Falar de Blogues Temáticos
30 de Março, 19:00 horas, Livraria Almedina
Doc Log , Leonor Areal
Educar para os Media ,Vitor Relvas
E o mordomo que trabalha nesta casa, vindo a correr de apresentar um paper sobre as sondagens autárquicas no Congresso da Associação Portuguesa de Ciência Política.
quarta-feira, março 29, 2006
Israel, sondagens e resultados
Como de costume, remeto para quem sabe fazer mais e melhor. Um breve resumo:
- Kadima ganha, mas abaixo das sondagens, confirmando tendência de descida que vinha desde as eleições palestiniananas;
- catástrofe no Likud; Netanyahu castigado;
- Yisrael Beiteinu passa para terceiro partido, confirmando tendência de subida;
- surpresa: Gil, o partido dos pensionistas, consegue 7 lugares no Knesset;
O Kadima fica na posição privilegiada de partido pivot. Sem eles, não há governo, e podem "escolher", por assim dizer, com quem governar. Tudo se parece encaminhar para uma coligação de centro-esquerda: Kadima, Trabalhistas, Shas (partido sefardita, flexível na questão palestiniana e favorável a políticas sociais) e Gil.
O comentário do Haaretz:
"Those who mocked Labor and Peretz because of their social agenda - saying all that matters in Israel are security-diplomacy issues - will have to think again. It's not just Labor doing better than expected that proves this, but mainly the success of the senior citizens' party. Maybe it's because Israelis are already set on the right solution for the Palestinian issue (i.e. unilateral steps), that they figured that they can now vote on something else."
- Kadima ganha, mas abaixo das sondagens, confirmando tendência de descida que vinha desde as eleições palestiniananas;
- catástrofe no Likud; Netanyahu castigado;
- Yisrael Beiteinu passa para terceiro partido, confirmando tendência de subida;
- surpresa: Gil, o partido dos pensionistas, consegue 7 lugares no Knesset;
O Kadima fica na posição privilegiada de partido pivot. Sem eles, não há governo, e podem "escolher", por assim dizer, com quem governar. Tudo se parece encaminhar para uma coligação de centro-esquerda: Kadima, Trabalhistas, Shas (partido sefardita, flexível na questão palestiniana e favorável a políticas sociais) e Gil.
O comentário do Haaretz:
"Those who mocked Labor and Peretz because of their social agenda - saying all that matters in Israel are security-diplomacy issues - will have to think again. It's not just Labor doing better than expected that proves this, but mainly the success of the senior citizens' party. Maybe it's because Israelis are already set on the right solution for the Palestinian issue (i.e. unilateral steps), that they figured that they can now vote on something else."
terça-feira, março 28, 2006
Brasil, a seis meses
Não pensaram que estas escapavam? As eleições mais interessantes do ano. Agora que Alckmin e Garotinho estão confirmados e que as respostas já não são sobre meros cenários, é a altura de começar a coligir dados.
Conheço três institutos que divulgam dados de intenção de voto regularmente: IBOPE, Datafolha e Sensus. Se conhecerem mais, avisem. Para já, após a confirmação de Alckmin, só conheço duas sondagens: uma do IBOPE e outra da Datafolha. Em relação a sondagens anteriores, que lidavam apenas com cenários, Alckmin sobe e Garotinho mantem-se estável. Mas há muito caminho para percorrer.
Dois quadros apresentados abaixo: um com os resultados brutos e outro que os dados são apresentados como se fossem resultados eleitorais, excluindo brancos e nulos e tratando "não respostas" e indecisos como abstencionistas (ou seja, redistribuindo-os proporcionalmente pelas opções válidas). Para já, temos Lula à 1ª volta, e um surpreendentemente baixo número de indecisos.
Falta dizer que a reputação dos institutos de sondagens no Brasil é impecável: grande mercado, muito dinheiro, muita competência, voto obrigatório (o que limita os efeitos nefastos da abstenção sobre as estimativas de resultados eleitorais).
Conheço três institutos que divulgam dados de intenção de voto regularmente: IBOPE, Datafolha e Sensus. Se conhecerem mais, avisem. Para já, após a confirmação de Alckmin, só conheço duas sondagens: uma do IBOPE e outra da Datafolha. Em relação a sondagens anteriores, que lidavam apenas com cenários, Alckmin sobe e Garotinho mantem-se estável. Mas há muito caminho para percorrer.
Dois quadros apresentados abaixo: um com os resultados brutos e outro que os dados são apresentados como se fossem resultados eleitorais, excluindo brancos e nulos e tratando "não respostas" e indecisos como abstencionistas (ou seja, redistribuindo-os proporcionalmente pelas opções válidas). Para já, temos Lula à 1ª volta, e um surpreendentemente baixo número de indecisos.
