sexta-feira, fevereiro 29, 2008
CESOP, 23-24 Fevereiro
Tinha prometido aqui um site novo para o CESOP com divulgação dos resultados das sondagens político-eleitorais. Estamos atrasados. Não somos os únicos, a julgar pelos bancos de dados (vazios ou desactualizados) dos sites dos institutos espanhóis, mas isso consola-me pouco. Seja como for, parte da promessa pode ser cumprida pela porta do cavalo: se clicarem aqui, descarregam o relatório-síntese da sondagem (.pdf), com a respectiva ficha técnica, formulação das perguntas e principais resultados. Em breve, espero, haverá maneira de transmitir informação mais detalhada.
quarta-feira, fevereiro 27, 2008
Espanha
Como vão as coisas com os nossos vizinhos? Bem, sondagens não faltam:
1. O Instituto Opina tem o que me parece ser uma tracking poll telefónica, divulgando resultados diariamente. Na última sondagem (dia 25), PSOE liderava com 4 pontos (44/40), como resultado de subida recente.
2. O Publiscopio, para o Publico (o deles), vai apresentando também as suas sondagens. Na última (dia 21), 42,8% para o PSOE, 40,4% para o PP:
3. Demometrica, para a TeleCinco: 44,2% PSOE, 38,6% PP.
4. Noxa, para a La Vanguardia: 4 pontos de vantagem para o PSOE.
5. DYM, para ABC: 42/39,2, para o PSOE.
6. Metroscopia, para o El Pais: 42,3/38,6, para o PSOE.
Todas estas sondagens são anteriores ao debate, pelo que os seus efeitos são impossíveis de estimar, mas as sondagens "flash" realizadas após o debate deram vitória (por pouco) a Zapatero, um facto de interpretação difícil e contestada (geralmente, as opiniões prévias condicionam completamente a análise do "vencedor" dos debates).
Em suma, PSOE lidera as intenções de voto em todas as sondagens, e nunca deixou de o fazer desde as últimas eleições, sobre isto creio que ninguém tem dúvidas. Análises aqui e aqui.
1. O Instituto Opina tem o que me parece ser uma tracking poll telefónica, divulgando resultados diariamente. Na última sondagem (dia 25), PSOE liderava com 4 pontos (44/40), como resultado de subida recente.
2. O Publiscopio, para o Publico (o deles), vai apresentando também as suas sondagens. Na última (dia 21), 42,8% para o PSOE, 40,4% para o PP:
3. Demometrica, para a TeleCinco: 44,2% PSOE, 38,6% PP.
4. Noxa, para a La Vanguardia: 4 pontos de vantagem para o PSOE.
5. DYM, para ABC: 42/39,2, para o PSOE.
6. Metroscopia, para o El Pais: 42,3/38,6, para o PSOE.
Todas estas sondagens são anteriores ao debate, pelo que os seus efeitos são impossíveis de estimar, mas as sondagens "flash" realizadas após o debate deram vitória (por pouco) a Zapatero, um facto de interpretação difícil e contestada (geralmente, as opiniões prévias condicionam completamente a análise do "vencedor" dos debates).
Em suma, PSOE lidera as intenções de voto em todas as sondagens, e nunca deixou de o fazer desde as últimas eleições, sobre isto creio que ninguém tem dúvidas. Análises aqui e aqui.
segunda-feira, fevereiro 25, 2008
SEDES 2
Resta talvez dizer que o indicador "confiança nas instituições", especialmente no Governo e no Parlamento, se encontra altamente "contaminado"/"determinado", a nível individual por percepções do estado da economia ou do desempenho do governo, e a nível agregado pelo crescimento económico. Pelo que as diferenças mais interessantes são as que se detectam entre países - relativamente estáveis - do que entre períodos temporais num mesmo país - muito afectadas pela conjuntura. Há grande controvérsia sobre a existência de tendências "seculares" de diminuição ou crescimento da confiança nas instituições.
SEDES
Estive fora, e dou-me conta quer um dos temas da semana foi uma "tomada de posição" da SEDES onde se assinala, entre outras coisas, que se tem "acentuado a degradação da confiança dos cidadãos nos representantes partidários, praticamente generalizada a todo o espectro político."
