Em poucos dias, três sondagens sobre o tema. Resultados:
1. Aximage, Correio da Manhã, 2-4 Outubro 2006, Quotas, Telefónica, N=550:
"Concorda com a despenalização da interrupção oluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas primeiras dez semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?"
Sim: 47,9%
Não: 39,9%
Sem opinião: 12,2%
2. Católica, Público, 14-15 Outubro 2006, Aleatória, Presencial, N=1282:
"Concorda com a despenalização da interrupção oluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas primeiras dez semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?"
Sim: 53%
Não: 21%
Não tenciona votar: 16%
Sem opinião: 10%
3. Eurosondagem, Expresso/SIC/RR, Aleatória, Telefónica, N=1033:
"Se houver um referendo sobre a interrupção voluntária da gravidez, como tenciona votar? (só quem respondeu "vai votar")
"Sim à descriminalização": 45,4%
"Não à descriminalização": 42,4%
Ns/Nr: 12,1%
Não é preciso fazer muitas contas para perceber que há grandes discrepâncias. Na sondagem da Católica, a percentagem de apoiantes da despenalização é 2,5 vezes maior que a de opositores. Na sondagem Aximage, 1,2 vezes. Na sondagem Eurosondagem é quase 1 para 1.
Estas discrepâncias não são novidade e não podem ser exclusivamente fruto do erro amostral nem parecem estar exclusivamente ligadas às diferentes opções genéricas de amostragem ou inquirição que costumam ser seguidas pelos diferentes institutos. Basta comparar os actuais resultados da Eurosondagem com este seu estudo de Fevereiro de 2004:
Eurosondagem, Expresso, 3 de Fevereiro de 2004, Aleatória, Telefónica, N=1025
Como votaria no referendo? (apenas aqueles que disseram que votariam)
"Pela legalização do aborto": 79%
"Contra a legalização": 14%
Não é fácil fazer sentido de tudo isto. No quadro seguinte, apresento, da forma mais comparável possível, os resultados das várias sondagens que conheço desde o início de 2004 sobre o tema. Nos casos em que as sondagens colocavam a pergunta em termos de "voto num referendo", há percentagens para aqueles que dizem que não iriam votar (no caso da Eurosondagem recalculei os resultados de forma a que esses fizessem parte do total).
Ajuda um bocadinho, mas não muito. Os resultados parecem ser brutalmente sensíveis a forma como a pergunta é formulada e às opções de resposta fornecidas, para além de serem certamente sensíveis a tudo o resto (amostragem, inquirição, etc). Hoje, no Público (amanhã, aqui) procurei explicar por que razão isto sucede e o que isto nos diz sobre as atitudes dos portugueses sobre o tema.
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