sexta-feira, setembro 28, 2007

Directas no PSD: as sondagens

Menezes é o preferido entre os eleitores em geral, mas Mendes é o preferido por aqueles que se dizem votantes do PSD. Tudo bem. Mas daí até dizer-se que "este dado não pode deixar de ser interpretado como uma inclinação de voto para as directas de hoje" a distância é considerável. Talvez melhor dizer que "pode ser interpretado", mas é tudo menos obrigatório. Descontando a questão da pergunta usada ("estar preparado para ser Primeiro Ministro" não é a mesma coisa que perguntar em quem se votaria se se pudesse votar), é muito difícil saber se os "eleitores" do PSD são representantivos dos "militantes".

Até porque temos de saber de que eleitores estamos a falar. Por exemplo, na sondagem do DN, estamos - por aquilo que consigo entender do texto - a falar daqueles que hoje votariam PSD. Aí, Mendes ganha. Mas como é óbvio, os que votariam hoje PSD são precisamente aqueles que olham para Mendes com maior simpatia, e não necessariamente todos os eleitores habituais do PSD. Note-se o que sucede quando a sub-amostra muda, e passa a ser composta pelos que "votaram PSD em 2005" (em vez daqueles que votariam agora): nesse caso, Menezes ganha, aqui.

"Não pode deixar de ser interpretado como uma inclinação de voto para as directas de hoje"? Bem, poder até pode.

P.S.- Vale a pena ler isto sobre o assunto.
P.P.S. (29 Setembro) - Hate to say I told you so.

quinta-feira, setembro 27, 2007

Polónia, 3

Três sondagens contraditórias em poucos dias.

Uma:
WARSAW (Thomson Financial) - Poland's largest opposition party Civic Platform leads ruling party Law and Justice by two percentage points according to a poll by the Gfk Polonia agency today. Civic Platform had the support of 26 pct of voters while Law and Justice polled 24 pct, the survey, ahead of parlimentary elections on Oct 21, showed. The poll showed the Left and Democrats alliance would gain 10 pct of votes, populist party Samoobrona 5 pct and the Peasants Party (PSL) 6 pct. The poll was conducted among 974 adult Poles on Sept 21-23.

E duas:
Angus Reid Global Monitor- Poland’s right-leaning governing party has gained a significant amount of public support this month, according to a poll by SMG/KRC released by TVP. 36.1 per cent of respondents would back the Law and Justice Party (PiS) in this year’s legislative election, up nine points in a week.

E três:
Angus Reid Global Monitor - Poland’s main opposition party has gained public backing this month, according to a poll by PBS DGA published in Gazeta Wyborcza. 30 per cent of respondents would vote for the Civic Platform (PO) in the next legislative election, up four points since early September.

terça-feira, setembro 25, 2007

A inevitabilidade de Clinton...

...como candidata do Partido Democrata começa a desenhar-se. Nos dados das sondagens:


Fonte: Pollster.com

Nas apostas: ver Political Futures na Slate.

E até Bush acha que será ela a nomeada.

Mas importa não esquecer isto:


Fonte: Political Arithmetik

The disclosure project

O queixinhas que escreve neste blogue já mencionou aqui várias vezes o problema da falta de informação detalhada nas fichas técnicas nas sondagens feitas em Portugal, e até já o fez em artigos académicos. Mas para não ser só queixinhas, também já dei exemplos de boas práticas, especialmente por parte da Marktest. E aproveito para dizer que o problema não é só nosso, longe disso. Um artigo de 2002 já abordava o problema nos Estados Unidos. E vejamos, por exemplo, o que se diz no Pollster.com de Mark Blumenthal e Charles Franklin:

Over the last few months I have written a series of posts that examined the remarkably limited methodological information released about pre-election polls in the early presidential primary states (here, here and here, plus related items here). The gist is that these surveys often show considerable variation in the types of "likely voters" they select yet disclose little about the population they sample beyond the words "likely voter." More often than not, the pollsters release next to nothing about how tightly they screen or about the demographic composition of their primary voter samples.