Os dados do European Social Survey têm uma vantagem e uma desvantagem. Por um lado, resultam de inquéritos face a face, realizados com grande rigor do ponto de vista da selecção da amostra, e logo muito mais fiáveis do que o Eurobarómetro. As séries, contudo, são muito mais curtas. Seja como for, os dados são os seguintes. Para cada objecto - Governo, Partidos e "Políticos", a percentagem de inquiridos que se colocam na metade superior de uma escala de 11 pontos - entre 0 e 10 - em que 0 significa que "não têm confiança nenhuma" e 10 que têm "total confiança":
Parlamento:
Partidos:
Políticos:
Os valores, especialmente para partidos e políticos, são baixíssimos do ponto de vista comparativo. Mas por outro lado, não se percebe muito bem de que fala a SEDES quando menciona que se "acentuou a degradação da confiança". Qual o ponto de comparação? Se é 2002, a afirmação é porventura correcta. Mas se é 2004, é incorrecta. E se se referem aos resultados do último Eurobarómetro (EB68, Outono de 2007), então deveria ter havido mais cuidado, dado que um único estudo dificilmente autoriza diagnósticos tão categóricos.
Não me entendam mal. Simpatizo com a SEDES e até tenho estima particular por alguns dos signatários da "tomada de posição". Mas da mesma forma como ninguém se atreveria a fazer afirmações sobre a evolução da economia sem olhar para os dados disponíveis, surpreende-me a facilidade com que se fazem afirmações sobre atitudes políticas sem olhar para os dados disponíveis que, felizmente, já vão sendo cada vez mais abundantes.
O que dizem os dados disponíveis sobre este assunto? As séries mais longas são dadas pelo Eurobárómetro, que vem colocando as mesmas questões sobre a confiança no parlamento nacional, no governo e nos partidos políticos desde 1997, pedindo aos inquiridos que digam se "tendem a confiar" ou se "tendem a não confiar" em várias instituições. Os gráficos seguintes mostram a evolução em Portugal até Outubro de 2007 da percentagem de inquiridos que diz "tender a confiar", aplicando uma regressão linear simples para detectar tendências:
As indicações mais clara de "degradação da confiança" residem nas atitudes em relação ao Governo. Mas essa "degradação" começa, note-se, em 2002. E analisando os dados ponto a ponto - sempre arriscado, dado o erro aleatório associado a inquéritos usando amostras - atinge o seu ponto mais baixo em 2004, tendo recuperado, ainda que ligeiramente, desde então. Só o mais recente inquérito - final de 2007 - dá sinais de nova descida, mas esses sinais terão de ser confirmados no Eurobarómetro desta Primavera. No que respeita ao Parlamento, as tendências são semelhantes, mais atenuadas, se bem que a última descida seja mais abrupta. E no que respeita aos partidos, a estabilidade é total.
Os dados do European Social Survey têm uma vantagem e uma desvantagem. Por um lado, resultam de inquéritos face a face, realizados com grande rigor do ponto de vista da selecção da amostra, e logo muito mais fiáveis do que o Eurobarómetro. As séries, contudo, são muito mais curtas. Seja como for, os dados são os seguintes. Para cada objecto - Governo, Partidos e "Políticos", a percentagem de inquiridos que se colocam na metade superior de uma escala de 11 pontos - entre 0 e 10 - em que 0 significa que "não têm confiança nenhuma" e 10 que têm "total confiança":
Parlamento:
2002: 28%
2004: 19%
2006: 21%
Partidos:
2004: 4%
2006: 7%
Políticos:
2002: 8%
2004: 4%
2006: 7%
Os valores, especialmente para partidos e políticos, são baixíssimos do ponto de vista comparativo. Mas por outro lado, não se percebe muito bem de que fala a SEDES quando menciona que se "acentuou a degradação da confiança". Qual o ponto de comparação? Se é 2002, a afirmação é porventura correcta. Mas se é 2004, é incorrecta. E se se referem aos resultados do último Eurobarómetro (EB68, Outono de 2007), então deveria ter havido mais cuidado, dado que um único estudo dificilmente autoriza diagnósticos tão categóricos.