Falta dizer que a reputação dos institutos de sondagens no Brasil é impecável: grande mercado, muito dinheiro, muita competência, voto obrigatório (o que limita os efeitos nefastos da abstenção sobre as estimativas de resultados eleitorais).
segunda-feira, março 27, 2006
Israel, véspera de eleições
A última actualização da análise das sondagens sobre as eleições israelitas no indispensável Political Arithmetik, mostra o Kadima a descer (tal como vem sucedendo desde as eleições na Palestina), mas ainda, e muito claramente, como vencedor. Trabalhistas e Likud parecem estáveis, mas o Yisrael Beiteinu, que tem forte implantação entre os judeus vindo da ex-União Soviética, prepara-se para se tornar o 4º partido (não sendo completamente de excluir que ultrapasse o Likud, o que seria um resultado espantoso).
Sobre o panorama de coligações pós-eleitorais, Matthew Shugart apontava há dias as várias possibilidades. Na base das estimativas mais recentes, os cenários de Shugart continuam a fazer sentido.
Sobre o panorama de coligações pós-eleitorais, Matthew Shugart apontava há dias as várias possibilidades. Na base das estimativas mais recentes, os cenários de Shugart continuam a fazer sentido.
sexta-feira, março 24, 2006
Itália
Segundo todas as sondagens e também por admissão própria e dos seus aliados, Berlusconi perdeu o debate com Prodi. Também perdeu a cabeça numa reunião da Confindustria, acusando os grandes empresários de terem "esqueletos no armário" e de terem sido perdoados por "juízes vermelhos". E pelos vistos, vai perder as eleições, se bem que importa ter cuidado com dois factores: a mudança do sistema eleitoral, concebida especificamente para favorecer a Cdl; e o facto de, devido à restritiva legislação italiana, estas serem as últimas sondagens a serem divulgadas antes das eleições. Em quinze dias pode mudar muita coisa. Seja como for, o pós-debate revela uma subida clara da Unione. Os dois "outliers" que vêm lá em baixo - duas sondagens da empresa Psb - são sondagens encomendadas pela...Forza Italia.
quarta-feira, março 22, 2006
Popularidades
Nos Estados Unidos e (em menor grau) no Reino Unido, a avaliação do desempenho do chefe do executivo é seguida com enorme atenção pelos órgãos de comunicação social, pelos agentes políticos e pelos estudiosos da opinião pública, suscitando, por parte destes últimos, o tipo de análises aprofundadas que se podem encontrar aqui ou aqui. Por um lado, isto deve-se ao grande desenvolvimento dos estudos de opinião pública e à enorme quantidade de recursos que nelas são dispendidos. E por outro lado, aos próprios sistemas políticos. Nos Estados Unidos, temos a concentração do poder executivo num cargo uninominal. No Reino Unido, apesar de se tratar de um sistema parlamentar, estamos também perante um dos casos onde a concentração de poder nas mãos do PM e líder do partido é maior entre as democracias ocidentais. Logo, a atenção tende também ela a concentrar-se na pessoa do líder, nas suas qualidades e na avaliação que delas fazem os eleitores.
Em Portugal, o que se sabe sobre o factores que mais afectam o comportamento eleitoral é que a avaliação que os eleitores fazem dos líderes tem enorme impacto na decisão do voto, acima do que seria de esperar com um sistema eleitoral proporcional. Logo, seria de esperar que fosse dada grande atenção aos dados disponíveis sobre essa avaliação. Mas assim não sucede. Os meios de comunicação social encomendam apenas as duas empresas de sondagens - Marktest e Eurosondagem - dados regulares sobre essa matéria, e são raros os estudos disponíveis utilizando esses dados (com a notável excepção do trabalho de dois investigadores da Universidade do Minho, Francisco José Veiga e Linda Veiga).
Quais os dados disponíveis desde a tomada de posse do actual governo. A Marktest, no seu barómetro mensal, coloca a seguinte questão sobre vários líderes políticos:
No caso de [líder]: Em sua opinião diria que a actuação de [líder]) tem sido POSITIVA ou NEGATIVA ?
A formulação concreta da pergunta colocada pela Eurosondagem deverá ser semelhante, ficando contudo a dúvida se é fornecida uma opção intermédia "Assim-assim". Nalguns casos, os quadros publicados no Expresso sugerem que assim é (afirmando-se que as percentagens apresentadas excluem respostas "não sabe/não responde" e "assim-assim"). Noutros casos, essa referência está ausente.
Talvez as diferentes formulações ajudem a explicar as discrepâncias entre os resultados das duas empresas. Nos gráficos abaixo, apresenta-se a evolução ao longo do tempo das percentagens de indivíduos que fazem uma avaliação positiva do Primeiro-Ministro, do Presidente da República e do líder do principal partido da oposição nas duas sondagens desde a tomada de posse do actual governo (agradeço à Marktest o envio dos dados completos; os dados da Eurosondagem foram recolhidos do Expresso; datas correspondem ao último dia de trabalho de campo):
Apesar das discrepâncias nas avaliações de Sampaio serem mínimas, o mesmo não sucede para Sócrates ou Marques Mendes: as sondagens publicadas no Expresso tendem a obter maiores percentagens de aprovação para ambos em comparação com a Marktest.
