Regresso 2ª feira, com mais "pontos de situação" em vários concelhos.
Entretanto, podem entreter-se com esta sondagem. Nada de novo.
É estranho, contudo, que alguns jornalistas que escrevem sobre sondagens continuem a achar que os indecisos fazem parte do apuramento de resultados, o que os leva a escrever coisas como esta:
Com este resultado, o provável candidato da direita às presidenciais ficaria a escassos 1,4 por cento da maioria absoluta, margem que até poderia ser suficiente para a vitória logo à primeira volta, uma vez que o Barómetro tem uma margem de erro de 3,46 por cento.
Só no DN parece estar alguém acordado:
Por um lado, porque Cavaco fica a 1,4% da almejada maioria absoluta, uma diferença que está dentro da margem de erro da sondagem (3,46%). Por outro lado, estes resultados não têm distribuição de indecisos - o que, só por si, poderia colocar Cavaco acima dos 50%.
quinta-feira, setembro 29, 2005
Autárquicas, Faro, ponto de situação
Com a divulgação da sondagem da Católica hoje, o ponto de situação é o seguinte (fonte: site Marktest):
Notas:
1. Na sondagem da Católica de Setembro, as estimativas para o CDS-PP não aparecem discriminadas. Isso sucede porque as intenções de voto recolhidas para essa lista estão abaixo da margem de erro, sendo por isso adicionadas às dos restantes partidos na mesma situação. Na restantes sondagens, a estimativa para o CDS-PP também está abaixo da margem de erro, mas foi divulgada. Para manter comparabilidade neste quadro, o CDS-PP foi somado às restantes listas abaixo da margem de erro em todas as sondagens.
2. Nas sondagens que apresentaram resultados de indecisos sem os redistribuir, foi feita a redistribuição proporcionalmente pelas restantes opções de voto válidas.
Notas:
1. Na sondagem da Católica de Setembro, as estimativas para o CDS-PP não aparecem discriminadas. Isso sucede porque as intenções de voto recolhidas para essa lista estão abaixo da margem de erro, sendo por isso adicionadas às dos restantes partidos na mesma situação. Na restantes sondagens, a estimativa para o CDS-PP também está abaixo da margem de erro, mas foi divulgada. Para manter comparabilidade neste quadro, o CDS-PP foi somado às restantes listas abaixo da margem de erro em todas as sondagens.
2. Nas sondagens que apresentaram resultados de indecisos sem os redistribuir, foi feita a redistribuição proporcionalmente pelas restantes opções de voto válidas.
quarta-feira, setembro 28, 2005
Autárquicas, Oeiras, ponto de situação
Com a divulgação da sondagem da Católica hoje, o ponto de situação em Oeiras é o seguinte (fonte: site Marktest):
Notas:
1. Na sondagem Eurosondagem de Junho e Católica de Setembro, as estimativas para o CDS-PP não aparecem discriminadas. No caso da Católica (e creio passar-se o mesmo com a da Eurosondagem), isso sucede porque as intenções de voto recolhidas para essa lista estão abaixo da margem de erro, sendo por isso adicionadas às dos restantes partidos na mesma situação.
2. Nas sondagens que apresentarem resultados de indecisos sem os redistribuir, foi feita a redistribuição proporcionalmente pelas restantes opções de voto válidas.
Notas:
1. Na sondagem Eurosondagem de Junho e Católica de Setembro, as estimativas para o CDS-PP não aparecem discriminadas. No caso da Católica (e creio passar-se o mesmo com a da Eurosondagem), isso sucede porque as intenções de voto recolhidas para essa lista estão abaixo da margem de erro, sendo por isso adicionadas às dos restantes partidos na mesma situação.
2. Nas sondagens que apresentarem resultados de indecisos sem os redistribuir, foi feita a redistribuição proporcionalmente pelas restantes opções de voto válidas.
terça-feira, setembro 27, 2005
Curiosidade histórica: a sondagem sobre a greve geral de 2002
Recebi de um leitor o seguinte e-mail (excerto):
Não vivo em Portugal, em Lisboa, há cerca de quatro anos, e os dados que lhe poderei dar serão sempre pouco exactos. Deste modo, se não vai contra a política do seu blog (ou se a questão, pura e simplesmente, não lhe interessa), gostaria muito de ver esclarecida (no seu blog ou através deste mail) uma questão a propósito de uma sondagem que foi realizada pelo jornal PUBLICO aquando da greve geral, durante o governo de Durão Barroso (ministro Bagão Félix), ou seja, julgo eu, nos finais de 2003.
Tentei procurar na net e nada encontrei a propósito desta sondagem ou mesmo da dita greve (apenas no site pt.indymedia.org, uma nota e uma discussão). A questão importante neste caso é que a sondagem falava de 5% de adesão à greve, no máximo 10%, e todas as organizações falaram a partir destes números. O ministro Bagão Félix (que tinha aliás falado ameaçadoramente de um acto de greve anti-patriótico, contra o desenvolvimento do país) sentiu-se vitorioso e os sindicatos pouco puderam dizer, apesar de os seus números serem muito diferentes (adesão baixa, mas não tanto).
A ideia com que eu fiquei - e daqui o pedido de possível esclarecimento sobre uma enorme e estranhamente clara fraude - foi que a dita sondagem tinha como universo cerca de 85% de trabalhadores por conta própria (que, obviamente, nunca fariam greve).Gostaria muito de ver esta minha questãos olucionada, nem que seja porque a sua memória seja melhor que a minha.
Ora bem. Não tenho, neste posto de trabalho onde estou agora os dados sobre essa sondagem de, salvo erro, Dezembro de 2002. Mas recordo-me de várias coisas:
1. A percentagem de adesão declarada na sondagem em relação ao total da população empregada foi de, salvo erro, 10%;
2. A sondagem não media "falta de comparência ao local de trabalho" (os dados dos sindicatos) mas sim "adesão à greve", o que torna as percentagens não comparáveis. Como é óbvio, eu posso não ir trabalhar se achar que não tenho transportes, mas isso não quer dizer que "adira à greve". O que é mais importante e significativo? Não sei. Sei é que a sondagem media o que lá estava escrito que procurava medir, e não outra coisa qualquer.
3. Mais importante, a sondagem apresentava várias percentagens de adesão em relação a várias bases: a população empregada, a população empregada por conta de outrem, a população empregada por conta de outrem no sector público, em função do vínculo contratual, etc. Como é óbvio, a percentagem subia à medida que íamos restringíamos o universo desta forma. Salvo erro, chegava aos 30%, na melhor das hipóteses.
4. O grande problema, segundo me lembro, foi outro: o facto de o Público ter destacado "Greve Geral teve adesão de 10%", sem distingir sectores, trabalhadores por conta de outrém e por conta própria, etc. Tudo o resto, que lá estava escrito e relatado no corpo da notícia, se perdeu à volta deste número mágico: 10%.
5. Mas se se perdeu, a responsabilidade foi também, em parte, dos dirigentes sindicais. Para o leitor, a impressão que lhe ficou foi de "enorme e estranhamente clara fraude". Bem, fui responsável pela sondagem, e não participo em "fraudes". Mas recordo-me claramente que a impressão que me ficou foi de enorme e estranhamente clara falta de sofisticação política dos dirigentes sindicais, que em vez de destacarem a percentagem de adesão entre os trabalhadores contratados por conta de outrem, com contrato e no sector público (que foi publicada e divulgada no Público, na RTP e na RDP), fixaram-se também eles nestes "10%", entretendo-se com acusações de "fraude" e queixas à AACS e, logo, contribuindo assim para aumentar a visibilidade do valor geral calculado em relação à totalidade da população empregada, para satisfação evidente do ex-ministro Bagão Félix.
Não vivo em Portugal, em Lisboa, há cerca de quatro anos, e os dados que lhe poderei dar serão sempre pouco exactos. Deste modo, se não vai contra a política do seu blog (ou se a questão, pura e simplesmente, não lhe interessa), gostaria muito de ver esclarecida (no seu blog ou através deste mail) uma questão a propósito de uma sondagem que foi realizada pelo jornal PUBLICO aquando da greve geral, durante o governo de Durão Barroso (ministro Bagão Félix), ou seja, julgo eu, nos finais de 2003.
Tentei procurar na net e nada encontrei a propósito desta sondagem ou mesmo da dita greve (apenas no site pt.indymedia.org, uma nota e uma discussão). A questão importante neste caso é que a sondagem falava de 5% de adesão à greve, no máximo 10%, e todas as organizações falaram a partir destes números. O ministro Bagão Félix (que tinha aliás falado ameaçadoramente de um acto de greve anti-patriótico, contra o desenvolvimento do país) sentiu-se vitorioso e os sindicatos pouco puderam dizer, apesar de os seus números serem muito diferentes (adesão baixa, mas não tanto).
A ideia com que eu fiquei - e daqui o pedido de possível esclarecimento sobre uma enorme e estranhamente clara fraude - foi que a dita sondagem tinha como universo cerca de 85% de trabalhadores por conta própria (que, obviamente, nunca fariam greve).Gostaria muito de ver esta minha questãos olucionada, nem que seja porque a sua memória seja melhor que a minha.
Ora bem. Não tenho, neste posto de trabalho onde estou agora os dados sobre essa sondagem de, salvo erro, Dezembro de 2002. Mas recordo-me de várias coisas:
1. A percentagem de adesão declarada na sondagem em relação ao total da população empregada foi de, salvo erro, 10%;
2. A sondagem não media "falta de comparência ao local de trabalho" (os dados dos sindicatos) mas sim "adesão à greve", o que torna as percentagens não comparáveis. Como é óbvio, eu posso não ir trabalhar se achar que não tenho transportes, mas isso não quer dizer que "adira à greve". O que é mais importante e significativo? Não sei. Sei é que a sondagem media o que lá estava escrito que procurava medir, e não outra coisa qualquer.
3. Mais importante, a sondagem apresentava várias percentagens de adesão em relação a várias bases: a população empregada, a população empregada por conta de outrem, a população empregada por conta de outrem no sector público, em função do vínculo contratual, etc. Como é óbvio, a percentagem subia à medida que íamos restringíamos o universo desta forma. Salvo erro, chegava aos 30%, na melhor das hipóteses.
4. O grande problema, segundo me lembro, foi outro: o facto de o Público ter destacado "Greve Geral teve adesão de 10%", sem distingir sectores, trabalhadores por conta de outrém e por conta própria, etc. Tudo o resto, que lá estava escrito e relatado no corpo da notícia, se perdeu à volta deste número mágico: 10%.
5. Mas se se perdeu, a responsabilidade foi também, em parte, dos dirigentes sindicais. Para o leitor, a impressão que lhe ficou foi de "enorme e estranhamente clara fraude". Bem, fui responsável pela sondagem, e não participo em "fraudes". Mas recordo-me claramente que a impressão que me ficou foi de enorme e estranhamente clara falta de sofisticação política dos dirigentes sindicais, que em vez de destacarem a percentagem de adesão entre os trabalhadores contratados por conta de outrem, com contrato e no sector público (que foi publicada e divulgada no Público, na RTP e na RDP), fixaram-se também eles nestes "10%", entretendo-se com acusações de "fraude" e queixas à AACS e, logo, contribuindo assim para aumentar a visibilidade do valor geral calculado em relação à totalidade da população empregada, para satisfação evidente do ex-ministro Bagão Félix.
segunda-feira, setembro 26, 2005
Mais presidenciais
Sobre as sondagens recentes e as suas interpretações políticas, importa ter em conta três pontos que não têm sido suficientes realçados nas análises recentes:
1. Como já tinha sugerido aqui e como o Quarta República recorda aqui, os dados da última sondagem sobre as presidenciais, em particular no que respeita ao cenário de candidatura de Manuel Alegre, não autorizam que se interprete que essa candidatura "retira a vitória de Cavaco Silva à primeira volta". Primeiro, porque a própria sondagem indica a vitória de Cavaco Silva à primeira volta mesmo no cenário Manuel Alegre, ao contrário do que sugerem as interpretações mais apressadas (esqueceram-se de redistribuir os indecisos). Segundo, porque o cenário inclui Paulo Portas como candidato, o que não é de todo garantido que não pertença apenas ao reino da fantasia.
2. O que a sondagem sugere, isso sim, é outra coisa (e muito importante): que a colocação de Manuel Alegre no "menu" de candidatos a par de outros candidatos de esquerda parece levar a que eleitores que, neste momento e noutro cenário, se declaram indecisos ou abstencionistas ( ou tencionando votar em Cavaco Silva), declarem uma intenção de voto em Manuel Alegre, o que tem como resultado um crescimento do voto nos candidatos de esquerda e, logo, uma diminuição da probabilidade de que Cavaco Silva consiga uma maioria absoluta à primeira volta. Eu sei que parece uma diferença meramente semântica em relação ao ponto 1, mas não é.
