Sei que já tem uns dias, mas tenho andado ocupado. Seja como for, não há novidades.
P.S. - Começa a tornar-se um hábito que a Intercampus - ou os órgãos de comunicação que divulgam as suas sondagens - não explique na ficha técnica os critérios de selecção dos domicílios ou dos inquiridos.
quarta-feira, novembro 30, 2005
domingo, novembro 27, 2005
Conflitos de interesses
Eduardo Pitta, no Da Literatura, insurge-se contra o facto de eu, ao mesmo tempo que colaboro com um instituto de sondagens, ter também um blogue sobre sondagens e opinião pública, e ver esse blogue citado no jornal para o qual o instituto com que colaboro faz sondagens. Segundo Eduardo Pitta,
Era como se os juízes viessem comentar nos seus blogues os processos que estão a julgar. Aparentemente, muita gente considera o procedimento benigno. Por este andar, vamos ter analistas a comentar nos jornais que encomendam as amostragens, os «resultados» da concorrência, contextualizando-os de forma a levar água ao moinho de eleição.
Não é nada que não me tivesse ocorrido. Há cerca de um ano, quando pensava se havia de começar este blogue ou não, questionei-me se isso representava um conflito de interesses. Pensei em vários exemplos. Poderá um novelista/poeta, especialmente um que escreva sobre literatura num blogue, criticar livros dos seus colegas de ofício em revistas literárias onde mantenha uma colaboração regular? Enfim, exemplos desse género. Nunca me ocorreu comparar as sondagens divulgadas na comunicação social e obrigatoriamente depositadas na Alta Autoridade para a Comunicação Social com matéria em segredo de justiça, mas se calhar foi falta de lembrança.
Creio que deverão ser os leitores a ajuízar. Sei que nunca ocultei onde trabalho. Cheguei mesmo a avisar que, tendo em conta que as opções metodológicas tomadas pelas sondagens da Católica são, em parte, da minha responsabilidade, tenderia a defendê-las pelo simples facto de que as defendo em abstracto, seja onde for que trabalhe, e por isso mesmo as ponho em prática. Interpreto os dados de que disponho, e nessas interpretações serei sempre, inevitavelmente, falível e subjectivo. Mas nunca interpreto dados que não coloque imediatamente aos dispor daqueles que lêem o que escrevo, para que todos possam fazer os seus próprios juízos e avaliar até que ponto sou ou não objectivo e isento. E procuro sempre sê-lo. Mas mais uma vez, terá de ser o leitor a dizer se isto chega.
Registo apenas que, mesmo tendo lido este blogue e especialmente este post, Eduardo Pitta não se tenha disposto a corrigir no seu blogue um único dos muitos erros que cometeu nesta sua análise dos resultados das sondagens de 5ª feira. Pelos vistos, questionar as coisas que escrevi não lhe interessa; o que lhe interessa é questionar o meu direito de as escrever.
Era como se os juízes viessem comentar nos seus blogues os processos que estão a julgar. Aparentemente, muita gente considera o procedimento benigno. Por este andar, vamos ter analistas a comentar nos jornais que encomendam as amostragens, os «resultados» da concorrência, contextualizando-os de forma a levar água ao moinho de eleição.
Não é nada que não me tivesse ocorrido. Há cerca de um ano, quando pensava se havia de começar este blogue ou não, questionei-me se isso representava um conflito de interesses. Pensei em vários exemplos. Poderá um novelista/poeta, especialmente um que escreva sobre literatura num blogue, criticar livros dos seus colegas de ofício em revistas literárias onde mantenha uma colaboração regular? Enfim, exemplos desse género. Nunca me ocorreu comparar as sondagens divulgadas na comunicação social e obrigatoriamente depositadas na Alta Autoridade para a Comunicação Social com matéria em segredo de justiça, mas se calhar foi falta de lembrança.
Creio que deverão ser os leitores a ajuízar. Sei que nunca ocultei onde trabalho. Cheguei mesmo a avisar que, tendo em conta que as opções metodológicas tomadas pelas sondagens da Católica são, em parte, da minha responsabilidade, tenderia a defendê-las pelo simples facto de que as defendo em abstracto, seja onde for que trabalhe, e por isso mesmo as ponho em prática. Interpreto os dados de que disponho, e nessas interpretações serei sempre, inevitavelmente, falível e subjectivo. Mas nunca interpreto dados que não coloque imediatamente aos dispor daqueles que lêem o que escrevo, para que todos possam fazer os seus próprios juízos e avaliar até que ponto sou ou não objectivo e isento. E procuro sempre sê-lo. Mas mais uma vez, terá de ser o leitor a dizer se isto chega.
Registo apenas que, mesmo tendo lido este blogue e especialmente este post, Eduardo Pitta não se tenha disposto a corrigir no seu blogue um único dos muitos erros que cometeu nesta sua análise dos resultados das sondagens de 5ª feira. Pelos vistos, questionar as coisas que escrevi não lhe interessa; o que lhe interessa é questionar o meu direito de as escrever.
quinta-feira, novembro 24, 2005
Numeracia, precisa-se (continuação)
De um leitor:
Dizer que os jornalistas deviam ser melhores (mais consistentes, mais fundamentados, mais enquadrados) mediadores de informação é apenas parte da solução para um problema complexo.Uma outra parte da solução deverá - creio que concorda - ser conseguida com uma maior literacia mediática de quem elabora os estudos. Quando queremos que a nossa mensagem passe de forma clara devemos, a montante, fazer todo o possível para assegurar que dela não podem ser tiradas conclusões erradas ou - o que acontece no mais das vezes - visões parcelares. E, no caso em apreço, ajudaria também acordar entre os principais operadores uma tipologia de comportamento idêntica, sobretudo quando os estudos são alvo de tanta atenção.
E de outro:
Não será que as empresas de sondagens poderiam definir uma metodologia comum (ou com ou sem ponderação de indecisos)? É que, tal como aconteceu hoje, basta chegar ao quiosque para se ficar perplexo. (...) Qual é o papel das empresas de sondagens nesta questão? Eu acho que não se podem demitir...
Gostava que ficasse claro que estou inteiramente de acordo com o que se diz nestas mensagens. Aliás, na próxima 4ª feira, no programa Clube de Jornalistas (gravado antes dos acontencimentos de hoje), ouvir-me-ão defender isto mesmo: quem faz as sondagens deve exercer, junto de quem as divulga, uma função pedagógica, esclarecendo os "clientes" sobre o que as sondagens "dizem" e "não dizem".
Mais: tal como defendi aqui e aqui há quase um ano (peço-vos a paciência de relerem), quem faz as sondagens, independentemente ou não de exercer essa "função pedagógica", deve à partida apresentar os resultados de forma a que este tipo de confusões nem tenham oportunidade de suceder. Não de trata de usar metodologias comuns, que quanto a isso cada um terá as suas opções, mas sim de apresentar sempre os resultados de formas comparáveis, esclarecendo as virtudes e limites de cada forma de os apresentar.
E mais ainda: estou perfeitamente convencido que, muito mais até do que através de qualquer imposição externa, a melhor maneira de resolver este tipo de problemas seria através de uma instância de auto-regulação, à semelhança do que existe nos Estados Unidos ou no Reino Unido, tal como defendi aqui.
Finalmente soube entretanto que a discussão ocorrida durante o Fórum TSF (que não ouvi), serviu, em grande medida, para esclarecer algumas das confusões criadas.
A responsabilidade é de todos, institutos de sondagens e jornalistas incluídos. Entendamo-nos, então.
Dizer que os jornalistas deviam ser melhores (mais consistentes, mais fundamentados, mais enquadrados) mediadores de informação é apenas parte da solução para um problema complexo.Uma outra parte da solução deverá - creio que concorda - ser conseguida com uma maior literacia mediática de quem elabora os estudos. Quando queremos que a nossa mensagem passe de forma clara devemos, a montante, fazer todo o possível para assegurar que dela não podem ser tiradas conclusões erradas ou - o que acontece no mais das vezes - visões parcelares. E, no caso em apreço, ajudaria também acordar entre os principais operadores uma tipologia de comportamento idêntica, sobretudo quando os estudos são alvo de tanta atenção.
E de outro:
Não será que as empresas de sondagens poderiam definir uma metodologia comum (ou com ou sem ponderação de indecisos)? É que, tal como aconteceu hoje, basta chegar ao quiosque para se ficar perplexo. (...) Qual é o papel das empresas de sondagens nesta questão? Eu acho que não se podem demitir...
Gostava que ficasse claro que estou inteiramente de acordo com o que se diz nestas mensagens. Aliás, na próxima 4ª feira, no programa Clube de Jornalistas (gravado antes dos acontencimentos de hoje), ouvir-me-ão defender isto mesmo: quem faz as sondagens deve exercer, junto de quem as divulga, uma função pedagógica, esclarecendo os "clientes" sobre o que as sondagens "dizem" e "não dizem".
Mais: tal como defendi aqui e aqui há quase um ano (peço-vos a paciência de relerem), quem faz as sondagens, independentemente ou não de exercer essa "função pedagógica", deve à partida apresentar os resultados de forma a que este tipo de confusões nem tenham oportunidade de suceder. Não de trata de usar metodologias comuns, que quanto a isso cada um terá as suas opções, mas sim de apresentar sempre os resultados de formas comparáveis, esclarecendo as virtudes e limites de cada forma de os apresentar.
E mais ainda: estou perfeitamente convencido que, muito mais até do que através de qualquer imposição externa, a melhor maneira de resolver este tipo de problemas seria através de uma instância de auto-regulação, à semelhança do que existe nos Estados Unidos ou no Reino Unido, tal como defendi aqui.
Finalmente soube entretanto que a discussão ocorrida durante o Fórum TSF (que não ouvi), serviu, em grande medida, para esclarecer algumas das confusões criadas.
A responsabilidade é de todos, institutos de sondagens e jornalistas incluídos. Entendamo-nos, então.