Dito isto, é tranquilizador verificar que, apesar das discrepâncias absolutas, as tendências que detectam são semelhantes. Descida de Sócrates até às autárquicas, seguida de recuperação (claríssima na Marktest, sugerida na Eurosondagem); subida de Marques Mendes imediatamente após autárquicas, e posterior retorno aos níveis (baixos) de Abril de 2005. Em ambos os casos, e para as últimas sondagens, as taxas de aprovação de Sócrates estão cerca de 20 pontos percentuais acima das taxas de aprovação de Marques Mendes.
Os resultados de Sócrates não estão exactamente na linha do que anteriores estudos sobre as funções de popularidade poderiam sugerir. No passado, a popularidade do PM tendeu a diminuir com o aumento do desemprego, especialmente quando o seu governo dispunha de maioria absoluta. E diminuia também assim que se ultrapassava o período inicial de seis meses de "lua de mel". Mas não é bem isso que parece estar a ocorrer. Com o desemprego a aumentar de 7,5% para 8% do primeiro para o último trimestre de 2005 e ultrapassada a "lua de mel", Sócrates quase regressa aos níveis de popularidade de que gozava imediatamente no início do ciclo. Aumenta assim a curiosidade em relação ao que as próximas sondagens dirão: será a recuperação de popularidade dos últimos meses para durar, ou uma fugaz anomalia em relação à tendência de descida que se iniciou logo após a tomada de posse? Logo se verá.
Em Portugal, o que se sabe sobre o factores que mais afectam o comportamento eleitoral é que a avaliação que os eleitores fazem dos líderes tem enorme impacto na decisão do voto, acima do que seria de esperar com um sistema eleitoral proporcional. Logo, seria de esperar que fosse dada grande atenção aos dados disponíveis sobre essa avaliação. Mas assim não sucede. Os meios de comunicação social encomendam apenas as duas empresas de sondagens - Marktest e Eurosondagem - dados regulares sobre essa matéria, e são raros os estudos disponíveis utilizando esses dados (com a notável excepção do trabalho de dois investigadores da Universidade do Minho, Francisco José Veiga e Linda Veiga).
Quais os dados disponíveis desde a tomada de posse do actual governo. A Marktest, no seu barómetro mensal, coloca a seguinte questão sobre vários líderes políticos:
No caso de [líder]: Em sua opinião diria que a actuação de [líder]) tem sido POSITIVA ou NEGATIVA ?
A formulação concreta da pergunta colocada pela Eurosondagem deverá ser semelhante, ficando contudo a dúvida se é fornecida uma opção intermédia "Assim-assim". Nalguns casos, os quadros publicados no Expresso sugerem que assim é (afirmando-se que as percentagens apresentadas excluem respostas "não sabe/não responde" e "assim-assim"). Noutros casos, essa referência está ausente.
Talvez as diferentes formulações ajudem a explicar as discrepâncias entre os resultados das duas empresas. Nos gráficos abaixo, apresenta-se a evolução ao longo do tempo das percentagens de indivíduos que fazem uma avaliação positiva do Primeiro-Ministro, do Presidente da República e do líder do principal partido da oposição nas duas sondagens desde a tomada de posse do actual governo (agradeço à Marktest o envio dos dados completos; os dados da Eurosondagem foram recolhidos do Expresso; datas correspondem ao último dia de trabalho de campo):
Apesar das discrepâncias nas avaliações de Sampaio serem mínimas, o mesmo não sucede para Sócrates ou Marques Mendes: as sondagens publicadas no Expresso tendem a obter maiores percentagens de aprovação para ambos em comparação com a Marktest.
Dito isto, é tranquilizador verificar que, apesar das discrepâncias absolutas, as tendências que detectam são semelhantes. Descida de Sócrates até às autárquicas, seguida de recuperação (claríssima na Marktest, sugerida na Eurosondagem); subida de Marques Mendes imediatamente após autárquicas, e posterior retorno aos níveis (baixos) de Abril de 2005. Em ambos os casos, e para as últimas sondagens, as taxas de aprovação de Sócrates estão cerca de 20 pontos percentuais acima das taxas de aprovação de Marques Mendes.
Os resultados de Sócrates não estão exactamente na linha do que anteriores estudos sobre as funções de popularidade poderiam sugerir. No passado, a popularidade do PM tendeu a diminuir com o aumento do desemprego, especialmente quando o seu governo dispunha de maioria absoluta. E diminuia também assim que se ultrapassava o período inicial de seis meses de "lua de mel". Mas não é bem isso que parece estar a ocorrer. Com o desemprego a aumentar de 7,5% para 8% do primeiro para o último trimestre de 2005 e ultrapassada a "lua de mel", Sócrates quase regressa aos níveis de popularidade de que gozava imediatamente no início do ciclo. Aumenta assim a curiosidade em relação ao que as próximas sondagens dirão: será a recuperação de popularidade dos últimos meses para durar, ou uma fugaz anomalia em relação à tendência de descida que se iniciou logo após a tomada de posse? Logo se verá.
quarta-feira, março 15, 2006
Abu Ghraib
A Salon publica finalmente o anunciado conjunto de 276 fotografias que obteve sobre tortura e abuso de prisioneiros em Abu Ghraib, relatando igualmente que nenhum soldado acima da patente de sargento foi levado a tribunal. Isto inclui o operacional da CIA que interrogou o prisioneiro Manadel al-Jamadi, que acabou por ser encontrado morto.