3. Contudo, queria só recordar que isto é apenas verdade na medida em que a mútua concorrência de candidaturas à esquerda não sirva para, futuramente, desmobilizar significativamente os actuais apoiantes dessas candidaturas. Por outras palavras: é possível que alguns desses eleitores, confrontados com mensagens negativas de e sobre candidatos da sua área política, perplexos com a multiplicação de candidaturas e baralhados com as pistas enviadas pelos partidos ("vota neste na 1ª volta para votares naquele na 2ª"; "quem é e quem devia ser o candidato do PS?", etc.), acabam por de refugiar na abstenção ou mesmo no voto em Cavaco Silva.
Logo, queria só dizer que a "matemática" das sondagens que sustenta a candidatura de Manuel Alegre é, porventura, demasiado simplista, e que não creio que haja certezas sobre a contribuição dessa candidatura para diminuir a probabilidade de vitória de Cavaco Silva à primeira volta.
1. Como já tinha sugerido aqui e como o Quarta República recorda aqui, os dados da última sondagem sobre as presidenciais, em particular no que respeita ao cenário de candidatura de Manuel Alegre, não autorizam que se interprete que essa candidatura "retira a vitória de Cavaco Silva à primeira volta". Primeiro, porque a própria sondagem indica a vitória de Cavaco Silva à primeira volta mesmo no cenário Manuel Alegre, ao contrário do que sugerem as interpretações mais apressadas (esqueceram-se de redistribuir os indecisos). Segundo, porque o cenário inclui Paulo Portas como candidato, o que não é de todo garantido que não pertença apenas ao reino da fantasia.
2. O que a sondagem sugere, isso sim, é outra coisa (e muito importante): que a colocação de Manuel Alegre no "menu" de candidatos a par de outros candidatos de esquerda parece levar a que eleitores que, neste momento e noutro cenário, se declaram indecisos ou abstencionistas ( ou tencionando votar em Cavaco Silva), declarem uma intenção de voto em Manuel Alegre, o que tem como resultado um crescimento do voto nos candidatos de esquerda e, logo, uma diminuição da probabilidade de que Cavaco Silva consiga uma maioria absoluta à primeira volta. Eu sei que parece uma diferença meramente semântica em relação ao ponto 1, mas não é.
3. Contudo, queria só recordar que isto é apenas verdade na medida em que a mútua concorrência de candidaturas à esquerda não sirva para, futuramente, desmobilizar significativamente os actuais apoiantes dessas candidaturas. Por outras palavras: é possível que alguns desses eleitores, confrontados com mensagens negativas de e sobre candidatos da sua área política, perplexos com a multiplicação de candidaturas e baralhados com as pistas enviadas pelos partidos ("vota neste na 1ª volta para votares naquele na 2ª"; "quem é e quem devia ser o candidato do PS?", etc.), acabam por de refugiar na abstenção ou mesmo no voto em Cavaco Silva.
Logo, queria só dizer que a "matemática" das sondagens que sustenta a candidatura de Manuel Alegre é, porventura, demasiado simplista, e que não creio que haja certezas sobre a contribuição dessa candidatura para diminuir a probabilidade de vitória de Cavaco Silva à primeira volta.
sábado, setembro 24, 2005
Liberalism against Populism
A propósito desta frase de um post meu anterior - "porque a percentagem mais elevada de concordância com a ideia de que o seu país é governado de acordo coma vontade do povo é atingida num regime...não democrático. Malásia, com 71%" - recebi esta mensagem do Jorge Candeias:
"A verdade é que não existe uma relação directa entre a democraticidade do sistema de selecção dos dirigentes e o respeito pela vontade do povo de que esses dirigentes dão mostras uma vez seleccionados. Não é essa a grande vantagem das democracias sobre sistemas totalitários: a grande vantagem da democracia é fornecer um mecanismo geralmente aceite e em geral pacífico para a substituição dos dirigentes que *não* governam segundo a vontade do povo."
O argumento é, claro, interessante, e encontra-se apresentado na sua forma mais acabada neste livro, um clássico absoluto da Ciência Política, escrito pelo homem que mais contribuiu - para gáudio de uns e desgosto de outros - para a penetração do estudo da política pelas teorias económicas, William Riker.
Aqui usam-se as teorias económicas da "escolha colectiva" (Arrow, outra vez) para mostrar que as expectativas "Rousseaunianas" em relação à democracia são irrealistas e que nos podemos e devemos contentar com uma visão mais "Madisoniana" (democracia como separação de poderes e, no máximo, "throw out the bad guys").
Pano para mangas, e não vai ser hoje...(de assuntos complicados, tenho ainda por cumprir uma análise do eleitorado do Bloco de Esquerda). Mas já agora, para um desancanço monumental nas ideias de Riker (e, talvez, do Jorge Candeias), ver isto (disponível, pelo menos, na biblioteca do ICS).
"A verdade é que não existe uma relação directa entre a democraticidade do sistema de selecção dos dirigentes e o respeito pela vontade do povo de que esses dirigentes dão mostras uma vez seleccionados. Não é essa a grande vantagem das democracias sobre sistemas totalitários: a grande vantagem da democracia é fornecer um mecanismo geralmente aceite e em geral pacífico para a substituição dos dirigentes que *não* governam segundo a vontade do povo."
O argumento é, claro, interessante, e encontra-se apresentado na sua forma mais acabada neste livro, um clássico absoluto da Ciência Política, escrito pelo homem que mais contribuiu - para gáudio de uns e desgosto de outros - para a penetração do estudo da política pelas teorias económicas, William Riker.
Aqui usam-se as teorias económicas da "escolha colectiva" (Arrow, outra vez) para mostrar que as expectativas "Rousseaunianas" em relação à democracia são irrealistas e que nos podemos e devemos contentar com uma visão mais "Madisoniana" (democracia como separação de poderes e, no máximo, "throw out the bad guys").
Pano para mangas, e não vai ser hoje...(de assuntos complicados, tenho ainda por cumprir uma análise do eleitorado do Bloco de Esquerda). Mas já agora, para um desancanço monumental nas ideias de Riker (e, talvez, do Jorge Candeias), ver isto (disponível, pelo menos, na biblioteca do ICS).
Oeiras, Eurosondagem
Eurosondagem, 20-21 Setembro, Aleatória, Telefónica, N= 1020 (fonte)
Isaltino Morais - Oeiras mais à frente: 36,9%
Tereza Zambujo - PSD: 31,2%
Emanuel Martins - PS: 17,9%
Amílcar Campos - CDU: 5,7%
Miguel Pinto - BE : 3,6%
Isabel Sande e Castro - CDS/PP: 1,4%
Outro Candidato/O.Part./Branco/Nulo: 3,3%
Isaltino Morais - Oeiras mais à frente: 36,9%
Tereza Zambujo - PSD: 31,2%
Emanuel Martins - PS: 17,9%
Amílcar Campos - CDU: 5,7%
Miguel Pinto - BE : 3,6%
Isabel Sande e Castro - CDS/PP: 1,4%
Outro Candidato/O.Part./Branco/Nulo: 3,3%
Sintra, Eurosondagem
Eurosondagem, 19-20 Setembro, Aleatória, Telefónica, N= 1025 (fonte)
Fernando Seara - PSD+CDS/PP+PPM+MPT: 42,1%
João Soares - PS: 38,1%
Baptista Alves - CDU: 10,2%
João Silva - BE: 5.1%
Outro Candidato/O.Part./Branco/Nulo: 4,5%
Fernando Seara - PSD+CDS/PP+PPM+MPT: 42,1%
João Soares - PS: 38,1%
Baptista Alves - CDU: 10,2%
João Silva - BE: 5.1%
Outro Candidato/O.Part./Branco/Nulo: 4,5%
sexta-feira, setembro 23, 2005
Sondagem presidenciais, Aximage
Aximage, 17-18 Setembro, Quotas, N=502, Telefónica.
Cenário 1, 1ª volta:
Cavaco Silva: 50,6%
Mário Soares: 21,7%
Jerónimo de Sousa: 4,7%
Francisco Louçã:4,3%
Indecisos:18,7%
Cenário 1, 1ª volta, com indecisos redistribuidos proporcionalmente:
Cavaco Silva: 62%
Mário Soares: 27%
Jerónimo de Sousa:6%
Francisco Louçã: 5%
Cenário 2, 1ª volta:
Cavaco Silva: 45,9%
Mário Soares: 18,4%
Manuel Alegre: 13,5%
Jerónimo de Sousa: 3,5%
Paulo Portas: 3,2%
Francisco Louçã: 2,8%
Indecisos: 12,7%
Cenário 2, 1ª volta, com indecisos redistribuidos proporcionalmente:
Cavaco Silva: 53%
Mário Soares: 21%
Manuel Alegre: 15%
Jerónimo de Sousa: 4%
Francisco Louçã:4%
Paulo Portas: 3%
Logo, este título do Correio da Manhã - "Entrada de Manuel Alegre na corrida retira vitória ao ex-chefe de Governo [Cavaco Silva] na primeira volta" - seria bem mais preciso se dissesse "Entrada de Manuel Alegre pode retirar vitória", dado que Cavaco também aparece com mais de 50% à primeira volta no cenário 2 com Manuel Alegre e Paulo Portas (se bem que a sua votação desça em relação ao cenário 1 e a margem de erro admita um resultado abaixo dos 50%).
2ª volta:
Cavaco Silva: 54,2%
Mário Soares: 29,4%
Indecisos: 16,4%
2ª volta, com indecisos redistribuidos proporcionalmente:
Cavaco Silva: 65%
Mário Soares: 35%
Comparando com estas e esta, naquilo que é comparável, temos que:
1. Cavaco Silva claramente vencedor à primeira volta no cenário 1 para Aximage e Intercampus, mas não para Católica;
2. Na segunda volta, convergência entre todas as sondagens: Cavaco Silva com mais de 60% .
Cenário 1, 1ª volta:
Cavaco Silva: 50,6%
Mário Soares: 21,7%
Jerónimo de Sousa: 4,7%
Francisco Louçã:4,3%
Indecisos:18,7%
Cenário 1, 1ª volta, com indecisos redistribuidos proporcionalmente:
Cavaco Silva: 62%
Mário Soares: 27%
Jerónimo de Sousa:6%
Francisco Louçã: 5%
Cenário 2, 1ª volta:
Cavaco Silva: 45,9%
Mário Soares: 18,4%
Manuel Alegre: 13,5%
Jerónimo de Sousa: 3,5%
Paulo Portas: 3,2%
Francisco Louçã: 2,8%
Indecisos: 12,7%
Cenário 2, 1ª volta, com indecisos redistribuidos proporcionalmente:
Cavaco Silva: 53%
Mário Soares: 21%
Manuel Alegre: 15%
Jerónimo de Sousa: 4%
Francisco Louçã:4%
Paulo Portas: 3%
Logo, este título do Correio da Manhã - "Entrada de Manuel Alegre na corrida retira vitória ao ex-chefe de Governo [Cavaco Silva] na primeira volta" - seria bem mais preciso se dissesse "Entrada de Manuel Alegre pode retirar vitória", dado que Cavaco também aparece com mais de 50% à primeira volta no cenário 2 com Manuel Alegre e Paulo Portas (se bem que a sua votação desça em relação ao cenário 1 e a margem de erro admita um resultado abaixo dos 50%).
2ª volta:
Cavaco Silva: 54,2%
Mário Soares: 29,4%
Indecisos: 16,4%
2ª volta, com indecisos redistribuidos proporcionalmente:
Cavaco Silva: 65%
Mário Soares: 35%
Comparando com estas e esta, naquilo que é comparável, temos que:
1. Cavaco Silva claramente vencedor à primeira volta no cenário 1 para Aximage e Intercampus, mas não para Católica;
2. Na segunda volta, convergência entre todas as sondagens: Cavaco Silva com mais de 60% .
E no seguimento do post anterior...
Candidatos contestam sondagem que dá vitoria a Fátima Felgueiras
Os candidatos do PS e PSD à Câmara de Felgueiras contestaram, esta sexta-feira, os resultados da sondagem realizada pela Intercampos para a TSF/DN/TVI, na qual a ex-autarca sai claramente vencedora.De acordo com a sondagem, se as eleições fossem hoje, Fátima Felgueiras e o movimento Sempre Presente sairiam vencedores, com uma diferença de 10 pontos em relação ao PS, segundo partido mais votado.Perante esta sondagem, o candidato do PS, José Campos, contrapõe com uma outra, que sai esta sexta-feira, e que dá 48,6 por cento dos votos ao PS, 21 por cento para o PSD e cerca de 20 por cento para o movimento Sempre Presente.
