Os representantes dos pequenos partidos que me desculpem, mas, dado que nenhuma sondagem lhes dá uma votação suficientemente relevante para elegerem um deputado que seja, neste post vou esquecê-los.
Juntando a informação sobre as últimas sondagens realizadas que o Pedro Magalhães recolheu (com a incerteza sobre alguma destas informações que o Pedro também detalhou). Ficamos com o seguinte quadro:
Os totais não dão 100% precisamente por causa das pessoas que declaram ir votar em Outros/Brancos/Nulos. Se nos centrarmos apenas nas votações dos 5 grandes partidos, ficamos com a seguinte repartição:
Olhando para a ordenação dos partidos a sondagens parecem razoavelmente consensuais. Apenas 2 elementos de discórdia: de acordo com a Marktest é o PSD que lidera a corrida e a CESOP põe a CDU à frente do BE.
Olhando para este quadro não se vê nenhuma sondagem se seja brutalmente diferente das outras. Se tivermos em consideração intervalos de confiança de 95%, é fácil de ver que há resultados finais que são compatíveis com todas as sondagens.
Mas em que sentido é que eu digo que os resultados são compatíveis com as sondagens? Haveria algumas formas de responder a esta pergunta. Por exemplo, o Pedro Magalhães já calculou as médias ponderadas, o que é uma boa forma de lidar com a questão, dado que estas médias correspondem ao estimador de máxima verosimilhança (admitindo distribuições multinomiais como base e mais alguns pressupostos)
Eu vou recorrer a um teste muito simples, que é dado nos cursos de Introdução à Estatística que é o teste do Qui quadrado. Basicamente, Suponhamos que queremos testar a hipótese de que o PS tem 25% dos votos, o CDS 15% e todos os outros 20%. E, para tal, usamos a sondagem da CESOP. De acordo com a nossa hipótese, em 1426 entrevistados, 357 devia ter declarado votar no PS, 285 no PSD, na CDU e no BE e, finalmente, 214 no CDS. Mas, de acordo com o quadro acima, houve 539 que declararam votar no PS, 507 no PSD, 143 no BE, 174 na CDU e 63 no CDS. Para ver se estas diferenças são estatisticamente relevantes, calcula-se:
Quanto mais próximos esta conta for de zero, mais razoável é a nossa hipótese de partida. Para ver testar se este valor é suficientemente próximo de zero usa-se a distribuição do Qui-quadrado. Neste caso, rejeitava-se a hipótese de a nossa hipótese ser correcta com uma certeza de 99,99999%.
O exercício que vou fazer no meu próximo post é simples. Usando este teste do Qui-quadrado, perguntar qual seria a votação para cada partido que é mais compatível com as últimas sondagens feitas. Para tal calculo o Qui-quadrado associado a cada uma das sondagens e minimizo a sua soma.
Não entrei aqui em grandes detalhes estatísticos, mas em bom rigor, tal procedimento apenas seria válido se as amostras fossem aleatórias (o que não é o caso), se as sondagens fossem independentes (o que não é garantido), etc, etc. Vejam isto como eu vejo: um mero exercício que apenas seria absolutamente correcto sob condições óptimas.
1 comentário:
Luís:
Adoraria ver os resultados destas eleições desdobrados por grupos etários e por níveis de instrução. Pode recomendar-me algum site que fornaça estes dados?
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