Ponto de situação
1. Se bem que haja sondagens onde a existência de uma maioria absoluta de intenções válidas de voto para Cavaco Silva é incerta (Eurosondagem), todas as estimativas de todas as sondagens apontam para essa maioria absoluta. Ou seja, a probabilidade de que essa maioria absoluta seja fruto de erro amostral é cada vez mais diminuta. Pode mais, sim, ser fruto de um qualquer enviesamento comum a todos os estudos, mas não há sinais sobre que enviesamento poderá ser esse. Convém esperar pelas primeiras sondagens presenciais para discutir melhor esta questão.
2. Cinco das seis sondagens apontam para mais intenções de voto em Alegre do que em Soares, pelo que o raciocínio no ponto anterior se pode aplicar: é cada vez mais provável que, no universo, haja mais eleitores de Alegre do que de Soares. Contudo, ao contrário com o que sucede com a votação de Cavaco Silva, tem havido uma grande instabilidade nas estimativas atribuídas a Mário Soares, que oscilaram entre 11% e 18%, ou seja, uma amplitude de nada menos que 7 pontos (mais de metade que a sua estimativa mais baixa). É certo que as estimativas de Cavaco oscilam entre 52,6 e 62 (9,4 pontos), mas do ponto de vista relativo (em relação ao total de intenções de voto) essa dispersão é muito menos significativa do que se passa com Soares. Logo, creio que temos menos razões para estarmos seguros da existência actual de uma vantagem clara de Alegre sobre Soares do que sobre a existência actual de uma vantagem clara das intenções de voto em Cavaco em relação à barreira dos 50%.
3. Quanto a Francisco Louçã e Jerónimo de Sousa, quem disser que sabe qual deles têm actualmente mais apoio eleitoral não saberá o que está a dizer.
4. Na sondagem da Católica, alguns resultados interessantes:
- Eleitorado do PS é o mais dividido, não só entre Soares e Alegre, mas também (mais grave para as perspectivas da esquerda) entre Cavaco e a abstenção;
- Cavaco mobiliza o eleitorado sem simpatias partidárias com maior eficácia do que qualquer outro candidato;
- Entre que tencionam votar mas se dizem "indecisos" sobre em quem votar, o eleitorado do PS encontra-se ligeiramente sobrerepresentado, o que sugere algum (modesto) potencial de crescimento para os candidatos à esquerda de Cavaco. Contudo, o eleitorado do PS encontra-se fortemente sobrerepresentado entre os dizem ter a certeza que não irão votar. Aqui, o potential de crescimento será praticamente nulo, sabendo nós que as sondagens subestimam (em vez de sobreestimarem) os abstencionistas;
- Perante cenários hipotéticos de uma 2ª volta, Cavaco tem acima de 60% (tal como em todas as sondagens até agora) de intenções válidas de voto. Mas Alegre sai-se, neste momento e perante o cenário de uma 2ª volta, melhor do que Soares. Porque Soares tem muito maiores dificuldades em atrair numa 2ª volta os votantes dos restantes candidatos da esquerda, perdendo muitos para a abstenção;
- Mais de metade dos que se declaram eleitores de Manuel Alegre na 1ª volta acham que Soares é o candidato que pode obter melhores resultados perante Cavaco Silva. Leram bem? Repito: mais de metade dos que se declaram eleitores de Manuel Alegre na 1ª volta acham que Soares é o candidato que pode obter melhores resultados perante Cavaco Silva. Logo, o seu voto não decorre (se é que alguma vez decorreu) de uma decisão estratégica sobre "quem pode derrotar Cavaco Silva", mas sim da expressão de uma posição política independente do desfecho concreto da eleição.
Em resumo, na base destes dados, apesar de a maioria dos portugueses achar que é Mário Soares quem tem melhor hipóteses de contrariar a vitória de Cavaco Silva, a situação é-lhe muito pouco propícia. À parte a possibilidade de roubar eleitores ao próprio Cavaco Silva, que não pode ser excluída (Cavaco parte de um ponto tão alto que dificilmente poderá subir, apenas descer), o potencial de crescimento do eleitorado de Soares à esquerda parece depender em grande medida da captação de pessoas que, a esta hora, já serão dificilmente convertíveis:
- os que já dizem à partida que não tencionam votar, especialmente o eleitorado desmobilizado do PS;
- e os eleitores de Manuel Alegre, maioritariamente compostos por pessoas que declaram tencionar votar em Alegre apesar de acharem que Soares é quem tem hipóteses de obter um melhor resultado contra Cavaco Silva, o que mostra que a argumentação "estratégica" - o voto em Soares como única maneira de derrotar Cavaco - não deverá ser suficiente para os converter.
2. Cinco das seis sondagens apontam para mais intenções de voto em Alegre do que em Soares, pelo que o raciocínio no ponto anterior se pode aplicar: é cada vez mais provável que, no universo, haja mais eleitores de Alegre do que de Soares. Contudo, ao contrário com o que sucede com a votação de Cavaco Silva, tem havido uma grande instabilidade nas estimativas atribuídas a Mário Soares, que oscilaram entre 11% e 18%, ou seja, uma amplitude de nada menos que 7 pontos (mais de metade que a sua estimativa mais baixa). É certo que as estimativas de Cavaco oscilam entre 52,6 e 62 (9,4 pontos), mas do ponto de vista relativo (em relação ao total de intenções de voto) essa dispersão é muito menos significativa do que se passa com Soares. Logo, creio que temos menos razões para estarmos seguros da existência actual de uma vantagem clara de Alegre sobre Soares do que sobre a existência actual de uma vantagem clara das intenções de voto em Cavaco em relação à barreira dos 50%.
3. Quanto a Francisco Louçã e Jerónimo de Sousa, quem disser que sabe qual deles têm actualmente mais apoio eleitoral não saberá o que está a dizer.
4. Na sondagem da Católica, alguns resultados interessantes:
- Eleitorado do PS é o mais dividido, não só entre Soares e Alegre, mas também (mais grave para as perspectivas da esquerda) entre Cavaco e a abstenção;
- Cavaco mobiliza o eleitorado sem simpatias partidárias com maior eficácia do que qualquer outro candidato;
- Entre que tencionam votar mas se dizem "indecisos" sobre em quem votar, o eleitorado do PS encontra-se ligeiramente sobrerepresentado, o que sugere algum (modesto) potencial de crescimento para os candidatos à esquerda de Cavaco. Contudo, o eleitorado do PS encontra-se fortemente sobrerepresentado entre os dizem ter a certeza que não irão votar. Aqui, o potential de crescimento será praticamente nulo, sabendo nós que as sondagens subestimam (em vez de sobreestimarem) os abstencionistas;
- Perante cenários hipotéticos de uma 2ª volta, Cavaco tem acima de 60% (tal como em todas as sondagens até agora) de intenções válidas de voto. Mas Alegre sai-se, neste momento e perante o cenário de uma 2ª volta, melhor do que Soares. Porque Soares tem muito maiores dificuldades em atrair numa 2ª volta os votantes dos restantes candidatos da esquerda, perdendo muitos para a abstenção;
- Mais de metade dos que se declaram eleitores de Manuel Alegre na 1ª volta acham que Soares é o candidato que pode obter melhores resultados perante Cavaco Silva. Leram bem? Repito: mais de metade dos que se declaram eleitores de Manuel Alegre na 1ª volta acham que Soares é o candidato que pode obter melhores resultados perante Cavaco Silva. Logo, o seu voto não decorre (se é que alguma vez decorreu) de uma decisão estratégica sobre "quem pode derrotar Cavaco Silva", mas sim da expressão de uma posição política independente do desfecho concreto da eleição.
Em resumo, na base destes dados, apesar de a maioria dos portugueses achar que é Mário Soares quem tem melhor hipóteses de contrariar a vitória de Cavaco Silva, a situação é-lhe muito pouco propícia. À parte a possibilidade de roubar eleitores ao próprio Cavaco Silva, que não pode ser excluída (Cavaco parte de um ponto tão alto que dificilmente poderá subir, apenas descer), o potencial de crescimento do eleitorado de Soares à esquerda parece depender em grande medida da captação de pessoas que, a esta hora, já serão dificilmente convertíveis:
- os que já dizem à partida que não tencionam votar, especialmente o eleitorado desmobilizado do PS;
- e os eleitores de Manuel Alegre, maioritariamente compostos por pessoas que declaram tencionar votar em Alegre apesar de acharem que Soares é quem tem hipóteses de obter um melhor resultado contra Cavaco Silva, o que mostra que a argumentação "estratégica" - o voto em Soares como única maneira de derrotar Cavaco - não deverá ser suficiente para os converter.
Numeracia, precisa-se
As primeiras páginas do Público e do Diário de Notícias de hoje, assim como os noticiários da TSF sobre as sondagens presidenciais, constituem magníficos exemplos da forma como os resultados de sondagens NÃO devem ser divulgados, e terão lançado, de forma totalmente evitável, uma enorme confusão entre a opinião pública.
O Público coloca na primeira página o título Cavaco aumenta vantagem para vitória à primeira. Já o DN coloca na primeira página o título Cavaco Silva mais longe da vitória à primeira volta. Confusos? Não precisam de estar. Vamos por partes.
O Público devia, desde logo, ter evitado falar de "aumento de vantagem". Por alguma razão, na documentação que recebeu do Centro de Sondagens da Católica, os resultados da sondagem hoje divulgada não foram comparados com os resultados da sondagem de Setembro. Porquê? Porque nessa sondagem, Alegre nem sequer era ainda candidato, e Cavaco ainda não tinha oficializado a sua candidatura. Os resultados da sondagem de hoje e da sondagem de Setembro não são directamente comparáveis. Falar de "aumento de vantagem" em relação a uma sondagem em que o menu de candidatos nem sequer era o mesmo é, no mínimo, insensato.