Já o candidato do PSD, Caldas Afonso, é mais crítico, apontando ao dedo ao modelo de inquérito utilizado.«Não se pode brincar com coisas sérias, em particular com esse tipo de informação. Validar uma informação, entrevistas feitas no dia em que a dra. Fátima chega e que estão à porta do tribunal os seus tradicionais apoiantes, baseado num número tão pequeno (...) Isso não é uma sondagem séria», disse.
Perante estas críticas, o director-geral da Intercampos, António Salvador, considera que as mesmas sãos injustas e diz que aquilo que foi feito - uma sondagem directa e pessoal usando a simulação de voto em urna. «mais sério que isto seria impossível», explicou.António Salvador desmentiu, também, que a sondagem tenha sido realizada à porta do tribunal.
Os candidatos do PS e PSD à Câmara de Felgueiras contestaram, esta sexta-feira, os resultados da sondagem realizada pela Intercampos para a TSF/DN/TVI, na qual a ex-autarca sai claramente vencedora.De acordo com a sondagem, se as eleições fossem hoje, Fátima Felgueiras e o movimento Sempre Presente sairiam vencedores, com uma diferença de 10 pontos em relação ao PS, segundo partido mais votado.Perante esta sondagem, o candidato do PS, José Campos, contrapõe com uma outra, que sai esta sexta-feira, e que dá 48,6 por cento dos votos ao PS, 21 por cento para o PSD e cerca de 20 por cento para o movimento Sempre Presente.
Já o candidato do PSD, Caldas Afonso, é mais crítico, apontando ao dedo ao modelo de inquérito utilizado.«Não se pode brincar com coisas sérias, em particular com esse tipo de informação. Validar uma informação, entrevistas feitas no dia em que a dra. Fátima chega e que estão à porta do tribunal os seus tradicionais apoiantes, baseado num número tão pequeno (...) Isso não é uma sondagem séria», disse.
Perante estas críticas, o director-geral da Intercampos, António Salvador, considera que as mesmas sãos injustas e diz que aquilo que foi feito - uma sondagem directa e pessoal usando a simulação de voto em urna. «mais sério que isto seria impossível», explicou.António Salvador desmentiu, também, que a sondagem tenha sido realizada à porta do tribunal.
Felgueiras
Intercampus, 21 de Setembro, N=330, simulação em urna, método amostral ausente da ficha técnica divulgada no site da TSF.
Fátima Felgueiras: 37,6%
PS: 27,3%
PSD: 18,2%
CDU: 4,1%
CDS-PP: 1,8%
Branco/nulo: 7,0%
Indecisos: o que falta para 100%, talvez (4%).
Esta sondagem foi conduzida, presume-se, ao final da tarde e princípio da noite do dia 21, o próprio dia em que a foragida ex-Presidente de Câmara regressou ao país e viu a sua prisão preventiva anulada, e horas (senão mesmo minutos) depois da conferência de imprensa em que anunciou que irá ser candidata à Presidência da Câmara.
Para tornar possível a sua divulgação hoje, o trabalho de campo teve de terminar nesse dia, o que levou a que resultasse numa amostra de apenas 330 inquiridos. Isto significa que, só em margem de erro amostral e com 95% de confiança (sem contar com as outras fontes de erro), o valor real das intenções de voto em FF oscilarão pelo menos (e aproximadamente) entre os 32% e os 42%, enquanto as no PS oscilarão pelo menos entre entre os 22 e os 32%.
Fátima Felgueiras: 37,6%
PS: 27,3%
PSD: 18,2%
CDU: 4,1%
CDS-PP: 1,8%
Branco/nulo: 7,0%
Indecisos: o que falta para 100%, talvez (4%).
Esta sondagem foi conduzida, presume-se, ao final da tarde e princípio da noite do dia 21, o próprio dia em que a foragida ex-Presidente de Câmara regressou ao país e viu a sua prisão preventiva anulada, e horas (senão mesmo minutos) depois da conferência de imprensa em que anunciou que irá ser candidata à Presidência da Câmara.
Para tornar possível a sua divulgação hoje, o trabalho de campo teve de terminar nesse dia, o que levou a que resultasse numa amostra de apenas 330 inquiridos. Isto significa que, só em margem de erro amostral e com 95% de confiança (sem contar com as outras fontes de erro), o valor real das intenções de voto em FF oscilarão pelo menos (e aproximadamente) entre os 32% e os 42%, enquanto as no PS oscilarão pelo menos entre entre os 22 e os 32%.
quinta-feira, setembro 22, 2005
Os grandes e os pequenos
Agora que CDU/CSU e SPD somam uma das baixas votações de sempre para os "grandes partidos" na Alemanha - small is beautiful - vale a pena ler um artigo no mais recente número da American Political Science Review (só para assinantes, infelizmente).
Chama-se "Competition Between Unequals: The Role of Mainstream Party Strategy in Niche Party Success", e nele se explica como o sucesso dos "pequenos" "novos" partidos é determinado pelas diferentes estratégias que os partidos dominantes podem adoptar: "dismissive" (ignorar e não tomar posição sobre os temas - como, digamos, imigração, ambiente, aborto, integração europeia, etc. - introduzidos pelos pequenos partidos), "accomodative" (reconhecer a importância dos temas tomando posição convergente) ou "adversarial" (reconhecer a importância dos temas tomando posição divergente).
Tudo isso tem efeitos na saliência que esses temas acabam por adquirir na luta eleitoral e na percepção dos eleitores acerca dos partidos que se tornam "donos" desses temas em particular. E o sucesso ou insucesso desses novos partidos, assim como as suas consequências mais vastas para a perda de votos nos grandes partidos, dependem também, claro, da combinação de estratégias adoptadas pelos (normalmente, dois) partidos dominantes. Exemplos: o papel da estratégia "adversarial" do Partido Republicano face a Ralph Nader na perda de votos do Partido Democrata e na derrota de Al Gore em 2000; o papel que a estratégia adversarial do PS francês em relação à Frente Nacional desde os anos 80 teve na subida da própria FN e na descida do RPR; etc.
À atenção dos estudiosos do Bloco de Esquerda...
Chama-se "Competition Between Unequals: The Role of Mainstream Party Strategy in Niche Party Success", e nele se explica como o sucesso dos "pequenos" "novos" partidos é determinado pelas diferentes estratégias que os partidos dominantes podem adoptar: "dismissive" (ignorar e não tomar posição sobre os temas - como, digamos, imigração, ambiente, aborto, integração europeia, etc. - introduzidos pelos pequenos partidos), "accomodative" (reconhecer a importância dos temas tomando posição convergente) ou "adversarial" (reconhecer a importância dos temas tomando posição divergente).
Tudo isso tem efeitos na saliência que esses temas acabam por adquirir na luta eleitoral e na percepção dos eleitores acerca dos partidos que se tornam "donos" desses temas em particular. E o sucesso ou insucesso desses novos partidos, assim como as suas consequências mais vastas para a perda de votos nos grandes partidos, dependem também, claro, da combinação de estratégias adoptadas pelos (normalmente, dois) partidos dominantes. Exemplos: o papel da estratégia "adversarial" do Partido Republicano face a Ralph Nader na perda de votos do Partido Democrata e na derrota de Al Gore em 2000; o papel que a estratégia adversarial do PS francês em relação à Frente Nacional desde os anos 80 teve na subida da própria FN e na descida do RPR; etc.
À atenção dos estudiosos do Bloco de Esquerda...
Mais sondagens
Uma fonte adicional para as sondagens das autárquicas, aqui, no site da SIC/Expresso/Visão sobre as eleições.
Ironias da democracia
Gallup International, Maio-Julho 2005, N=50.000, 65 países, metodologias variáveis, a não perder, aqui (pdf).
Principais resultados:
1. Em média, 79% dos cidadãos de 65 países consideram que a democracia, apesar dos seus problemas, é a melhor forma de governo. Contudo, concordância tende a ser inferior na na Europa de Leste;
2. Concordância com a ideia de que as eleições no seu país são "livres e justas" é mais elevada na Europa Ocidental (67%), inferior na América do Norte (55%) e baixa em África, na América Latina e na Europa de Leste (33-34%).
3. Concordância com a ideia de que o seu país é "governado segundo a vontade do povo" é baixa em todas as regiões (sempre menos de 40%), especialmente na Europa de Leste. Em média, 65% discorda da ideia de que o seu país é governado de acordo com a vontade do povo.
4. Mas não convém tirar conclusões precipitadas sobre o que isto significa. Porque a percentagem mais elevada de concordância com a ideia de que o seu país é governado de acordo coma vontade do povo é atingida num regime...não democrático. Malásia, com 71%.
Principais resultados:
1. Em média, 79% dos cidadãos de 65 países consideram que a democracia, apesar dos seus problemas, é a melhor forma de governo. Contudo, concordância tende a ser inferior na na Europa de Leste;
2. Concordância com a ideia de que as eleições no seu país são "livres e justas" é mais elevada na Europa Ocidental (67%), inferior na América do Norte (55%) e baixa em África, na América Latina e na Europa de Leste (33-34%).
3. Concordância com a ideia de que o seu país é "governado segundo a vontade do povo" é baixa em todas as regiões (sempre menos de 40%), especialmente na Europa de Leste. Em média, 65% discorda da ideia de que o seu país é governado de acordo com a vontade do povo.
4. Mas não convém tirar conclusões precipitadas sobre o que isto significa. Porque a percentagem mais elevada de concordância com a ideia de que o seu país é governado de acordo coma vontade do povo é atingida num regime...não democrático. Malásia, com 71%.
quarta-feira, setembro 21, 2005
Controvérsia em Coimbra
1. Sondagem publicada no Diário de Coimbra, aqui (ainda não está aqui)
2. Reacção do Partido Socialista, aqui.
Via Politicaehouse.
2. Reacção do Partido Socialista, aqui.
Via Politicaehouse.
terça-feira, setembro 20, 2005
O eleitorado
Eu sei que serve bem como muleta para a escrita e o raciocínio, e eu próprio já usei a palavra várias vezes. Mas eu teria cuidado com a ideia de que "o eleitorado alemão" "recusou", "rejeitou", "condenou", "aprovou", "escolheu", "receou", "desejou","sentiu", "desconfiou de" e "enviou uma mensagem a ". E nem pareceria necessário dizer porquê: o "eleitorado", como é óbvio, não existe.
Existem eleitores. E "recusam", "rejeitam", "condenam", "aprovam", "escolhem", "receiam", "desejam" e "sentem" coisas diferentes uns dos outros. Como a Sociologia não é uma batata, é natural que se formem grupos - umas vezes unidos por laços interpessoais e outras não - que sentem coisas semelhantes, por razões por vezes previsíveis. Mas um voto é só uma maneira de traduzir todos esses sentimentos, atitudes e preferências numa escolha altamente simplificada entre opções mutuamente exclusivas ou, pelo menos, ordenáveis. E uma distribuição de deputados obtida na base de uma qualquer regra de conversão de votos em mandatos é só uma maneira - entre muitas, todas insatisfatórias - de traduzir esses votos e todas as motivações que lhes subjazem num resultado agregado. Nem mais, nem menos.
Existem eleitores. E "recusam", "rejeitam", "condenam", "aprovam", "escolhem", "receiam", "desejam" e "sentem" coisas diferentes uns dos outros. Como a Sociologia não é uma batata, é natural que se formem grupos - umas vezes unidos por laços interpessoais e outras não - que sentem coisas semelhantes, por razões por vezes previsíveis. Mas um voto é só uma maneira de traduzir todos esses sentimentos, atitudes e preferências numa escolha altamente simplificada entre opções mutuamente exclusivas ou, pelo menos, ordenáveis. E uma distribuição de deputados obtida na base de uma qualquer regra de conversão de votos em mandatos é só uma maneira - entre muitas, todas insatisfatórias - de traduzir esses votos e todas as motivações que lhes subjazem num resultado agregado. Nem mais, nem menos.
Genau
"É cómica esta tendência dos portugueses para a dramatização extrema e para verem 'impasses' e 'bloqueios' por toda a parte. Por outras palavras: esta tendência para se carpirem em vez de fazerem algo para superar os problemas que ocorrem.
