Eduardo Pitta, no Da Literatura, insurge-se contra o facto de eu, ao mesmo tempo que colaboro com um instituto de sondagens, ter também um blogue sobre sondagens e opinião pública, e ver esse blogue citado no jornal para o qual o instituto com que colaboro faz sondagens. Segundo Eduardo Pitta,
Era como se os juízes viessem comentar nos seus blogues os processos que estão a julgar. Aparentemente, muita gente considera o procedimento benigno. Por este andar, vamos ter analistas a comentar nos jornais que encomendam as amostragens, os «resultados» da concorrência, contextualizando-os de forma a levar água ao moinho de eleição.
Não é nada que não me tivesse ocorrido. Há cerca de um ano, quando pensava se havia de começar este blogue ou não, questionei-me se isso representava um conflito de interesses. Pensei em vários exemplos. Poderá um novelista/poeta, especialmente um que escreva sobre literatura num blogue, criticar livros dos seus colegas de ofício em revistas literárias onde mantenha uma colaboração regular? Enfim, exemplos desse género. Nunca me ocorreu comparar as sondagens divulgadas na comunicação social e obrigatoriamente depositadas na Alta Autoridade para a Comunicação Social com matéria em segredo de justiça, mas se calhar foi falta de lembrança.
Creio que deverão ser os leitores a ajuízar. Sei que nunca ocultei onde trabalho. Cheguei mesmo a avisar que, tendo em conta que as opções metodológicas tomadas pelas sondagens da Católica são, em parte, da minha responsabilidade, tenderia a defendê-las pelo simples facto de que as defendo em abstracto, seja onde for que trabalhe, e por isso mesmo as ponho em prática. Interpreto os dados de que disponho, e nessas interpretações serei sempre, inevitavelmente, falível e subjectivo. Mas nunca interpreto dados que não coloque imediatamente aos dispor daqueles que lêem o que escrevo, para que todos possam fazer os seus próprios juízos e avaliar até que ponto sou ou não objectivo e isento. E procuro sempre sê-lo. Mas mais uma vez, terá de ser o leitor a dizer se isto chega.
Registo apenas que, mesmo tendo lido este blogue e especialmente este post, Eduardo Pitta não se tenha disposto a corrigir no seu blogue um único dos muitos erros que cometeu nesta sua análise dos resultados das sondagens de 5ª feira. Pelos vistos, questionar as coisas que escrevi não lhe interessa; o que lhe interessa é questionar o meu direito de as escrever.
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