da sua coligação partidária de apoio.
Logo, para nós, um dos factores preditivos do desempenho do "bloco incumbente" nas presidenciais deve ser procurado no apoio partidário desse bloco. Isso é importante por duas razões. Por um lado, o apoio eleitoral dos partidos da "esquerda" e da "direita" não foi imutável ao longo do tempo, e essas mudanças deverão ter consequências no desempenho eleitoral dos candidatos apoiados por esses partidos. Por outro lado, houve momentos na nossa história eleitoral em que candidatos de um determinado bloco obtiveram o apoio de partidos fora do bloco. O exemplo mais evidente é o de Soares em 1991, cuja candidatura foi apoiada pelo PSD. Não tomar isto em conta seria ignorar a evidência de que os mais de 70% de votos recolhidos por Soares e os mais de 80% dos votos recolhidos por todos os candidatos "da esquerda" (incluindo Soares) não aconteceram por acaso ou por mera "popularidade" dos candidatos.
Assim, julgamos que uma das variáveis independentes de um modelo que procure prever o desempenho eleitoral dos candidatos do "bloco incumbente" terá de remeter para alguma medida do apoio partidário por detrás desses candidatos. Idealmente, gostaríamos de uma medida que captasse esse apoio o mais próximo possível da eleição presidencial, utilizando, por exemplo, sondagens de intenções de voto nesses partidos. Mas essas sondagens não estão disponíveis para todo o período. Outra alternativa seria a de recorrer aos dados das eleições legislativas mais próximas de cada eleição presidencial. Contudo, nalguns casos, essas eleições mais próximas são posteriores à eleição presidencial, o que derrota o objectivo do exercício: prever resultados, na base de informação disponível antes das eleições presidenciais. Logo, a nossa opção foi a de usar como variável independente a soma dos votos dos partidos que apoiam os candidatos do "bloco incumbente" na eleição imediatamente anterior a cada presidencial. A saber:
- 1980: 49,54% de votos válidos (a soma dos partidos de esquerda nas legislativas de Outubro de 1980).
- 1986: 58,40% (legislativas de 1985).
- 1991: 94,47% (esquerda + PSD, legislativas de 1987).
- 1996: 55,30% (legislativas de 1995)
- 2001: 57,46% (legislativas de 1999)
- 2006: 61,67% (legislativas de 2005).
Há pelo menos outro factor tão central para as nossas preocupações que não pode ficar de lado: o facto de, nalgumas eleições, um dos candidatos do "bloco incumbente" ser o próprio Presidente.
Isso nem sempre acontece, claro. Em Portugal, há uma limitação de mandatos para um Presidente: dois. Logo, em 1986, 1996 e 2006, Eanes, Soares e Sampaio não foram candidatos, ao contrário do que sucedeu em 1980, 1991, e 2001, respectivamente. Há boas razões para que isto produza um efeito no desempenho eleitoral. As vantagens genéricas da "incumbência" são conhecidas: visibilidade, cobertura mediática "grátis", experiência e recursos materiais e organizativos. Isto, por sua vez, dissuade a entrada de bons adversários na contenda: Soares Carneiro, Basílio Horta ou Ferreira do Amaral, com todos os seus méritos ou deméritos, não são Freitas do Amaral, Cavaco Silva ou Mário Soares. E no caso português, é sabido que as expectativas em torno do desempenho da função presidencial têm levado a que (pelo menos desde Soares), nos seus primeiros mandatos, os presidentes tenham adoptado estilos de actuação mais consensuais e menos confrontacionais com os governos, aumentando o seu apelo a eleitores que não pertencem ao seu bloco e aumentando as possibilidades de reeleição. Logo, o nosso modelo tem uma segunda variável: o Presidente em exercício foi um dos candidatos do "bloco incumbente" na eleição? Respostas:
- 1980: Sim.
- 1986: Não.
- 1991: Sim.
- 1996: Não.
- 2001: Sim.
- 2006: Não.
Eis, em suma, o modelo: a votação nos candidatos do "bloco incumbente" numa eleição presidencial deverá ser uma função linear da votação nas legislativas anteriores dos partidos do "bloco incumbente" e do facto de o Presidente em exercício ser ou não um dos candidatos desse bloco. Quando estimamos este modelo através do Método dos Mínimos Quadrados (OLS, para os amigos), que resultados obtemos? Com a informação que já demos, facilmente alguns dos leitores poderão antecipar as nossas previsões. Aos outros pedimos que aguardem por 4ª feira.