Não me entendam mal. Simpatizo com a SEDES e até tenho estima particular por alguns dos signatários da "tomada de posição". Mas da mesma forma como ninguém se atreveria a fazer afirmações sobre a evolução da economia sem olhar para os dados disponíveis, surpreende-me a facilidade com que se fazem afirmações sobre atitudes políticas sem olhar para os dados disponíveis que, felizmente, já vão sendo cada vez mais abundantes.
quinta-feira, fevereiro 14, 2008
Jay Cost
Jay Cost, em dois posts recentes, faz a melhor análise dos dados disponíveis sobre o comportamento de voto nas primárias Democratas até ao momento, na minha opinião. Se posso resumir, é assim:
1. Os factores que afectam o melhor desempenho de um ou outro candidato são identificáveis. Clinton tem melhores resultados em estados onde os rendimentos são mais baixos, mais racialmente heterogéneos, no Sul, com maiores taxas de sindicalização, mais população Católica e mais população branca. O facto desta conclusão ser obtida com uso de análise estatística multivariada é importante: tem sido dito que Obama se tem revelado um melhor candidato para ganhar os estados do Sul. Mas isso sucede apenas porque estes estados têm mais população negra, que tende a votar nele em grandes números. Quando controlamos esse efeito, o que vemos é que:
There is evidence that Obama wins Independents, African Americans, white males in the North, "upscale" white voters, and white voters in homogeneously white states. He also seems to do well in caucus states where enthusiasm is a factor. There is evidence that Clinton wins Democrats, Hispanics, white females everywhere, white males in the South, "downscale" white voters, Catholics, and white voters in heterogeneous states.
Os brancos no sul (e o Sul, independentemente de composição racial) votam mais Clinton que Obama.Quando pensamos bem, claro que não podia ser de outra maneira.
2. A última série de vitórias de Obama teve lugar em estados cujas características se encaixam perfeitamente no perfil de eleitores que até agora tem votado nele:
These contests are tailor-made for a candidate that fuses the coalitions of Hart and Jackson, and one who inspires tremendous enthusiasm among his supporters. Given the voting coalitions that have formed over the last month and a half, Clinton never really stood a chance in any of them. African Americans drove Obama's victory in Louisiana. In the District of Columbia, Maryland, and Virginia, African Americans combined with wealthy whites to secure him victory. In Maine, Nebraska, and Washington - Obama took advantage of largely homogenous white populations and caucus contests to secure victory.
Logo, se isto não exclui a possibilidade de que esteja o "momentum" a seu favor em jogo, a explicação das vitórias recentes não precisa desse "momentum".
3. Quando olhamos para os estados que faltam, as suas características são menos desfavoráveis para Clinton:
All in all, this implies a rough parity from here until the end of the primary season. Approximately speaking, neither candidate seems to have an advantage in the remaining contests. So, my suggestion to readers is not to get caught up in the "Obama is inevitable" storyline. Minimally, we should all remember how well the "Clinton is inevitable" storyline worked out five months ago!
4 .Mas atenção:
Again, these considerations assume stable voting coalitions, and therefore an absence of momentum. This assumption might not hold. If it does not, what we will see is Clinton start to lose portions of her strongholds, or Obama consolidating support in his.
1. Os factores que afectam o melhor desempenho de um ou outro candidato são identificáveis. Clinton tem melhores resultados em estados onde os rendimentos são mais baixos, mais racialmente heterogéneos, no Sul, com maiores taxas de sindicalização, mais população Católica e mais população branca. O facto desta conclusão ser obtida com uso de análise estatística multivariada é importante: tem sido dito que Obama se tem revelado um melhor candidato para ganhar os estados do Sul. Mas isso sucede apenas porque estes estados têm mais população negra, que tende a votar nele em grandes números. Quando controlamos esse efeito, o que vemos é que:
There is evidence that Obama wins Independents, African Americans, white males in the North, "upscale" white voters, and white voters in homogeneously white states. He also seems to do well in caucus states where enthusiasm is a factor. There is evidence that Clinton wins Democrats, Hispanics, white females everywhere, white males in the South, "downscale" white voters, Catholics, and white voters in heterogeneous states.