Contudo, o que se passou no DN e na TSF hoje foi bastante mais grave. Fala-se na notícia do facto de Cavaco Silva ter perdido terreno (de 48,8% para 44%), o que já me parece correcto, dado que se toma como referência uma sondagem da Marktest do mês passado onde todas as candidaturas já eram contempladas. Contudo, toda a cobertura da sondagem por parte do DN e da TSF se orienta para a ideia de que, com este resultado, Cavaco Silva ficou mais longe de ultrapassar a barreira de 50% que lhe daria a vitória à primeira volta. Mais: à hora que escrevo isto, decorre um "Fórum TSF" cujo tema, cito de cor, é o seguinte disparate:
"Será que o vencedor das presidenciais é uma incógnita, como sugere a sondagem DN/TSF/Marktest de hoje, ou que a vitória de Cavaco Silva é uma certeza, como sugere outra sondagem divulgada hoje"
Já nem falo do absurdo que constitui dizer-se que uma qualquer sondagem, sejam quais forem os seus resultados, dá certezas seja do que for sobre eleições que vão ter lugar daqui a dois meses. Mas o pior é isto: estão a comparar-se coisas totalmente incomparáveis. Os resultados divulgados na primeira página do Público apresentam os resultados da sondagem como se fossem resultados de eleições, excluindo indecisos, abstencionistas e votos brancos e nulos, única maneira de se dizer se as intenções válidas de voto em Cavaco Silva estarão, neste momento, acima dos 50%. Mas os resultados da sondagem divulgada no DN e na TSF estão a ser tratados como se pudessem ser comparados como resultados de eleições e com os resultados da Católica, quando não podem, porque são calculados em relação a uma base que inclui abstencionistas, votos em branco e respostas "não sabe/não responde".
E o mais irónico de tudo é isto:
Quando se tornam as sondagens comparáveis - seja porque na sondagem Marktest redistribuímos proporcionalmente as opções "não válidas" de voto pelas opções válidas/ equivalentes a resultados eleitorais, seja porque na sondagem da Católica se adopta o procedimento habitual para esse fim (redistribuir indecisos na base de uma squeeze question sobre inclinação de voto e redistribuir proporcionalmente as restantes opções não válidas pelas válidas) - os resultados são muito semelhantes: 56/57 para Cavaco, 19/17 para Alegre e 5/6 para Jerónimo de Sousa. As diferenças só são maiores nos casos de Soares (13/16) e Louçã (6/4), confirmando aliás um padrão anterior de maior instabilidade nas estimativas para estes candidatos nas sondagens feitas até ao momento.
Será isto tão difícil de entender? Será assim tão difícil às direcções editorais imporem requisitos mínimos de numeracia a quem trata estas notícias? Será assim tão difícil evitar lançar a opinião pública na confusão total quanto aos resultados das sondagens? Há dias em que, confesso, me apetece mudar de ramo...
O Público coloca na primeira página o título Cavaco aumenta vantagem para vitória à primeira. Já o DN coloca na primeira página o título Cavaco Silva mais longe da vitória à primeira volta. Confusos? Não precisam de estar. Vamos por partes.
O Público devia, desde logo, ter evitado falar de "aumento de vantagem". Por alguma razão, na documentação que recebeu do Centro de Sondagens da Católica, os resultados da sondagem hoje divulgada não foram comparados com os resultados da sondagem de Setembro. Porquê? Porque nessa sondagem, Alegre nem sequer era ainda candidato, e Cavaco ainda não tinha oficializado a sua candidatura. Os resultados da sondagem de hoje e da sondagem de Setembro não são directamente comparáveis. Falar de "aumento de vantagem" em relação a uma sondagem em que o menu de candidatos nem sequer era o mesmo é, no mínimo, insensato.
Contudo, o que se passou no DN e na TSF hoje foi bastante mais grave. Fala-se na notícia do facto de Cavaco Silva ter perdido terreno (de 48,8% para 44%), o que já me parece correcto, dado que se toma como referência uma sondagem da Marktest do mês passado onde todas as candidaturas já eram contempladas. Contudo, toda a cobertura da sondagem por parte do DN e da TSF se orienta para a ideia de que, com este resultado, Cavaco Silva ficou mais longe de ultrapassar a barreira de 50% que lhe daria a vitória à primeira volta. Mais: à hora que escrevo isto, decorre um "Fórum TSF" cujo tema, cito de cor, é o seguinte disparate:
"Será que o vencedor das presidenciais é uma incógnita, como sugere a sondagem DN/TSF/Marktest de hoje, ou que a vitória de Cavaco Silva é uma certeza, como sugere outra sondagem divulgada hoje"
Já nem falo do absurdo que constitui dizer-se que uma qualquer sondagem, sejam quais forem os seus resultados, dá certezas seja do que for sobre eleições que vão ter lugar daqui a dois meses. Mas o pior é isto: estão a comparar-se coisas totalmente incomparáveis. Os resultados divulgados na primeira página do Público apresentam os resultados da sondagem como se fossem resultados de eleições, excluindo indecisos, abstencionistas e votos brancos e nulos, única maneira de se dizer se as intenções válidas de voto em Cavaco Silva estarão, neste momento, acima dos 50%. Mas os resultados da sondagem divulgada no DN e na TSF estão a ser tratados como se pudessem ser comparados como resultados de eleições e com os resultados da Católica, quando não podem, porque são calculados em relação a uma base que inclui abstencionistas, votos em branco e respostas "não sabe/não responde".
E o mais irónico de tudo é isto:
Quando se tornam as sondagens comparáveis - seja porque na sondagem Marktest redistribuímos proporcionalmente as opções "não válidas" de voto pelas opções válidas/ equivalentes a resultados eleitorais, seja porque na sondagem da Católica se adopta o procedimento habitual para esse fim (redistribuir indecisos na base de uma squeeze question sobre inclinação de voto e redistribuir proporcionalmente as restantes opções não válidas pelas válidas) - os resultados são muito semelhantes: 56/57 para Cavaco, 19/17 para Alegre e 5/6 para Jerónimo de Sousa. As diferenças só são maiores nos casos de Soares (13/16) e Louçã (6/4), confirmando aliás um padrão anterior de maior instabilidade nas estimativas para estes candidatos nas sondagens feitas até ao momento.
Será isto tão difícil de entender? Será assim tão difícil às direcções editorais imporem requisitos mínimos de numeracia a quem trata estas notícias? Será assim tão difícil evitar lançar a opinião pública na confusão total quanto aos resultados das sondagens? Há dias em que, confesso, me apetece mudar de ramo...
segunda-feira, novembro 21, 2005
Revisitar as sondagens presidenciais
Sugere-me um leitor que revisite as sondagens para as presidenciais de 1986 e 1996.
Tenho hesitado em fazê-lo (ao contrário do que fiz aqui, aqui, aqui ou aqui para as legislativas). O que se passa é que me falta informação metodológica importante, especialmente em relação aos resultados das últimas sondagens publicadas por cada órgão de comunicação social. Para além disso, baseio-me nalguns casos em fontes indirectas, ou seja, artigos de jornal sobre as sondagens publicados após as eleições, especialmente em 1996 (quando nem sequer estava no país). Tudo isto retira alguma utilidade ao exercício.
Contudo, se o exercício é inútil quanto às diferenças metodológicas entre as sondagens e suas consequências, é particularmente útil no que respeita às diferenças entre eleições e entre a regulação da actividade das sondagens que prevalecia à data dessas eleições. Já veremos como.
Junto portanto os resultados de 1996 e 2001. Eleições antes dessas é inútil, dado que só durante 1991 se tornou possível divulgar resultados uma semana antes das eleições. Claro que toda a gente se lembra das sondagens de 1986. Mas o que eventualmente muitos não recordam é que as sondagens que foram conhecidas foram publicadas um mês antes das eleições, ou seja, antes da campanha começar! Qualquer comparação delas com os resultados eleitorais é inútil do ponto de vista da apreciação da qualidade da informação prestada à opinião pública (se bem que não do ponto de vista das dinâmicas de campanha).
Em 1996, foram estes os últimos resultados divulgados antes das eleições:
Seguem-se as projecções divulgadas na noite eleitoral em 1996 (não lhes chamo sondagens à boca das urnas porque, em rigor, não o eram, dada a proibição de fazer inquéritos à saída dos locais de voto; os institutos usavam soluções mais ou menos criativas para contornar o problema):
Em 2001, as pré-eleitorais:
E as (agora sim) sondagens à boca das urnas:
As lacunas na informação metodológica impedem grandes reflexões sobre estas sondagens, e recordo mais uma vez que, especialmente em relação a 1996, alguma da informação que recolhi foi indirecta, o que levanta a possibilidade de imprecisões. Mas é possível dizer-se rapidamente o seguinte:
1. Mais abstenção, maior distância entre sondagens pré-eleitorais e resultados eleitorais: restam-me poucas dúvidas que o severo encurtamento da vantagem de Jorge Sampaio em 2001, na comparação entre sondagens e resultados, se deveu em parte a elevadíssima abstenção e, especialmente, a desmobilização dos eleitores do actual Presidente;
2. A diferença que fazem as sondagens à boca das urnas: a precisão das "projecções" na noite eleitoral em 2001 foi muito grande e, na altura, muito maior do que a atingida em qualquer eleição anterior, presidential ou outra. É impossível não relacionar isto com a mudança da legislação em 2000, que permitiu a realização de verdadeiras sondagens à boca das urnas.
Tenho hesitado em fazê-lo (ao contrário do que fiz aqui, aqui, aqui ou aqui para as legislativas). O que se passa é que me falta informação metodológica importante, especialmente em relação aos resultados das últimas sondagens publicadas por cada órgão de comunicação social. Para além disso, baseio-me nalguns casos em fontes indirectas, ou seja, artigos de jornal sobre as sondagens publicados após as eleições, especialmente em 1996 (quando nem sequer estava no país). Tudo isto retira alguma utilidade ao exercício.
Contudo, se o exercício é inútil quanto às diferenças metodológicas entre as sondagens e suas consequências, é particularmente útil no que respeita às diferenças entre eleições e entre a regulação da actividade das sondagens que prevalecia à data dessas eleições. Já veremos como.
Junto portanto os resultados de 1996 e 2001. Eleições antes dessas é inútil, dado que só durante 1991 se tornou possível divulgar resultados uma semana antes das eleições. Claro que toda a gente se lembra das sondagens de 1986. Mas o que eventualmente muitos não recordam é que as sondagens que foram conhecidas foram publicadas um mês antes das eleições, ou seja, antes da campanha começar! Qualquer comparação delas com os resultados eleitorais é inútil do ponto de vista da apreciação da qualidade da informação prestada à opinião pública (se bem que não do ponto de vista das dinâmicas de campanha).
