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"Creio que não será difícil dizer que qualquer analista já se deparou com o facto de as escalas serem pares ou impares enviesa os resultados obtidos. Também é evidente que se a pergunta tiver um ponto central, as respostas tenderão a ir para esse ponto - por uma questão de preguiça do entrevistado ou por qualquer outro fenómeno.
Porém, ter uma escala par também não resolve o problema: estamos nesse caso a impor ao inquirido que tome uma opção (positiva ou negativa), quando na verdade ele é indiferente.
A questão está em que um estudo de opinião/mercado deve reflectir as opções dos inquiridos e seu processo de tomada de decisão. Assim, a inclusão de um ponto central pode facilitar e esconder a verdadeira intenção dos indivíduos, ao mesmo tempo que sua exclusão inflaciona respostas extremadas, que habitualmente não acontecem.
A solução que adopto, mais em produtos de consumo e menos em ciências sociais, é colocar um ponto neutro sempre que se trata de uma escolha recorrente por parte do inquirido. Por exemplo, numa pergunta de hábitos de compra de comida para cães: é perfeitamente normal que o consumidor seja indiferente. Nesses casos ele muda (ou pode mudar) de opção todas as semanas.
Já numa pergunta associada a bens duradouros - como a compra de casa, casamento(!), intenção de voto - prefiro não colocar um ponto central. Nesses casos o inquirido tem mesmo de tomar uma decisão e não há espaço para meias respostas/neutralidade.
Em qualquer dos casos, não conheço muitos resultados públicos sobre a importância dos pontos centrais para o público português. Excepção feita a esta apresentação: http://www.apodemo.pt/05%20-%20Luis%20Rosa%20-%20METRIS.pps"
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