Os brancos no sul (e o Sul, independentemente de composição racial) votam mais Clinton que Obama.Quando pensamos bem, claro que não podia ser de outra maneira.
2. A última série de vitórias de Obama teve lugar em estados cujas características se encaixam perfeitamente no perfil de eleitores que até agora tem votado nele:
These contests are tailor-made for a candidate that fuses the coalitions of Hart and Jackson, and one who inspires tremendous enthusiasm among his supporters. Given the voting coalitions that have formed over the last month and a half, Clinton never really stood a chance in any of them. African Americans drove Obama's victory in Louisiana. In the District of Columbia, Maryland, and Virginia, African Americans combined with wealthy whites to secure him victory. In Maine, Nebraska, and Washington - Obama took advantage of largely homogenous white populations and caucus contests to secure victory.
Logo, se isto não exclui a possibilidade de que esteja o "momentum" a seu favor em jogo, a explicação das vitórias recentes não precisa desse "momentum".
3. Quando olhamos para os estados que faltam, as suas características são menos desfavoráveis para Clinton:
All in all, this implies a rough parity from here until the end of the primary season. Approximately speaking, neither candidate seems to have an advantage in the remaining contests. So, my suggestion to readers is not to get caught up in the "Obama is inevitable" storyline. Minimally, we should all remember how well the "Clinton is inevitable" storyline worked out five months ago!
4 .Mas atenção:
Again, these considerations assume stable voting coalitions, and therefore an absence of momentum. This assumption might not hold. If it does not, what we will see is Clinton start to lose portions of her strongholds, or Obama consolidating support in his.
quarta-feira, fevereiro 13, 2008
Exit polls
Maryland:
Virginia:
Posso estar enganado. Mas acho que são as primeiras primárias em que Obama ganha quer entre homens quer entre mulheres, e até entre hispânicos (se bem que a diferença não seja estatisticamente significativa) e brancos (Virginia). A coisa está a ficar muito difícil para Hillary, assim como para o meu dedinho que adivinha(va).
sexta-feira, fevereiro 08, 2008
Um mau bocado para Clinton (actualizado)
Tudo indica que Clinton, depois de ter evitado ficar completamente submersa pela avalanche Obama, vai passar agora um mau bocado. Amanhã temos Nebraska, Louisiana e Washington. Os dois primeiros deverão ser para Obama e no terceiro a sondagem mais recente também o favorece. Depois vem Maine (hipótese), mas seguem-se logo DC e Maryland, que não devem escapar a Obama. Virginia é a possibilidade de Clinton voltar à tona (mas já nem isso é seguro). São muitos estados a levar pancada.
Entretanto, agora que já se sabe quem é o candidato Republicano, a questão que começa a tornar-se fundamental é qual, Obama ou Clinton, poderá derrotar McCain. E aí as sondagens - independentemente do que acharmos sobre a sua fiabilidade - estão a enviar um sinal: Obama bate McCain; Clinton just maybe.
Entretanto, agora que já se sabe quem é o candidato Republicano, a questão que começa a tornar-se fundamental é qual, Obama ou Clinton, poderá derrotar McCain. E aí as sondagens - independentemente do que acharmos sobre a sua fiabilidade - estão a enviar um sinal: Obama bate McCain; Clinton just maybe.
quinta-feira, fevereiro 07, 2008
Post mortem
No Insurgente, faz-se um post mortem da minha "previsão", feita no fim de Dezembro, de que a 5 de Fevereiro, após a Super Tuesday, "já estará tudo decidido quanto aos candidatos à presidência de cada partido".
Mas se posso ainda estrebuchar um bocadinho, não creio que o problema seja o de dar demasiado peso à informação passada. A previsão até tinha algumas pernas para andar em abstracto, e não apenas enquanto mera pressuposição de que o passado se iria repetir: em suma, havia muita coisa escrita e explicada sobre o fenómeno do "momentum". Se a isto adicionássemos a concentração de tantas primárias num só dia, havia boas razões para supor que tudo estaria resolvido.