"The failure of a democratic society to investigate well-documented abuses by its soldiers". Indeed. Mas dir-se-ia mais: o falhanço de uma sociedade democrática em conseguir que aqueles em que delega poder governem de acordo com as suas preferências.
TNS/Washington Post/ABC News, 15-18 Dezembro 2005, N=1003, Telefónica
Would you regard the use of torture against people suspected of involvement in terrorism as an acceptable or unacceptable part of the U.S. campaign against terrorism?
Acceptable: 32%
Not acceptable: 64%
Depends on the torture: 3%
No opinion: 2%
"The failure of a democratic society to investigate well-documented abuses by its soldiers". Indeed. Mas dir-se-ia mais: o falhanço de uma sociedade democrática em conseguir que aqueles em que delega poder governem de acordo com as suas preferências.
TNS/Washington Post/ABC News, 15-18 Dezembro 2005, N=1003, Telefónica
Would you regard the use of torture against people suspected of involvement in terrorism as an acceptable or unacceptable part of the U.S. campaign against terrorism?
Acceptable: 32%
Not acceptable: 64%
Depends on the torture: 3%
No opinion: 2%
terça-feira, março 14, 2006
Aumenta a incerteza em Israel
Ninguém duvida que os dias que correm podem ser cruciais para o futuro de Israel e da Palestina. Os seus destinos estão ligados até nisto: a partir da vitória do Hamas, começou a descida do Kadima nas sondagens em Israel, como relata o Political Arithmetik:
É natural que haja mais desgaste no Kadima: a maior parte dos israelitas opõe-se à retirada parcial de civis da Margem Ocidental (saem civis, a IDF fica) sugerida por Avi Dichter, possível futuro ministro da defesa.
Dialog, 8 de Março, N=600.
Do you support or oppose the plan of Kadima to evacuate settlements unilaterally as Avi Dichter proposed this week?
Support: 37%
Oppose: 49%
Other: 14%
No fim de semana, Olmert foi ainda mais categórico: retirada até 2010 e, pelo caminho, 80.000 evacuados dos territórios ocupados. Vamos ver os efeitos que isto produz até ao dia 28 de Março. Até que ponto anteriores votantes no Likud, entretanto atraídos pelo centro representado pelo Kadima, regressarão ao redil? A acompanhar com atenção, mas uma coligação Kadima/Trabalhistas continua a ser o mais provável.
É natural que haja mais desgaste no Kadima: a maior parte dos israelitas opõe-se à retirada parcial de civis da Margem Ocidental (saem civis, a IDF fica) sugerida por Avi Dichter, possível futuro ministro da defesa.
Dialog, 8 de Março, N=600.
Do you support or oppose the plan of Kadima to evacuate settlements unilaterally as Avi Dichter proposed this week?
Support: 37%
Oppose: 49%
Other: 14%
No fim de semana, Olmert foi ainda mais categórico: retirada até 2010 e, pelo caminho, 80.000 evacuados dos territórios ocupados. Vamos ver os efeitos que isto produz até ao dia 28 de Março. Até que ponto anteriores votantes no Likud, entretanto atraídos pelo centro representado pelo Kadima, regressarão ao redil? A acompanhar com atenção, mas uma coligação Kadima/Trabalhistas continua a ser o mais provável.
sábado, março 11, 2006
A popularidade de Cavaco
O que se segue é muitíssimo estranho (fonte), e merece uma análise crítica.
A ser verdade, seria chocante. Como se verifica no gráfico seguinte, elaborado por Francisco José Veiga e Linda Veiga, da Universidade do Minho, com base em dados Expresso/Euroexpansão (neste paper, .pdf, mais tarde revisto e publicado na Economics & Politics), Sampaio começou em alta em 1996, para logo descer e só depois recuperar lentamente. Não que chegue a haver um efeito "lua-de-mel" para o Presidente, como o próprio estudo dos Veigas revela. Mas que Cavaco, após a eleição, só tenha pouco mais de 10% de opiniões positivas em relação às opiniões negativas, seria muito estranho.
É possível, contudo, que tudo isto se deva ao facto da sondagem sobre Cavaco pedir aos inquiridos uma avaliação da sua "actuação", o que pode ter sido interpretado como a sua actuação "enquanto Presidente". Para muitos, como não tinha tomado posse, a pergunta pode não ter feito sentido. E o que sucede? Nesta sondagem, 35% de não sabe/não responde. Em Novembro, por exemplo, só 16% não tinham opinião. É preciso cuidado com a leitura dos números.