Mais cómico ainda é constatar-se que este método se aplica inclusive a temas de que estão muito arredados, de que pouco sabem e que, muito provavelmente, menos ainda lhes interessam, como é o caso dos resultados das recentes eleições alemãs."
In Blogo Existo.
Mais cómico ainda é constatar-se que este método se aplica inclusive a temas de que estão muito arredados, de que pouco sabem e que, muito provavelmente, menos ainda lhes interessam, como é o caso dos resultados das recentes eleições alemãs."
In Blogo Existo.
segunda-feira, setembro 19, 2005
Maioria (relativa) quer "Bloco Central" (absoluto)
Forsa, 19 de Setembro, Telefónica
Preferências do eleitorado alemão por coligações:
CDU/CSU-SPD: 33%
CDU/CSU-FDP-Verdes: 27%
SPD-FDP-Verdes: 15%
SPD-Linke-Verdes: 12%
Preferência de chanceler:
Schröder: 47%
Merkel: 41%
A favor de novas eleições: 25%
Contra: 73%
Preferências do eleitorado alemão por coligações:
CDU/CSU-SPD: 33%
CDU/CSU-FDP-Verdes: 27%
SPD-FDP-Verdes: 15%
SPD-Linke-Verdes: 12%
Preferência de chanceler:
Schröder: 47%
Merkel: 41%
A favor de novas eleições: 25%
Contra: 73%
Reggae days (revisto)
A embaixada da Jamaica na Alemanha congratula-se com a designação "Coligação Jamaica" para uma possível solução governamental envolvendo a União, o FDP e os Verdes, e convida todos os envolvidos a visitar a ilha caso se confirme a formação desse governo. Acham que desta vez é que eu perdi a cabeça? Então vejam aqui.
Entretanto, o Sr. Fischer já mandou dizer que não lhe apraz a Sra. Merkel no elevado cargo de Chanceler da Jamaica:
"O ministro dos negócios estrangeiros, Joschka Fischer (Verdes), diz que não vê hipóteses de Angela Merkel ser chanceler. 'Ela não será chanceler', disse Fischer após consultas do conselho nacional dos Verdes em Berlim. Merkel irá falhar a maioria necessária no Bundestag. Fischer disse ainda que os Verdes, ao terem feito campanha contra o 'frio social' e o 'retrocesso ecológico', também lutaram contra Merkel. Esta será a posição do seu partido nas conversas que se avizinham."~
Tradução do alemão amavelmente enviada pelo leitor Tiago Klose.
Sondagens sob fogo na Alemanha e primeiras conclusões na base das sondagens boca da urnas (revisto)
Para que servem as sondagens? (tradução à pressa):
Os prognósticos dos institutos de sondagens desviaram-se ainda mais dos resultados do que em 2002 - os resultados da FDP e da CDU tornaram inúteis os dados dos analistas de opinião pública. (não eram "prognósticos", mas a questão não desaparece completamente por causa disso)
Bang goes the reputation of all the German pollsters...
Referência também neste artigo ao modelo de prognóstico (este sim) de Helmut Norpoth e Thomas Gschwend, já mencionado aqui no Margens de Erro e que acertou em cheio nos resultados da SPD e dos Verdes (mas que não teria servido de nada para prever o resultado CDU/CSU ou do FDP).
E se não bastasse terem errado, os institutos de sondagem são indirectamente acusados de serem eles próprios responsáveis pelo resultado das eleições, ao revelarem a improbabilidade de uma maioria CDU/CSU-FDP:
"The main problem, the paper writes, was the discussions over a grand coalition in the days before the election. As a result, many CDU/CSU voters ended up selecting the FDP, because they assumed that Merkel would win anyway."
Assim sugerem as sondagens à boca das urnas, que indicam que aqueles que se opunham a uma "grande coligação" CDU/CSU-SPD votaram acima da média no FDP, e que cerca de 40% dos votantes no FDP se declaram mais próximos da...CDU! Toca a reescrever os manuais sobre o voto estratégico...
O senhor Kirschof não ajudou nada: apenas 23% daqueles que votaram CDU/CSU consideram que "Professor Flat Tax" era uma boa escolha para o governo.
Há também quem defenda que tudo resultou da tensão (que já aqui tinha mencionado) entre as preferências partidárias e as preferências por chanceler, como sugere o director da Forsa:
"O eleitorado da CDU não foi votar devido às suas dúvidas sobre Merkel" disse o chefe da Forsa [empresa de sondagens] Manfred Güllner em Berlim. Outros terão votado pela FDP com o voto secundário. Por outro lado, o chanceler Gerhard Schröder terá pontuado na fase final da campanha eleitoral graças ao tema da justiça social e ao frente-a-frente televisivo com Merkel. Num bloco central, a maioria dos eleitores deverá, assim e segundo Güllner, preferir um chanceler Schröder a Merkel."
Tradução do alemão amavelmente enviada pelo leitor Tiago Klose.
Os prognósticos dos institutos de sondagens desviaram-se ainda mais dos resultados do que em 2002 - os resultados da FDP e da CDU tornaram inúteis os dados dos analistas de opinião pública. (não eram "prognósticos", mas a questão não desaparece completamente por causa disso)
Bang goes the reputation of all the German pollsters...
Referência também neste artigo ao modelo de prognóstico (este sim) de Helmut Norpoth e Thomas Gschwend, já mencionado aqui no Margens de Erro e que acertou em cheio nos resultados da SPD e dos Verdes (mas que não teria servido de nada para prever o resultado CDU/CSU ou do FDP).
E se não bastasse terem errado, os institutos de sondagem são indirectamente acusados de serem eles próprios responsáveis pelo resultado das eleições, ao revelarem a improbabilidade de uma maioria CDU/CSU-FDP:
"The main problem, the paper writes, was the discussions over a grand coalition in the days before the election. As a result, many CDU/CSU voters ended up selecting the FDP, because they assumed that Merkel would win anyway."
Assim sugerem as sondagens à boca das urnas, que indicam que aqueles que se opunham a uma "grande coligação" CDU/CSU-SPD votaram acima da média no FDP, e que cerca de 40% dos votantes no FDP se declaram mais próximos da...CDU! Toca a reescrever os manuais sobre o voto estratégico...
O senhor Kirschof não ajudou nada: apenas 23% daqueles que votaram CDU/CSU consideram que "Professor Flat Tax" era uma boa escolha para o governo.
Há também quem defenda que tudo resultou da tensão (que já aqui tinha mencionado) entre as preferências partidárias e as preferências por chanceler, como sugere o director da Forsa:
"O eleitorado da CDU não foi votar devido às suas dúvidas sobre Merkel" disse o chefe da Forsa [empresa de sondagens] Manfred Güllner em Berlim. Outros terão votado pela FDP com o voto secundário. Por outro lado, o chanceler Gerhard Schröder terá pontuado na fase final da campanha eleitoral graças ao tema da justiça social e ao frente-a-frente televisivo com Merkel. Num bloco central, a maioria dos eleitores deverá, assim e segundo Güllner, preferir um chanceler Schröder a Merkel."
Tradução do alemão amavelmente enviada pelo leitor Tiago Klose.
Democracia e incerteza
Em Portugal, a propósito do referendo sobre a despenalização do aborto, tem-se discutido muito a questão de saber se existem quatro ou cinco sessões legislativas numa legislatura. Deixo a questão para os constitucionalistas. Mas é curioso verificar como, mesmo numa democracia plenamente consolidada, continua a haver margem para dúvidas nalgumas das regras fundamentais da luta política. Por exemplo:
"A politically reinvigorated and cocksure Schröder is insisting that individual parties rather than party groups lead coalition negotiations. According to this logic, the CDU and the CSU would be viewed as separate parties. Decoupling the two parties would, indeed, put the SPD into the pole position with 34.3 percent, since the CDU polled only 27.8 percent if you take out the Bavarian CSU's 7.4 percent. (...) Stoiber also took shots at Schröder for his obstinacy in refusing to concede defeat, saying it was a democratic practice to let the party group with the most votes determine what possibilities exist for creating a stable government."
Quem tem razão? A relutância de Schröder em conceder derrota parece mau perder à primeira vista. Mas atentem nos resultados oficiais, aqui... Qual o partido mais votado? Mais complicado do que parece à primeira vista.
"A politically reinvigorated and cocksure Schröder is insisting that individual parties rather than party groups lead coalition negotiations. According to this logic, the CDU and the CSU would be viewed as separate parties. Decoupling the two parties would, indeed, put the SPD into the pole position with 34.3 percent, since the CDU polled only 27.8 percent if you take out the Bavarian CSU's 7.4 percent. (...) Stoiber also took shots at Schröder for his obstinacy in refusing to concede defeat, saying it was a democratic practice to let the party group with the most votes determine what possibilities exist for creating a stable government."
Quem tem razão? A relutância de Schröder em conceder derrota parece mau perder à primeira vista. Mas atentem nos resultados oficiais, aqui... Qual o partido mais votado? Mais complicado do que parece à primeira vista.
Boca das urnas
Tal como já tinha sucedido no referendo francês, há já dados disponíveis de sondagens à boca da urnas, assim como dados agregados por circunscrição, cruzando, por exemplo, taxas de desemprego e de imigração com comportamento de voto. Vale a pena uma visita prolongada, para evitar as precipitações de quem olha para os resultados finais por partido a nível nacional e acha que já sabe tudo o que há para dizer sobre transferências de voto, motivações dos eleitores, composição política e social dos eleitorados, etc.
Aqui, a não perder.
Aqui, a não perder.
Rescaldo Alemanha
O quadro dos resultados provisórios e sua comparação com as sondagens é o seguinte (a vermelho, o valor absoluto da diferença entre a estimativa da sondagem e o resultado real):
Como se pode ver, não é particularmente brilhante. As estimativas de todas as sondagens desviaram-se, em média, mais de 2% do que veio a ser o resultado real (pior do que as sondagens em Portugal em 1995, 1999, 2002 e, claro, 2005). E os mercados electrónicos (onde se trocaram "acções" até 5 minutos antes do fecho das urnas) não se portam muito melhor.
Os maiores erros estiveram, claro, na sobreestimação da CDU/CSU e na subestimação do FDP. A distância entre a data do trabalho de campo e a data das eleições não parece ter nada a ver com o problema. Pelo contrário: as sondagens FGW e Infratest são as que foram feitas mais longe das eleições e também as que mais se aproximam dos resultados finais. A dimensão da amostra é também irrelevante para explicar as diferenças entre as sondagens. E não se sabendo mais aspectos das metodologias utilizadas, é difícil explicar diferenças que de resto, são muito pequenas. Isto sugere que a diferença entre as estimativas e os resultados dever-se-á a algo que terá afectado todas as sondagens de forma mais ou menos semelhante: late deciders, abstenção diferencial, etc.
Não esquecer que Dresden ainda não votou e que a vantagem da CDU/CSU é de apenas três deputados, mas é duvidoso que isso mude alguma coisa.
Como se pode ver, não é particularmente brilhante. As estimativas de todas as sondagens desviaram-se, em média, mais de 2% do que veio a ser o resultado real (pior do que as sondagens em Portugal em 1995, 1999, 2002 e, claro, 2005). E os mercados electrónicos (onde se trocaram "acções" até 5 minutos antes do fecho das urnas) não se portam muito melhor.
Os maiores erros estiveram, claro, na sobreestimação da CDU/CSU e na subestimação do FDP. A distância entre a data do trabalho de campo e a data das eleições não parece ter nada a ver com o problema. Pelo contrário: as sondagens FGW e Infratest são as que foram feitas mais longe das eleições e também as que mais se aproximam dos resultados finais. A dimensão da amostra é também irrelevante para explicar as diferenças entre as sondagens. E não se sabendo mais aspectos das metodologias utilizadas, é difícil explicar diferenças que de resto, são muito pequenas. Isto sugere que a diferença entre as estimativas e os resultados dever-se-á a algo que terá afectado todas as sondagens de forma mais ou menos semelhante: late deciders, abstenção diferencial, etc.
Não esquecer que Dresden ainda não votou e que a vantagem da CDU/CSU é de apenas três deputados, mas é duvidoso que isso mude alguma coisa.
sexta-feira, setembro 16, 2005
Adenda a Alemanha: últimas sondagens
Afinal, os senhores do Instituto Allensbach dão-nos hoje uma derradeira sondagem, com quase tudo igual a não ser uma ligeira subida do FDP:
CDU/CSU: 41,5%
SPD: 32,5%
Linke: 8,5%
FDP: 8%
Grüne:7%~
A comunicação social destaca o facto de as duas sondagens de hoje (Forsa e Allensbach) darem mais de 49% à coligação CDU/CSU +FDP.