Pedro Magalhães e Luís Aguiar-Conraria
sábado, novembro 13, 2010
Eurosondagem, 4-9 Nov., N=1025, Tel.
Após redistribuição de indecisos:
PSD: 36,9%
PS: 30,0%
CDS-PP: 9,3%
BE: 9,2%
CDU: 8,8%
PSD: 36,9%
PS: 30,0%
CDS-PP: 9,3%
BE: 9,2%
CDU: 8,8%
sexta-feira, novembro 12, 2010
Sabe o que vai acontecer no dia 23 de Janeiro? Nós sim.
Em Julho de 2008, escrevemos um paper onde fazíamos uma previsão dos resultados eleitorais das legislativas de 2009, que viriam a ocorrer a 27 de Setembro, mais de um ano depois. Essa previsão apontava para que o PS tivesse 38,4%, e uma vantagem de 11,3 pontos sobre o PSD, ou seja, 27,1%. Num artigo posterior, escrito poucos meses depois mas usando os mesmos dados e publicado em Junho de 2009 na revista Electoral Studies, afinávamos a nossa previsão para o PS: 37,1%. Em Setembro de 2009, o PS obtinha 36,7% dos votos e o PSD 29,1%.
Como já explicámos, esta previsão deixou-nos ao mesmo tempo entusiasmados e perplexos. Entusiasmados pela enorme precisão. Perplexos, porque o cenário macroeconómico no qual baseámos as nossas previsões – e que era o adiantado pelas organizações internacionais à época – não se veio a concretizar. Pelo contrário, o que sucedeu, a partir de finais de 2008, foi uma recessão internacional sem precedentes desde os anos 30. A nossa questão tornou-se outra: por que razão a previsão baseada em "previsões" (e não na "realidade") esteve tão próxima dos resultados finais? Pode ter sido mero acaso. Mas pode ser que isto nos diga algo sobre como a realidade económica é percebida pelos eleitores (abrindo parêntesis, é curioso verificar, no recente inquérito dos Transatlantic Trends, como os portugueses foram, de todos os países inquiridos, aqueles onde a percepção de consequências concretas da crise era mais baixa em 2009 e onde mais subiu de 2009 para 2010). Vamos trabalhar nisto. Entretanto, obedecendo a um poderoso impulso suicidário, tivemos outra ideia: e que tal uma previsão dos resultados das presidenciais? Péssima ideia. Vamos a isso.
Péssima ideia porquê? Várias razões:
- Na democracia portuguesa, tivemos 7 (sete) eleições presidenciais. Se quisermos prever resultados eleitorais futuros na base do passado, podemos usar não mais de 7 (sete) observações. É muito, muito pouco.
- A maior parte dos modelos deste género procura prever a percentagem de votos do partido ou partidos no governo, ou seja, o desempenho do incumbente, no pressuposto de que a função de voto do governo é explicada por aspectos do seu desempenho (popularidade, crescimento económico, etc.). Mas o que fazer ao conceito de incumbente no caso do Presidente? É difícil saber:
- Primeiro, o Presidente não governa (há certamente quem gostasse, mas lamentamos informar que não).
- Segundo, quem é o incumbente em 1976? Não há. E em 1980: Eanes, claro. E em 1986, que votação de que incumbente estamos a prever? Bem, tendo em conta que Eanes foi apoiado pelo PS e pelo PCP, talvez nos arrisquemos a colocar a soma dos votos em Soares, Zenha (e, quem sabe, Pintasilgo) no lado esquerdo da equação. E em 1991: a votação em Soares? Mas Soares foi apoiado pelo PS e pelo PSD. E por aí fora. Por outras palavras, como não há uma relação de identidade estável entre partidos e candidatos, e como os candidatos representam coligações diferentes de eleição para eleição, o conceito de incumbente, no sentido estrito em que é usado habitualmente nos modelos de previsão - um partido, ou um candidato -, não faz sentido.
Como lidar, então, com o problema? O que podemos tentar prever? Em breve explicaremos o quê e como. O que daí resulta, podemos desde já, em parte, adiantar: Cavaco Silva deverá ganhar à primeira volta (um momento para que o caro leitor se possa tentar refazer do enorme choque que a frase anterior lhe causou). Mas com que percentagem de votos? Daqui a dias ficarão a saber.
