Outras sondagens a merecer atenção são as das eleições no Reino Unido, que se realizarão, provavelmente, a 5 de Maio. O "Margens de Erro" deles - descontando aquilo que é, da minha parte, uma irresponsável imodéstia - é o magnífico blog de Anthony Wells, UK Polling Report.
As sondagens em Inglaterra são interessantes por várias razões. Em primeiro lugar, há sobre elas uma produção académica vastíssima, comparável apenas àquela que existe sobre as sondagens nos Estados Unidos. Segundo, há uma tradição de "experimentalismo" metodológico nas sondagens inglesas, também ela só comparável ao que sucede nos EUA. Temos, por exemplo, o caso da YouGov, que faz sondagens pela internet, tendo por base um painel de 40.000 pessoas, do qual se extraem de cada vez amostras aleatórias de cerca de 2000 inquiridos (remunerados para o efeito). E há agora uma outra empresa (creio ser a Rasmussen) que importou a sua prática americana e conduz sondagens telefónicas "automatizadas", ou seja, feitas por um computador em vez de um inquiridor humano, e que permite que as respostas sejam dadas através das teclas do telefone. Cépticos? Vejam isto.
Contudo - e voltaremos a falar disto quando nos aproximarmos da data das eleições - atenção ao sistema eleitoral inglês. A distorção entre votos e assentos parlamentares é enorme, e hoje em dia é favorável aos Trabalhistas. Ou seja:
- os assentos parlamentares são apurados círculo a círculo, por sistema maioritário;
- tendencialmente, os círculos onde os Conservadores costumam ganhar são círculos onde ganham com enorme vantagem sobre os Trabalhistas;
- pelo contrário, os círculos onde os Trabalhistas costuma ganhar são círculos onde os Conservadores são close seconds;
- os círculos Trabalhistas tendem a exibir maiores taxas de abstenção;
- a última revisão do desenho geográfico e composição política dos círculos foi favorável aos Trabalhistas.
Logo, uma votação 35%-34% favorável aos Trabalhistas, como a que resulta da última sondagem YouGov (24 Março), por exemplo, significa, na prática, uma vantagem muito maior em termos de deputados. Ou para ser mais preciso: o Labour pode até perder em número de votos e ganhar confortavelmente em deputados.
Tudo isto foi muito bem explicado, há dias, por Nick Moon, aqui.
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