CDU/CSU: 41,5%
SPD: 32,5%
Linke: 8,5%
FDP: 8%
Grüne:7%~
A comunicação social destaca o facto de as duas sondagens de hoje (Forsa e Allensbach) darem mais de 49% à coligação CDU/CSU +FDP.
Alemanha: últimas sondagens
Estas deverão ser as últimas sondagens publicadas na Alemanha, onde não existe uma tradição de publicar sondagens nos últimos dias da campanha (porquê? Não sei, tenho de investigar):
Chegámos aqui através de um caminho tortuoso: em Junho e Julho, lento declínio da intenção de voto CDU/CSU, e subida da Linke. Em Agosto e Setembro, estabilização CDU/CSU e subida SPD, aparentemente à custa da Linke:
O mesmo fenómeno é visível quando nos concentramos nas tendências individuais verificadas para CDU/CSU e SPD por cada instituto em Agosto e Setembro:
Por saber: quase tudo.
1. O que irão fazer os 20%-30% (depende das sondagens) daqueles que se dizem "indecisos"?
2. Terão CDU/CSU + FDP os 49% que, em média, as sondagens lhes atribuem, e chegará isso para uma maioria absoluta?
3. Qual a ordem relativa FDP, Linke e Verdes?
As sondagens alemãs têm uma magnífica reputação, coisa facilitada por um sistema de voto proporcional (o "misto" para aqui não interessa, dado que estas percentagens se reportam apenas ao voto em lista). No entanto, resta saber como irão os eleitores lidar com dois estímulos contraditórios: o forte repúdio da actuação do actual governo e a má imagem de Merkel em comparação com Schröder. Domingo se verá.
Chegámos aqui através de um caminho tortuoso: em Junho e Julho, lento declínio da intenção de voto CDU/CSU, e subida da Linke. Em Agosto e Setembro, estabilização CDU/CSU e subida SPD, aparentemente à custa da Linke:
O mesmo fenómeno é visível quando nos concentramos nas tendências individuais verificadas para CDU/CSU e SPD por cada instituto em Agosto e Setembro:
Por saber: quase tudo.
1. O que irão fazer os 20%-30% (depende das sondagens) daqueles que se dizem "indecisos"?
2. Terão CDU/CSU + FDP os 49% que, em média, as sondagens lhes atribuem, e chegará isso para uma maioria absoluta?
3. Qual a ordem relativa FDP, Linke e Verdes?
As sondagens alemãs têm uma magnífica reputação, coisa facilitada por um sistema de voto proporcional (o "misto" para aqui não interessa, dado que estas percentagens se reportam apenas ao voto em lista). No entanto, resta saber como irão os eleitores lidar com dois estímulos contraditórios: o forte repúdio da actuação do actual governo e a má imagem de Merkel em comparação com Schröder. Domingo se verá.
quinta-feira, setembro 15, 2005
Sondagem presidenciais Intercampus
Intercampus, 5-10 Setembro, N=529, não se diz se é telefónica ou face-a-face nem método de amostragem.
1ª volta:
Cavaco Silva: 43,8%
Mário Soares: 20,9%
Francisco Louçã:10,7%
Jerónimo de Sousa: 4,3%
Indecisos: 20,4%
1ª volta com indecisos redistribuidos proporcionalmente:
Cavaco Silva: 55%
Mário Soares: 26%
Francisco Louçã:13%
Jerónimo de Sousa: 5%
2ª volta
Cavaco Silva: 50,6%
Mário Soares: 26,5%
Ns/Nr: 22,9%
2ª volta com indecisos redistribuidos proporcionalmente:
Cavaco Silva: 66%
Mário Soares: 34%
Resultados têm semelhanças e diferenças com os das anteriores duas sondagens.
1. Semelhanças: na 1ª volta, tal como na sondagem da Católica, Cavaco segura melhor eleitorado PSD do que Soares o eleitorado PS. Na segunda volta, tal como sucedia com as anteriores sondagens, Cavaco Silva é atirado para 60% ou mais dos votos, enquanto metade ou menos dos eleitores BE e PCP admitem votar Soares.
2. Diferenças: Cavaco e Louçã consideravelmente acima na 1ª volta nesta sondagem em comparação com o que sucedia nasondagem da Católica, diferença que, no segundo caso, está acima da margem de erro. É possível que essa diferença se deva ao facto de a sondagem da Católica se concentrar, na estimativa de resultados eleitorais, apenas nos eleitores com maior probabilidade de votar (o que explicaria igualmente o facto de Jerónimo de Sousa aparecer bem melhor na sondagem da Católica do que na sondagem Intercampus). Mas estou a especular.
1ª volta:
Cavaco Silva: 43,8%
Mário Soares: 20,9%
Francisco Louçã:10,7%
Jerónimo de Sousa: 4,3%
Indecisos: 20,4%
1ª volta com indecisos redistribuidos proporcionalmente:
Cavaco Silva: 55%
Mário Soares: 26%
Francisco Louçã:13%
Jerónimo de Sousa: 5%
2ª volta
Cavaco Silva: 50,6%
Mário Soares: 26,5%
Ns/Nr: 22,9%
2ª volta com indecisos redistribuidos proporcionalmente:
Cavaco Silva: 66%
Mário Soares: 34%
Resultados têm semelhanças e diferenças com os das anteriores duas sondagens.
1. Semelhanças: na 1ª volta, tal como na sondagem da Católica, Cavaco segura melhor eleitorado PSD do que Soares o eleitorado PS. Na segunda volta, tal como sucedia com as anteriores sondagens, Cavaco Silva é atirado para 60% ou mais dos votos, enquanto metade ou menos dos eleitores BE e PCP admitem votar Soares.
2. Diferenças: Cavaco e Louçã consideravelmente acima na 1ª volta nesta sondagem em comparação com o que sucedia nasondagem da Católica, diferença que, no segundo caso, está acima da margem de erro. É possível que essa diferença se deva ao facto de a sondagem da Católica se concentrar, na estimativa de resultados eleitorais, apenas nos eleitores com maior probabilidade de votar (o que explicaria igualmente o facto de Jerónimo de Sousa aparecer bem melhor na sondagem da Católica do que na sondagem Intercampus). Mas estou a especular.
Bush
Por cá, há quem se entretenha a apontar a calamidade que se seguiu ao furacão Katrina como uma espécie de castigo divino à "soberba imperial" da América e do seu presidente, ao passo que aqueles que a propósito da catástrofe criticam o modelo americano de organização política e social são invariavelmente acusados do pecado capital dos nossos tempos ("anti-americanismo", parece que é assim que se chama), entre outras igualmente sérias e incrivelmente acutilantes observações. Tudo isto está muito bem, apesar de raras vezes ter alguma espécie de interesse.
Seria bom, no entanto, que todo este frenesim intelectual não nos desviasse a atenção, como é costume, do óbvio. Por um lado, como os dados das várias sondagens revelam, os americanos não culpam Bush pela catástrofe (o que seria pura e simplesmente imbecil) e mesmo a avaliação que fazem da sua actuação durante a crise é previsivelmente colorida pelas suas predisposições iniciais. Ou seja: simpatizantes Democratas avaliam mal a sua actuação, enquanto os Republicanos a avaliam bem, o que resulta em algo que não se distancia muito de um fifty-fifty ("rating of Bush on 'the situation caused by Hurricane Katrina:" 44% approve, 54% disapprove). Mais importante: o impacto directo que a crise Katrina teve na avaliação que os americanos fazem de Bush parece ser praticamente nulo, como assinala Franklin: não mais do que -1%.
Contudo, isso não impede que Bush tenha vindo a perder apoio independentemente do Katrina, uma perda linear de 0,03% por dia desde Janeiro de 2005. Uma perda fundada na avaliação maioritariamente negativa (por vezes de forma esmagadora) que os americanos fazem da sua actuação no que respeita ao Iraque, à política energética e ambiental e à segurança social, assim como na manifesta contradição entre as posições que o seu governo defende em vários aspectos ético-morais e aqueles que predominam na sociedade americana. Ou seja, uma avaliação negativa em quase tudo aquilo que realmente conta.
Logo, o verdadeiro contributo destes posts é o de fazer com que não desviemos a atenção do essencial: independentemente do Katrina, Bush é hoje visto por uma clara maioria dos americanos como um mau presidente, incapaz de resolver quer os problemas que existiam quer aqueles que ele próprio se encarregou de criar. Um presidente below average. É simples, é claro e não é, creio, "anti-americano". E se querem uma discussão interessante, que tal a de saber por que razão terá demorado tanto tempo para que todos percebessem o óbvio? Com esta discussão, sim, já me parece útil perder bastante tempo.
Seria bom, no entanto, que todo este frenesim intelectual não nos desviasse a atenção, como é costume, do óbvio. Por um lado, como os dados das várias sondagens revelam, os americanos não culpam Bush pela catástrofe (o que seria pura e simplesmente imbecil) e mesmo a avaliação que fazem da sua actuação durante a crise é previsivelmente colorida pelas suas predisposições iniciais. Ou seja: simpatizantes Democratas avaliam mal a sua actuação, enquanto os Republicanos a avaliam bem, o que resulta em algo que não se distancia muito de um fifty-fifty ("rating of Bush on 'the situation caused by Hurricane Katrina:" 44% approve, 54% disapprove). Mais importante: o impacto directo que a crise Katrina teve na avaliação que os americanos fazem de Bush parece ser praticamente nulo, como assinala Franklin: não mais do que -1%.
Contudo, isso não impede que Bush tenha vindo a perder apoio independentemente do Katrina, uma perda linear de 0,03% por dia desde Janeiro de 2005. Uma perda fundada na avaliação maioritariamente negativa (por vezes de forma esmagadora) que os americanos fazem da sua actuação no que respeita ao Iraque, à política energética e ambiental e à segurança social, assim como na manifesta contradição entre as posições que o seu governo defende em vários aspectos ético-morais e aqueles que predominam na sociedade americana. Ou seja, uma avaliação negativa em quase tudo aquilo que realmente conta.
Logo, o verdadeiro contributo destes posts é o de fazer com que não desviemos a atenção do essencial: independentemente do Katrina, Bush é hoje visto por uma clara maioria dos americanos como um mau presidente, incapaz de resolver quer os problemas que existiam quer aqueles que ele próprio se encarregou de criar. Um presidente below average. É simples, é claro e não é, creio, "anti-americano". E se querem uma discussão interessante, que tal a de saber por que razão terá demorado tanto tempo para que todos percebessem o óbvio? Com esta discussão, sim, já me parece útil perder bastante tempo.
Big fish in huge pond
Um dos maiores especialistas americanos (ou seja, mundiais) no estudo da opinião pública e das metodologias quantitativas tem...um blogue. Chama-se Charles Franklin, está na Universidade do Wisconsin e o blogue chama-se Political Arithmetik (where numbers and politics meet).
George e Richard
A percentagem de americanos que aprova a actuação de George Bush é a mais baixa desde Richard Nixon (2º mandato). Espantoso, especialmente tendo em conta que sabemos agora que estes resultados pouco ou nada têm a ver com a catástrofe do Katrina.
terça-feira, setembro 13, 2005
Ainda as sondagens presidenciais
Ainda a propósito das sondagens da semana passada e das opções de voto colocadas perante os eleitores, permanece alguma confusão. Como já disse aqui, a sondagem da Aximage apresentava apenas resultados para Cavaco Silva e Mário Soares, pelo que a melhor intepretação possível seria a de que estávamos perante um cenário de 2ª volta. Não é assim, contudo, que a sondagem tem sido interpretada.
Mas eis que recebo um e-mail do leitor Abel Carvalho (vem identificado, porque o assunto é sério):
Bom dia. Leitor do seu blogue, e tendo sido contactado via telefone pela Aximage para a sondagem desta semana, deixo à consideração o seguinte: as perguntas no geral, não estão correctas, pois fui colocado perante um cenário de votos em que os candidatos seriam, Soares, Cavaco e Portas !!!!!!!!!!!
Será esta a sondagem divulgada na semana passada? Será que a Aximage andou a ler isto?
Mas eis que recebo um e-mail do leitor Abel Carvalho (vem identificado, porque o assunto é sério):
Bom dia. Leitor do seu blogue, e tendo sido contactado via telefone pela Aximage para a sondagem desta semana, deixo à consideração o seguinte: as perguntas no geral, não estão correctas, pois fui colocado perante um cenário de votos em que os candidatos seriam, Soares, Cavaco e Portas !!!!!!!!!!!