Em 1996, foram estes os últimos resultados divulgados antes das eleições:
Seguem-se as projecções divulgadas na noite eleitoral em 1996 (não lhes chamo sondagens à boca das urnas porque, em rigor, não o eram, dada a proibição de fazer inquéritos à saída dos locais de voto; os institutos usavam soluções mais ou menos criativas para contornar o problema):
Em 2001, as pré-eleitorais:
E as (agora sim) sondagens à boca das urnas:
As lacunas na informação metodológica impedem grandes reflexões sobre estas sondagens, e recordo mais uma vez que, especialmente em relação a 1996, alguma da informação que recolhi foi indirecta, o que levanta a possibilidade de imprecisões. Mas é possível dizer-se rapidamente o seguinte:
1. Mais abstenção, maior distância entre sondagens pré-eleitorais e resultados eleitorais: restam-me poucas dúvidas que o severo encurtamento da vantagem de Jorge Sampaio em 2001, na comparação entre sondagens e resultados, se deveu em parte a elevadíssima abstenção e, especialmente, a desmobilização dos eleitores do actual Presidente;
2. A diferença que fazem as sondagens à boca das urnas: a precisão das "projecções" na noite eleitoral em 2001 foi muito grande e, na altura, muito maior do que a atingida em qualquer eleição anterior, presidential ou outra. É impossível não relacionar isto com a mudança da legislação em 2000, que permitiu a realização de verdadeiras sondagens à boca das urnas.
Sobre sondagens
A ler, um artigo de Tiago Mendes no Diário Económico.
Sobre a interdependência entre as sondagens e os resultados eleitorais, só me resta remeter para este post.
E se o autor me permite uma correcção, importa notar que uma sondagem à boca das urnas não é uma previsão. Uma sondagem à boca das urnas mede comportamentos já ocorridos (questionando eleitores à saída das urnas, após o voto), permitindo que se faça, na base da amostra, uma inferência acerca daquilo que ocorreu (pretérito) no universo dos eleitores.
Pode-se dizer, sim, que precisamente por não ser (nem poder ser encarada como) uma previsão, uma sondagem à boca das urnas elimina algumas das fontes de incerteza associadas a qualquer estimativa pré-eleitoral de resultados eleitorais (tais como a instabilidade nas intenções de voto, a abstenção diferencial, etc.), seja ela baseada numa sondagem pré-eleitoral propriamente dita ou em outros preditores para além das intenções de voto (estado da economia, popularidade dos líderes, etc.), para além de ter a vantagem de contar, geralmente, com amostras de maior dimensão do que as usadas em sondagens pré-eleitorais.
Sobre a interdependência entre as sondagens e os resultados eleitorais, só me resta remeter para este post.
E se o autor me permite uma correcção, importa notar que uma sondagem à boca das urnas não é uma previsão. Uma sondagem à boca das urnas mede comportamentos já ocorridos (questionando eleitores à saída das urnas, após o voto), permitindo que se faça, na base da amostra, uma inferência acerca daquilo que ocorreu (pretérito) no universo dos eleitores.
Pode-se dizer, sim, que precisamente por não ser (nem poder ser encarada como) uma previsão, uma sondagem à boca das urnas elimina algumas das fontes de incerteza associadas a qualquer estimativa pré-eleitoral de resultados eleitorais (tais como a instabilidade nas intenções de voto, a abstenção diferencial, etc.), seja ela baseada numa sondagem pré-eleitoral propriamente dita ou em outros preditores para além das intenções de voto (estado da economia, popularidade dos líderes, etc.), para além de ter a vantagem de contar, geralmente, com amostras de maior dimensão do que as usadas em sondagens pré-eleitorais.
A exposição dos candidatos nos media
As observações de Jorge Candeias fazem sentido. Por um lado, a questão de medição. O que significa "notícias protagonizadas por cada personalidade"? Suponho que uma notícia é contada como tal quando os candidatos são explicitamente objecto de notícia, mas não posso estar seguro. Não descobri no site da Marktest a definição operacional desta variável.
Por outro lado, o período coberto. Observa-se na Lâmpada Mágica:
E também pergunto a mim próprio por que motivo foi escolhido o período de tempo que foi. É que desde 22 de Agosto até hoje houve as eleições autárquicas e uma campanha eleitoral (e uma longa pré-campanha) em que os líderes dos partidos se fartaram de aparecer, por inerência de cargo. E adivinhem quem são os líderes partidários que se candidataram a Belém? Nem mais: Louçã e Jerónimo, os dois mais "protagonistas" entre os "protagonistas". Dá-me a sensação de que aqui estamos a comparar coisas que não são comparáveis, o que é capaz de criar enviezamentos no método e, portanto, nos resultados.
A data de início deve-se, creio, ao lançamento das primeiras candidaturas, mas o problema mantém-se. Mas resolve-se. Basta ir aqui e tomar como âmbito temporal um período mais curto. Olhemos, por exemplo, para o que se passou desde a semana 42 (uma semana depois das autárquicas) até à semana 45 (que terminou no dia 13 de Novembro):
Mário Soares: 79 notícias, 215 minutos;
Cavaco Silva: 54 notícias, 163 minutos;
Manuel Alegre: 55 notícias, 147 minutos;
Jerónimo de Sousa: 52 notícias, 139 minutos;
Francisco Louçã: 51 notícias, 139 minutos.
De facto, faz diferença a exclusão do período das autárquicas. Após este período, Mário Soares conseguiu aparecer nas televisões com uma frequência e duração superior à dos restantes candidatos. Cavaco Silva surge em segundo lugar, mas muito por força daquele dia em que as televisões acompanharam o lançamento da sua candidatura, o que levou a notícias com muito longa duração.
Isto mede aquilo que mede. Não mede conteúdo/enviesamento da notícia, não mede o seu posicionamento na hierarquia do alinhamento noticioso, nem deve contar com notícias indirectamente relacionadas com os candidatos. Vale o que vale, como se diz das sondagens...
Por outro lado, o período coberto. Observa-se na Lâmpada Mágica:
E também pergunto a mim próprio por que motivo foi escolhido o período de tempo que foi. É que desde 22 de Agosto até hoje houve as eleições autárquicas e uma campanha eleitoral (e uma longa pré-campanha) em que os líderes dos partidos se fartaram de aparecer, por inerência de cargo. E adivinhem quem são os líderes partidários que se candidataram a Belém? Nem mais: Louçã e Jerónimo, os dois mais "protagonistas" entre os "protagonistas". Dá-me a sensação de que aqui estamos a comparar coisas que não são comparáveis, o que é capaz de criar enviezamentos no método e, portanto, nos resultados.
A data de início deve-se, creio, ao lançamento das primeiras candidaturas, mas o problema mantém-se. Mas resolve-se. Basta ir aqui e tomar como âmbito temporal um período mais curto. Olhemos, por exemplo, para o que se passou desde a semana 42 (uma semana depois das autárquicas) até à semana 45 (que terminou no dia 13 de Novembro):
Mário Soares: 79 notícias, 215 minutos;
Cavaco Silva: 54 notícias, 163 minutos;
Manuel Alegre: 55 notícias, 147 minutos;
Jerónimo de Sousa: 52 notícias, 139 minutos;
Francisco Louçã: 51 notícias, 139 minutos.
De facto, faz diferença a exclusão do período das autárquicas. Após este período, Mário Soares conseguiu aparecer nas televisões com uma frequência e duração superior à dos restantes candidatos. Cavaco Silva surge em segundo lugar, mas muito por força daquele dia em que as televisões acompanharam o lançamento da sua candidatura, o que levou a notícias com muito longa duração.
Isto mede aquilo que mede. Não mede conteúdo/enviesamento da notícia, não mede o seu posicionamento na hierarquia do alinhamento noticioso, nem deve contar com notícias indirectamente relacionadas com os candidatos. Vale o que vale, como se diz das sondagens...
sexta-feira, novembro 18, 2005
Tudo o que precisa de saber...
(Não, não, o josé da Grande Loja não vai precisar do Xanax porque não vou outra vez falar de justiça.)
Tudo o que precisa de saber sobre...as presidenciais, aqui, na Marktest, que reincide no serviço público já prestado nas autárquicas. Sondagens, resultados de anteriores eleições e cobertura noticiosa.
Uma curiosidade: qual é o candidato presidencial com maior exposição nas televisões desde Agosto?
Quanto às notícias protagonizadas por estes candidatos às próximas eleições presidenciais, é Jerónimo de Sousa aquele que mais vezes e por mais tempo surgiu nos écrãs da RTP1, 2:, SIC e TVI, em programas regulares de informação (exclui por isso entrevistas aprofundadas ou outros programas especiais sobre o assunto). De 22 de Agosto a 13 de Novembro de 2005, Jerónimo de Sousa foi protagonista de 227 notícias que tiveram uma duração total superior a oito horas. Francisco Louçã foi o segundo mais referido nas notícias destes canais, com 189 peças que estiveram próximas das sete horas de duração total. Cavaco Silva, pelo contrário, protagonizou o menor número de notícias, com 85 peças de cerca de 3 horas e 45 minutos de duração.
À atenção da Lâmpada Mágica...
Tudo o que precisa de saber sobre...as presidenciais, aqui, na Marktest, que reincide no serviço público já prestado nas autárquicas. Sondagens, resultados de anteriores eleições e cobertura noticiosa.
Uma curiosidade: qual é o candidato presidencial com maior exposição nas televisões desde Agosto?
Quanto às notícias protagonizadas por estes candidatos às próximas eleições presidenciais, é Jerónimo de Sousa aquele que mais vezes e por mais tempo surgiu nos écrãs da RTP1, 2:, SIC e TVI, em programas regulares de informação (exclui por isso entrevistas aprofundadas ou outros programas especiais sobre o assunto). De 22 de Agosto a 13 de Novembro de 2005, Jerónimo de Sousa foi protagonista de 227 notícias que tiveram uma duração total superior a oito horas. Francisco Louçã foi o segundo mais referido nas notícias destes canais, com 189 peças que estiveram próximas das sete horas de duração total. Cavaco Silva, pelo contrário, protagonizou o menor número de notícias, com 85 peças de cerca de 3 horas e 45 minutos de duração.
À atenção da Lâmpada Mágica...
quarta-feira, novembro 16, 2005
Plus ça change...