Why do so many pollsters disclose so little? A few continue to cite proprietary interests. Some release their data solely through their media sponsors, which in the past limited the space or airtime available for methodological details (limits now largely moot given the Internet sites now maintained by virtually all media outlets and pollsters). And while none say so publicly, my sense is that many withhold these details to avoid the nit-picking and second guessing that inevitably comes from unhappy partisans hoping to discredit the results.


Do pollsters have an ethical obligation to report methodological details about who they sampled? Absolutely (and more on that below), and as we have learned, most will disclose these details on request as per the ethical codes of the American Association for Public Opinion Research (
AAPOR) and the National Council on Public Polls (NCPP). Regular readers will know that we have received prompt replies from many pollsters in response to such requests (some pertinent examples here, here, here and here).

(...)

So I have come to this conclusion: Starting today we will begin to formally request answers to a limited but fundamental set of methodological questions for every public poll asking about the primary election released in, for now, a limited set of states: Iowa, New Hampshire, South Carolina or for the nation as a whole. We are starting today with requests emailed to the Iowa pollsters and will work our way through the other early states and national polls over the next few weeks, expanding to other states as our time and resources allow.


These are our questions:
* Describe the questions or procedures used to select or define likely voters or likely caucus goers (essentially the same questions I asked of pollsters just before the 2004 general election).

* The question that, as Gary Langer of ABC News
puts it, "anyone producing a poll of 'likely voters' should be prepared to answer:" What share of the voting-age population do they represent? (The specific information will vary from poll to poll; more details on that below).

* We will ask pollsters to provide the results to demographic questions and key attributes measures among the likely primary voter samples. In other words, what is the composition of each primary voter sample (or subgroup) in terms of gender, age, race, etc.?

* What was the sample frame (random digit dial, registered voter list, listed telephone directory, etc)? Did the sample frame include or exclude cell phones?

* What was the mode of interview (telephone using live interviewers, telephone using an automated, interactive voice response [IVR] methodology, in-person, Internet, mail-in)?

* And in the few instances where pollsters do not already provide it, what was the verbatim text of the trial heat vote question or questions?

Our goal is to both collect this information and post it alongside the survey results on our poll summary pages, as a regular ongoing feature of Pollster.com. Obviously, some pollsters may choose to ignore some or all of our requests, but if they do our summary table will show it. We are starting with Iowa, followed by New Hampshire, South Carolina and the national surveys, in order to keep this task manageable and to determine the feasibility of making such requests for every survey we track.


Hear hear!

quinta-feira, setembro 20, 2007

Transatlantic trends

Com algum atraso, lembro que já saíram os resultados dos inquéritos Transatlantic Trends de 2007, realizados nos Estados Unidos e em vários países europeus (incluindo Portugal, com apoio da FLAD). Num post escrito há um ano, descrevi os principais resultados de 2006:

1. Aumento da percepção do "fundamentalismo islâmico" como ameaça;
2. Apoio marginal, dos lados de cá e lá do Atlântico, a acção militar no Irão; mas apoio maioritário no caso de fracasso de opção diplomática;
3. Concordância geral dos dois lados do Atlântico sobre onde se devem (e onde não se devem) colocar limites às liberdades individuais na luta contra o terrorismo; mas polarização interna nos Estados Unidos, em linhas partidárias, sobre esta mesma questão;
4. Maioria, dos dois lados, crê que não há incompatibilidade entre os valores do Islão e os valores da democracia, e que o problema é com grupos islâmicos específicos e não com o Islão como um todo;
5. Declínio no apoio em relação ao papel da NATO na Europa.

Ora bem: o que temos este ano?