O estudo dos Veigas merece ser lido por muitas razões. Mostra, por exemplo, que apesar do PM ser o mais responsabilizado pela economia (nomeadamente, o desemprego), o Presidente também o é, independentemente de situações de coabitação ou não. E que Sampaio foi, em geral, menos popular que Soares (mas o estudo vai só até 2000).
A ser verdade, seria chocante. Como se verifica no gráfico seguinte, elaborado por Francisco José Veiga e Linda Veiga, da Universidade do Minho, com base em dados Expresso/Euroexpansão (neste paper, .pdf, mais tarde revisto e publicado na Economics & Politics), Sampaio começou em alta em 1996, para logo descer e só depois recuperar lentamente. Não que chegue a haver um efeito "lua-de-mel" para o Presidente, como o próprio estudo dos Veigas revela. Mas que Cavaco, após a eleição, só tenha pouco mais de 10% de opiniões positivas em relação às opiniões negativas, seria muito estranho.
É possível, contudo, que tudo isto se deva ao facto da sondagem sobre Cavaco pedir aos inquiridos uma avaliação da sua "actuação", o que pode ter sido interpretado como a sua actuação "enquanto Presidente". Para muitos, como não tinha tomado posse, a pergunta pode não ter feito sentido. E o que sucede? Nesta sondagem, 35% de não sabe/não responde. Em Novembro, por exemplo, só 16% não tinham opinião. É preciso cuidado com a leitura dos números.
O estudo dos Veigas merece ser lido por muitas razões. Mostra, por exemplo, que apesar do PM ser o mais responsabilizado pela economia (nomeadamente, o desemprego), o Presidente também o é, independentemente de situações de coabitação ou não. E que Sampaio foi, em geral, menos popular que Soares (mas o estudo vai só até 2000).
quarta-feira, março 08, 2006
Itália, a pouco mais de um mês
Prodi recusou hoje um frente-a-frente com Berlusconi, alegando a recusa deste último em aceitar uma série de regras sobre posições das câmaras, proibição de focar um candidato enquanto o outro fala, tempos de pergunta e resposta, a escolha do entrevistador, etc.. Mais importante ainda é a indisponibilidade de Prodi em aceitar que Berlusconi conduza, imediatamente após o debate, nada menos que... uma conferência de imprensa enquanto PM. Berlusconi responde:
"Prodi is acting irresponsibly. He should show up and debate in a polite and civilised manner, as I do.(...) If he won't show up, I'll still demand the time on TV that is owed to me, to show what the government has done. I'll be there on Monday, I hope he will be there too, but I cannot make predictions."
Certo. Entretanto, as sondagens dizem (quase) todas o mesmo, ou seja, vitória para a Unione de Prodi, com tendência progressiva de descida dos indecisos (acima dos 20% em Janeiro, entre 14 e 18% em finais de Fevereiro):
É quase impossível encontrar tendências de mudança nos últimos dois meses. Mapeando os resultados ao longo do tempo e aplicando uma regressão local, a Unione encontra-se estável, ao passo que a ligeira subida da Casa até meados de Fevereiro, à custa dos poucos e pequenos partidos fora das coligações, deixou de ter para onde ir.
A coisa começa a parecer muito fechada, e é possível que se repita o padrão recorrente da vida política italiana: o mais interessante não são as eleições, mas sim o que acontece entre elas. Contudo, neste menu de sondagens disponíveis, há algumas coisas intrigantes: a enorme homogeneidade de métodos utilizados e a quase incrível semelhança de resultados no interior dos institutos, aparentemente insensíveis ao erro aleatório. Haverá por aqui muita ponderação, especialmente na base de anteriores resultados eleitorais? Vamos tentar perceber.
Fonte das sondagens: aqui.
"Prodi is acting irresponsibly. He should show up and debate in a polite and civilised manner, as I do.(...) If he won't show up, I'll still demand the time on TV that is owed to me, to show what the government has done. I'll be there on Monday, I hope he will be there too, but I cannot make predictions."
Certo. Entretanto, as sondagens dizem (quase) todas o mesmo, ou seja, vitória para a Unione de Prodi, com tendência progressiva de descida dos indecisos (acima dos 20% em Janeiro, entre 14 e 18% em finais de Fevereiro):
É quase impossível encontrar tendências de mudança nos últimos dois meses. Mapeando os resultados ao longo do tempo e aplicando uma regressão local, a Unione encontra-se estável, ao passo que a ligeira subida da Casa até meados de Fevereiro, à custa dos poucos e pequenos partidos fora das coligações, deixou de ter para onde ir.