1. Entre 53% e 63% dos franceses (dependendo da formulação da pergunta) aprovam a actuação de (ou têm confiança em) Sarkozy em face da violência urbana (BVA, 10 Novemebro, em .pdf; IFOP, 13 de Novembro, aqui e aqui; IPSOS, 16 de Novembro, aqui);
2. 61% dos franceses declaram que, caso Sarkozy se apresente às eleições presidenciais, votarão certamente (19%) ou possivelmente (42%) nele, mantendo-o acima de qualquer outro candidato potencial (IPSOS, aqui);
3. As soluções mais apontadas pelos franceses para resolver a "crise dos banlieus" a médio prazo consistem em "dar mais meios para a educação" (47%), "assegurar uma melhor mixité social(como traduzir?) (45%) e "desenvolver policiamento de proximidade" (40%) - CSA, 8 Novembro, aqui.
P.S. - Os resultados descritos nos pontos 1 e 2 ganham novo sentido se lidos à luz de uma crónica, onde (para variar em relação a um seu recente registo jornalístico mais, digamos, engagé) Rui Ramos faz uma interessante análise da "alta política" por detrás da violência urbana em França.
2. 61% dos franceses declaram que, caso Sarkozy se apresente às eleições presidenciais, votarão certamente (19%) ou possivelmente (42%) nele, mantendo-o acima de qualquer outro candidato potencial (IPSOS, aqui);
3. As soluções mais apontadas pelos franceses para resolver a "crise dos banlieus" a médio prazo consistem em "dar mais meios para a educação" (47%), "assegurar uma melhor mixité social(como traduzir?) (45%) e "desenvolver policiamento de proximidade" (40%) - CSA, 8 Novembro, aqui.
P.S. - Os resultados descritos nos pontos 1 e 2 ganham novo sentido se lidos à luz de uma crónica, onde (para variar em relação a um seu recente registo jornalístico mais, digamos, engagé) Rui Ramos faz uma interessante análise da "alta política" por detrás da violência urbana em França.
terça-feira, novembro 15, 2005
Off topic: está-se sempre a aprender
A ler em conjunto:
1: Becker
2. Posner
3. Canhoto
Os dois primeiros via o (cada vez mais indispensável) Pura Economia.
O único comentário (banalíssimo) que me ocorre é que, quando se vê alguém como Posner defender o valor social da discriminação positiva (apesar de lamentar a sua contradição com os valores meritocráticos) e o Canhoto defender a flexibilização das leis laborais (é certo que em troca de maior protecção social da empregabilidade e dos rendimentos dos desempregados involuntários), isto deverá querer dizer que as soluções reais para os problemas reais já não andarão certamente pelos sítios habituais.
(Não sou especialista, longe disso, mas sobre os argumentos defendidos pelo Canhoto, vale a pena ler isto, especialmente o capítulo "Recasting Welfare Regimes for a Postindustrial Era").
1: Becker
2. Posner
3. Canhoto
Os dois primeiros via o (cada vez mais indispensável) Pura Economia.
O único comentário (banalíssimo) que me ocorre é que, quando se vê alguém como Posner defender o valor social da discriminação positiva (apesar de lamentar a sua contradição com os valores meritocráticos) e o Canhoto defender a flexibilização das leis laborais (é certo que em troca de maior protecção social da empregabilidade e dos rendimentos dos desempregados involuntários), isto deverá querer dizer que as soluções reais para os problemas reais já não andarão certamente pelos sítios habituais.
(Não sou especialista, longe disso, mas sobre os argumentos defendidos pelo Canhoto, vale a pena ler isto, especialmente o capítulo "Recasting Welfare Regimes for a Postindustrial Era").
Quem são os indecisos?
De um e-mail de um leitor:
Penso que neste caso específico a redistribuição proporcional dos indecisos não será uma boa opção. Parece-me que o facto de a candidatura de Cavaco ser bastante consensual à direita (ninguém de direita manifesta qualquer intenção de se candidatar para além de Cavaco) reduz muito a indecisão nesse eleitorado. Já no caso da esquerda, a existência de tantos candidatos é geradora de uma maior indecisão. As candidaturas de Alegre e Soares são importantes fontes de indefinição no eleitorado de esquerda.
Esta situação leva-me a pensar que a esmagadora maioria dos ainda indecisos se irá distribuir pelos candidatos da esquerda (e eventualmente pela abstenção) e muito spoucos por Cavaco. Esperar, como se deduz pela redistribuição dos indecisos na sondagem da Euroexpansão, que cerca de 8% dos 15% de indecisos vão optar por votar Cavaco parece-me francamente exagerado. Os indecisos estão à esquerda e se esta os souber conquistar, Cavaco não ganha as eleições. Ou seja, Cavaco não vai ganhar as eleições, a esquerda é que as poderá perder.
Parece-me plausível a ideia de que a indecisão é maior entre o eleitorado potencial dos candidatos de esquerda, especialmente o eleitorado do PS, como sugeri aqui. Mas para apreciar a validade da ideia, seria importante ver quais as identificações partidárias ou posicionamentos ideológicos (aqueles que os têm e declaram) dos que agora se dizem "indecisos", e apurar se a sua distribuição está significativamente mais "à esquerda" do que a da restante população que indica uma intenção válida de voto. A ficha técnica da Eurosondagem dá ideia que esse tipo de questões não foi colocada. No caso da Aximage, fica claro que essas questões são colocadas, mas não me recordo de alguma vez ver essa análise. Outro ponto importante, claro, é que estas percentagens de "indecisos" muito provavelmente subestimam a percentagem real de eleitores que não têm uma decisão tomada acerca de em quem irão votar. Isso sucede porque há uma parte "submersa" do eleitorado que não surge nas sondagens: as recusas, ou seja, aqueles que recusam fazer parte da amostra.
Mas por outro lado, nada garante que a "indecisão", seja a medida nas sondagens seja a "real", se converta em "voto" à última da hora. Muita dessa "indecisão" acaba por desembocar em abstenção. Assim foi, por exemplo, nas legislativas de 2005: um estudo de painel feito pela Católica para o Público, a RTP, a RDP e o ICS mostra que mais de um terço das respostas "não sabe/não responde" à pergunta sobre intenção de voto em Janeiro de 2005 acabaram por redundar, em Fevereiro (e na base das declarações dos próprios) em abstenção.
Penso que neste caso específico a redistribuição proporcional dos indecisos não será uma boa opção. Parece-me que o facto de a candidatura de Cavaco ser bastante consensual à direita (ninguém de direita manifesta qualquer intenção de se candidatar para além de Cavaco) reduz muito a indecisão nesse eleitorado. Já no caso da esquerda, a existência de tantos candidatos é geradora de uma maior indecisão. As candidaturas de Alegre e Soares são importantes fontes de indefinição no eleitorado de esquerda.
Esta situação leva-me a pensar que a esmagadora maioria dos ainda indecisos se irá distribuir pelos candidatos da esquerda (e eventualmente pela abstenção) e muito spoucos por Cavaco. Esperar, como se deduz pela redistribuição dos indecisos na sondagem da Euroexpansão, que cerca de 8% dos 15% de indecisos vão optar por votar Cavaco parece-me francamente exagerado. Os indecisos estão à esquerda e se esta os souber conquistar, Cavaco não ganha as eleições. Ou seja, Cavaco não vai ganhar as eleições, a esquerda é que as poderá perder.
Parece-me plausível a ideia de que a indecisão é maior entre o eleitorado potencial dos candidatos de esquerda, especialmente o eleitorado do PS, como sugeri aqui. Mas para apreciar a validade da ideia, seria importante ver quais as identificações partidárias ou posicionamentos ideológicos (aqueles que os têm e declaram) dos que agora se dizem "indecisos", e apurar se a sua distribuição está significativamente mais "à esquerda" do que a da restante população que indica uma intenção válida de voto. A ficha técnica da Eurosondagem dá ideia que esse tipo de questões não foi colocada. No caso da Aximage, fica claro que essas questões são colocadas, mas não me recordo de alguma vez ver essa análise. Outro ponto importante, claro, é que estas percentagens de "indecisos" muito provavelmente subestimam a percentagem real de eleitores que não têm uma decisão tomada acerca de em quem irão votar. Isso sucede porque há uma parte "submersa" do eleitorado que não surge nas sondagens: as recusas, ou seja, aqueles que recusam fazer parte da amostra.
Mas por outro lado, nada garante que a "indecisão", seja a medida nas sondagens seja a "real", se converta em "voto" à última da hora. Muita dessa "indecisão" acaba por desembocar em abstenção. Assim foi, por exemplo, nas legislativas de 2005: um estudo de painel feito pela Católica para o Público, a RTP, a RDP e o ICS mostra que mais de um terço das respostas "não sabe/não responde" à pergunta sobre intenção de voto em Janeiro de 2005 acabaram por redundar, em Fevereiro (e na base das declarações dos próprios) em abstenção.
segunda-feira, novembro 14, 2005
Eurosondagem, Presidenciais, 12 Novembro (continuação)
Primeiro os dados:
Algumas notas:
1. A sondagem divulgada há menos tempo (a do Expresso/RR/SIC) não é a última da lista porque as sondagens estão colocadas por ordem crescente da data de trabalho de campo, e não de divulgação.
2. Há discrepâncias de não mais de 0,1% entre os resultados apresentados pela Eurosondagem após a redistribuição de indecisos e aqueles que eu apresento. A razão é simples: respeitando a decisão da empresa de apresentar esses dados com uma casa decimal, fiz o cálculo da redistribuição dos indecisos (15%) pelas restantes opções válidas. Os meus resultados não coincidem com os da Eurosondagem. Nada disto, contudo, tem qualquer importância, como se verá no ponto seguinte.
3. Há por aí alguma discussão sobre o que estes resultados estão a dizer assim que se considera a margem de erro amostral. O que eles estão a dizer é o seguinte:
"Se a amostra obtida da população eleitora residente em domicílios com telefone no Continente tivesse sido aleatória, haveria 95% de probabilidades que as intenções de voto em cada um dos candidatos - redistribuindo proporcionalmente os indecisos - se situassem entre os valores máximos e mínimos do seguinte quadro:
Logo, na base destes resultados, não podemos dizer, nem só com 95% de confiança, se, entre a população eleitora residente em domicílios com telefone fixo no Continente:
a. As intenções de voto em Cavaco Silva são neste momento superiores a 50%;
b. Soares tem mais intenções de voto que Alegre ou vice-versa;
c. Louçã tem mais intenções de voto que Jerónimo ou vice-versa.
