sábado, janeiro 15, 2005

Poll of polls III

A série de sondagens divulgadas nos media desde o anúncio da dissolução da Assembleia resulta no seguinte quadro, que apresenta os resultados tal como destacados pelos órgãos de comunicação social, ordenando as sondagens da mais recente para a mais antiga:




Redistribuidos os indecisos, pressupondo a sua abstenção (ou a sua redistribuição proporcional pelas restantes opções) e feita a média das três sondagens mais recentes ficamos com o seguinte quadro.




Nada de novo. Nem sequer em relação ao Bloco de Esquerda, cuja alegada "subida" alimentou algum debate no Expresso da Meia-Noite ontem na SIC Notícias. Mas reparem no seguinte:

1. Na anterior sondagem da Eurosondagem, o BE teve 4,5% de intenções de voto. Desta vez, teve 5,7%.

2. Contudo, a anterior estimativa do BE tem associada uma margem de erro de 0,9%. Isto significa que, se a anterior sondagem tivesse sido feita na base de uma amostra puramente aleatória, haveria 95% de chances de que as intenções de voto reais no BE na população estivessem entre 3,6% e 5,4%. E nem estamos a contar com erro não amostral.

3. Nesta última sondagem, a estimativa do BE tem associada uma margem de erro de 1,4%. Há assim 95% de chances de que as intenções de voto reais na população estejam entre 4,3% e 7,1%.

4. Assim, o BE passa de 3,6-5,4% para 4,3-7,1%. Isto é uma subida? Não faço a mínima ideia.

É claro que, se a estimativa pontual do BE aparecer de novo a subir para a casa dos 5-6% numa próxima sondagem (da mesma forma como o CDS passou da casa dos 4-5% para a casa dos 6-7%desde as primeiras sondagens da Aximage ou da Eurosondagem), a probabilidade de termos assistido a algo casual diminui um pouco. Mas por enquanto, a afirmação de que a intenção de voto no BE aumentou tem tão pouca sustentação empírica que seria melhor não a fazer.

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