A coisa começa a parecer muito fechada, e é possível que se repita o padrão recorrente da vida política italiana: o mais interessante não são as eleições, mas sim o que acontece entre elas. Contudo, neste menu de sondagens disponíveis, há algumas coisas intrigantes: a enorme homogeneidade de métodos utilizados e a quase incrível semelhança de resultados no interior dos institutos, aparentemente insensíveis ao erro aleatório. Haverá por aqui muita ponderação, especialmente na base de anteriores resultados eleitorais? Vamos tentar perceber.
Fonte das sondagens: aqui.
terça-feira, março 07, 2006
Off topic
Foto da livraria propriedade do Larry McMurtry, em Archer City, Texas, pop. 1848. Tem site e tudo.
Vai com dedicatória ao outro Pedro Magalhães.
Prognósticos só nunca
Aqui há uns meses, os jornais e a blogosfera estavam repletos de previsões sombrias sobre o "impasse" na Alemanha e a improvável sobrevivência política de Angela Merkel. Várias sondagens recentes revelam até que ponto estes prognósticos foram certeiros:
Infratest-Dimap:
*52% dos alemães acham que a coligação está a fazer um bom trabalho;
* 66% afirmam não detectar divergências de fundo entre os parceiros de coligação;
*Angela Merkel é a figura política mais popular na Alemanha, com 74% de opiniões positivas;
*Se pudessem escolher directamente um chanceler, 56% escolheriam Merkel;
Em retrospectiva, a coisa ainda fica mais cómica do que já era na altura.
Infratest-Dimap:
*52% dos alemães acham que a coligação está a fazer um bom trabalho;
* 66% afirmam não detectar divergências de fundo entre os parceiros de coligação;
*Angela Merkel é a figura política mais popular na Alemanha, com 74% de opiniões positivas;
*Se pudessem escolher directamente um chanceler, 56% escolheriam Merkel;
Em retrospectiva, a coisa ainda fica mais cómica do que já era na altura.
sábado, março 04, 2006
Hard to understand: 100%
Rússia, Public Opinion Foundation, 18-19 Fevereiro 2006, N=1500
In your view, did Josef Stalin play a positive role or a negative role in Russian history?
Positive:47%
Negative:29%
Hard to answer:24%
In your view, did Josef Stalin play a positive role or a negative role in Russian history?
Positive:47%
Negative:29%
Hard to answer:24%
quinta-feira, março 02, 2006
Sondagem aos militares americanos no Iraque
Para uma discussão aprofundada dos métodos utilizados, suas limitações e cautelas a ter na leitura dos resultados, ver aqui.
* An overwhelming majority of 72% of American troops serving in Iraq think the U.S. should exit the country within the next year, and nearly one in four say the troops should leave immediately;
* 58% of those serving in country say the U.S. mission in Iraq is clear in their minds, while 42% said it is either somewhat or very unclear to them, that they have no understanding of it at all, or are unsure.
* While 85% said the U.S. mission is mainly “to retaliate for Saddam’s role in the 9-11 attacks,” 77% said they also believe the main or a major reason for the war was “to stop Saddam from protecting al Qaeda in Iraq.” “Ninety-three percent said that removing weapons of mass destruction is not a reason for U.S. troops being there,” said Pollster John Zogby, President and CEO of Zogby International.
* Just 24% said that “establishing a democracy that can be a model for the Arab World" was the main or a major reason for the war. Only small percentages see the mission there as securing oil supplies (11%) or to provide long-term bases for US troops in the region (6%).
* Most U.S. military personnel in-country have a clear sense of right and wrong when it comes to using banned weapons against the enemy, and in interrogation of prisoners. Four in five said they oppose the use of such internationally banned weapons as napalm and white phosphorous. And, even as more photos of prisoner abuse in Iraq surface around the world, 55% said it is not appropriate or standard military conduct to use harsh and threatening methods against insurgent prisoners in order to gain information of military value.
*Three quarters of the troops had served multiple tours and had a longer exposure to the conflict: 26% were on their first tour of duty, 45% were on their second tour, and 29% were in Iraq for a third time or more.
* A majority of the troops serving in Iraq said they were satisfied with the war provisions from Washington. Just 30% of troops said they think the Department of Defense has failed to provide adequate troop protections, such as body armor, munitions, and armor plating for vehicles like HumVees.
* An overwhelming majority of 72% of American troops serving in Iraq think the U.S. should exit the country within the next year, and nearly one in four say the troops should leave immediately;
* 58% of those serving in country say the U.S. mission in Iraq is clear in their minds, while 42% said it is either somewhat or very unclear to them, that they have no understanding of it at all, or are unsure.
* While 85% said the U.S. mission is mainly “to retaliate for Saddam’s role in the 9-11 attacks,” 77% said they also believe the main or a major reason for the war was “to stop Saddam from protecting al Qaeda in Iraq.” “Ninety-three percent said that removing weapons of mass destruction is not a reason for U.S. troops being there,” said Pollster John Zogby, President and CEO of Zogby International.
* Just 24% said that “establishing a democracy that can be a model for the Arab World" was the main or a major reason for the war. Only small percentages see the mission there as securing oil supplies (11%) or to provide long-term bases for US troops in the region (6%).