Será esta a sondagem divulgada na semana passada? Será que a Aximage andou a ler isto?
Alegre e as sondagens (actualizado)
Paulo Gorjão faz eco da pergunta de Manuel Alegre: - "Não sei por que é que me tiraram das sondagens. Estou na mesma situação que Cavaco Silva” - e levanta a hipótese de que isso se deva ao "receio de que possa ter melhores resultados do que Mário Soares".
Eu, que fui um dos responsáveis por uma das sondagens divulgadas na passada semana, posso tentar responder pela minha parte:
1. Que eu saiba, a esmagadora maioria da comunicação social que cobriu o discurso em Viseu de Manuel Alegre intepretou-o como sendo de desistência (exemplos: aqui, aqui, aqui). Não se pode dizer aos eleitores que se desiste de uma candidatura para depois pedir que as sondagens perguntem aos eleitores se votariam nela. Ah, mas não era isso que se queria dizer? Então teria sido necessário desmentir claramente os títulos de jornal. O que não pode suceder, técnica e metodologicamente, é colocar perguntas e opções de voto numa sondagem que os inquiridos, na base da informação de que dispõem, não possam intepretar como outra coisa que não sendo absurdas. E as sondagens não têm a obrigação de corrigir os jornais ou explicar aos eleitores aquilo que os políticos não sabem ou não querem explicar.
2. A comparação com Cavaco é falaciosa. Cavaco não desistiu de nada, e sejamos claros: é preciso viver em Plutão para imaginar que não será candidato. Aliás, numa pergunta aberta (sem opções de voto), onde se perguntava quem irá ganhar as eleições, a maioria dos eleitores respondeu Cavaco Silva. Para esses, pelo menos, a candidatura de Cavaco é um dado adquirido.
3. O mesmo não sucede, nem de perto nem de longe, com Manuel Alegre. A pergunta da Católica apresentava os quatro candidatos (CS, MS, JS e FL) como opção de voto e adicionava explicitamente uma opção "Outro". Não vou fazer de conta que esse estímulo equivale a explicitamente colocar o nome de Manuel Alegre. Mas a verdade é que essa opção "Outro" foi assinalada por ...3% dos eleitores. Se a candidatura de Manuel Alegre fosse vista como existente e viável por alguém, esse valor seria certamente superior.
Pareço ligeiramente irritado? É possível. Conheço o Paulo e tenho apreço por ele, mas não gosto de ler coisas como esta: "Boa pergunta, por que é que o tiraram das sondagens?Existe algum receio de que possa ter melhores resultados do que Mário Soares?" Eu percebo que a intenção do post é política, e não outra coisa qualquer. Mas eu, que sou o responsável pela sondagem, não considero justo ter de ler coisas como esta à custa das intenções políticas dos outros.
P.S.- Esclarecido.
Eu, que fui um dos responsáveis por uma das sondagens divulgadas na passada semana, posso tentar responder pela minha parte:
1. Que eu saiba, a esmagadora maioria da comunicação social que cobriu o discurso em Viseu de Manuel Alegre intepretou-o como sendo de desistência (exemplos: aqui, aqui, aqui). Não se pode dizer aos eleitores que se desiste de uma candidatura para depois pedir que as sondagens perguntem aos eleitores se votariam nela. Ah, mas não era isso que se queria dizer? Então teria sido necessário desmentir claramente os títulos de jornal. O que não pode suceder, técnica e metodologicamente, é colocar perguntas e opções de voto numa sondagem que os inquiridos, na base da informação de que dispõem, não possam intepretar como outra coisa que não sendo absurdas. E as sondagens não têm a obrigação de corrigir os jornais ou explicar aos eleitores aquilo que os políticos não sabem ou não querem explicar.
2. A comparação com Cavaco é falaciosa. Cavaco não desistiu de nada, e sejamos claros: é preciso viver em Plutão para imaginar que não será candidato. Aliás, numa pergunta aberta (sem opções de voto), onde se perguntava quem irá ganhar as eleições, a maioria dos eleitores respondeu Cavaco Silva. Para esses, pelo menos, a candidatura de Cavaco é um dado adquirido.
3. O mesmo não sucede, nem de perto nem de longe, com Manuel Alegre. A pergunta da Católica apresentava os quatro candidatos (CS, MS, JS e FL) como opção de voto e adicionava explicitamente uma opção "Outro". Não vou fazer de conta que esse estímulo equivale a explicitamente colocar o nome de Manuel Alegre. Mas a verdade é que essa opção "Outro" foi assinalada por ...3% dos eleitores. Se a candidatura de Manuel Alegre fosse vista como existente e viável por alguém, esse valor seria certamente superior.
Pareço ligeiramente irritado? É possível. Conheço o Paulo e tenho apreço por ele, mas não gosto de ler coisas como esta: "Boa pergunta, por que é que o tiraram das sondagens?Existe algum receio de que possa ter melhores resultados do que Mário Soares?" Eu percebo que a intenção do post é política, e não outra coisa qualquer. Mas eu, que sou o responsável pela sondagem, não considero justo ter de ler coisas como esta à custa das intenções políticas dos outros.
P.S.- Esclarecido.
Hubris?
Schröder declara-se convicto de que irá ganhar as eleições de Domingo. À primeira vista, parece puro descaramento, mas a verdade é que a vantagem da CDU/CSU passou de 20% em finais de Junho para 7% na média das últimas três sondagens (Forsa. Enmid, GMS). Na mesma média, CDU/CDU+FDP somam 48%, em princípio abaixo da maioria absoluta. No último Politbarometer da ZDF, 53% afirmam preferir Schröder como Chanceler, contra 42% que preferem Merkel. E nos mercados electrónicos, já após o debate de ontem, a CDU/CSU aparece apenas com 5% de vantagem.
Espantoso, para mim - certamente por ignorância - é o grau de politização da imprensa alemã...
Espantoso, para mim - certamente por ignorância - é o grau de politização da imprensa alemã...
sexta-feira, setembro 09, 2005
O eleitorado BE e as presidenciais
Vocês lá saberão, mas a minha sugestão é que não se tirem excessivas conclusões desta ideia de que 57% dos eleitores do BE (Aximage) ou 45% dos eleitores Louçã na 1ª volta (Católica) tencionam votar Cavaco numa 2ª volta. Porque:
1. São percentagens calculadas em relação a sub-amostras, tendo por isso associadas margens de erro substancialmente superiores às da amostra total, tal como se avisa nos quadros publicados hoje no Público. A Católica, por exemplo, tem 51 inquiridos a dizer que vão votar Louçã na primeira volta. A Aximage, com uma amostra de 600 pessoas, há-de ter bastante menos eleitores declarados do BE. Só para vos dar uma exemplo, a uma amostra aleatória de 51 inquiridos está associada uma margem de erro máxima de...13,7%.
2. A segunda volta "não existe". É um cenário. Soares ainda não é o candidato da esquerda. BE ainda não deu recomendações de voto aos seus eleitores. Isto não quer dizer que as reacções actuais dos eleitores aos cenários sejam completamente irrelevantes. Mas é um salto muito grande aquele que vai de se dizer que o eleitorado BE não se encontra de momento predisposto a deslocar o seu voto para Soares para se dizer que metade do eleitorado BE vai votar em Cavaco. Os eleitores são as suas preferências e as suas circunstâncias, e as circunstâncias de hoje não são as circunstâncias de Janeiro.
Agora que a coincidência destas suas sondagens num resultado semelhante dá que pensar sobre o que será isto do "eleitorado do BE", lá isso dá. Prometo voltar ao assunto, e prometo também que não vou dar o exemplo que já ouvi mil vezes das "tias de Cascais" que acham que o Francisco Louçã "fala muito bem" e é uma pessoa "muito honesta" (mas que las hay, las hay).
1. São percentagens calculadas em relação a sub-amostras, tendo por isso associadas margens de erro substancialmente superiores às da amostra total, tal como se avisa nos quadros publicados hoje no Público. A Católica, por exemplo, tem 51 inquiridos a dizer que vão votar Louçã na primeira volta. A Aximage, com uma amostra de 600 pessoas, há-de ter bastante menos eleitores declarados do BE. Só para vos dar uma exemplo, a uma amostra aleatória de 51 inquiridos está associada uma margem de erro máxima de...13,7%.
2. A segunda volta "não existe". É um cenário. Soares ainda não é o candidato da esquerda. BE ainda não deu recomendações de voto aos seus eleitores. Isto não quer dizer que as reacções actuais dos eleitores aos cenários sejam completamente irrelevantes. Mas é um salto muito grande aquele que vai de se dizer que o eleitorado BE não se encontra de momento predisposto a deslocar o seu voto para Soares para se dizer que metade do eleitorado BE vai votar em Cavaco. Os eleitores são as suas preferências e as suas circunstâncias, e as circunstâncias de hoje não são as circunstâncias de Janeiro.
Agora que a coincidência destas suas sondagens num resultado semelhante dá que pensar sobre o que será isto do "eleitorado do BE", lá isso dá. Prometo voltar ao assunto, e prometo também que não vou dar o exemplo que já ouvi mil vezes das "tias de Cascais" que acham que o Francisco Louçã "fala muito bem" e é uma pessoa "muito honesta" (mas que las hay, las hay).
Katrina and the waves
Evolução (negativa) da avaliação do trabalho de Bush no que respeita ao furacão. Isto, e muito mais, aqui. Excertos:
The American public is highly critical of President Bush's handling of Hurricane Katrina relief efforts. Two-in-three Americans (67%) believe he could have done more to speed up relief efforts, while just 28% think he did all he could to get them going quickly. At the same time, Bush's overall job approval rating has slipped to 40% and his disapproval rating has climbed to 52%, among the highest for his presidency. Uncharacteristically, the president's ratings have slipped the most among his core constituents Republicans and conservatives.
(...)
In addition, blacks and whites draw very different lessons from the tragedy. Seven-in-ten blacks (71%) say the disaster shows that racial inequality remains a major problem in the country; a majority of whites (56%) say this was not a particularly important lesson of the disaster. More striking, there is widespread agreement among blacks that the government's response to the crisis would have been faster if most of the storm's victims had been white; fully two-thirds of African Americans express that view. Whites, by an even wider margin (77%-17%), feel this would not have made a difference in the government's response.
(...)
The deep and enduring differences over Bush's presidency are once again evident in attitudes toward government's response to the disaster. Fully 85% of Democrats and 71% of independents think the president could have done more to get aid to hurricane victims flowing more quickly. Republicans, on balance, feel the president did all he could to get relief efforts going, but even among his own partisans 40% say he could have done more.
The American public is highly critical of President Bush's handling of Hurricane Katrina relief efforts. Two-in-three Americans (67%) believe he could have done more to speed up relief efforts, while just 28% think he did all he could to get them going quickly. At the same time, Bush's overall job approval rating has slipped to 40% and his disapproval rating has climbed to 52%, among the highest for his presidency. Uncharacteristically, the president's ratings have slipped the most among his core constituents Republicans and conservatives.
(...)
In addition, blacks and whites draw very different lessons from the tragedy. Seven-in-ten blacks (71%) say the disaster shows that racial inequality remains a major problem in the country; a majority of whites (56%) say this was not a particularly important lesson of the disaster. More striking, there is widespread agreement among blacks that the government's response to the crisis would have been faster if most of the storm's victims had been white; fully two-thirds of African Americans express that view. Whites, by an even wider margin (77%-17%), feel this would not have made a difference in the government's response.
(...)
The deep and enduring differences over Bush's presidency are once again evident in attitudes toward government's response to the disaster. Fully 85% of Democrats and 71% of independents think the president could have done more to get aid to hurricane victims flowing more quickly. Republicans, on balance, feel the president did all he could to get relief efforts going, but even among his own partisans 40% say he could have done more.
Alemanha: maioria CDU/FDP em risco
Como já tinha aqui previsto (nem sempre acerto, mas aqui aconteceu), as sondagens realizadas após as férias de Agosto e pós-debate trazem novidades muito sérias (aqui):
1. SPD passa de 30-32% para 33-34%;
2. Mas mais importante, soma CDU/CSU+FDP passa de uns consistentes 50% para 48%.
Nos mercados electrónicos, a CDU/CSU já aparece com menos de 40% de votos, ao passo que a opção de "grande coligação" CDU-SPD como provável futuro governo já passou à frente da solução CDU-FDP.