Pedro Magalhães e Luís Aguiar-Conraria (publicado originalmente no Delito de Opinião)
quarta-feira, novembro 03, 2010
Aximage, 26-29 Outubro, N=600, Tel.
Antes de redistribuição de indecisos:
PSD: 35,2%
PS: 26,5%
CDU: 9,8%
CDS-PP: 9,1%
BE: 8,4%
OBN: 5,5%
Indecisos: 5,5%
Após redistribuição de indecisos:
PSD: 37,2%
PS: 28,0%
CDU: 10,4%
CDS-PP: 9,6%
BE: 8,9%
OBN: 5,8%
Aqui.
PSD: 35,2%
PS: 26,5%
CDU: 9,8%
CDS-PP: 9,1%
BE: 8,4%
OBN: 5,5%
Indecisos: 5,5%
Após redistribuição de indecisos:
PSD: 37,2%
PS: 28,0%
CDU: 10,4%
CDS-PP: 9,6%
BE: 8,9%
OBN: 5,8%
Aqui.
terça-feira, novembro 02, 2010
Um comentário sobre a questão das escalas
Recebido por e-mail:
"Creio que não será difícil dizer que qualquer analista já se deparou com o facto de as escalas serem pares ou impares enviesa os resultados obtidos. Também é evidente que se a pergunta tiver um ponto central, as respostas tenderão a ir para esse ponto - por uma questão de preguiça do entrevistado ou por qualquer outro fenómeno.
Porém, ter uma escala par também não resolve o problema: estamos nesse caso a impor ao inquirido que tome uma opção (positiva ou negativa), quando na verdade ele é indiferente.
A questão está em que um estudo de opinião/mercado deve reflectir as opções dos inquiridos e seu processo de tomada de decisão. Assim, a inclusão de um ponto central pode facilitar e esconder a verdadeira intenção dos indivíduos, ao mesmo tempo que sua exclusão inflaciona respostas extremadas, que habitualmente não acontecem.
A solução que adopto, mais em produtos de consumo e menos em ciências sociais, é colocar um ponto neutro sempre que se trata de uma escolha recorrente por parte do inquirido. Por exemplo, numa pergunta de hábitos de compra de comida para cães: é perfeitamente normal que o consumidor seja indiferente. Nesses casos ele muda (ou pode mudar) de opção todas as semanas.
Já numa pergunta associada a bens duradouros - como a compra de casa, casamento(!), intenção de voto - prefiro não colocar um ponto central. Nesses casos o inquirido tem mesmo de tomar uma decisão e não há espaço para meias respostas/neutralidade.
Em qualquer dos casos, não conheço muitos resultados públicos sobre a importância dos pontos centrais para o público português. Excepção feita a esta apresentação: http://www.apodemo.pt/05%20-%20Luis%20Rosa%20-%20METRIS.pps"
"Creio que não será difícil dizer que qualquer analista já se deparou com o facto de as escalas serem pares ou impares enviesa os resultados obtidos. Também é evidente que se a pergunta tiver um ponto central, as respostas tenderão a ir para esse ponto - por uma questão de preguiça do entrevistado ou por qualquer outro fenómeno.
Porém, ter uma escala par também não resolve o problema: estamos nesse caso a impor ao inquirido que tome uma opção (positiva ou negativa), quando na verdade ele é indiferente.
A questão está em que um estudo de opinião/mercado deve reflectir as opções dos inquiridos e seu processo de tomada de decisão. Assim, a inclusão de um ponto central pode facilitar e esconder a verdadeira intenção dos indivíduos, ao mesmo tempo que sua exclusão inflaciona respostas extremadas, que habitualmente não acontecem.
A solução que adopto, mais em produtos de consumo e menos em ciências sociais, é colocar um ponto neutro sempre que se trata de uma escolha recorrente por parte do inquirido. Por exemplo, numa pergunta de hábitos de compra de comida para cães: é perfeitamente normal que o consumidor seja indiferente. Nesses casos ele muda (ou pode mudar) de opção todas as semanas.
Já numa pergunta associada a bens duradouros - como a compra de casa, casamento(!), intenção de voto - prefiro não colocar um ponto central. Nesses casos o inquirido tem mesmo de tomar uma decisão e não há espaço para meias respostas/neutralidade.