* Most U.S. military personnel in-country have a clear sense of right and wrong when it comes to using banned weapons against the enemy, and in interrogation of prisoners. Four in five said they oppose the use of such internationally banned weapons as napalm and white phosphorous. And, even as more photos of prisoner abuse in Iraq surface around the world, 55% said it is not appropriate or standard military conduct to use harsh and threatening methods against insurgent prisoners in order to gain information of military value.
*Three quarters of the troops had served multiple tours and had a longer exposure to the conflict: 26% were on their first tour of duty, 45% were on their second tour, and 29% were in Iraq for a third time or more.
* A majority of the troops serving in Iraq said they were satisfied with the war provisions from Washington. Just 30% of troops said they think the Department of Defense has failed to provide adequate troop protections, such as body armor, munitions, and armor plating for vehicles like HumVees.
Hamas
E já que estamos nesta onda, há um texto imperdível na New York Review of Books sobre a vitória do Hamas: este, de Hussein Agha e Robert Malley. Independentemente dos pressupostos de partida ou das simpatias ou antipatias dos autores, é um texto exemplar do ponto de vista da análise política: não se conforma com uma única banalidade que saia da boca dos "comentadores" ou dos agentes políticos. Procura ver o que está "por detrás". Pergunto-me se, por vezes, não estará a ver demais. Mas tem, por exemplo, uma explicação plausível para algo que, numa das sondagens anteriores, me deixou perplexo. Isto:
Q12. The PA is committed to the option of political negotiations with Israel. Do you believe that the new government headed by Hamas has to continue with the political negotiations, stop the political negotiations and should adopt other options?
To continue with the political negotiations: 66.3%
Stop the political negotiations: 29.6%
No answer: 4.1%
Q15. Some believe that the negotiations are the best path to achieve our national goals, whereas others believe that the armed struggle is the best way to do so. Which option is the closest to your opinion?
Through Negotiations: 38.8%
Through armed struggle: 17.9%
Through negotiations and armed struggle: 40.3%
Don't know: 2.3%
No answer: 0.7%
A resposta pode ser esta:
Because of all it did, said, and stood for, a vote for Hamas became one way to exorcise the disgrace. The Palestinian Authority had been unable to protect its people, and Hamas evidently could do no better on that score. But though its brutal attacks on Israelis did not provide safety, they provided revenge, and, for many Palestinians, in the biblical land of primal urges, that was second best. While not condoning every Hamas operation, for vast numbers of Palestinians, the Islamists' current position on Israel and the use of violence against it also rang as a truer, more authentic expression of their feelings. In this, Prime Minister Sharon displayed greater discernment than the Israeli left: deep down, most Palestinians, though ready to accept Israel's existence, have not accepted its historical legitimacy; though supportive of a mutual cease-fire and peace agreements, they will not relinquish the right to fight for their land.
E fazendo uma ponte um bocado enviesada com este post na Praia, há uma sensação que sempre tenho quando leio artigos como este, muito bom, mas não especialmente melhor que muitos outros que encontramos regularmente na NYRB, na Atlantic Monthly, no Economist, no Times Literary Supplement, só para falar das coisas que leio menos irregularmente: é que, desculpem-me, mas tenho sérias dúvidas que haja um único português com o conhecimento de causa e a qualidade suficientes para escrever um artigo como este. Como este ou, repito, como muitos outros que encontramos todos os meses em publicações como as que mencionei. Voltei a pensar nisto quando li, na autobiografia da Maria Filomena Mónica, a história do artigo para a Atlantic sobre a revolução portuguesa que o Vasco Pulido Valente nunca chegou a enviar.
Para responder mais directamente ao post do Ivan: para se ser capaz, é preciso ser-se ou muito ignorante ou muito descarado. E peço que não vejam isto como um ataque à Atlântico ou às pessoas que lá escrevem. É só uma constatação sobre aquilo que temos.
Q12. The PA is committed to the option of political negotiations with Israel. Do you believe that the new government headed by Hamas has to continue with the political negotiations, stop the political negotiations and should adopt other options?
To continue with the political negotiations: 66.3%
Stop the political negotiations: 29.6%
No answer: 4.1%
Q15. Some believe that the negotiations are the best path to achieve our national goals, whereas others believe that the armed struggle is the best way to do so. Which option is the closest to your opinion?
Through Negotiations: 38.8%
Through armed struggle: 17.9%
Through negotiations and armed struggle: 40.3%
Don't know: 2.3%
No answer: 0.7%
A resposta pode ser esta:
Because of all it did, said, and stood for, a vote for Hamas became one way to exorcise the disgrace. The Palestinian Authority had been unable to protect its people, and Hamas evidently could do no better on that score. But though its brutal attacks on Israelis did not provide safety, they provided revenge, and, for many Palestinians, in the biblical land of primal urges, that was second best. While not condoning every Hamas operation, for vast numbers of Palestinians, the Islamists' current position on Israel and the use of violence against it also rang as a truer, more authentic expression of their feelings. In this, Prime Minister Sharon displayed greater discernment than the Israeli left: deep down, most Palestinians, though ready to accept Israel's existence, have not accepted its historical legitimacy; though supportive of a mutual cease-fire and peace agreements, they will not relinquish the right to fight for their land.