Acresce a isto que a amostra da Eurosondagem - tal como todas as feitas por qualquer sondagem em qualquer sítio no Mundo - pode ter sido seleccionada com procedimentos aleatórios, mas não é nunca uma sondagem cujos membros da amostra tenham sido seleccionados com probabibilidade igual a todos os outros (devido à incapacidade de contactar membros do universo seleccionados aleatoriamente, recusas em pertencer à amostra, etc.). É por tudo isto que a afirmação "Cavaco deve ganhar à primeira volta" não faz sentido (para já não falar do facto de usar intenções de voto recolhidas a três meses das eleições como elemento que permite prever o que vai suceder no dia das eleições).
4. A diferença entre os resultados da última (Aximage) e da penúltima (Eurosondagem) sondagens dificilmente terão a ver com mudanças nas intenções de voto dos eleitores ao longo do tempo, dado que os trabalhos de campo foram conduzidos quase simultaneamente. Restam as opções metodológicas e o erro amostral como explicação das diferenças. O segundo, por enquanto, ainda as justifica. Mas se começarmos a detectar de forma sistemática que as amostras por quotas produzem melhores resultados para Cavaco e Alegre do que as amostras aleatórias, importa começar a considerar as opções metodológicas como fonte destas discrepâncias. Por enquanto é cedo.
5. A vantagem de Cavaco Silva sobre os restantes candidatos está a diminuir? Para percebermos se a passagem do tempo está a produzir efeitos nesse sentido, a melhor maneira é manter constantes as opções metodológicas e esperar que a confirmação de tendências dentro de cada instituto diminua a probabilidade das discrepâncias serem mero ruído aleatório. Logo, só com mais sondagens de cada instituto haverá respostas mais credíveis. É preciso esperar para ver.
Algumas notas:
1. A sondagem divulgada há menos tempo (a do Expresso/RR/SIC) não é a última da lista porque as sondagens estão colocadas por ordem crescente da data de trabalho de campo, e não de divulgação.
2. Há discrepâncias de não mais de 0,1% entre os resultados apresentados pela Eurosondagem após a redistribuição de indecisos e aqueles que eu apresento. A razão é simples: respeitando a decisão da empresa de apresentar esses dados com uma casa decimal, fiz o cálculo da redistribuição dos indecisos (15%) pelas restantes opções válidas. Os meus resultados não coincidem com os da Eurosondagem. Nada disto, contudo, tem qualquer importância, como se verá no ponto seguinte.
3. Há por aí alguma discussão sobre o que estes resultados estão a dizer assim que se considera a margem de erro amostral. O que eles estão a dizer é o seguinte:
"Se a amostra obtida da população eleitora residente em domicílios com telefone no Continente tivesse sido aleatória, haveria 95% de probabilidades que as intenções de voto em cada um dos candidatos - redistribuindo proporcionalmente os indecisos - se situassem entre os valores máximos e mínimos do seguinte quadro:
Logo, na base destes resultados, não podemos dizer, nem só com 95% de confiança, se, entre a população eleitora residente em domicílios com telefone fixo no Continente:
a. As intenções de voto em Cavaco Silva são neste momento superiores a 50%;
b. Soares tem mais intenções de voto que Alegre ou vice-versa;
c. Louçã tem mais intenções de voto que Jerónimo ou vice-versa.
Acresce a isto que a amostra da Eurosondagem - tal como todas as feitas por qualquer sondagem em qualquer sítio no Mundo - pode ter sido seleccionada com procedimentos aleatórios, mas não é nunca uma sondagem cujos membros da amostra tenham sido seleccionados com probabibilidade igual a todos os outros (devido à incapacidade de contactar membros do universo seleccionados aleatoriamente, recusas em pertencer à amostra, etc.). É por tudo isto que a afirmação "Cavaco deve ganhar à primeira volta" não faz sentido (para já não falar do facto de usar intenções de voto recolhidas a três meses das eleições como elemento que permite prever o que vai suceder no dia das eleições).
4. A diferença entre os resultados da última (Aximage) e da penúltima (Eurosondagem) sondagens dificilmente terão a ver com mudanças nas intenções de voto dos eleitores ao longo do tempo, dado que os trabalhos de campo foram conduzidos quase simultaneamente. Restam as opções metodológicas e o erro amostral como explicação das diferenças. O segundo, por enquanto, ainda as justifica. Mas se começarmos a detectar de forma sistemática que as amostras por quotas produzem melhores resultados para Cavaco e Alegre do que as amostras aleatórias, importa começar a considerar as opções metodológicas como fonte destas discrepâncias. Por enquanto é cedo.
5. A vantagem de Cavaco Silva sobre os restantes candidatos está a diminuir? Para percebermos se a passagem do tempo está a produzir efeitos nesse sentido, a melhor maneira é manter constantes as opções metodológicas e esperar que a confirmação de tendências dentro de cada instituto diminua a probabilidade das discrepâncias serem mero ruído aleatório. Logo, só com mais sondagens de cada instituto haverá respostas mais credíveis. É preciso esperar para ver.
sábado, novembro 12, 2005
Eurosondagem, Presidenciais, 12 de Novembro
Por enquanto a, notícia. Análise mais desenvolvida 2ª feira.
Contudo, para já, importa só assinalar que, com estes resultados, a afirmação do Expresso de que "Cavaco deve ganhar à 1ª volta" é absurda a pelo menos dois níveis. Quando será que deixaremos de falar sobre sondagens como se fossem o horóscopo da Maya? E quando será que os jornalistas começarão a interiorizar o conceito de margem de erro amostral (que, para uma sondagem aleatória como a dimensão desta, tem um valor máximo de 2,5%)? Enfim, o costume.
Resultados:
Cavaco Silva: 52,5%
Mário Soares: 18%
Manuel Alegre:16,9%
Francisco Louçã: 6,3%
Jerónimo de Sousa: 5,7%
Contudo, para já, importa só assinalar que, com estes resultados, a afirmação do Expresso de que "Cavaco deve ganhar à 1ª volta" é absurda a pelo menos dois níveis. Quando será que deixaremos de falar sobre sondagens como se fossem o horóscopo da Maya? E quando será que os jornalistas começarão a interiorizar o conceito de margem de erro amostral (que, para uma sondagem aleatória como a dimensão desta, tem um valor máximo de 2,5%)? Enfim, o costume.
Resultados:
Cavaco Silva: 52,5%
Mário Soares: 18%
Manuel Alegre:16,9%
Francisco Louçã: 6,3%
Jerónimo de Sousa: 5,7%
sexta-feira, novembro 11, 2005
Aximage, Presidenciais, 11 Novembro
Mais uma sondagem, a terceira em geral e a segunda da Aximage desde que se confirmaram todas as principais candidaturas. Olhando para as distribuições nas amostras, há uma tendência de descida de Cavaco e subida dos restantes candidatos, mas na inferência para o universo, estas diferenças podem não passar de "ruído aleatório". Só com mais sondagens poderemos apreciar se a tendência tem maior probabilidade de estar a descrever algo real.
Do ponto de vista metodológico, quanto mais depressa tivermos sondagens que usem amostragem aleatória e/ou inquirição face-a-face melhor, para apreciarmos em que medida os resultados existentes até agora podem ou não estar a ser afectados pelas opções técnicas tomadas (amostragem por quotas e inquirição telefónica).
Segundo notícia em "caixa" no jornal, o eleitorado do PS continua, como anteriormente, dividido entre Cavaco, Soares e Alegre.
Do ponto de vista metodológico, quanto mais depressa tivermos sondagens que usem amostragem aleatória e/ou inquirição face-a-face melhor, para apreciarmos em que medida os resultados existentes até agora podem ou não estar a ser afectados pelas opções técnicas tomadas (amostragem por quotas e inquirição telefónica).
Segundo notícia em "caixa" no jornal, o eleitorado do PS continua, como anteriormente, dividido entre Cavaco, Soares e Alegre.
quinta-feira, novembro 10, 2005
"George W. Bush? Não conheço."*
Neste artigo do L.A. Times, uma análise preliminar dos possíveis efeitos da impopularidade do Presidente nas eleições e referendos da passada terça-feira e nas próximas eleições de 2006.
*Frase recomendada para candidatos Republicanos às eleições para o Congresso no próximo ano.
As razões da crise em França, segundo os franceses
Ds CSA/TMO (que tem sido responsável por quase todas as sondagens mais interessantes sobre o tema) vem um novo estudo: Les raisons de la crise actuelle des banlieues . Principais resultados:
Quelles sont selon-vous les raisons principales de ce qui se passe actuellement en banlieue? (pergunta de resposta múltipla, soma das percentagens superior a 100%):
Le contrôle insuffisant des parents sur leurs enfants: 69%
Le chômage et la précarité, l'absence de perspective d'avenir: 55%
Les propos tenus par Nicolas Sarkozy (Kärcher, racaille…): 29%
La télévision qui incite les jeunes à aller de plus en plus loin: 24%
L'absence de la police dans certains quartiers: 21%
Les divers trafics des bandes: 21%
L'insuffisance des moyens pour la prévention de la délinquance: 19%
La montée du repli communautaire et de l'intégrisme religieux: 15%
Les discriminations à l'égard des jeunes: 10%
L'attitude trop brutale de la police avec les jeunes: 8%
Aucune de ces raisons: 1%
Temos assim que, para a grande maioria da população, as responsabilidades pela crise são atribuídas, por um lado, à educação e ao contexto familiar e, por outro, à situação social e económica. Uma análise mais detalhada mostra que não há grandes clivagens sociais ou políticas a este nível: dentro de todos os sub-grupos amostrais sobre os quais existe informação (definidos na base do sexo, idade, identificação partidária, instrução, profissão e situação profissional, etc.) estas duas razões são sempre as mais apontadas.