1. Percepção do "fundamentalismo islâmico" como ameaça continua a aumentar;

2. Apoio da opção militar no Irão muito superior nos Estados Unidos em comparação com os países europeus, mas concordância geral com a ideia de que um Irão nuclear levará a proliferação;

3. Declínio no apoio ao papel da NATO em França, Reino Unido e Alemanha;

4. Sentimentos dos turcos em relação aos EUA e à UE continuam a "arrefecer";

5. Introduzida este ano como opção de resposta no questionário, a dependência energética aparece, cá e lá, como a maior ameaça, mais ainda que o terrorismo;

6. Portugal é um dos países onde há mais gente que:
- acha que as relações Europa/EUA são irrecuperáveis;
- acha que a China é uma ameaça económica (olá Maria José);
- apoia o papel da EU em missões de paz ;
- apoia o envio/manutenção de tropas no Afeganistão.

E muito mais. Vale mesmo a pena ler.

quarta-feira, setembro 19, 2007

Sarkozy e Condorcet

Lembram-se deste post? Claro que não. Mas já há um artigo sobre o assunto na última French Politics:

"The French Presidential Election of 2007: Was Sarkozy the Condorcet Winner?"
Paul R Abramson

Nicolas Sarkozy was elected in the runoff election held against Ségolène Royal on 6 May 2007. Over 100 public preelection polls were conducted between 18 October 2006 and 21 April 2007. These polls strongly suggest that Sarkozy would not have won a series of head-to-head contests against all 11 of his opponents; that is to say, he would not have met the criterion for fairness in elections advanced by the Marquis de Condorcet in the 18th century. These polls suggest that François Bayrou met this criterion and that he would have defeated Sarkozy had he advanced to the second round of the elections.

Polónia, 2: incerteza

The Law & Justice (PiS) and liberal Civic Platform (PO) both received support from 26% voters in a poll commissioned by the TV news programme Wiadomosci broadcast by public television TVP1, conducted by researchers from TNS OBOP. The centre-left coalition LiD would make it into Parliament with backing from 9% of voters. Other parties would not exceed the 5% threshold guaranteeing presence in Poland's Parliament.The poll was conducted among 675 out of 1,000 people who were at least "rather positive" about taking part in the general vote.

Another poll, conducted by PBS DGA, shows PO with 30% and PiS 29%. The election will hinge on voter turnout. PiS' voters are generally older and located in rural areas. These voters tend to vote in greater numbers, while city dwellers and younger people - the PO's core supporters - tend to have other things to do and do not turn out at the polls as frequently. Additionally, there are anywhere from one to two million Poles living and working abroad in another EU country (UK, Ireland, Germany, etc.). A lot will depend on whether these people arrive at Polish consulates to cast their votes.

Fonte: Warsaw Voice

Não costumo usar o blogue para estas coisas...

...mas é só para avisar que o disco do ano sai no dia 9.

segunda-feira, setembro 17, 2007

Polónia

Como já toda a gente sabe, há eleições na Polónia no dia 21 de Outubro, dois dias depois da conferência que é suposta levar à aprovação do "Tratado de Lisboa". Um bocado como tentar montar um puzzle de 1500 peças ao ar livre no meio do furacão Katrina.

Para quem não sabe polaco, tentar reconstituir as sondagens existentes de fontes secundárias noutras línguas é bastante difícil. É seguro dizer-se que "Plataforma Cívica", que ficou em segundo lugar nas eleições de 2005, lidera as sondagens neste momento. Mas a vantagem não é grande em relação ao "Lei e Justiça" dos gémeos Kaczynski e, de resto, em 2005 também ocorria o mesmo.

Mais interessante é que, na base das sondagens mais recentes, nem a "Liga das Famílias Polacas" nem a "Auto-Defesa da República da Polónia", dois partidos que têm feito parte da coligação de governo, têm garantida a representação parlamentar, que exige a superação de uma cláusula-barreira de 5% dos votos.

