A primeira é a do crente (se bem que não necessariamente crédulo). O crente está convencido que, apesar do erro aleatório, as diferenças entre os resultados obtidos pelos candidatos ao longo do tempo reflectem mudanças reais nas preferências dos eleitores. O crente não vai ao ponto de achar que a relação entre o tempo e os resultados dos candidatos seja puramente linear, preferindo formas mais subtis de captar as mudanças causadas pelos eventos de campanha.
Mas quando olha para os gráficos seguintes, o crente formula uma teoria: para fim de determinação do vencedor, estas eleições acabaram. Cavaco flutua, em 19 das 19 sondagens, acima dos 50%, sem tendência aparente. Os eleitores, mesmo os do PS, estão maioritariamente persuadidos quer da sua vitória quer do facto de essa vitória não ter consequências de maior para a governação. Logo, estas eleições já não são sobre quem vai ganhar. E assim, Soares, o único visto como podendo derrotar Cavaco, perde o gás definitivamente na abertura do ano de 2006, no rescaldo dos debates e dos ataques à comunicação social. Os incentivos para o voto útil à esquerda desapareceram: Louçã, Jerónimo e até Alegre (cujas debilidades foram expostas ao longo da campanha e o tinham levado à descida), ficam com os despojos desta batalha perdida, e parecem crescer na recta final.
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