Mas não foi assim. A resposta fácil é the Obama surprise. É fácil, mas não é má de todo. É tão boa, aliás, que no próprio Insurgente se presumia que, após a Super Tuesday, o que iria ficar por resolver era o problema dos Republicanos, e não dos Democratas. Foi o contrário, claro.
A resposta que me é menos fácil dar - mas tenho de dar - é que não tomei em conta a proporcionalidade na distribuição dos mandatos nas primárias Democratas. Se o sistema fosse como o Republicano, a vantagem de Clinton - com Califórnia, NY, NJ e Mass. no bolso- já seria bastante mais expressiva.
E é capaz de haver outras. Já a ideia de que há "poucas observações" no passado, avançada nos comentários ao post, me parece menos interessante. Se a ideia é apenas fazer indução, então as séries são sempre curtas. E por muito longas que sejam, há sempre um cisne negro à espreita depois de vermos muitos cisnes brancos. No pun intended.
Mas se posso ainda estrebuchar um bocadinho, não creio que o problema seja o de dar demasiado peso à informação passada. A previsão até tinha algumas pernas para andar em abstracto, e não apenas enquanto mera pressuposição de que o passado se iria repetir: em suma, havia muita coisa escrita e explicada sobre o fenómeno do "momentum". Se a isto adicionássemos a concentração de tantas primárias num só dia, havia boas razões para supor que tudo estaria resolvido.
Mas não foi assim. A resposta fácil é the Obama surprise. É fácil, mas não é má de todo. É tão boa, aliás, que no próprio Insurgente se presumia que, após a Super Tuesday, o que iria ficar por resolver era o problema dos Republicanos, e não dos Democratas. Foi o contrário, claro.
A resposta que me é menos fácil dar - mas tenho de dar - é que não tomei em conta a proporcionalidade na distribuição dos mandatos nas primárias Democratas. Se o sistema fosse como o Republicano, a vantagem de Clinton - com Califórnia, NY, NJ e Mass. no bolso- já seria bastante mais expressiva.
E é capaz de haver outras. Já a ideia de que há "poucas observações" no passado, avançada nos comentários ao post, me parece menos interessante. Se a ideia é apenas fazer indução, então as séries são sempre curtas. E por muito longas que sejam, há sempre um cisne negro à espreita depois de vermos muitos cisnes brancos. No pun intended.
quarta-feira, fevereiro 06, 2008
Análises para todos os gostos...
...dos politólogos americanos de serviço durante a madrugada, aqui. Exemplos:
Clinton +:
"Obama thought that if he could win one of the big ones, he could end it tonight," said Sandy Maisel, Colby political scientist. "He's shown he is viable, but I don't think he has proven he can knock her off yet."
I was beginning to feel optimistic," said Notre Dame political scientist Darren Davis. "I bought into the fascination with Obama as the primary season went on." Obama's success winning support from blacks, independents, the college educated and young voters is "all well and good, but not significant enough to counteract the traditional Democratic base."
Obama +:
"I think Obama is pretty well positioned, although he did not get the real hits on Clinton that he wanted, like NJ or CA," said [Norman] Ornstein. "He now enters a stretch for three weeks where he will do well and she will not -- he could win all of the contests before March 4. And in Texas, an open primary may help him. Add to that his substantial money advantage and the momentum he brought into tonight, and he is very, very viable."
""It seems clear to me that Obama is viable. His appeal is broad and national in scope," said [Mark] Hetherington. "
Both:
"David Leege, a colleague of Davis' at Notre Dame, contended that "Obama remains viable." Obama's campaign aides "set their sites a little too high, but they can still spin the number and location of the states they have carried. Clinton, of course, stopped his momentum again. Chesapeake [the February 12 primaries in Maryland, Virginia and the District of Columbia] is promising for Obama. Ohio and Texas [on March 4] will be tough, especially the latter, because the same folks [Latinos] who are the difference for Clinton in California are in abundance in Texas."