Grécia

Com as últimas sondagens a terem sido conduzidas há mais de duas semanas, e com uma aparente aproximação entre PASOK e ND desde Julho, a incerteza era grande. Mas o sobrinho de Constantine Karamanlis voltou, tal como em 2004, a ganhar ao neto de George Papandreou e ao filho de Andreas Papandreou. Por outras palavras, apesar dos resultados serem ainda provisórios, ganhou a ND, liderada por Costas Karamanlis, com 42% dos votos, contra o PASOK, com 38%. A ND preserva à maioria absoluta, por uma unha negra.



Falou-se muito sobre os incêndios e sobre o castigo ao governo que eles trariam. Mas a ter havido castigo, foi para o "bloco central". ND e PASOK perdem, em comparação com 2004, quer em percentagem de votos quer em deputados. O Partido Comunista passa de 6 para 8% e ganha 10 deputados, o SYRIZA (para simplificar, uma espécie de BE lá do sítio, mas com mais conflitos internos) passa de 3 para 5% e ganha 10 deputados, e o LAOS (é difícil explicar do que se trata, mas imaginem uma espécie de Partido da Nova Democracia com esteróides) ganha 10 deputados.

terça-feira, setembro 04, 2007

Austrália

Finalmente - partindo do princípio que as eleições para o parlamento de Trinidad e Tobago não vos excitam particularmente - segue-se a Austrália, algures antes do fim do ano (a data definitiva não está marcada). John Howard, primeiro-ministro desde 1996 -quando pôs fim a 13 anos de governo de centro-esquerda do Australian Labor Party - prepara-se para perder as eleições, como se pode depreender da análise dos dados das sondagens feitas no Oz Politics, um excelente site mantido por Bryan Palmer.

Argentina

Continuando a ronda pelas eleições mais importantes que se aproximam, temos as presidenciais argentinas a 28 de Outubro. Como é sabido, a mulher de Néstor Kirchner, Cristina Fernández de Kirchner, é a candidata da Frente para a Vitória, o partido que controla actualmente a presidência e o que tem maior representação parlamentar. Um bom site para seguir os resultados das sondagens - e as eleições argentinas em geral - é este. Para os resultados eleitorais passados, a melhor fonte que conheço é o atlas eleitoral de Andy Tow. Segundo as sondagens mais recentes, Cristina Kirchner aparece como vencedora à primeira volta. Recorde-se que, para ganhar à primeira volta, Kirchner necessita apenas de mais de 45% dos votos, ou mais de 40% desde que tenha mais de 10 pontos de vantagem em relação ao segundo classificado.

A Sra. Kirchner explicava tudo isto há mais de um ano: "el peronismo es lo más parecido que hay a los argentinos (...) "Somos capaces los peronistas como los argentinos de generar las acciones más generosas y los personajes mas sublimes, como las acciones más horribles. Así de contradictorios somos". Pois.

segunda-feira, setembro 03, 2007

Grécia

As eleições na Grécia começam a aquecer (não, não tenciona ser uma piadinha parva). São no dia 16, mas a divulgação de sondagens públicas terminou anteontem. Não é fácil - para quem não saiba grego - coligir informação completa e fidedigna sobre resultados de sondagens. O melhor a que cheguei foi o que se segue. No caso das últimas sondagens, na ausência de estimativas sobre "Outros, brancos e nulos", faço, para fins de redistribuição, duas pressuposições: a primeira, comum, é a de redistribuição proporcional dos indecisos; a segundo é a de que as estimativas dos OBN's para as últimas sondagens são iguais às do instituto respectivo em cada sondagem mais recente.




A diferença entre ND e PASOK tem sido sempre reduzida, mas sempre com vantagem para a ND. Claro que se a ND perder não faltará quem atribua isso ao factor dos fogos florestais, mas é ainda cedo para saber. O certo é que a diferença entre ND e PASOK apertou nas sondagens a partir do início de Junho, e não agora. Em 2004, as sondagens andaram todas muito, muito perto dos resultados finais (ND: 45,4%, PASOK: 40,5%), depois de redistribuidos os indecisos.