Quanto às restantes razões, aí sim há divisões. Os mais jovens e os que se situam à esquerda tendem a atribuir mais culpas a Sarkozy, enquanto os que se situam à direita ligam mais claramente a crise a problemas ligados à criminalidade e a lei a ordem. Tudo normal e previsível.
Quelles sont selon-vous les raisons principales de ce qui se passe actuellement en banlieue? (pergunta de resposta múltipla, soma das percentagens superior a 100%):
Le contrôle insuffisant des parents sur leurs enfants: 69%
Le chômage et la précarité, l'absence de perspective d'avenir: 55%
Les propos tenus par Nicolas Sarkozy (Kärcher, racaille…): 29%
La télévision qui incite les jeunes à aller de plus en plus loin: 24%
L'absence de la police dans certains quartiers: 21%
Les divers trafics des bandes: 21%
L'insuffisance des moyens pour la prévention de la délinquance: 19%
La montée du repli communautaire et de l'intégrisme religieux: 15%
Les discriminations à l'égard des jeunes: 10%
L'attitude trop brutale de la police avec les jeunes: 8%
Aucune de ces raisons: 1%
Temos assim que, para a grande maioria da população, as responsabilidades pela crise são atribuídas, por um lado, à educação e ao contexto familiar e, por outro, à situação social e económica. Uma análise mais detalhada mostra que não há grandes clivagens sociais ou políticas a este nível: dentro de todos os sub-grupos amostrais sobre os quais existe informação (definidos na base do sexo, idade, identificação partidária, instrução, profissão e situação profissional, etc.) estas duas razões são sempre as mais apontadas.
Quanto às restantes razões, aí sim há divisões. Os mais jovens e os que se situam à esquerda tendem a atribuir mais culpas a Sarkozy, enquanto os que se situam à direita ligam mais claramente a crise a problemas ligados à criminalidade e a lei a ordem. Tudo normal e previsível.
quarta-feira, novembro 09, 2005
Mais sondagens francesas
CSA/TMO, 8 de Novembro, N=805, Quotas, Telefónica, Resultados completos aqui (.pdf).
Apenas 1% dos franceses mostra "simpatia" com o que se tem passado, enquanto apenas 12% declaram "compreensão". Curiosamente, o valor dos que dizem ser "compreensivos" sobe para 26% no escalão de instrução mais elevado, mas isso pode ser efeito da formulação das opções de resposta (lá como cá, "compréhensif" não significa necessariamente empatia, podendo significar apenas que se julga conhecer entender as razões do fenómeno).
Questionados sobre o que pensam acerca das propostas de Villepin, o apoio é largamente maioritário, quer para o recolher obrigatório (73%) quer para o reestabelecimento do financiamento às associações locais (89%) e para a formação profissional dos jovens a partir dos 14 anos (83%). À parte os extremos (PC e extrema-esquerda nuns casos, FN noutros), estas ideias não suscitam clivagens sociais ou ideológicas significativas.
E numa sondagem LH2 do dia 5, o apoio ao Governo aumentou.
Apenas 1% dos franceses mostra "simpatia" com o que se tem passado, enquanto apenas 12% declaram "compreensão". Curiosamente, o valor dos que dizem ser "compreensivos" sobe para 26% no escalão de instrução mais elevado, mas isso pode ser efeito da formulação das opções de resposta (lá como cá, "compréhensif" não significa necessariamente empatia, podendo significar apenas que se julga conhecer entender as razões do fenómeno).
Questionados sobre o que pensam acerca das propostas de Villepin, o apoio é largamente maioritário, quer para o recolher obrigatório (73%) quer para o reestabelecimento do financiamento às associações locais (89%) e para a formação profissional dos jovens a partir dos 14 anos (83%). À parte os extremos (PC e extrema-esquerda nuns casos, FN noutros), estas ideias não suscitam clivagens sociais ou ideológicas significativas.
E numa sondagem LH2 do dia 5, o apoio ao Governo aumentou.
terça-feira, novembro 08, 2005
Sociologia a mais e Sociologia a menos
Augusto Santos Silva, sociólogo, militante do PS, ministro:
"'Ninguém sabe qual vai ser o próximo Presidente da República. Até ao passado mês de Julho todos os estudos de opinião davam o não candidato assumido (Cavaco Silva) como o próximo PR. Era um passeio triunfal. Agora não há uma única sondagem que dê por garantida a vitória de Cavaco Silva à primeira volta' disse Santos Silva. 'Foi a entrada em cena de Mário Soares que transformou uma coroação num a verdadeira eleição', argumentou. Considerou ainda a primeira volta das Presidenciais, a 22 de Janeiro, como as 'primárias' do candidato da esquerda. 'A direita ou ganha à primeira volta ou não ganha. É impossível, nos termos da sociologia eleitoral portuguesa, que a direita ganhe à segunda volta', garantiu."
Nuno Melo, líder parlamentar do CDS-PP:
"O líder parlamentar do CDS-PP classificou hoje os distúrbios que se registam em França há doze dias como 'uma pesada factura' de 'políticas de imigração laxistas' nos países da União Europeia que têm sido governados pela esquerda. (...) Nuno Melo sublinhou que 'nada, mas mesmo nada, justifica a violência, nada justifica que se atente contra a vida de cidadãos inocentes, que se destruam bens, muitas vezes adquiridos com muitas dificuldades'. 'Quando se assiste a isto, em primeiro lugar tem de se impor a ordem e depois discutir a sociologia', defendeu.
"'Ninguém sabe qual vai ser o próximo Presidente da República. Até ao passado mês de Julho todos os estudos de opinião davam o não candidato assumido (Cavaco Silva) como o próximo PR. Era um passeio triunfal. Agora não há uma única sondagem que dê por garantida a vitória de Cavaco Silva à primeira volta' disse Santos Silva. 'Foi a entrada em cena de Mário Soares que transformou uma coroação num a verdadeira eleição', argumentou. Considerou ainda a primeira volta das Presidenciais, a 22 de Janeiro, como as 'primárias' do candidato da esquerda. 'A direita ou ganha à primeira volta ou não ganha. É impossível, nos termos da sociologia eleitoral portuguesa, que a direita ganhe à segunda volta', garantiu."
Nuno Melo, líder parlamentar do CDS-PP:
"O líder parlamentar do CDS-PP classificou hoje os distúrbios que se registam em França há doze dias como 'uma pesada factura' de 'políticas de imigração laxistas' nos países da União Europeia que têm sido governados pela esquerda. (...) Nuno Melo sublinhou que 'nada, mas mesmo nada, justifica a violência, nada justifica que se atente contra a vida de cidadãos inocentes, que se destruam bens, muitas vezes adquiridos com muitas dificuldades'. 'Quando se assiste a isto, em primeiro lugar tem de se impor a ordem e depois discutir a sociologia', defendeu.
Impeachment
A hipótese é, como se costuma dizer (nunca percebi exactamente porquê), "académica". Mas os resultados são significativos na medida em que, pela primeira vez, há uma maioria a favor do "Sim":
Zogby, 29 Out.-2 Nov., N= 1200, Telefónica.
If it is found that George W. Bush did not tell the truth about his reasons for going to war with Iraq, do you think Congress should hold him accountable through impeachment?
Yes:53% (em Junho, 42%)
No: 42% (em Junho, 50%)
DK/NA: 5% (em Junho, 8%)
Entretanto, discute-se nos Estados Unidos "quão baixas" poderão vir a ser as taxas de aprovação de Bush. O mais recente recorde negativo é 35%, e há sinais que possa vir a baixar ainda mais. Por um lado, porque o apoio entre os eleitores que se identificam como "Republicanos" está a diminuir. Por outro lado, porque o número de eleitores que se identificam como "Republicanos" parece estar, ele próprio, a diminuir.
Zogby, 29 Out.-2 Nov., N= 1200, Telefónica.
If it is found that George W. Bush did not tell the truth about his reasons for going to war with Iraq, do you think Congress should hold him accountable through impeachment?
Yes:53% (em Junho, 42%)
No: 42% (em Junho, 50%)
DK/NA: 5% (em Junho, 8%)
Entretanto, discute-se nos Estados Unidos "quão baixas" poderão vir a ser as taxas de aprovação de Bush. O mais recente recorde negativo é 35%, e há sinais que possa vir a baixar ainda mais. Por um lado, porque o apoio entre os eleitores que se identificam como "Republicanos" está a diminuir. Por outro lado, porque o número de eleitores que se identificam como "Republicanos" parece estar, ele próprio, a diminuir.
Haja esperança
Escreve-se na Lâmpada Mágica:
Espero que alguém (alô Pedro) esteja a contar o tempo de antena que têm tido os vários candidatos à presidência, contando, como é óbvio, com o tempo de antena que é dado aos seus apoiantes quando eles falam dos candidatos. Tenho a certeza de que os resultados seriam extremamente interessantes e mostrariam com clareza cristalina quem é filho e quem é enteado nesta "democracia" mediática que temos.
Há razões para ter esperança. A imprensa tem divulgado (pelo menos o Público), salvo erro desde 2002, o resultado de análises feitas por uma empresa chamada Memorandum do conteúdo dos noticiários televisivos, incluindo nº de notícias por figuras políticas e seu tempo de exposição. Por outro lado, a Cyberlex, já aqui mencionada (e pouco depois, por coincidência, mencionada também pelo Abrupto), fez para as eleições de 2005 uma análise da imprensa onde, entre outras coisas, se analisa também a visibilidade dada a figuras políticas.
Sei isto melhor porque - perdoem a publicidade - ambas as empresas foram contratadas por um projecto de que sou um dos coordenadores no ICS para nos fornecerem análises detalhadas dos conteúdos da televisão e da imprensa durante a campanha das legislativas de 2005. Os resultados dessas análises - muito interessantes, creio - foram divulgados numa sessão que ocorreu aqui no ICS no dia 17 de Junho e relatados, nas suas linhas gerais, na imprensa.
Convém só dizer, contudo, o óbvio: nem toda a exposição mediática é boa. O candidato com maior exposição e tempo de antena nos jornais e na televisão durante a campanha para as legislativas de 2005 foi, de longe, Pedro Santana Lopes...