Clinton +:
"Obama thought that if he could win one of the big ones, he could end it tonight," said Sandy Maisel, Colby political scientist. "He's shown he is viable, but I don't think he has proven he can knock her off yet."
I was beginning to feel optimistic," said Notre Dame political scientist Darren Davis. "I bought into the fascination with Obama as the primary season went on." Obama's success winning support from blacks, independents, the college educated and young voters is "all well and good, but not significant enough to counteract the traditional Democratic base."
Obama +:
"I think Obama is pretty well positioned, although he did not get the real hits on Clinton that he wanted, like NJ or CA," said [Norman] Ornstein. "He now enters a stretch for three weeks where he will do well and she will not -- he could win all of the contests before March 4. And in Texas, an open primary may help him. Add to that his substantial money advantage and the momentum he brought into tonight, and he is very, very viable."
""It seems clear to me that Obama is viable. His appeal is broad and national in scope," said [Mark] Hetherington. "
Both:
"David Leege, a colleague of Davis' at Notre Dame, contended that "Obama remains viable." Obama's campaign aides "set their sites a little too high, but they can still spin the number and location of the states they have carried. Clinton, of course, stopped his momentum again. Chesapeake [the February 12 primaries in Maryland, Virginia and the District of Columbia] is promising for Obama. Ohio and Texas [on March 4] will be tough, especially the latter, because the same folks [Latinos] who are the difference for Clinton in California are in abundance in Texas."
Califórnia
Apesar de ainda não declarada, a exit poll dá Clinton com 7 pontos de vantagem. Se se confirmar, o resumo da noite é que nem Hillary assegura a nomeação definitivamente nem Obama consegue transformar o "momentum" dos últimos dias numa viragem da campanha a seu favor. Teve várias vitórias que seriam impensáveis há algumas semanas, mas não conseguiu roubar os troféus decisivos a Clinton, que se sai melhor (apesar dos inevitáveis Georgia e Illinois) nos maiores estados. Num certo sentido, as altíssimas expectativas criadas em torno de Obama nos últimos dias jogam um pouco contra si quando de tratar de dar o spin à noite de hoje.
New Jersey
E anuncia-se também NJ para Clinton (projecção Fox). Mas é incrível que tenha sido tão renhido. Seja como for, restabelece-se a "normalidade" em face das previsões.
Mass.
Fox projecta vitória de Clinton. Se se confirmar, é uma vitória importante, especialmente tendo em conta os Kennedys.
Estados que fecham às 2am
Destes, vitórias claras de Clinton são esperadas apenas em NY. (E assim foi: 2.03am)
MA e NJ
Olhando para as exit polls, parciais por sexo, é muito fácil calcular os resultados para o total dos votantes. Obama e Clinton estão empatados nas sondagens à boca das urnas em Mass. e NJ. Má notícia para ela.
Sondagens e primeiras estimativas
Entre os estados que encerram à 1 da manhã, para o duelo Obama/Clinton, o que se esperava, e o que parece que está a acontecer (projecções CNN):
AL: renhido/?
CT: renhido/?
DE: ?/?
IL: Obama/Obama.
MA: Clinton/?
MO: renhido/?
NJ: Clinton/?
OK: Clinton/Clinton.
TN: Clinton/Clinton (Fox)
Georgia
Obama ganha, previsivelmente. E 40% dos eleitores brancos é muito. E 30 pontos de vantagem - como parece ser, fazendo as contas aos parciais de eleitores brancos e negros - é muitíssimo, tendo em conta as sondagens.
À 1 da manhã fecham muitos estados, mas o que mais me interessa é New Jersey. Se houver dúvidas sobre quem ganha NJ ao fecho das urnas, é um sinal de que as coisas não estão nada bem para Clinton.
terça-feira, fevereiro 05, 2008
Exit polls
Resultados das primeiras exit polls. No surprises. Não são resultados por candidato, mas apenas cruzamentos.
Baralhados
Três dos melhores politólogos americanos discordam:
Robert Shapiro: "All signs are the trends are moving in Obama's direction (...) But no evidence for Obama overtaking Clinton. I would trust the trends but not the magnitude - [it] could be greater or less."
