Anteontem, no Público, uma peça mencionava a raridade dos governos minoritários na Europa. Espanha e Portugal seriam as excepções.
Receio, contudo, que a amostra utilizada, quer em número de países considerados quer do ponto de vista do período analisado, esteja um pouco enviesada. Entre 1945 e 1999, se considerarmos 17 países da Europa Ocidental (Austria, Bélgica, Dinamarca, Finlândia, França, Alemanha, Grécia, Islândia, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Holanda, Noruega, Portugal, Espanha, Suécia e Reino Unido), estiveram no poder 424 governos. 141 (33%) eram governos minoritários, e 93 (22%) eram governos minoritários de um só partido. Portugal e Espanha estão entre os casos em que estes governos foram mais frequentes, mas o mesmo sucede com a Dinamarca, França, Irlanda, Itália e Suécia. Estes dados podem ser encontrados neste livro de 2008.
Outra coisa que o livro mostra é que, obviamente, governos minoritários duram menos que governos maioritários: em média, menos um ano. E outra ainda é que, talvez menos obviamente, os partidos que lideram governos minoritários tendem a ser menos punidos em eleições subsequentes que outros tipos de governo.
Entretanto, a coisa mais conhecida sobre as consequências económicas dos governos minoritários é um antigo paper de duas pessoas hoje muito famosas, Nouriel Roubini e Jeffrey Sachs, que sugere que governos minoritários tendem a produzir défices orçamentais 1.5 pontos por ano acima do que sucede com governos maioritários. Já passou muita água debaixo da ponte depois deste artigo. Um livro de 2002 de Torsten Persson e Guido Tabellini confirma a mesma ideia (ver quadro 6.7), mas há muita discussão sobre o assunto.
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