Eu sei que serve bem como muleta para a escrita e o raciocínio, e eu próprio já usei a palavra várias vezes. Mas eu teria cuidado com a ideia de que "o eleitorado alemão" "recusou", "rejeitou", "condenou", "aprovou", "escolheu", "receou", "desejou","sentiu", "desconfiou de" e "enviou uma mensagem a ". E nem pareceria necessário dizer porquê: o "eleitorado", como é óbvio, não existe.
Existem eleitores. E "recusam", "rejeitam", "condenam", "aprovam", "escolhem", "receiam", "desejam" e "sentem" coisas diferentes uns dos outros. Como a Sociologia não é uma batata, é natural que se formem grupos - umas vezes unidos por laços interpessoais e outras não - que sentem coisas semelhantes, por razões por vezes previsíveis. Mas um voto é só uma maneira de traduzir todos esses sentimentos, atitudes e preferências numa escolha altamente simplificada entre opções mutuamente exclusivas ou, pelo menos, ordenáveis. E uma distribuição de deputados obtida na base de uma qualquer regra de conversão de votos em mandatos é só uma maneira - entre muitas, todas insatisfatórias - de traduzir esses votos e todas as motivações que lhes subjazem num resultado agregado. Nem mais, nem menos.
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