quinta-feira, novembro 24, 2005

Numeracia, precisa-se (continuação)

De um leitor:
Dizer que os jornalistas deviam ser melhores (mais consistentes, mais fundamentados, mais enquadrados) mediadores de informação é apenas parte da solução para um problema complexo.Uma outra parte da solução deverá - creio que concorda - ser conseguida com uma maior literacia mediática de quem elabora os estudos. Quando queremos que a nossa mensagem passe de forma clara devemos, a montante, fazer todo o possível para assegurar que dela não podem ser tiradas conclusões erradas ou - o que acontece no mais das vezes - visões parcelares. E, no caso em apreço, ajudaria também acordar entre os principais operadores uma tipologia de comportamento idêntica, sobretudo quando os estudos são alvo de tanta atenção.

E de outro:
Não será que as empresas de sondagens poderiam definir uma metodologia comum (ou com ou sem ponderação de indecisos)? É que, tal como aconteceu hoje, basta chegar ao quiosque para se ficar perplexo. (...) Qual é o papel das empresas de sondagens nesta questão? Eu acho que não se podem demitir...

Gostava que ficasse claro que estou inteiramente de acordo com o que se diz nestas mensagens. Aliás, na próxima 4ª feira, no programa Clube de Jornalistas (gravado antes dos acontencimentos de hoje), ouvir-me-ão defender isto mesmo: quem faz as sondagens deve exercer, junto de quem as divulga, uma função pedagógica, esclarecendo os "clientes" sobre o que as sondagens "dizem" e "não dizem".

Mais: tal como defendi aqui e aqui há quase um ano (peço-vos a paciência de relerem), quem faz as sondagens, independentemente ou não de exercer essa "função pedagógica", deve à partida apresentar os resultados de forma a que este tipo de confusões nem tenham oportunidade de suceder. Não de trata de usar metodologias comuns, que quanto a isso cada um terá as suas opções, mas sim de apresentar sempre os resultados de formas comparáveis, esclarecendo as virtudes e limites de cada forma de os apresentar.

E mais ainda: estou perfeitamente convencido que, muito mais até do que através de qualquer imposição externa, a melhor maneira de resolver este tipo de problemas seria através de uma instância de auto-regulação, à semelhança do que existe nos Estados Unidos ou no Reino Unido, tal como defendi aqui.

Finalmente soube entretanto que a discussão ocorrida durante o Fórum TSF (que não ouvi), serviu, em grande medida, para esclarecer algumas das confusões criadas.

A responsabilidade é de todos, institutos de sondagens e jornalistas incluídos. Entendamo-nos, então.

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