A campanha de John McCain tirou mais um coelho da cartola: a suspensão da campanha, o apelo à união em face da crise, o pedido do adiamento do debate previsto para amanhã. A maior parte das pessoas que comentam a política americana com alguma objectividade já tinham reconhecido a maleabilidade e criatividade da campanha de McCain em face de circunstâncias adversas, algo de que a escolha de Sarah Palin tinha sido o melhor símbolo. Mas agora há dúvidas sobre se isto faz algum sentido. Esta suspensão vem (e tem sido interpretada como vindo) na sequência de sondagens particularmente adversas, incluindo duas (esta e esta) em que Obama surge com mais de 50% das intenções de voto, incluindo indecisos, os melhores resultados de sempre desde o início da campanha.
Tudo começa a parecer um erro de cálculo brutal por parte de McCain. Aparentemente, a campanha Republicana insistiu para que o debate inicial - o tal que talvez ocorra amanhã - fosse sobre política externa, de forma a que McCain arrancasse a série de debates em terreno vantajoso para recuperar algo do que tem perdido nos últimos tempos. Obama concordou, preferindo que o último debate se concentrasse em terreno mais vantajoso para ele, a economia. Mas com o que se tem passado nos últimos dias, a campanha de McCain terá percebido que o tema mais vantajoso para McCain é, de momento, o que menos interessa aos americanos. Este emendar de mão, contudo, cheira muito mais a manobra do que a acesso repentino de responsabilidade política.
O mais irónico disto tudo é que é muito duvidoso que os debates tenham assim tanta importância no voto. Tom Holbrook, cientista político em Wisconsin, mostra aqui como a norma é que os debates provoquem mudanças muito reduzidas nas intenções de voto. Claro que, numa corrida destas, qualquer pontinho conta. Mas o risco é que McCain perca mais com as acrobacias recentes do que aquilo que poderia perder ou ganhar com os debates.
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