Mini-controvérsia instalada por causa da sondagem da Data Crítica que menciono no post anterior. O PND enviou uma queixa à CNE e à ERC:
No passado dia 29 de Maio, a Dra. Maria Augusta Montes, por coincidência membro da Direcção do Partido da Nova Democracia foi inquirida no âmbito da realização de uma sondagem telefónica pela empresa Datacrítica, com vista às próximas eleições intercalares para a Câmara Municipal de Lisboa. A pergunta relativa à intenção de voto foi-lhe formulada nos seguintes termos: “Se as eleições fossem hoje em qual destes candidatos votaria?”. Em seguida foram-lhe apresentados os nomes dos candidatos independentes Carmona Rodrigues e Helena Roseta e os nomes dos candidatos apresentados pelo PS, PSD, CDS, BE, CDU e PCTP/MRPP e em seguida foi-lhe apresentada a opção “representante da Nova Democracia”, omitindo o nome do candidato à Presidência da CML apresentado pelo Partido da Nova Democracia, o Dr. Manuel Monteiro.
Começo já por dizer - full disclosure - que tenho um amigo na Data Crítica. Mas também que não falei com ele sobre isto. Quatro comentários:
1. Pode ter sido um problema de aplicação deficiente, por um inquiridor concreto, do guião da entrevista.
2. Se não foi esse o caso, não parece boa ideia que, na listagem da série de opções de voto, sejam identificadas algumas pelo nome do cabeça de lista e outra sem esse nome.
3. Independentemente disso, também não me parece boa ideia - pelo menos neste fase - identificar as opções com o nome do cabeça de lista sem mencionar o partido. Os partidos são uma pista fundamental para que os eleitores tomem decisões, e nesta fase inicial omitir o partido parece-me dar um estímulo deficiente e demasiado irrealista ao eleitor, pressupondo que ele sabe mais do que aquilo que realmente sabe. Mais tarde, quando os candidatos forem conhecidos e a sua ligação a partidos também, poderá já não fazer diferença.
4. E independentemente de tudo isto, por aqui se vêem as limitações das sondagens: com muitas opções, é preciso reduzir a lista de alguma forma, ou a pergunta deixa de ser compreensível. Quem se lembra de uma lista lida oralmente com 12 ou mais opções? Os "pequenos partidos" é que sofrem. Talvez por isto também os resultados das sondagens só tendam a convergir uns com os outros no final de uma campanha: neste momento, as sondagens captam apenas as opções daqueles que já as tomaram e que, quando se lhes lê a lista, estão só à espera de ouvir a opção que corresponde à decisão já tomada. Para os outros, o pressuposto de que, numa sondagem, se está a colocar as pessoas perante um contexto "realista" de tomada de decisão e que através dele se capta de forma fiável essa decisão, é dificilmente sustentável.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário