O que Hix, Marsh e Vivyan fazem é pressupôr que a votação de cada partido é uma função dos resultados desse partido numa sondagem conduzida alguns meses antes da eleição e da votação desse partido nas Europeias anteriores. Para além disso, se esse partido for um partido de governo ou eurocéptico, usa-se também informação sobre os resultados anteriores nas legislativas. E caso seja um partido no governo, toma-se em conta o facto desse partido estar ou não no primeiro ano de mandato.
Quem tiver lido o paper de que falei aqui, percebe que há alguma teoria por detrás disto:
- partidos de governo são especialmente castigados nas Europeias, a não ser que estejam em "lua de mel";
- partidos Eurocéticos tendem a dar-se melhor nas Europeias que nas legislativas.
Que tal se têm portado estas previsões? Em 2004, Hix e Marsh previam um PE assim (em percentagem de deputados; entre parêntesis, o desvio da previsão em relação aos resultados reais):
EPP-ED: 38,9% (+2,3%)
PES: 29,6% (+2,3%)
ELDR: 10,0% (-2,0%)
EUL/NGL:5,3% (-0,3%)
G/EFA:5,5% (-0,2%)
UEN:3,8% (+0,1%)
Nada mau. Desta vez, prevêm isto:
Mas atenção: uma boa previsão do PE não é necessariamente uma boa previsão para todas e cada uma das eleições europeias em cada país. Para 2004, por exemplo, Hix e Marsh previam, para Portugal, o seguinte:
Bem, a verdade é que PSD+CDS somaram 33,3% (e não 46,6%), elegendo 9 deputados (e não 12). A previsão subestimou o PS, a CDU e o BE. Por isso, algum cuidado com as previsões aqui, especialmente tendo em conta que quem lhes está a fazer as análises para Portugal detecta, com a previsão de 31% para o PSD, uma quebra de 2,3 pontos, o que só mostra alguma distracção. Como é óbvio, 31% só será uma quebra para o PSD se esquecermos que, em 2004, concorreu coligado com o CDS-PP. O que a previsão para 2009 está a dizer, pelo contrário, é que, se PSD+CDS valiam 33,3% em 2004, agora valeriam 40,8%.
Mas são detalhes. Em geral, o modelo, ao nível máximo de agregação (a distribuição de deputados do PE) parece funcionar muito bem.
2 comentários:
Podias escrever uma coluna sobre o livro do Hix, a propósito da escolha do presidente da comissão.
Fez bem o Pedro Lomba em não esperar que o Pedro Magalhães aceitasse a sugestão: a crónica sobre o livro do Hix no Económico saiu bastante boa :)
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