E fazendo uma ponte um bocado enviesada com este post na Praia, há uma sensação que sempre tenho quando leio artigos como este, muito bom, mas não especialmente melhor que muitos outros que encontramos regularmente na NYRB, na Atlantic Monthly, no Economist, no Times Literary Supplement, só para falar das coisas que leio menos irregularmente: é que, desculpem-me, mas tenho sérias dúvidas que haja um único português com o conhecimento de causa e a qualidade suficientes para escrever um artigo como este. Como este ou, repito, como muitos outros que encontramos todos os meses em publicações como as que mencionei. Voltei a pensar nisto quando li, na autobiografia da Maria Filomena Mónica, a história do artigo para a Atlantic sobre a revolução portuguesa que o Vasco Pulido Valente nunca chegou a enviar.
Para responder mais directamente ao post do Ivan: para se ser capaz, é preciso ser-se ou muito ignorante ou muito descarado. E peço que não vejam isto como um ataque à Atlântico ou às pessoas que lá escrevem. É só uma constatação sobre aquilo que temos.
quarta-feira, março 01, 2006
Sondagens na Palestina (2)
Mais uma:
Palestinian Center for Public Opinion, 16-20 Fevereiro, M=1003, Face-a-face.
I am going to read to you a series of policies and duties, which Hamas could follow. I would like you to tell me whether you strongly agree, somewhat agree, somewhat disagree, or strongly disagree with each of them.
Recognize the State of Israel.
Strongly agree:16.1%
Somewhat agree: 34.7%
Somewhat disagree: 17.0%
Strongly disagree: 31.5%
Don’t know: 0.7%
Continue the truce with the Israelis.
Strongly agree: 48.5%
Somewhat agree: 32.0%
Somewhat disagree: 11.3%
Strongly disagree: 8.1%
Don’t know: 0.1%
Resume the peace process with Israel.
Strongly agree: 32.2%
Somewhat agree: 37.5%
Somewhat disagree: 20.0%
Strongly disagree: 9.5%
Don’t know:0.8%
E uma citação do Political Aritmetik sobre as sondagens na Palestina, que vai de encontro e para além daquilo que eu próprio escrevi aqui.
I'm a strong "small-d" democrat. I don't know what Hamas will end up doing in office. And I don't expect miracles. But I do think that over the long haul (say 20-40 years) democratic institutions exert real pressure on political movements that enter the electoral arena. The IRA is a good example. It has taken a long time, but there has been real progress there. I hope the same for the Palestinians, though I think I am realistic about the long time frame required. What I so admire about the PCPSR, DSP and other Palestinian pollsters is that they are providing the independent data and analysis of what the Palestinian public thinks that is a necessary part of democratic institution building. Given the hard conditions in which they work, I'm very impressed with their excellence. I hope that they continue to provide the best data possible so that whoever runs the Palestinian Authority will have to consider what their public thinks.
Palestinian Center for Public Opinion, 16-20 Fevereiro, M=1003, Face-a-face.
I am going to read to you a series of policies and duties, which Hamas could follow. I would like you to tell me whether you strongly agree, somewhat agree, somewhat disagree, or strongly disagree with each of them.
Recognize the State of Israel.
Strongly agree:16.1%
Somewhat agree: 34.7%
Somewhat disagree: 17.0%
Strongly disagree: 31.5%
Don’t know: 0.7%
Continue the truce with the Israelis.
Strongly agree: 48.5%
Somewhat agree: 32.0%
Somewhat disagree: 11.3%
Strongly disagree: 8.1%
Don’t know: 0.1%
Resume the peace process with Israel.
Strongly agree: 32.2%
Somewhat agree: 37.5%
Somewhat disagree: 20.0%
Strongly disagree: 9.5%
Don’t know:0.8%
E uma citação do Political Aritmetik sobre as sondagens na Palestina, que vai de encontro e para além daquilo que eu próprio escrevi aqui.
I'm a strong "small-d" democrat. I don't know what Hamas will end up doing in office. And I don't expect miracles. But I do think that over the long haul (say 20-40 years) democratic institutions exert real pressure on political movements that enter the electoral arena. The IRA is a good example. It has taken a long time, but there has been real progress there. I hope the same for the Palestinians, though I think I am realistic about the long time frame required. What I so admire about the PCPSR, DSP and other Palestinian pollsters is that they are providing the independent data and analysis of what the Palestinian public thinks that is a necessary part of democratic institution building. Given the hard conditions in which they work, I'm very impressed with their excellence. I hope that they continue to provide the best data possible so that whoever runs the Palestinian Authority will have to consider what their public thinks.
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