1. Maioria a favor do "sim"
Louis-Harris (1 Março)
Sim: 60%
Não: 40%
BVA (14 Março):
Sim: 56%
Não: 44%
TNS Sofres (10 Março):
Sim:56%
Não: 44%
2. Maioria a favor do "não"
CSA/TMO (23 Março):
Sim: 45%
Não: 55%
Não: 55%
IFOP (1 Abril):
Sim: 47%
Não: 53%
IPSOS ( 28 Março):
Sim: 46%
Não: 54%
É possível que parte das discrepâncias se devam ao facto de as sondagens que dão a vitória ao "sim" serem todas anteriores às sondagens que são a vitória ao "não". Mas isso é, certamente, apenas parte da história: quando analisamos as tendências de cada instituto ao longo do tempo, rapidamente verificamos que as diferenças entre institutos são estruturais, e não conjunturais, devendo-se certamente a opções metodológicas.
Estes referendos são o cabo dos trabalhos para quem faz sondagens. Primeiro, devido à alta abstenção, as opções que se façam para seleccionar os "votantes prováveis" são cruciais, e delas dependem os resultados.
Segundo, são eleições "pobres em informação" para os eleitores, levando a grande vulnerabilidade das preferências em relação a factores conjunturais e a que pistas normalmente relevantes noutros actos eleitorais - e que dão estabilidade a essas preferências (identificação partidária, por exemplo) - sejam aqui menos relevantes. Na sondagem Louis-Harris, mais de um terço daqueles que exprimiram uma intenção de voto disseram que ainda podiam mudar de ideias.
Finalmente, do ponto de vista da leitura pública dos resultados, os referendos são impiedosos para as empresas de sondagens: se uma empresa diz que o "não" tem 51% e o resultado acaba por ser 51% para o "sim", essa sondagem"falhou", mesmo que o erro esteja dentro da margem do erro aleatório (que é mais elevada, precisamente, quanto mais próximo de 50% seja o resultado a estimar). Uma grande dor de cabeça, de que eu não me irei livrar daqui a uns meses...
Seja como for, sem querer colocar completamente em causa a realização de referendos sobre estes e outros temas (o assunto é demasiadamente complicado para despachar num post), importa notar como são por vezes usados para outros fins que não apenas os de apreciar os méritos e os deméritos do assunto em análise. Por exemplo, todas as sondagens dizem que os simpatizantes dos partidos da oposição em França são tendencialmente (quando não maioritariamente) a favor do "não", sendo certo que alguns deles irão usar o referendo como punição a um executivo e um presidente que sofrem hoje de uma péssima imagem (no último estudo da TNS Sofres, 62% dos franceses dizem não ter confiança em Chirac, percentagem que aumenta para 71% no caso de Raffarin).
E aquilo que faz muitos sentirem-se à vontade para usar o referendo para fins que não os de apreciar a "bondade" ou "maldade" da CE é o facto de acharem que o desfecho é, em si mesmo, pura e simplesmente irrelevante: na mesma sondagem, 33% dos inquiridos dizem achar que a vitória do sim ou do não não tem qualquer importância para a França (fenómeno que ajuda aqueles que votariam sim a não se desclocarem à urnas e outros a usarem o referendo para enviar sinais de insatisfação com o governo). Um aviso à navegação cá para os nossos lados...
Sim: 47%
Não: 53%
IPSOS ( 28 Março):
Sim: 46%
Não: 54%
É possível que parte das discrepâncias se devam ao facto de as sondagens que dão a vitória ao "sim" serem todas anteriores às sondagens que são a vitória ao "não". Mas isso é, certamente, apenas parte da história: quando analisamos as tendências de cada instituto ao longo do tempo, rapidamente verificamos que as diferenças entre institutos são estruturais, e não conjunturais, devendo-se certamente a opções metodológicas.
Estes referendos são o cabo dos trabalhos para quem faz sondagens. Primeiro, devido à alta abstenção, as opções que se façam para seleccionar os "votantes prováveis" são cruciais, e delas dependem os resultados.
Segundo, são eleições "pobres em informação" para os eleitores, levando a grande vulnerabilidade das preferências em relação a factores conjunturais e a que pistas normalmente relevantes noutros actos eleitorais - e que dão estabilidade a essas preferências (identificação partidária, por exemplo) - sejam aqui menos relevantes. Na sondagem Louis-Harris, mais de um terço daqueles que exprimiram uma intenção de voto disseram que ainda podiam mudar de ideias.
Finalmente, do ponto de vista da leitura pública dos resultados, os referendos são impiedosos para as empresas de sondagens: se uma empresa diz que o "não" tem 51% e o resultado acaba por ser 51% para o "sim", essa sondagem"falhou", mesmo que o erro esteja dentro da margem do erro aleatório (que é mais elevada, precisamente, quanto mais próximo de 50% seja o resultado a estimar). Uma grande dor de cabeça, de que eu não me irei livrar daqui a uns meses...
Seja como for, sem querer colocar completamente em causa a realização de referendos sobre estes e outros temas (o assunto é demasiadamente complicado para despachar num post), importa notar como são por vezes usados para outros fins que não apenas os de apreciar os méritos e os deméritos do assunto em análise. Por exemplo, todas as sondagens dizem que os simpatizantes dos partidos da oposição em França são tendencialmente (quando não maioritariamente) a favor do "não", sendo certo que alguns deles irão usar o referendo como punição a um executivo e um presidente que sofrem hoje de uma péssima imagem (no último estudo da TNS Sofres, 62% dos franceses dizem não ter confiança em Chirac, percentagem que aumenta para 71% no caso de Raffarin).
E aquilo que faz muitos sentirem-se à vontade para usar o referendo para fins que não os de apreciar a "bondade" ou "maldade" da CE é o facto de acharem que o desfecho é, em si mesmo, pura e simplesmente irrelevante: na mesma sondagem, 33% dos inquiridos dizem achar que a vitória do sim ou do não não tem qualquer importância para a França (fenómeno que ajuda aqueles que votariam sim a não se desclocarem à urnas e outros a usarem o referendo para enviar sinais de insatisfação com o governo). Um aviso à navegação cá para os nossos lados...
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