1. SPD passa de 30-32% para 33-34%;
2. Mas mais importante, soma CDU/CSU+FDP passa de uns consistentes 50% para 48%.
Nos mercados electrónicos, a CDU/CSU já aparece com menos de 40% de votos, ao passo que a opção de "grande coligação" CDU-SPD como provável futuro governo já passou à frente da solução CDU-FDP.
Sondagens presidenciais: comentários
1. Importa começar por notar que as duas sondagens publicadas hoje são sobre coisas diferentes. A primeira apresenta um cenário de 1ª volta com 4 candidatos presidenciais, três certos e um provável. A segunda apresenta um cenário de 2ª volta, com Cavaco e Soares. As comparações possíveis são, portanto, altamente limitadas. Contudo, a sondagem da Católica colocou também os eleitores perante um possível cenário de 2ª volta, o que já permite comparação com a sondagem Aximage. Assim, temos:
Cavaco, 2ª volta, após redistribuição de indecisos
Católica: 64%
Aximage: 60%
Soares, 2ª volta, após redistribuição de indecisos
Católica: 36%
Aximage: 40%
As diferenças estão dentro da margem de erro. Há ainda várias coisas parecidas nas duas sondagens, em particular o facto (à primeira vista surpreendente) de a maior parte do eleitorado de Louçã (na Católica) e BE (Aximage) declarar tencionar votar Cavaco na 2ª volta, ao passo que a maior parte do eleitorado Jerónimo (Católica) e CDU (Aximage) afirma que tenciona abster-se.
2. Dito isto, os resultados de uma possível 2ª volta são o que menos interessa. Soares não é o candidato nem do BE nem do PCP, e uma 2ª volta não passa de um cenário hipotético. Só quando Soares se tornar o candidato desses dois partidos - quando e se houver uma segunda volta - é que se pode ter uma ideia mais clara do que esses eleitorados irão fazer. Para já, Soares surge, com toda a probabilidade, muito subestimado nestas sondagens no que respeita a uma 2ª volta.
3. Muito mais interessante é perceber o que se passa na 1ª volta. Tenho vindo a defender em vários posts que a natureza destas eleições - eleições que não servem para eleger um governo - favorece, por parte dos eleitorado do PS, a sua utilização para castigar o partido de governo, ao passo que desincentiva eleitores "sinceros" de outros partidos, que terão votado útil no PS nas legislativas, de repetir a façanha em eleições presidenciais. E assim parece acontecer: em ambas as sondagens, os eleitores do PS encontram-se menos motivados para votar Soares que os eleitores PSD para votar Cavaco, e os eleitores à esquerda do PS hesitantes em passar para Soares numa segunda volta (pelo menos para já).
4. Para mim, perturbante: que a maioria dos eleitores (quer os que tencionam votar Cavaco, quer Soares, quer todos os outros) achem que o Presidente deva ter mais poderes ou que deva intervir na vida política do dia-a-dia para "ajudar a resolver os problemas do país" (72%). Quando se acha que os problemas do país se resolvem de Belém, isso significa que se acha que as instituições que de facto deviam governar e legislar estão bloqueadas. A importância inusitada que a comunicação social e os comentadores têm vindo a dar as presidenciais de há dois anos para cá é sintoma disto. Mas que isto fosse assim durante o consulado de Santana Lopes, ou mesmo antes, não me surpreende muito. Agora que se continue a achar isso quando um governo dispõe de uma maioria absoluta só posso ver como mau sinal.
Cavaco, 2ª volta, após redistribuição de indecisos
Católica: 64%
Aximage: 60%
Soares, 2ª volta, após redistribuição de indecisos
Católica: 36%
Aximage: 40%
As diferenças estão dentro da margem de erro. Há ainda várias coisas parecidas nas duas sondagens, em particular o facto (à primeira vista surpreendente) de a maior parte do eleitorado de Louçã (na Católica) e BE (Aximage) declarar tencionar votar Cavaco na 2ª volta, ao passo que a maior parte do eleitorado Jerónimo (Católica) e CDU (Aximage) afirma que tenciona abster-se.
2. Dito isto, os resultados de uma possível 2ª volta são o que menos interessa. Soares não é o candidato nem do BE nem do PCP, e uma 2ª volta não passa de um cenário hipotético. Só quando Soares se tornar o candidato desses dois partidos - quando e se houver uma segunda volta - é que se pode ter uma ideia mais clara do que esses eleitorados irão fazer. Para já, Soares surge, com toda a probabilidade, muito subestimado nestas sondagens no que respeita a uma 2ª volta.
3. Muito mais interessante é perceber o que se passa na 1ª volta. Tenho vindo a defender em vários posts que a natureza destas eleições - eleições que não servem para eleger um governo - favorece, por parte dos eleitorado do PS, a sua utilização para castigar o partido de governo, ao passo que desincentiva eleitores "sinceros" de outros partidos, que terão votado útil no PS nas legislativas, de repetir a façanha em eleições presidenciais. E assim parece acontecer: em ambas as sondagens, os eleitores do PS encontram-se menos motivados para votar Soares que os eleitores PSD para votar Cavaco, e os eleitores à esquerda do PS hesitantes em passar para Soares numa segunda volta (pelo menos para já).
4. Para mim, perturbante: que a maioria dos eleitores (quer os que tencionam votar Cavaco, quer Soares, quer todos os outros) achem que o Presidente deva ter mais poderes ou que deva intervir na vida política do dia-a-dia para "ajudar a resolver os problemas do país" (72%). Quando se acha que os problemas do país se resolvem de Belém, isso significa que se acha que as instituições que de facto deviam governar e legislar estão bloqueadas. A importância inusitada que a comunicação social e os comentadores têm vindo a dar as presidenciais de há dois anos para cá é sintoma disto. Mas que isto fosse assim durante o consulado de Santana Lopes, ou mesmo antes, não me surpreende muito. Agora que se continue a achar isso quando um governo dispõe de uma maioria absoluta só posso ver como mau sinal.
Sondagens presidenciais: os resultados
Católica, 6-7 Setembro, Telefónica, Aleatória, N=961.
Resultados brutos
Cavaco Silva: 27%
Mário Soares: 15%
Francisco Louçã: 5%
Jerónimo de Sousa: 5%
Outro: 3%
B/N:3%
Não vai votar: 16%
Não sabe: 19%
Não responde: 7%
Estimativa de resultados eleitorais*:
Cavaco Silva: 49%
Mário Soares:32%
Jerónimo de Sousa: 11%
Francisco Louçã: 7%
*Obtida calculando a percentagem das intenções directas de voto em cada partido em relação ao total de votos válidos (excluindo abstenção, não respostas, brancos e nulos) e redistribuindo indecisos com base numa segunda pergunta sobre intenção de voto, sendo contados apenas votos e inclinações de voto de quem diz “ter a certeza” que vai votar na 1ª volta das próximas presidenciais. Estas estimativas têm valor meramente indicativo, dado que diferentes métodos de estimação poderão gerar resultados diferentes (era bom que o Público, como é hábito, colocasse sempre esta nota quando publica as estimativas...)
Já agora, aproveito para corrigir um novo lapso nos resultados da sondagem da Católica apresentados pelo Público. Na estimativa de resultados, Jerónimo de Sousa (JS) e Francisco Louçã (FL) aparecem trocados nos gráficos do jornal. Na verdade, é JS que tem 11% e FL que tem 7%, tal como divulgado ontem pela RTP e RDP. Podem também perguntar-se porque aparecem JS e FL com 5% cada nos resultados brutos e depois com uma diferença de 4% na estimativa. É simples: na estimativa, os indecisos são redistribuídos de acordo com a sua inclinação de voto, e é tomada em conta a probabilidade de ir votar (contam-se apenas os votos daqueles que dizem ter a certeza que vão votar - cerca de 70% nesta sondagem). Por estas e por outras é que é bom as pessoas que lêem os jornais (e não apenas a meia dúzia de gatos pingados, sem ofensa, que vêm a este blog) disponham da informação completa sobre como se chega aos resultados apresentados.
Aximage, 5-6 Setembro, Telefónica, Quotas, N=600.
Cavaco Silva: 53,4%
Mário Soares: 36,2%
Indecisos: 10,4%
Resultados brutos
Cavaco Silva: 27%
Mário Soares: 15%
Francisco Louçã: 5%
Jerónimo de Sousa: 5%
Outro: 3%
B/N:3%
Não vai votar: 16%
Não sabe: 19%
Não responde: 7%
Estimativa de resultados eleitorais*:
Cavaco Silva: 49%
Mário Soares:32%
Jerónimo de Sousa: 11%
Francisco Louçã: 7%
*Obtida calculando a percentagem das intenções directas de voto em cada partido em relação ao total de votos válidos (excluindo abstenção, não respostas, brancos e nulos) e redistribuindo indecisos com base numa segunda pergunta sobre intenção de voto, sendo contados apenas votos e inclinações de voto de quem diz “ter a certeza” que vai votar na 1ª volta das próximas presidenciais. Estas estimativas têm valor meramente indicativo, dado que diferentes métodos de estimação poderão gerar resultados diferentes (era bom que o Público, como é hábito, colocasse sempre esta nota quando publica as estimativas...)
Já agora, aproveito para corrigir um novo lapso nos resultados da sondagem da Católica apresentados pelo Público. Na estimativa de resultados, Jerónimo de Sousa (JS) e Francisco Louçã (FL) aparecem trocados nos gráficos do jornal. Na verdade, é JS que tem 11% e FL que tem 7%, tal como divulgado ontem pela RTP e RDP. Podem também perguntar-se porque aparecem JS e FL com 5% cada nos resultados brutos e depois com uma diferença de 4% na estimativa. É simples: na estimativa, os indecisos são redistribuídos de acordo com a sua inclinação de voto, e é tomada em conta a probabilidade de ir votar (contam-se apenas os votos daqueles que dizem ter a certeza que vão votar - cerca de 70% nesta sondagem). Por estas e por outras é que é bom as pessoas que lêem os jornais (e não apenas a meia dúzia de gatos pingados, sem ofensa, que vêm a este blog) disponham da informação completa sobre como se chega aos resultados apresentados.
Aximage, 5-6 Setembro, Telefónica, Quotas, N=600.
Cavaco Silva: 53,4%
Mário Soares: 36,2%
Indecisos: 10,4%
quinta-feira, setembro 08, 2005
Presidenciais 3
Hoje, Pedro Adão e Silva escreve que, tal como eu teria assinalado aqui, "na primeira volta das presidenciais de 1986, Soares, Zenha e Pintasilgo tiveram menos votos do que PS, PRD e PCP nas legislativas de 1985". Ora a releitura do meu post mostrará que aquilo que eu escrevi foi que Soares e Zenha (não Pintassilgo) tiveram menos votos que PS, PRD e PCP. Dado que o objectivo do exercício era perceber até que ponto o apoio partidário se converte em votos presidenciais, Pintassilgo não poderia ser contabilizada, dado que não recebeu apoios partidários de partidos relevantes.
Contudo, isto, e um e-mail que recebi, faz-me pensar que o exercício poderá ter ainda mais problemas que aqueles que eu sugeri à partida que tinha. Na verdade, o facto de os candidatos de esquerda com apoios partidários não terem "realizado o seu potencial" em 1986 deveu-se, em parte, claro, à presença de uma candidatura de esquerda apartidária.Eis um excerto de um e-mail que recebi sobre isto, que adianta ainda outros aspectos interessantes dessas eleições:
Para assumir algum rigor, é preciso recordar que a "Esquerda" surgiu tripartida nas Presidenciais de '86, já que uma parte do PRD, porventura a mais "romântica" e "basista" convergiu na Candidatura da Eng.ª Pintassilgo com votantes da UDP e algumas votantes da então APU. É preciso não esquecer que a Candidatura de Zenha surgiu tardiamente, num momento no qual boa parte dos votantes do PRD haviam assumido que esta força apoiaria Pintassilgo, enquanto o "Pintassilguismo", com o MAD - Movimento para o Aprofundamento da Democracia, já estava no terreno antes das Legislativas de '85 e constituiu um parte substancial da estrutura territorial que permitiu a efectividade da primeira campanha eleitoral do PRD. Adicionalmente, este último partido não tinha, nem veio a ter..., um eleitorado consolidado e passível de ser condicionado nas suas opções por um "endorsement" do General Eanes, como ocorreu entre a 1.ª e a 2.ª voltas com o do PCP/APU. Em suma, creio ser demonstrável que os três candidatos, entre si, fixaram eleitoralmente o "Povo de Esquerda"...
