Aqui há uns tempos, chamei a atenção neste blogue para duas coisas:
1. O facto de os resultados das sondagens até então parecerem ser afectados por algumas (poucas) mas aparentemente cruciais variações metodológicas.
2. E a hipótese de que as sondagens conduzidas mais perto das eleições acabassem por obter, por um lado, resultados substancialmente diferentes das precedentes, e por outro, mais convergentes entre si do que as anteriores.
Não é preciso grandes cálculos matemáticos para observar que a hipótese se confirmou, com excepção (no que respeita à dispersão) dos resultados de Manuel Alegre. O quadro seguinte, rudimentar mas suficiente, mostra a média e o desvio padrão associado aos resultados estimados para os diferentes candidatos em três períodos de realização do trabalho de campo:
Por que acontece este fenómeno? Várias hipóteses:
1. Mero acaso;
2. À medida que intenções de voto vão cristalizando e diminuindo o nº de indecisos sobre se irão votar e/ou em quem, as diferentes opções tomadas para os medir e redistribuir perdem impacto nos resultados;
3. À medida que nos aproximamos do dia das eleições, investimento em recursos por parte dos órgãos de comunicação social e dos institutos de sondagem aumenta;
Há ainda uma hipótese adicional, levantada aqui e aqui há uns meses a propósito das eleições no Reino Unido, que não pode ser completamente excluída.
Seja como for, há uma preocupação que é mitigada com estas últimas sondagens: temos de tudo. Telefónicas e presenciais. Escolha aleatória de inquiridos (Católica e Eurosondagem) e amostragem por quotas (Aximage e Marktest). Redistribuição proporcional de indecisos (Marktest, Eurosondagem), redistribuição por "inclinação de voto" (Católica) e redistribuição "mistério" (Aximage). Questionário sem (Marktest) e com (Católica) filtros para determinar prováveis abstencionistas. Os resultados convergem.
O facto de convergirem não quer dizer que estão a medir correctamente as intenções de voto no momento em que foram feitas (podem estar a ser afectadas por um enviesamento comum e indiferente às variações metodológicas) e muito menos que servem para prever seja o que for. Mas diminui a incerteza, o que já não é mau.
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