Gary Jacobson: "Obama is closing the gap, but I don't think he has enough time to close it all the way. He would be better off if he had another week."
Robert Erikson: "If, as all accounts suggest, Obama is gaining, it is possible that he is surging even more than the polls suggest."
Sem eles estão assim, temos todos desculpa (eu a ver se safo o dedinho).
segunda-feira, fevereiro 04, 2008
Califórnia e finanças de campanha
Uma actualização e uma correcção, suscitadas por mensagens de leitores:
1. A sondagem Rasmussen na Califórnia já não é um outlier. Basta ver aqui.
2. Os dados das finanças da campanha que linkei tinham um mês de atraso. Obama recolheu 32 milhões em Janeiro.
Em suma, os leitores acham que o meu dedinho pode estar em risco. O traço comum nas mensagens é a detecção de uma tendência de recuperação de Obama que pode:
- produzir resultados inesperados à última hora, comprimindo ainda mais a já comprimida vantagem de Clinton em muitos estados da Super Tuesday;
- beneficiá-lo numas primárias cuja decisão se prolongue para além da Super Tuesday.
Pois. A sério, acho que são bons argumentos.
1. A sondagem Rasmussen na Califórnia já não é um outlier. Basta ver aqui.
2. Os dados das finanças da campanha que linkei tinham um mês de atraso. Obama recolheu 32 milhões em Janeiro.
Em suma, os leitores acham que o meu dedinho pode estar em risco. O traço comum nas mensagens é a detecção de uma tendência de recuperação de Obama que pode:
- produzir resultados inesperados à última hora, comprimindo ainda mais a já comprimida vantagem de Clinton em muitos estados da Super Tuesday;
- beneficiá-lo numas primárias cuja decisão se prolongue para além da Super Tuesday.
Pois. A sério, acho que são bons argumentos.
sexta-feira, fevereiro 01, 2008
Super Tuesday
Um e-mail:
Admito que entre os Republicanos, McCain esteja bem sólido na frente; o apoio de Giuliani acaba por lhe dar mais votos na Califórnia e em Nova Iorque, onde já liderava. (...) Agora os Democratas: sigo com atenção os gráficos do Pollster e outros sites, e creio que as últimas tendências devem levar-nos a proceder com cautela. Repare: nos dois Estados mais relevantes (CA, NY), Clinton tem uma vantagem ligeira. Obama tem vindo sempre a recuperar e parece que ganha votos a cada dia que passa. A última sondagem da Rasmussen já só dá uma diferença de três pontos. Em Nova Iorque, o cenário é parecido: o de dia 29 da PPP dá Clinton a perder 11 pontos (!) e Obama a subir 5. A diferença ainda é razoável? Claro que sim. Mas mesmo partindo do princípio que Clinton vence os dois Estados, julgo que será por uma margem curta. Ora, havendo proporcionalidade na distribuição dos delegados... Além disso, Obama poderá compensar com um triunfo esmagador no Illinois (que também tem uma boa percentagem de delegados). E pelo que tenho visto, pode ainda ganhar a Geórgia, o Colorado, e se calhar mais dois ou três Estados do Sul.
Dir-me-á que o "trend" de todas as sondagens é claramente favorável a Clinton. É um facto, mas também é certo que a maioria das sondagens recentes de que dispomos foram feitas ainda antes das Primárias da Carolina do Sul, onde Obama venceu de forma clara. Creio que esse triunfo terá criado algum "momentum" – certamente mais que a vitória "irrelevante" de Clinton na Florida. Em resumo e para não maçar mais: com a tendência actual, que é a de Clinton descer e Obama subir – e faltando ainda alguns dias para Terça-Feira – não lhe parece que há boas probabilidades de os resultados serem muito próximos? (...) Não será ainda "too soon to call?"
