segunda-feira, março 28, 2005

Método 3, segunda parte

Sucede, contudo, que há um aspecto da comparabilidade que é afectado pelo uso do método 3. A "média dos desvios absolutos" é muito sensível ao número de partidos incluídos na análise. Quanto maior o número de partidos, mais baixo deverá ser o valor do desvio médio, dado que ele passará a contar com estimativas de valores reais mais baixos e, logo, com menores margens de erro amostrais associadas.

Uma das maneiras de contornar o problema, pelo menos para comparações em Portugal, é calcular o "erro método 3" sempre com o mesmo número de partidos. Neste caso, se quisermos comparar com as sondagens feitas desde 1991, a única maneira de fazer isto é calcularmos o erro apenas para os quatro principais partidos. Feitas as contas (recalculando os resultados eleitorais de forma a que a soma dos quatro principais partidos dê 100%, fazendo o mesmo para as estimativas das sondagens, retirando as casas decimais destas últimas, etc.), ficamos com os seguintes erros "método 3":

Intercampus:0,2%
Euroteste:1,3%
Católica:0,6%
Eurosondagem:0,9%
Aximage:0,4%
Marktest:1,1%
IPOM:0,6%
Média dos erros "método 3" (apenas 4 principais partidos"): 0,7%

Podemos agora fazer comparações com o passado, ou seja, com as sondagens feitas para as eleições legislativas desde 1991:

1. Entre as 28 sondagens pré-eleitorais (contando apenas com as últimas divulgadas por cada órgãos de comunicação) divulgadas desde as eleições de 1991 até às eleições de 2002, o menor erro médio para os quatro principais partidos era de 0,7% (uma sondagem da Eurosondagem em 1999). Acontece que, nas eleições de 2005, houve quatro sondagens mais precisas que essa, sendo que a da Intercampus é a mais precisa de sempre;

2. As sete sondagens de 2005 fazem parte da lista das 11 sondagens mais precisas de sempre (pelo menos, desde 1991). Nesta lista das mais precisas de sempre, só se intrometem quatro sondagens feitas noutro ano que não 2005: Eurosondagem em 1999 (0,7%), Metris em 1995 (0,9%), Católica em 2002 e IPSOS em 1995 (1,4%).

2. Antes de 2005, as eleições legislativas que, em média, tiveram as sondagens mais precisas deste ponto de vista foram as de 1995 (média dos erros "método 3" =1,8%). Em 2005, esse erro médio foi trazido a menos de metade (0,7%).

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