Espero que alguém (alô Pedro) esteja a contar o tempo de antena que têm tido os vários candidatos à presidência, contando, como é óbvio, com o tempo de antena que é dado aos seus apoiantes quando eles falam dos candidatos. Tenho a certeza de que os resultados seriam extremamente interessantes e mostrariam com clareza cristalina quem é filho e quem é enteado nesta "democracia" mediática que temos.
Há razões para ter esperança. A imprensa tem divulgado (pelo menos o Público), salvo erro desde 2002, o resultado de análises feitas por uma empresa chamada Memorandum do conteúdo dos noticiários televisivos, incluindo nº de notícias por figuras políticas e seu tempo de exposição. Por outro lado, a Cyberlex, já aqui mencionada (e pouco depois, por coincidência, mencionada também pelo Abrupto), fez para as eleições de 2005 uma análise da imprensa onde, entre outras coisas, se analisa também a visibilidade dada a figuras políticas.
Sei isto melhor porque - perdoem a publicidade - ambas as empresas foram contratadas por um projecto de que sou um dos coordenadores no ICS para nos fornecerem análises detalhadas dos conteúdos da televisão e da imprensa durante a campanha das legislativas de 2005. Os resultados dessas análises - muito interessantes, creio - foram divulgados numa sessão que ocorreu aqui no ICS no dia 17 de Junho e relatados, nas suas linhas gerais, na imprensa.
Convém só dizer, contudo, o óbvio: nem toda a exposição mediática é boa. O candidato com maior exposição e tempo de antena nos jornais e na televisão durante a campanha para as legislativas de 2005 foi, de longe, Pedro Santana Lopes...
segunda-feira, novembro 07, 2005
Premonições
Le malaise français, em números (3)
Sondagem CSA/TMO, 2-3 Novembro 2005, N=1002, Quotas, Telefónica.
Avez-vous une très bonne image, une assez bonne image, une assez mauvaise image ou une très mauvaise image de Nicolas Sarkozy comme Ministre de l'intérieur ?
Apesar (ou por causa) da "racaille"...
Uma análise mais detalhada mostra que as opiniões maioritariamente negativas sobre Sarkozy estão concentradas entre os desempregados, trabalhadores por conta própria e indivíduos com elevada instrução (singular combinação).
Avez-vous une très bonne image, une assez bonne image, une assez mauvaise image ou une très mauvaise image de Nicolas Sarkozy comme Ministre de l'intérieur ?
Apesar (ou por causa) da "racaille"...
Uma análise mais detalhada mostra que as opiniões maioritariamente negativas sobre Sarkozy estão concentradas entre os desempregados, trabalhadores por conta própria e indivíduos com elevada instrução (singular combinação).
Le malaise français, em números (2)
Um estudo do IFOP com uma amostra de 38000 inquiridos (!!) revela alguns dados interessantes sobre as orientações políticas dos estrangeiros residentes em França.
1) Orientações de esquerda, particularmente PS, são hegemónicas entre os estrangeiros, particularmente os de religião muçulmana.
2) Relação entre religião muçulmana e identificação partidária ainda mais intensa entre os cidadãos de nacionalidade francesa do que entre os estrangeiros residentes. O fenómeno é explicado pela correlação entre idade e nacionalidade entre os muçulmanos: os estrangeiros são principalmente os mais velhos (1ª geração) e, logo, mais conservadores e tradicionalistas.
3) Um fenómeno fascinante, o da pertença de muçulmanos à FN em números consideráveis e comparáveis ao da população em geral, especialmente entre os estrangeiros. A explicação, bem plausível, do IFOP:
On constate que la proximité au FN (...) est comparable parmi les Français et les étrangers (un peu moins élevé parmi les musulmans), signe que le discours sécuritaire, la référence aux traditions, la dénonciation de l’establishment mais aussi le refus de toute (nouvelle) immigration peut séduire d’autres personnes que les seuls Français de souche.
1) Orientações de esquerda, particularmente PS, são hegemónicas entre os estrangeiros, particularmente os de religião muçulmana.
2) Relação entre religião muçulmana e identificação partidária ainda mais intensa entre os cidadãos de nacionalidade francesa do que entre os estrangeiros residentes. O fenómeno é explicado pela correlação entre idade e nacionalidade entre os muçulmanos: os estrangeiros são principalmente os mais velhos (1ª geração) e, logo, mais conservadores e tradicionalistas.
3) Um fenómeno fascinante, o da pertença de muçulmanos à FN em números consideráveis e comparáveis ao da população em geral, especialmente entre os estrangeiros. A explicação, bem plausível, do IFOP:
On constate que la proximité au FN (...) est comparable parmi les Français et les étrangers (un peu moins élevé parmi les musulmans), signe que le discours sécuritaire, la référence aux traditions, la dénonciation de l’establishment mais aussi le refus de toute (nouvelle) immigration peut séduire d’autres personnes que les seuls Français de souche.
sexta-feira, novembro 04, 2005
Le malaise français, em números
Confiança no Presidente da República:
Confiança no Primeiro-Ministro:
Expectativas sobre conflitos sociais no futuro próximo:
Tudo aqui.
P.S.- E este anglófilo impenitente foi avisado por francófila amiga que, ao contrário do que já aqui esteve escrito, "malaise" é substantivo masculino. Pensando bem, só podia.
Confiança no Primeiro-Ministro:
Expectativas sobre conflitos sociais no futuro próximo:
Tudo aqui.
P.S.- E este anglófilo impenitente foi avisado por francófila amiga que, ao contrário do que já aqui esteve escrito, "malaise" é substantivo masculino. Pensando bem, só podia.
quarta-feira, novembro 02, 2005
Sobre o Supreme Court, por quem sabe
De como a nomeação de um juiz conservador para substituir outro conservador não terá grande impacto na jurisprudência do Tribunal (mas de como a próxima nomeação pode ter um impacto dramático). Ver aqui, no Political Arithmetik.
Para quando as "push polls"?
Este post do Abrupto faz-me pensar que não deverá faltar muito até que surja em Portugal o fenómeno das "push polls". Eis do que se trata:
A "Push Poll" is a telemarketing technique in which telephone calls are used to canvass vast numbers of potential voters, feeding them false and damaging "information" about a candidate under the guise of taking a poll to see how this "information" effects voter preferences. In fact, the intent is to "push" the voters away from one candidate and toward the opposing candidate. This is clearly political telemarketing, using innuendo and, in many cases, clearly false information to influence voters; there is no intent to conduct research.
Mais exemplos e definições aqui. Um caso muito falado foi o do alegado uso de "push polls" contra John McCain por parte da campanha Bush:
Voters in South Carolina were reportedly asked "Would you be more likely or less likely to vote for John McCain for president if you knew he had fathered an illegitimate black child?", an allegation that had no substance, but planted the idea of undisclosed allegations in the minds of thousands of primary voters. McCain and his wife had in fact adopted a Bangladeshi girl.
Já estivemos mais longe disto (se é que não começou já). Não imaginam o número de vezes que sou questionado sobre os resultados de alegadas "sondagens feitas pela Católica" em que a Católica nunca esteve realmente envolvida, ou que candidatos divulgam antes de nós próprios "resultados" das nossas sondagens que nada têm a ver com os resultados reais.
Muito perigoso...
A "Push Poll" is a telemarketing technique in which telephone calls are used to canvass vast numbers of potential voters, feeding them false and damaging "information" about a candidate under the guise of taking a poll to see how this "information" effects voter preferences. In fact, the intent is to "push" the voters away from one candidate and toward the opposing candidate. This is clearly political telemarketing, using innuendo and, in many cases, clearly false information to influence voters; there is no intent to conduct research.
Mais exemplos e definições aqui. Um caso muito falado foi o do alegado uso de "push polls" contra John McCain por parte da campanha Bush:
Voters in South Carolina were reportedly asked "Would you be more likely or less likely to vote for John McCain for president if you knew he had fathered an illegitimate black child?", an allegation that had no substance, but planted the idea of undisclosed allegations in the minds of thousands of primary voters. McCain and his wife had in fact adopted a Bangladeshi girl.
Já estivemos mais longe disto (se é que não começou já). Não imaginam o número de vezes que sou questionado sobre os resultados de alegadas "sondagens feitas pela Católica" em que a Católica nunca esteve realmente envolvida, ou que candidatos divulgam antes de nós próprios "resultados" das nossas sondagens que nada têm a ver com os resultados reais.
Muito perigoso...
"Desenvolvimento" vs. "Portugal Social"
Num novíssimo blogue, destinado a recolher informação sobre as presidenciais, o autor dedica uma secção a análise de conteúdo dos manifestos de Cavaco e Soares. O que lá está ainda não passa de um"output" de um programa de computador, e espero que o autor tenha tempo e paciência para nos facultar análises mais detalhadas e complementares. Mas o que lá está já é sugestivo do eventual interesse do exercício:
Palavra com mais ocorrências no manifesto de Cavaco Silva: "Desenvolvimento". "Social" vem em 15º lugar e "Política" num distante 26º.
Palavras com mais ocorrências no manifesto de Mário Soares: logo depois de "Portugal" e "portugueses", vêm "Social" e "Política". "Desenvolvimento" vem em 9º lugar.
Isto assim posto nestes termos não quer dizer nada, claro. Mas é curioso, não?
Já que falamos em análise de conteúdo, houve uma empresa (Cyberlex) que colocou online um "barómetro de imprensa" nos meses que antecederam as eleições legislativas de 2005, mostrando como este (e outro tipo de análises bem mais complexas) podem ser feitas com muito proveito.
Palavra com mais ocorrências no manifesto de Cavaco Silva: "Desenvolvimento". "Social" vem em 15º lugar e "Política" num distante 26º.
Palavras com mais ocorrências no manifesto de Mário Soares: logo depois de "Portugal" e "portugueses", vêm "Social" e "Política". "Desenvolvimento" vem em 9º lugar.
Isto assim posto nestes termos não quer dizer nada, claro. Mas é curioso, não?
Já que falamos em análise de conteúdo, houve uma empresa (Cyberlex) que colocou online um "barómetro de imprensa" nos meses que antecederam as eleições legislativas de 2005, mostrando como este (e outro tipo de análises bem mais complexas) podem ser feitas com muito proveito.
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