Eu acho que o leitor tem genericamente razão em tudo o que diz (assinalo a bold os pontos que me parecem mais importantes). Ou seja: é mesmo "too soon to call", sem dúvida. Em muitos dos estados em jogo no próximo dia 5, o resultado é uma incógnita, devido ao reduzido número de sondagens. E Obama está claramente a subir nas sondagens a nível nacional, que captam o "mood" geral desta fase da campanha.
Contudo:
- A sondagem Rasmussen para a Califórnia é, para já, um outlier;
- A vantagem de Clinton em Nova Iorque é bastante mais confortável do que uma leitura apressada da mensagem pode sugerir, e não estou seguro que os dados indiquem o crescimento de Obama;
- Nos mercados electrónicos - mas enfim, importa debater o que valem - ninguém tem dúvidas sobre quem vai ganhar em NY, NJ e Cal, e a vantagem de Clinton para a nomeação é muito grande.
- Clinton tem mais dinheiro para gastar que Obama neste momento.
Em suma: se eu tivesse de apostar, apostava Clinton sem a mais pequena hesitação, mas não apostava a casa e o carro. Apostava, sei lá, o dedo mindinho da mão esquerda (mas com anestesia).
Admito que entre os Republicanos, McCain esteja bem sólido na frente; o apoio de Giuliani acaba por lhe dar mais votos na Califórnia e em Nova Iorque, onde já liderava. (...) Agora os Democratas: sigo com atenção os gráficos do Pollster e outros sites, e creio que as últimas tendências devem levar-nos a proceder com cautela. Repare: nos dois Estados mais relevantes (CA, NY), Clinton tem uma vantagem ligeira. Obama tem vindo sempre a recuperar e parece que ganha votos a cada dia que passa. A última sondagem da Rasmussen já só dá uma diferença de três pontos. Em Nova Iorque, o cenário é parecido: o de dia 29 da PPP dá Clinton a perder 11 pontos (!) e Obama a subir 5. A diferença ainda é razoável? Claro que sim. Mas mesmo partindo do princípio que Clinton vence os dois Estados, julgo que será por uma margem curta. Ora, havendo proporcionalidade na distribuição dos delegados... Além disso, Obama poderá compensar com um triunfo esmagador no Illinois (que também tem uma boa percentagem de delegados). E pelo que tenho visto, pode ainda ganhar a Geórgia, o Colorado, e se calhar mais dois ou três Estados do Sul.
Dir-me-á que o "trend" de todas as sondagens é claramente favorável a Clinton. É um facto, mas também é certo que a maioria das sondagens recentes de que dispomos foram feitas ainda antes das Primárias da Carolina do Sul, onde Obama venceu de forma clara. Creio que esse triunfo terá criado algum "momentum" – certamente mais que a vitória "irrelevante" de Clinton na Florida. Em resumo e para não maçar mais: com a tendência actual, que é a de Clinton descer e Obama subir – e faltando ainda alguns dias para Terça-Feira – não lhe parece que há boas probabilidades de os resultados serem muito próximos? (...) Não será ainda "too soon to call?"
Eu acho que o leitor tem genericamente razão em tudo o que diz (assinalo a bold os pontos que me parecem mais importantes). Ou seja: é mesmo "too soon to call", sem dúvida. Em muitos dos estados em jogo no próximo dia 5, o resultado é uma incógnita, devido ao reduzido número de sondagens. E Obama está claramente a subir nas sondagens a nível nacional, que captam o "mood" geral desta fase da campanha.
Contudo:
- A sondagem Rasmussen para a Califórnia é, para já, um outlier;
- A vantagem de Clinton em Nova Iorque é bastante mais confortável do que uma leitura apressada da mensagem pode sugerir, e não estou seguro que os dados indiquem o crescimento de Obama;
- Nos mercados electrónicos - mas enfim, importa debater o que valem - ninguém tem dúvidas sobre quem vai ganhar em NY, NJ e Cal, e a vantagem de Clinton para a nomeação é muito grande.
- Clinton tem mais dinheiro para gastar que Obama neste momento.
Em suma: se eu tivesse de apostar, apostava Clinton sem a mais pequena hesitação, mas não apostava a casa e o carro. Apostava, sei lá, o dedo mindinho da mão esquerda (mas com anestesia).
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