Certo. Mas eu não duvido que três candidaturas "partidárias" de esquerda fixem melhor o "povo de esquerda" do que uma candidatura única soarista. O que eu duvido é que a fixação do "povo de esquerda" chegue para compensar a punição que Soares sofrerá por parte dos eleitores menos partidarizados do PS por ser nada mais do que o candidato do governo. Ou por outras palavras: em 1986, a "esquerda"era a "oposição", e isso simplica tudo numa campanha. Hoje, a "esquerda" é "oposição" e "governo". E isso complica tudo.
Mas para terminar esta série de posts, sejamos pragmáticos: esta discussão é meramente académica, porque a entrada de Francisco Louçã e Jerónimo de Sousa na corrida nada tem a ver com o que Mário Soares, Cavaco Silva, o PS, o governo, a "esquerda" (seja lá o que isso for) ou a "direita" (idem) queiram ou deixem de querer. Porque por muito que possa custar ao BE e ao PCP ver Cavaco Silva no governo (se é que custa alguma coisa, mas admitamos que sim), essa consideração é irrelevante comparada com a necessidade de marcar terreno político, fixar eleitorado, aproveitar exposição mediática e consolidar as lideranças (oficiosa uma, oficial outra) de cada partido.
P.S.- Informam-me que Francisco Louçã é o líder oficial (e não oficioso) do BE desde o último congresso. Ando um bocado desatento em relação à vida do BE...
Contudo, isto, e um e-mail que recebi, faz-me pensar que o exercício poderá ter ainda mais problemas que aqueles que eu sugeri à partida que tinha. Na verdade, o facto de os candidatos de esquerda com apoios partidários não terem "realizado o seu potencial" em 1986 deveu-se, em parte, claro, à presença de uma candidatura de esquerda apartidária.Eis um excerto de um e-mail que recebi sobre isto, que adianta ainda outros aspectos interessantes dessas eleições:
Para assumir algum rigor, é preciso recordar que a "Esquerda" surgiu tripartida nas Presidenciais de '86, já que uma parte do PRD, porventura a mais "romântica" e "basista" convergiu na Candidatura da Eng.ª Pintassilgo com votantes da UDP e algumas votantes da então APU. É preciso não esquecer que a Candidatura de Zenha surgiu tardiamente, num momento no qual boa parte dos votantes do PRD haviam assumido que esta força apoiaria Pintassilgo, enquanto o "Pintassilguismo", com o MAD - Movimento para o Aprofundamento da Democracia, já estava no terreno antes das Legislativas de '85 e constituiu um parte substancial da estrutura territorial que permitiu a efectividade da primeira campanha eleitoral do PRD. Adicionalmente, este último partido não tinha, nem veio a ter..., um eleitorado consolidado e passível de ser condicionado nas suas opções por um "endorsement" do General Eanes, como ocorreu entre a 1.ª e a 2.ª voltas com o do PCP/APU. Em suma, creio ser demonstrável que os três candidatos, entre si, fixaram eleitoralmente o "Povo de Esquerda"...
Certo. Mas eu não duvido que três candidaturas "partidárias" de esquerda fixem melhor o "povo de esquerda" do que uma candidatura única soarista. O que eu duvido é que a fixação do "povo de esquerda" chegue para compensar a punição que Soares sofrerá por parte dos eleitores menos partidarizados do PS por ser nada mais do que o candidato do governo. Ou por outras palavras: em 1986, a "esquerda"era a "oposição", e isso simplica tudo numa campanha. Hoje, a "esquerda" é "oposição" e "governo". E isso complica tudo.
Mas para terminar esta série de posts, sejamos pragmáticos: esta discussão é meramente académica, porque a entrada de Francisco Louçã e Jerónimo de Sousa na corrida nada tem a ver com o que Mário Soares, Cavaco Silva, o PS, o governo, a "esquerda" (seja lá o que isso for) ou a "direita" (idem) queiram ou deixem de querer. Porque por muito que possa custar ao BE e ao PCP ver Cavaco Silva no governo (se é que custa alguma coisa, mas admitamos que sim), essa consideração é irrelevante comparada com a necessidade de marcar terreno político, fixar eleitorado, aproveitar exposição mediática e consolidar as lideranças (oficiosa uma, oficial outra) de cada partido.
P.S.- Informam-me que Francisco Louçã é o líder oficial (e não oficioso) do BE desde o último congresso. Ando um bocado desatento em relação à vida do BE...
quarta-feira, setembro 07, 2005
Katrina
Do Polling Report:
ABC News/Washington Post Poll. Sept. 2, 2005. N=501 adults nationwide. MoE ± 4. Fieldwork by TNS Intersearch.
Do you approve or disapprove of the way George W. Bush is handling the situation caused by Hurricane Katrina?
Approve: 46%
Disapprove: 47%
Unsure:8%
Do you think the federal government should have been better prepared to deal with a storm of this size, or do you think it was as prepared as it reasonably could have been?
Should Have Been Better Prepared:67%
Prepared As Could Have Been:31%
Unsure: 2%
How about the state and local governments in the affected areas? Do you think they should have been better prepared to deal with a storm of this size, or do you think they were as prepared as they reasonably could have been?
Should Have Been Better Prepared:75%
Prepared As Could Have Been:24%
Unsure:1%
ABC News/Washington Post Poll. Sept. 2, 2005. N=501 adults nationwide. MoE ± 4. Fieldwork by TNS Intersearch.
Do you approve or disapprove of the way George W. Bush is handling the situation caused by Hurricane Katrina?
Approve: 46%
Disapprove: 47%
Unsure:8%
Do you think the federal government should have been better prepared to deal with a storm of this size, or do you think it was as prepared as it reasonably could have been?
Should Have Been Better Prepared:67%
Prepared As Could Have Been:31%
Unsure: 2%
How about the state and local governments in the affected areas? Do you think they should have been better prepared to deal with a storm of this size, or do you think they were as prepared as they reasonably could have been?
Should Have Been Better Prepared:75%
Prepared As Could Have Been:24%
Unsure:1%
terça-feira, setembro 06, 2005
Alemanha, a 12 dias
Poll of polls (últimas 3 sondagens):
CDU/CSU: 42,7%
SPD: 31,7%
Linke: 8,3%
Grüne:7,3%
FDP:7,0%
CDU/CSU+FDP:49,7% (maioria absoluta)
SPD+Grüne:39%
Mercados electrónicos (aqui):
CDU/CSU: 40,2%
SPD: 32,5%
Linke: 8,4%
Grüne:8,3%
FDP:7,6%
CDU/CSU+FDP:47,8% (sem maioria absoluta)
SPD+Grüne:40,8%
Prognóstico Norpoth/Gschwend de votação nos partidos de governo (com base num modelo incluindo popularidade do chanceler e apoio partidário de longo-prazo, explicado aqui .pdf, e que se revelou um excelente preditor do voto nos últimos anos):
SPD+Grüne:42%
Dúvidas quase nulas sobre vitória CDU/CSU. Incógnita total sobre se coligação maioritária poderá sair de CDU/FDP ou se terá de sair de CDU/SPD...
CDU/CSU: 42,7%
SPD: 31,7%
Linke: 8,3%
Grüne:7,3%
FDP:7,0%
CDU/CSU+FDP:49,7% (maioria absoluta)
SPD+Grüne:39%
Mercados electrónicos (aqui):
CDU/CSU: 40,2%
SPD: 32,5%
Linke: 8,4%
Grüne:8,3%
FDP:7,6%
CDU/CSU+FDP:47,8% (sem maioria absoluta)
SPD+Grüne:40,8%
Prognóstico Norpoth/Gschwend de votação nos partidos de governo (com base num modelo incluindo popularidade do chanceler e apoio partidário de longo-prazo, explicado aqui .pdf, e que se revelou um excelente preditor do voto nos últimos anos):
SPD+Grüne:42%
Dúvidas quase nulas sobre vitória CDU/CSU. Incógnita total sobre se coligação maioritária poderá sair de CDU/FDP ou se terá de sair de CDU/SPD...
segunda-feira, setembro 05, 2005
Presidenciais 2
Para Vital Moreira, a vantagem da separação da esquerda em três candidaturas presidenciais consiste em permitir que Soares fique livre para disputar o eleitorado do "centro" ao passo que PCP (Jerónimo de Sousa) e BE (Francisco Louçã) consolidam posições "à esquerda". Assim, os dois "eleitorados" ("de centro" e "de esquerda") são mobilizados para impedir a vitória de Cavaco à 1ª volta, para logo depois tudo convergir em Soares na 2ª volta.
Eu acho que isto tem a sua lógica. Mas também acho que essa lógica depende da validade das nossas pressuposições sobre o que causa o comportamento de voto em eleições presidenciais. VM acha que, fundamentalmente, os eleitores em eleições presidenciais votam por candidatos que melhor representam as suas "posições ideológicas". Pode ser que assim seja.
Mas o que sucede se as presidenciais não forem sobre exactamente (ou apenas) sobre isso? O que sucede se as presidenciais tiverem a tendência para se transformarem num referendo à actuação do governo, à situação do país, ou até numa mera decisão sobre a conveniência de colocar em Belém alguém de um partido diferente do governo?
Se assim for, Soares pode perder ao apresentar-se como mero candidato "do PS" ou "do governo", ónus que diluiria claramente ao apresentar-se como o candidato de todo o centro-esquerda alternativo a Cavaco (condição na qual, aliás, já se apresenta, mas que é dificilmente sustentável ao longo dos próximos meses, supondo eu que era isto que Ricardo Costa queria dizer aqui). Se assim for, nada garante que, no cômputo geral da esquerda (e da possibilidade de evitar o 50%+1 de Cavaco), as perdas do "candidato do governo" sejam compensadas pelos ganhos que podem advir de ter o BE e o PCP envolvidos na corrida presidencial.
Claro que o que eu acabo de escrever também só tem lógica na medida em que se pressuponha que a votação de Soares será directamente afectada pela popularidade do governo, que essa popularidade está em queda, e que os governos tendem a ser penalizados neste tipo de eleições (especialmente quando elas têm lugar fora dos períodos de "lua de mel"). Pressuposições, é o que temos... Logo se verá.
Eu acho que isto tem a sua lógica. Mas também acho que essa lógica depende da validade das nossas pressuposições sobre o que causa o comportamento de voto em eleições presidenciais. VM acha que, fundamentalmente, os eleitores em eleições presidenciais votam por candidatos que melhor representam as suas "posições ideológicas". Pode ser que assim seja.
Mas o que sucede se as presidenciais não forem sobre exactamente (ou apenas) sobre isso? O que sucede se as presidenciais tiverem a tendência para se transformarem num referendo à actuação do governo, à situação do país, ou até numa mera decisão sobre a conveniência de colocar em Belém alguém de um partido diferente do governo?
Se assim for, Soares pode perder ao apresentar-se como mero candidato "do PS" ou "do governo", ónus que diluiria claramente ao apresentar-se como o candidato de todo o centro-esquerda alternativo a Cavaco (condição na qual, aliás, já se apresenta, mas que é dificilmente sustentável ao longo dos próximos meses, supondo eu que era isto que Ricardo Costa queria dizer aqui). Se assim for, nada garante que, no cômputo geral da esquerda (e da possibilidade de evitar o 50%+1 de Cavaco), as perdas do "candidato do governo" sejam compensadas pelos ganhos que podem advir de ter o BE e o PCP envolvidos na corrida presidencial.
Claro que o que eu acabo de escrever também só tem lógica na medida em que se pressuponha que a votação de Soares será directamente afectada pela popularidade do governo, que essa popularidade está em queda, e que os governos tendem a ser penalizados neste tipo de eleições (especialmente quando elas têm lugar fora dos períodos de "lua de mel"). Pressuposições, é o que temos... Logo se verá.
Antes do debate
O debate Schröder-Merkel foi ontem. Ao que parece, segundo as sondagens realizadas após o debate, Schröder ganhou-o, sem surpresa, mas Merkel não cometeu erros catastróficos.
Seja como for, a sondagem de intenções de voto mais recente foi publicada anteontem, pelo que não reflecte o debate. E continua a ser uma sondagem cujo trabalho de campo foi feito em Agosto. E o que mostra, tal como todas as sondagens da última semana, é o mesmo que as anteriores de Agosto já mostravam: CDU estável nos 42-43%, SPD a subir, Linke a descer.
Seja como for, a sondagem de intenções de voto mais recente foi publicada anteontem, pelo que não reflecte o debate. E continua a ser uma sondagem cujo trabalho de campo foi feito em Agosto. E o que mostra, tal como todas as sondagens da última semana, é o mesmo que as anteriores de Agosto já mostravam: CDU estável nos 42-43%, SPD a subir, Linke a descer.
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