Já repararam como, entre os concelhos da Grande Lisboa, as diferenças entre o nº de eleitores inscritos no recenseamento eleitoral e as estimativas da população com 18 ou mais anos são, elas próprias, muito diferentes entre si?
Por exemplo: a 31 de Dezembro de 2006, havia 266.655 eleitores inscritos no concelho de Sintra, incluindo cidadãos da União Europeia e outros estrangeiros residentes com capacidade eleitoral. Contudo, em finais de 2005, a estimativa provisória intercensitária de residentes no concelho de Sintra com 18 ou mais anos andava pelos 330.000. Muito mais residentes que inscritos.
E no concelho de Lisboa? Os mesmos dados apontam para 525.043 inscritos. Mas ao contrário de Sintra, onde há mais residentes que inscritos, em Lisboa é o inverso: a estimativa de residentes aponta para 440.000.
Esqueçamos a discrepância de um ano entre estimativa e recenseamento, dado que ela é comum aos dois concelhos. Se repetiram esta operação consistentemente para todos os concelhos da Grande Lisboa, vão verificar que, com a excepção de Cascais e Lisboa, há mais residentes que inscritos em todos os concelhos. Isto é curioso, dado que contraria o padrão que se julga existir no resto do país (mais inscritos que residentes). E Cascais é muito menos excepção que Lisboa, dado que o nº de inscritos e residentes é quase o mesmo. Só em Lisboa há uma enorme discrepância entre inscritos e residentes e a favor dos inscritos.
Já perceberam onde isto nos leva, não já? Há muita gente inscrita em Lisboa que já não reside em Lisboa. E se não perceberam bem a implicação disto, eu digo: quando uma sondagem escolhe nºs de telefone de domicílios no concelho de Lisboa, ou quando se faz uma sondagem presencial pelas ruas das freguesias de Lisboa, há muitos inscritos cuja probabibilidade de serem seleccionados para responder à sondagem é nula, porque eles não residem no concelho.
E se eles vierem votar na mesma? E se os que vêm votar forem tendencialmente diferentes dos votantes que residem em Lisboa? Bonito serviço.
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