Em qualquer dos casos, não conheço muitos resultados públicos sobre a importância dos pontos centrais para o público português. Excepção feita a esta apresentação: http://www.apodemo.pt/05%20-%20Luis%20Rosa%20-%20METRIS.pps"
Presidenciais
É ainda um pouco cedo para falar de tendências. Mas o gráfico abaixo mostra os resultados das sondagens que conheço e que explicitamente solicitavam uma intenção de voto (e não perguntas sobre qual dos candidatos seria o melhor Presidente, etc.). Notem que, especialmente nas mais antigas, estávamos perante cenários, não apenas no que dizia respeito ao próprio Cavaco Silva mas também em relação a outros candidatos. Preservei apenas os resultados daqueles que, hoje, afirmam a sua candidatura.
As linhas são rectas de regressão linear. A haver uma tendência, é a previsível: a descida de Fernando Nobre. Mas é muito cedo para tirar grandes conclusões. Fica como mera informação, a analisar de forma mais detalhada quando houver mais resultados.
As linhas são rectas de regressão linear. A haver uma tendência, é a previsível: a descida de Fernando Nobre. Mas é muito cedo para tirar grandes conclusões. Fica como mera informação, a analisar de forma mais detalhada quando houver mais resultados.
segunda-feira, novembro 01, 2010
Pontos centrais em escalas
No Cachimbo de Magritte, Tiago Mendes escreve:
"Outro ponto, técnico, e que seria importante esclarecer, é saber porque é que a sondagem da Católica, ao que tudo indica, não inclui uma opção entre "Bom" e "Mau" - razoável, médio, satisfatório, indiferente, o que seja."
Duas coisas:
1. Este post tinha uma ligação para aqui, para o Margens de Erro. Mas a verdade é que desde Janeiro que trabalho em exclusividade no ICS-UL, tendo deixado a colaboração com o CESOP e a Católica. Se escrevo isto de novo é porque pensava que era um facto conhecido mas, nos últimos dias, por e-mails recebidos e comentários vários, notei que não.
2. Dito isto, a ausência de um ponto central na escala de avaliação de governo foi uma decisão minha, e posso responder por ela. Quando esse ponto central está presente ("nem bom nem mau", etc) ele tende a ser usado para mero fim de redução de esforço por parte do inquirido ou para evitar declarar posição perante o inquiridor. A investigação que conheço sobre o assunto mostra que os dados obtidos com escalas que usam este tipo de pontos centrais são menos válidos e menos fiáveis. Sobre o assunto, ver isto ou isto. Tendo a encarar tudo aquilo que Willem Saris escreve sobre questionários com alguma reverência. Logo, sempre que posso - e especialmente quando isso não prejudica gravemente comparações com inquéritos anteriores - proponho a eliminação destes pontos centrais. Acho até que isso é especialmente importante num país com as características do nosso (por razões educacionais e culturais várias).
"Outro ponto, técnico, e que seria importante esclarecer, é saber porque é que a sondagem da Católica, ao que tudo indica, não inclui uma opção entre "Bom" e "Mau" - razoável, médio, satisfatório, indiferente, o que seja."
Duas coisas:
1. Este post tinha uma ligação para aqui, para o Margens de Erro. Mas a verdade é que desde Janeiro que trabalho em exclusividade no ICS-UL, tendo deixado a colaboração com o CESOP e a Católica. Se escrevo isto de novo é porque pensava que era um facto conhecido mas, nos últimos dias, por e-mails recebidos e comentários vários, notei que não.
2. Dito isto, a ausência de um ponto central na escala de avaliação de governo foi uma decisão minha, e posso responder por ela. Quando esse ponto central está presente ("nem bom nem mau", etc) ele tende a ser usado para mero fim de redução de esforço por parte do inquirido ou para evitar declarar posição perante o inquiridor. A investigação que conheço sobre o assunto mostra que os dados obtidos com escalas que usam este tipo de pontos centrais são menos válidos e menos fiáveis. Sobre o assunto, ver isto ou isto. Tendo a encarar tudo aquilo que Willem Saris escreve sobre questionários com alguma reverência. Logo, sempre que posso - e especialmente quando isso não prejudica gravemente comparações com inquéritos anteriores - proponho a eliminação destes pontos centrais. Acho até que isso é especialmente importante num país com as características do nosso (por razões educacionais e culturais várias).
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