Neste último post, o ângulo é algo diferente. DBH acha "grave" que as sondagens à boca das urnas nos Açores não tenham trabalho de campo em todas as ilhas e que o serviço público de televisão não pague tudo o que for preciso para garantir isso. Mas o que importa perceber é que todas as sondagens e todos os estudos deste género resultam de compromissos entre o ideal e o possível. Amostras de 15.000 inquiridos em vez de 5.000, ir a todos os locais de voto de uma freguesia ou ir a todas as freguesias em vez de ir apenas a algumas, incluir telefones celulares em sondagens telefónicas em vez de apenas telefones fixos, fazer 15 ou 20 tentativas de encontrar um inquirido aleatoriamente numa casa em vez de apenas 4 ou 5, dar um mês em vez de uma semana de formação aos inquiridores, etc, etc, etc, a lista do "ideal" nas sondagens é interminável e inatingível. O importante é garantir que aquilo que se sacrifica não é suficientemente "grave" para impedir boas inferências. E manifestamente não foi, o que não nos impede de reconhecer e tentar descobrir os custos que esses sacrifícios podem ter imposto, até para se perceber que sacrifícios são legítimos da próxima vez.
Eu acho que este tipo de discussão até pode ser, em geral, saudável, e só acontece porque há cada vez mais transparência na maneira como se fazem sondagens. Sabem-se coisas intrigantes de que dantes nem se fazia ideia, aparecem novas perguntas, e conversa-se. Acho, se calhar com alguma pretensão, que não dei um contributo completamente irrelevante para isso.
Mas acho também que há dois tipos de discussão sobre sondagens e duas opções para as pessoas, como DBH, que exercem funções políticas. Podem aprender alguma coisa sobre sondagens e passam a poder fazer questões e críticas interessantes a quem trabalha nisto. Eu conheço algumas pessoas assim em quase todos os partidos (uma delas tem um blogue e outra até foi Primeiro-Ministro). Mas também se podem limitar a ter um discurso estritamente político sobre sondagens. O segundo é perfeitamente legítimo, mas serve apenas para conversarem uns com os outros. Não serve para mais.
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